domingo, 7 de abril de 2024

[Bíblia] A Aliança no Sinai

Há aqui outra referência muito incrível ao novo testamento e a vinda de Cristo. Ao chegarem ao deserto de Sinai, Deus ordena Moisés a preparar e purificar o povo, pois no terceiro dia desceria para vê-los, tal como Cristo, no terceiro dia, ressuscitou dos mortos. Três dias também representando a trindade. Ali, sob as ordens do Senhor, limites foram impostos para que nem o povo, nem os sacerdotes, tentassem ver de perto o Senhor, sob risco de morte, então, mandando subir Moisés, instituiu-lhe os dez mandamentos como sua lei ao povo.

Notei que esses são um pouco diferentes do ensinado pela igreja, mas percebo que isso se dá por ter-se incluído, igualmente, a reformulação feita por Cristo na nova aliança, como o segundo "amarás teu próximo como a ti mesmo" que não faz parte desse primeiro decálogo. Inclusive, nas leis que se seguem instituídas por Deus, fiquei um pouco surpresa por serem tão "olho por olho e dente por dente", literalmente falando, só agora, uns livros para frente, compreendi a razão disso. Então no começo é assim mesmo, mas vai fazer sentido mais na frente. Outra referência se relaciona à quaresma, ao entrar na glória de Deus para receber as pedras dos mandamentos, Moisés ali ficou por 40 dias e noites. Esse número tornará a se repetir com Cristo.

Não consigo nem imaginar quão incrível foi o momento em que Moisés vislumbrou Deus, literalmente lhe foi concedido ver o pai e não morrer. Acho que foi uma emoção ainda maior que abrir o mar em dois bem diante dos seus olhos. Após tanta tribulação, é impensável uma recompensa maior.

Prescrições litúrgicas

O Senhor então institui as ofertas a serem feitas em seu altar, hoje as fazemos no rito do ofertório. Também dá instruções para a construção da arca da aliança onde devem ser guardadas as pedras da lei. A seguir, vem instruções para os móveis e ornamentos do templo que devem cercar a arca, as igrejas católicas, hoje, seguem um padrão semelhante. São capítulos com detalhes bem específicos sobre como Deus deseja que seja o tabernáculo onde será adorado. Confesso que não consegui visualizar na mente, as medidas são antigas e complexas de converter, acabei apelando para imagens do Google, deixo a seguir a que achei mais lúdica:

Veja essa imagem em: Adobe Stock

Ruptura e Renovação da Aliança

Moisés, como dito, ficou quarenta dias e noites no alto do monte Sinai e, durante esse período, o povo começou a se revoltar (de novo!) sem saber o que havia sido feito dele, então instigaram Aarão a fazer para eles um bezerro de ouro a quem começaram a adorar e fazer oferendas. Com isso, Deus se encolerizou contra eles e disse a Moisés que os aniquilaria, este, porém, intercedeu por eles e conseguiu aplacar a ira do Senhor. Descendo do monte tomou os filhos de Levi e feriu o povo, destruindo o bezerro, encolerizado. O Senhor mandou-o retornar a jornada, mas disse que não iria mais à frente deles, do contrário os aniquilaria. Moisés suplicou afirmando que não conseguiriam seguir se Ele não estivesse com eles. Deus então concorda em enviar um anjo com eles. Assim, Moisés levantou uma tenda mais distante do acampamento onde conversava com Deus e manifestou o desejo de ver a face do Senhor que lhe concedeu ver sua glória, mas nunca seu rosto, pois ninguém pode ver a face de Deus e continuar a viver. 

São instituídas as tábuas da lei e a renovação da aliança com Deus assim como a construção do tabernáculo de acordo com as instruções do Senhor. E finaliza-se o Êxodo.

Navegando pelo kwai, me apareceu um vídeo do Pe. Reginaldo Manzotti dizendo que a gente devia começar a ler a bíblia pelo novo testamento e não o antigo porque, nessa primeira parte, encontrávamos um Deus "vingativo", rígido e muito implacável. Em Jesus, contudo, contemplamos a face humana de Deus, um Deus mais tolerante, de lei mais branda e expansiva (mas não menos difícil), um Deus mais próximo. No momento que escrevo este post, finalizei o livro de Ester e posso dizer que concordo em parte com ele. Para alguém desavisado que vai abrir a bíblia para ler pode levar um choque com livros como Levítico e Juízes. Por sorte, nunca começo a ler um livro sem antes ler a introdução dele no comecinho da minha bíblia, onde vem não apenas o contexto histórico, mas os antecedentes que derivaram aquelas consequências e isso ajuda muito a compreender que, por mais que o Deus do antigo testamento pareça mesmo implacável e até assustador por vezes, está ali nas entrelinhas o mesmo Deus que foi às últimas consequências para salvar uma humanidade que até hoje o desrespeita. O mesmo Deus que entregou seu próprio filho à uma morte humilhante e cruel por todos nós.

Por isso não abandonei meu projeto de ler na ordem tal e qual ela é dividida. E conforme vou avançando na historia do povo hebreu e nos prodígios de Deus, vou trilhando o caminho que prepara a vinda de Jesus e vendo quão maravilhoso e perfeito é o Senhor em todos os detalhes mínimos, mas, sobretudo, como sua misericórdia é infinita e eterna. Mesmo quando se ira e deseja aniquilar sua criatura, sobrepõe-se no seu coração o desejo de salvar, a esperança de redimir.

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