Já parou para pensar em quantas versões da Cinderella já fizeram?
Eu digo pra você: 15. Sem contar as da Disney.
Tem 15 fucking versões da Cinderella! E isso porque eu parei de procurar, fiquei com medo de continuar fuçando na internet e acabar encontrando mais. E estou fingindo que o tal "Cinderela Baiana" nunca existiu. Aí você me pergunta: Como não satura? Bem, a resposta é simples: satura. Mas por que eles continuam fazendo? Isso eu não sou capaz de responder. Mas na sexta-feira cheguei em casa com raiva por motivo nenhum (isso acontece com uma frequência assustadora) e já tem um tempo que não estou conseguindo assistir nada, então, optei por listar todas as versões da Cinderella, as que já havia visto e as que ainda não vi.
Isso dá um bom post, concordam? Então quero dividir com vocês. Vou dividir em duas partes, primeiro com as versões que já vi e depois, quando assistir as outras, faço e posto a parte dois. Quero muito saber se vocês já viram todas elas e de qual gostam mais. Então vamos nessa.
1. Cinderella (1950) Disney e suas sequências
Acho que a maioria das pessoas viu esse filme quando criança. Eu assisti quando estava no catecismo, minhas professoras tinham uma locadora de VHS — e é aí que vocês tiram a idade da autora né :´( — depois meu pai alugou a fita e gravou pra gente, ah, nostalgia. Para algum alienígena que nunca ouviu falar dessa animação, ela é uma versão bonitinha do conto dos Grimm que é bem mais sombrio e até violento.
Nele, Cinderella é uma menina muito bonita que se tornou o centro da vida do pai, um rico comerciante, após a morte de sua mãe. Sentindo que faltava uma influência materna para a menina, ele decide se casar de novo escolhendo uma mulher viúva que tinha duas filhas da mesma idade dela.
Só que o homem acaba morrendo de forma inesperada e, com inveja da beleza da menina, a mulher começa a desprezá-la e a rebaixa a uma criada, maltratando-a e devotando atenção só para suas filhas. Até o dia em que o rei decide dar um baile para que o seu filho único possa escolher uma noiva (ao contrário da realidade onde ele seria obrigado a se casar com uma jovem 'comprada' de alguma nação aliada ou em guerra), mas ele não está nem um pouco disposto a isso. Cinderella se anima para ir, mas a madrasta faz tudo quanto possível para impedi-la chegando ao extremo de rasgar seu vestido.
Desolada, a jovem recebe ajuda de uma fada e consegue ir ao baile, capturando a atenção do príncipe. Eles se apaixonam, mas a magia acaba à meia noite e, na fuga, ela deixa o sapato de vidro para trás (vidro temperado, com certeza, porque o tanto que ela correu e esse trem não quebrou kkkkk). Uma proclamação real é efetuada e a jovem passa a ser procurada. Quando a madrasta descobre, tranca Cinderella no quarto, mas seus amigos ratos a ajudam a escapar e enfim conseguir a felicidade ao lado do príncipe.
A maior graça desse filme são os ratinhos. É uma história bonita, aplicada à realidade nunca aconteceria, embora tenha ocorrido um caso ou outro na história e geralmente não acabou bem. Mas a graça da ficção é essa, a impossibilidade sendo mostrada como possível. O filme tem seu encanto e, para mim, formada em cinema charlatânico, envelheceu bem dentro do seu propósito que é entreter.
A Disney lançou ainda duas sequências para a animação, o primeiro, Cinderella II: Sonhos se realizam, lançado em 2002, é uma antologia de três histórias contando sobre a princesa após o casamento, o destino de seus amigos e sua madrasta e irmãs postiças. Confesso que embora tenha sido interessante esse vislumbre, que funciona como uma espécie de epílogo, não gostei tanto do filme. A história da Anastácia com o padeiro foi a mais simpática, a dublagem do filme é bem estranha para quem está acostumado com as vozes do original, e mesmo tendo certo encanto, não é marcante como o primeiro.
Em 2007 veio a terceira e última sequência da animação: Cinderella III: Uma volta no tempo, com uma narrativa que retoma o primeiro filme em uma ótica completamente nova, esse sim é um filme que revi várias vezes e traz uma princesa repaginada e com um pouco mais de autonomia que não é salva pelo príncipe, além de mostrar uma perspectiva de como seria se o sapato tivesse cabido em outra pessoa, e com isso mostrar o processo que a Cinderella passou sob outro ponto de vista.
Com uma narrativa dinâmica, tendo pontos de comédia, ação e tensão bem divididos, o longa fecha com chave de outro a história da princesa na opinião desta leiga autora.
Não vou falar desses filmes na ordem cronológica, até porque eu não os assisti na ordem cronológica tampouco, só situei a trilogia na ordem para fazer sentido.
E eis que, em 2015, somos presenteados com o live action da Cinderella trazendo Lily James e Richard Madden nos papéis principais além de Cate Blanchett no papel da madrasta e Helena Bonhan Carter como fada madrinha.
O filme não peca em nada mantendo a história original, mas sabendo inovar ao trazer elementos que agregam a trama sem pesar e sem tirar a nostalgia. Os elementos fantásticos foram diminuídos e distribuídos de forma mais lógica, temos um vislumbre da relação de Cinderella com os pais antes da chegada da madrasta, o que só reforça nossa empatia pela personagem, mas, uma das coisas mais legais foi a humanização do príncipe com o rei, que ganharam seu próprio plano de fundo e também Lady Tremaine que recebeu uma justificativa para seu desprezo pela enteada.
