Título Original: Alice's Adventures in Wonderland
Autor: Lewis Carroll
Ano de Publicação: 4 de Julho de 1865
Editora: -
País de Origem: Reino Unido
Série: -
Sinopse: O livro conta a história de uma menina chamada Alice que cai numa toca de coelho que a transporta para um lugar fantástico povoado por criaturas peculiares e antropomórficas, revelando uma lógica da absurda característica dos sonhos. Este está repleto de alusões satíricas dirigidas tanto aos amigos como aos inimigos de Carrol, de paródias a poemas populares infantis ingleses ensinados no século XIX e também de referências linguísticas e matemáticas frequentemente através de enigmas que contribuíram para a sua popularidade. É assim uma obra de difícil interpretação pois contém dois livros num só texto: um para crianças e outro para adultos.
O que eu achei: Todo mundo conhece Alice. Quem nunca passou uma hora tentando entender as imagens do desenho da Disney ou amando o Jonny Depp dando uma de chapeleiro maluco? Bem, eu não era a maior fã do clássico, mesmo tendo assistido aos dois filmes, mas nunca havia tido a oportunidade de ler o clássico de Carroll até uma amiga comprar e me emprestar (Obrigada, Sandy!!!). A edição que ela tem (e que eu já comprei um pra mim na maravilhosa promoção do Submarido (seu lindo!) que ainda me deu um cupom de 20% de desconto (aí eu apaixono) ) tem as duas histórias, As aventuras no país das maravilhas e Através do Espelho que é o que eu comecei a ler agora. Então, eu decidi dividir a resenha em duas partes, essa falando sobre o primeiro livro e a segunda sobre o segundo.
Ao contrário do que podem pensar, o livro não é tão confuso quanto o filme da Disney, embora haja algumas partes que sejam tão loucas quanto. Mas, como sempre, o livro é infinitamente melhor que todas as adaptações que fizeram dele. É um livro bem difícil de entender porque, como explica na própria sinopse, está cheios de mensagens e enigmas sobre a sociedade de Carroll e críticas ao governo da rainha Vitória expressas na rainha de Copas e seu bordão "Cortem-lhe a cabeça". Por essa razão, não posso dizer que compreendi a fundo os dois lados da história, até porque só temos um período de literatura inglesa na faculdade e, infelizmente, não conseguimos "analisar" as obras pelo seu perfil social ou histórico. Então, li o "livro pra crianças", e me diverti muito com a história dessa menina cheia de inocência e com seus pensamentos de dama inglesa. Em vários pontos a trama fica tão sem noção que você começa a pensar que eram os momentos em que Carroll estava "dorgado" com o ópio, ha momentos divertidíssimos e é uma história que conta as aventuras de uma garotinha que precisa passar por várias fases diferentes e, em certo momento, acaba ficando confusa com quem, de fato, realmente é. Isso pode explicar até certo ponto as transições da vida infantil para a adolescência, com um jeito até meio filosófico em perguntas como "Quem é você?" e nessa busca pela curiosidade e pelo caminho que lhe levará de volta para casa, Alice vai passar por muitas confusões, coisas sem o mínimo sentido, momentos hilariantes e, principalmente, a busca por si mesma.
A mensagem que fica quando você termina o livro é que a realidade é insípida e triste, o mundo dos sonhos, onírico e moldado tal qual a nossa vontade, é um lugar melhor para se viver. Talvez fosse a mensagem que Carroll buscava passar quando recorria ao ópio para fugir da realidade que ele odiava, para mergulhar de uma maneira mais profunda no seu mundo irreal. Além disso, também sentimos o apreço dele pela infância, pelo mundo da inocência e a confusão que Alice sente em suas constantes transformações no país das maravilhas pode ser retratada como as transições da infância para a adolescência e, consequentemente vida adulta. É um livro muito gostoso de ler, segue um ritmo de entendimento fácil, uma linguagem leve e, apesar de todas as críticas sociais e satíricas implícitas no texto, você consegue viajar com Alice e suas trapalhadas pelo mundo dos sonhos malucos de Lewis Carroll.
