Autor: Jane Austen
Ano: 1811
Gênero: Romance
País: Reino Unido
Páginas: 400 (best bolso)
Sinopse: A história relata os relacionamentos de Elinor e Marianne Dashwood, duas filhas do segundo casamento de Mr. Dashwood. Elas têm uma jovem irmã, Margaret, e um meio-irmão mais velho, John. Quando seu pai morre, a propriedade da família passa para John, o único filho homem, e as mulheres Dashwood se veem em circunstâncias adversas. O romance relata a mudança das irmãs Dashwood para uma nova casa, mais simples e distante, e seus relacionamentos. O contraste entre as irmãs, mostrando Elinor mais racional e Mariane mais emotiva e passional, é resolvido quando cada uma encontra, à sua maneira, a felicidade. Ao longo da história, Elinor e Marianne buscam o equilíbrio entre a razão (ou pura lógica) e a sensibilidade (ou pura emoção) na vida e no amor.
Sem palavras para descrever o quanto eu amo esse livro!
"Às vezes uma pessoa deixa-se levar pelo que ela diz de si mesma e, mais frequentemente ainda, pelo que dizem dela sem dar-se a menor possibilidade ou tempo para deliberar e julgar." (p. 103)
Quando Henry Dashwood morre sua fortuna fica toda para John, seu filho enquanto sua nova esposa e as três filhas, nas mãos do avarento homem, não dispõem de muito para sobreviver. Mal o corpo do rico senhor é enterrado, John e sua odiosa esposa Fanny se mudam para Norland residência até então da senhora Dashwood e suas três filhas. Desamparadas e vítimas da ganância e péssimo caráter de Fanny, as mulheres entram em aflição para deixar a casa o mais breve possível, contudo, a visita do senhor Edward Ferrars, irmão mais velho de Fanny, adia a visita um pouco por causa de Elinor que parece desenvolver um carinho especial pelo jovem e este não lhe é indiferente. Contudo, ao perceber a aproximação, Fanny solta indiretas cruéis para a senhora Dashwood de que Edward é impossível para a filha dela devido sua posição social.
Com a ajuda de Sir. John Middleton, primo distante da senhora Dashwood, as quatro mulheres se mudam para um chalé em Barton ansiosas por se livrar de Fanny e do seu estúpido marido avarento. Elinor parte com pesar, mas com a certeza de que Edward correspondia seus sentimentos e, apesar de apelar para a razão, seu coração mantinha esperanças de que, um dia, poderiam ficar juntos. Havia certa aura pacífica e mágica em Barton onde além de saborear a longa distância que as separa dos odiosos parentes, têm a enorme cortesia e amabilidade dos Middleton que as recebem de braços abertos. É nesse encontro com a família que as mulheres conhecem o Coronel Brandon, um rico ex-militar marcado pela amargura da perda.
Brandon encontra no encanto de Marianne um possível amor e na prudente racionalidade de Elinor uma amizade na qual pode confiar. Contudo, a chegada de Willougby promete mudar o curso da paz e de um possível relacionamento entre o Coronel e Marianne que já o considera velho demais para pensar em si mesma como sua esposa. Willougby, por outro lado, com um perigoso charme e intenções dúbias, consegue prender a Dashwood mais nova em uma teia de emoções que contrariam qualquer racionalidade e fazem descaso do bom senso e da educação. Envolvida por ele, Marianne se torna irracional e surda aos apelos da irmã que lhe pede para observar sua conduta. Até Willougby ir embora sem expectativa de volta. Aparece em cena, então, as senhoritas Steel. Estúpidas, cansativas e bajuladoras.
Lucy Steel, a mais nova, é ardilosa, mentirosa e manipuladora. Descobrindo que Elinor tem uma inclinação por Edward ela conta para a Dashwood mais velha que está noiva dele a quatro anos com o único propósito de magoá-la e deixar claro que ele é um homem que ela nunca poderá ter. Anne, ao contrário, além de inapta não tem qualquer tato social ou resquício mínimo de erudição. Sem perspectiva de ficar ao lado de Edward, resta a Elinor torcer para que sua irmã tenha um desfecho melhor uma vez que nunca gostou particularmente de Willougby.
Convidadas pela Senhora Jennins, sogra de John Middleton, a ir para Londres, as duas Dashwood partem. Elinor com votos de descobrir mais sobre o caráter de Willougby e Marianne com a expectativa de encontrá-lo. Contudo, as duas irmãs estão perto de descobrir que o rumo dos seus destinos pode ser mais complicado do que elas sequer imaginaram.
Esse é, de longe, meu livro favorito de Jane, não apenas pelo contraste de Marianne, a representação da sensibilidade e do fervor adolescente, e Elinor, representando a racionalidade e sapiência da mocidade. Ler Jane Austen é derrubar o véu ilusório que por vezes criamos sobre a antiguidade de longos vestidos e cartas, ela nos faz enxergar a sociedade hipócrita e limitada de sua época, cheia de preconceitos e dissimulações que ainda hoje perpetuam o nosso convívio social. De um lado temos a racional Elinor, apaixonada por Edward que, aparentemente, não pode ser seu. Ela usa toda a sua racionalidade e autocontrole a fim de esconder o que sente e impedir que os que a cercam sofram por sua causa (o que a faz sofrer em dobro!). Do outro, temos a vívida, doce e sensível Marianne, que após ser traída por Willougby, deixa-se levar pelo desespero e a profunda depressão que quase tira-lhe a vida.