O filme é encantador, agrega elementos "modernos" na sua narrativa sem soar forçado e consegue trazer toda a emoção do primeiro filme com uma repaginação digna de nota. O figurino é muito interessante e a química entre os atores foi perfeita. Um acerto da Disney que não deixou nem um pouco a desejar.
Bem o contrário do que estão fazendo com a Branca de Neve cof cof.
2. Para Sempre Cinderella (1998)
Teoricamente, essa é a segunda "fanfic" da Cinderella, a primeira, de 1997, é a adaptação que traz Withney Houston como fada madrinha, contudo, ainda não assisti e nem sei se vou achar, por isso, fica para parte dois.
Esse filme, com Drew Barrymore, Anjelica Huston no elenco, traz uma roupagem nova da história com uma Cinderela, aqui chamada Danielle, toda filosofia e feminismo. O filme preza por uma visão mais realista do conto e o coloca em um tempo histórico preciso, assim tanto o figurino quanto o modelo monárquico são parcialmente retratados com fidelidade.
Após a morte do pai, recém casado com uma condessa viúva, Danielle é forçada a crescer como criada na sua própria mansão, vendo a madrasta desperdiçar todo o dinheiro do pai e as coisas da casa sem poder fazer nada a respeito. Mesmo no tratamento de suas duas filhas ela é injusta, tratando Marquerite com favoritismo por ter uma beleza de destaque, isso aproxima Danielle da outra irmã. Dona de uma personalidade forte e modos nada convencionais, ela se disfarça de nobre para resgatar um dos servos da sua casa e é como o príncipe se apaixona por ela, que acaba mentindo se tratar de uma condessa.
O príncipe é bem o estereótipo dos monarcas da época: fútil, mimado, meio cabeça de vento, a única divergência foi que não o mostraram como o galinha que ele provavelmente seria se fosse real. O romance é progressivo e conta com aquele tipo de "enemy to lovers" antes do conceito existir. O tom mais realista, sem qualquer espécie de magia, torna o longa interessante e com seu próprio brilho, apesar da narrativa se tornar um pouco cheia demais em alguns momentos de modo desnecessário como se fosse pra encher linguiça. Até Leonardo da Vinci dá as caras por aqui.
Não acho, como muitos, a melhor versão da Cinderella. Ainda assim, é um filme muito bom ao seu modo, com uma "princesa" fora dos padrões que não soa forçada e, mesmo com uma visão muito a frente do seu tempo, a gente consegue, pelo contexto criado, comprar a ideia. Vale a pena.
Em 2004 tiveram duas adaptações:
Uma Garota Encantada talvez seja a adaptação mais original, especialmente porque não traz somente elementos da Cinderella, mas também de alguns outros contos e lendas. Esse filme é primordialmente uma comédia romântica que não deseja, em nenhum momento, ser levado a sério, mas consegue ainda assim trazer elementos críticos importantes na sua narrativa.
Com um enredo original e novo, conta a história de Ella, uma jovem que vive no reino de Frell onde há preconceito e escravidão. Com a ascensão do príncipe ao trono, todo o reino está em polvorosa sem saber que o tio, até então regente, tem outros planos para o sobrinho. A única que não cai de amores pelo Charmont (nome do príncipe como um trocadilho para Charming que é encantado) é Ella. Quando ela nasceu, recebeu um dom terrível de uma fada de obedecer qualquer ordem que lhe dão sem poder impedir. Isso acabou se tornando uma maldição na sua vida.
Embarcando em uma jornada na busca por essa fada madrinha para desfazer o dom tenebroso, ela acaba tropeçando com o príncipe que se junta à expedição e aprende mais sobre o próprio reino para o qual não dava a mínima. O filme traz elementos modernos com materiais do passado e isso confere um ar bem adolescente para ele, com músicas e efeitos especiais antiquados, é uma excelente pedida em uma tarde de domingo preguiçosa em que você só quer pipoca, chocolate e distração.
Agora, é aqui que as coisas começam a azedar. Com o lançamento de A Nova Cinderella a febre de adaptações começou e vieram uma enxurrada de "novas Cinderellas" que não tem mais fim.
Trazendo uma versão moderna do conto, Hillary Duff encarna Sam, uma jovem cujo pai se casa de novo com uma mulher fútil com duas filhas que não tem nada além de laque na cabeça. Ela trabalha na lanchonete do pai como garçonete, pois desde a sua morte, além das tarefas de casa sua madrasta a obriga a isso e ela se sujeita por causa da faculdade.
Com uma cara de comédia romântica teen bem a cara dos anos 2000, o filme lida com os conflitinhos adolescentes e a perseguição pelos sonhos, em especial o de cursar uma universidade conceituada. Líderes de torcida, torpedo, referências a Matrix, baile de máscaras da escola e o famigerado ensino médio americano. Sem fadas madrinhas ou magia, é aquele filme bem sessão da tarde que abriu portas para um monte de CTRL C, CRTL V que vão ficar para a parte dois (e a julgar pelo monte de filme da lista, três também).
Fico por aqui (por enquanto), logo trago a segunda parte do post. Espero que tenham gostado.
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