Separei minhas partes favoritas do livro:
“Devo estar chegando perto do centro da Terra. Deixe-me ver: isso seria a uns seis mil e quinhentos quilômetros de profundidade, acho…” (pois, como você vê, Alice aprendera várias coisas desse tipo na escola e, embora essa não fosse uma oportunidade muito boa de exibir seu conhecimento, já que não havia ninguém para escutá-la, era sempre bom repassar) “…sim, a distância certa é mais ou menos essa… mas, além disso, para que Latitude ou Longitude será que estou indo?” (Alice não tinha a menor ideia do que fosse Latitude, nem do que fosse Longitude, mas lhe pareciam palavras imponentes para se dizer.) Logo recomeçou. “Gostaria de saber se vou cair direto através da Terra! Como vai ser engraçado sair no meio daquela gente que anda de cabeça para baixo! Os antipatias, acho…” (desta vez estava muito satisfeita por não haver ninguém escutando, pois aquela não parecia mesmo ser a palavra certa) “…mas vou ter de perguntar a eles o nome do país. Por favor, senhora, aqui é a Nova Zelândia? Ou a Austrália?”
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Como porém nessa garrafa não estava escrito “veneno”, Alice se arriscou a provar e, achando o gosto muito bom (na verdade, era uma espécie de sabor misto de torta de cereja, creme, abacaxi, peru assado, puxa-puxa e torrada quente com manteiga), deu cabo dela num instante.
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“Oh, meus pobres pezinhos, quem será que vai calçar meias e sapatos em vocês agora, queridos? Com certeza, eu é que não vou conseguir! Vou estar longe demais para me incomodar com vocês: arranjem-se como puderem…Mas preciso ser gentil com eles”, pensou Alice, “ou quem sabe não vão andar no rumo que quero! Deixe-me ver. Vou dar um par de botinas novas para eles todo Natal.” E continuou planejando com seus botões como faria isso.“Vão ter de ir pelo correio”, pensou; “e que engraçado vai ser, mandar presentes para os próprios pés!E como o endereço vai parecer estranho!
Exmo Sr. Pé Direito da Alice,
Tapete junto à lareira Perto do guarda-fogo,
(Com o amor da Alice).
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“Ada com certeza não sou”, disse, “porque o cabelo dela tem cachos bem longos,e o meu não tem cacho nenhum; é claro que não posso ser Mabel, pois sei todo tipo de coisas e ela, oh! sabe tão pouquinho! Além disso, ela é ela, e eu sou eu, e… ai, ai, que confusão é isto tudo! Vou experimentar
para ver se sei tudo que sabia antes. Deixe-me ver: quatro vezes cinco é doze, e quatro vezes seis é treze,e quatro vezes sete é…ai, ai!deste jeito nunca vou chegar a vinte!Mas a Tabuada de Multiplicar não conta; vamos tentar Geografia. Londres é a capital de Paris, e Paris é a capital de Roma, e Roma… não, está tudo errado, eu sei! Devo ter sido trocada pela Mabel!"
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“Quem é você?” perguntou a Lagarta. Não era um começo de conversa muito animador. Alice respondeu, meio encabulada: “Eu… eu mal sei, Sir, neste exato momento…pelo menos sei quem eu era quando me levantei esta manhã, mas acho que já passei por várias mudanças desde então.”
“Que quer dizer com isso?” esbravejou a Lagarta. “Explique-se!” “Receio não poder me explicar”, respondeu Alice, “porque não sou eu mesma, entende?” “Não entendo”, disse a Lagarta. “Receio não poder ser mais clara”, Alice respondeu com muita polidez, “pois eu mesma não consigo entender, para começar; e ser de tantos tamanhos diferentes num dia é muito perturbador.”
“Não é”, disse a Lagarta. “Bem, talvez ainda não tenha descoberto isso”,disse Alice;“mas quando tiver de virar uma crisálida… vai acontecer um dia, sabe… e mais tarde uma borboleta, diria
que vai achar isso um pouco esquisito, não vai?” “Nem um pouquinho”, disse a Lagarta. “Bem, talvez seus sentimentos sejam diferentes”,concordou Alice;“tudo que sei é que para mim isso pareceria muito esquisito.” “Você!” desdenhou a Lagarta. “Quem é você?”
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“Realmente uma história muito plausível!” disse a Pomba num tom do mais profundo desprezo. “Vi muitas menininhas no meu tempo, mas nunca uma com um pescoço desse! Não, não! Você é uma cobra; e não adianta negar. Suponho que agora vai me dizer que nunca provou um ovo!” “Provei ovos, sem dúvida”, disse Alice, que era uma criança muito sincera; “mas meninas comem quase tantos ovos quanto as cobras, sabe.” “Não acredito nisso”, declarou a Pomba; “mas, se comem, então são uma espécie de cobra, é só o que posso dizer.” Era uma ideia tão nova para ela que Alice ficou em silêncio absoluto por um ou dois minutos,o que deu à Pomba oportunidade para acrescentar:“Você está procurando ovos, isso eu sei muito bem; o que me importa se é uma menininha ou uma cobra?” “Pois a mim, me importa muito”, Alice retrucou rápido; “mas não estou procurando ovos; e, se estivesse, não iria querer os seus: não gosto de ovo cru.”
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“Como faço para entrar?” Alice perguntou de novo, mais alto. “Mas, afinal, você deve entrar?” disse o Lacaio. “Esta é a primeira pergunta.” Era,sem dúvida :só que Alice não gostou que lhe dissessem isso. “É realmente espantoso”, murmurou consigo, “como todas as
criaturas brigam. É de levar a gente à loucura!” O Lacaio pareceu ver nisso uma boa oportunidade para repetir seu comentário, com variações. “Vou ficar sentado aqui”, disse, “ora sim, ora não, por dias e dias”. “Mas o que devo fazer?” perguntou Alice. “O que quiser”, respondeu o Lacaio, e começou a assobiar.
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“Bichano de Cheshire”, começou, muito tímida, pois não estava nada certa de que esse nome iria agradá-lo; mas ele só abriu um pouco mais o sorriso. “Bom, até agora ele está satisfeito”,pensou e continuou:“Poderia me dizer,por favor,que caminho devo tomar para ir embora daqui?” “Depende bastante de para onde quer ir”, respondeu o Gato.
“Não me importa muito para onde”,disse Alice. “Então não importa que caminho tome”, disse o Gato. “Contanto que eu chegue a algum lugar”, Alice acrescentou à guisa de explicação. “Oh,isso você certamente vai conseguir”, afirmou o Gato, “desde que ande o bastante.”
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“Mas não quero me meter com gente louca”, Alice observou.
“Oh! É inevitável”, disse o Gato; “somos todos loucos aqui. Eu sou louco. Você é louca.” “Como sabe que sou louca?” perguntou Alice. “Só pode ser”,respondeu o Gato,“ou não teria vindo parar aqui.”
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“Só que mostarda não é ave”, Alice observou. “Certo, como sempre”, disse a Duquesa; “que maneira clara você tem de expressar as coisas!”
“É um mineral, eu acho”, disse Alice. “Mas é claro”,disse a Duquesa,que parecia pronta a concordar com tudo que Alice dizia; “há uma grande mina de mostarda aqui perto.E a moral disso é…‘Quanto mais eu ganho, mais você perde’.” “Oh, eu sei!” exclamou Alice, que não prestara atenção a este último comentário. “É um vegetal. Não parece, mas é.”
(Eu ri horrorres nessa parte)
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Passei pelo seu jardim e notei que atrás da porta
A Coruja e a Pantera dividiam uma torta.
A Pantera, bem gulosa, comia massa e recheio,
Enquanto para a Coruja sobravam os caroços do meio.
Quando a torta acabou, a Coruja não pôde sequer
Ter por recompensa uma lambida na colher.
(Esse versinho também me matou de rir)
Como dá para perceber um pouquinho por esses quotes, Alice é um livro divertidíssimo com algumas reflexões muito interessantes sobre a vida, as pessoas, a realidade e o sonho, além de ser um clássico que merece toda a pompa e atenção que recebeu! Eu amei ter lido esse livro e estou amando ler Através do Espelho, que volta em outra resenha!
Obrigada por acompanharem o blog! Beijinhos pessoas!
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