O contraste nos leva à uma série de reflexões a cerca de ambos os comportamentos, acompanhado de diversos acontecimentos inesperados. Com desfechos surpreendentes Razão e Sensibilidade é uma dura crítica à sociedade falsa cheia de pessoas frívolas que só avaliam o bem próprio, mas retrata também com extremo cuidado a força e importância da amizade verdadeira, tao rara e tão bela. Faz-se impossível não apegar-se à doçura e meiguice de Marianne (ainda que em algumas horas você apenas queira sacudi-la e pedir que ela acorde!) e até mesmo ao controle demasiado de Elinor, ao mesmo tempo em que torna-se impossível não odiar Lucy Steele e sua falsidade sem precedentes, usando de bajulação para conseguir o que quer, além dos avarentos Fanny e John Dashwood cheios de cobiça ou mesmo o detestável Willougby e sua afetação, egoísmo e falta de caráter.
No fim, parece uma grande reflexão de Jane acerca da natureza da conduta que deveria ser ou não adotada como certa, fosse a racionalidade total ou o sentimentalismo, ambos passam o livro inteiro competindo através das personagens para nos questionar qual é o "certo" ou o adequado. Porém, no meu ponto de vista, Jane faz uma pequena crítica ao excesso, porque ao mesmo tempo que a ajuizada Elinor aprende a dosar sua razão com os sentimentos, Marianne aprende, pela reflexão, a maneirar seus sentimentos e agir com mais firmeza de raciocínio. O excesso de sensibilidade tornou Marianne uma vítima exposta da língua afiada de uma sociedade fofoqueira, sua conduta moldada na irascível cegueira dos sentimentos que não dão margem para a ponderação, enquanto Elinor, para mim, foi quem mais sofreu porque além de manter o silencioso sofrimento de ver seu amor inalcançável ainda tinha de lidar com a falta de juízo da irmã e consolá-la.
Assim, conclui-se que a conduta mais adequada é o equilíbrio entre a razão e a emoção. Não devemos "engolir os sapos", ao mesmo tempo que não precisamos nos excessos dos sentimentos que foi exatamente o que aconteceu com as duas irmãs. Li em alguns lugares que muitos consideraram o final de Marianne infeliz por ela ter casado-se com o Coronel Brandon, não concordo com isso, se ela tivesse casado-se com o inescrupuloso Willougby, como o próprio livro deixa claro, sua vida teria sido um inferno dada a natureza egoísta e esbanjadora dele, sem contar que, depois do que ele fez com Elisa, Marianne ficaria para sempre horrorizada e nunca conseguiria confiar nele plenamente. Achei a união dela com o Coronel não apenas válida, mas a melhor escolha para ela que aprendeu a amá-lo gradualmente, a enxergar as qualidades dele em pleno equilíbrio da sua razão com seus sentimentos.
No fim, parece uma grande reflexão de Jane acerca da natureza da conduta que deveria ser ou não adotada como certa, fosse a racionalidade total ou o sentimentalismo, ambos passam o livro inteiro competindo através das personagens para nos questionar qual é o "certo" ou o adequado. Porém, no meu ponto de vista, Jane faz uma pequena crítica ao excesso, porque ao mesmo tempo que a ajuizada Elinor aprende a dosar sua razão com os sentimentos, Marianne aprende, pela reflexão, a maneirar seus sentimentos e agir com mais firmeza de raciocínio. O excesso de sensibilidade tornou Marianne uma vítima exposta da língua afiada de uma sociedade fofoqueira, sua conduta moldada na irascível cegueira dos sentimentos que não dão margem para a ponderação, enquanto Elinor, para mim, foi quem mais sofreu porque além de manter o silencioso sofrimento de ver seu amor inalcançável ainda tinha de lidar com a falta de juízo da irmã e consolá-la.
Assim, conclui-se que a conduta mais adequada é o equilíbrio entre a razão e a emoção. Não devemos "engolir os sapos", ao mesmo tempo que não precisamos nos excessos dos sentimentos que foi exatamente o que aconteceu com as duas irmãs. Li em alguns lugares que muitos consideraram o final de Marianne infeliz por ela ter casado-se com o Coronel Brandon, não concordo com isso, se ela tivesse casado-se com o inescrupuloso Willougby, como o próprio livro deixa claro, sua vida teria sido um inferno dada a natureza egoísta e esbanjadora dele, sem contar que, depois do que ele fez com Elisa, Marianne ficaria para sempre horrorizada e nunca conseguiria confiar nele plenamente. Achei a união dela com o Coronel não apenas válida, mas a melhor escolha para ela que aprendeu a amá-lo gradualmente, a enxergar as qualidades dele em pleno equilíbrio da sua razão com seus sentimentos.
Quando li esse livro a primeira vez, em 2013, já tinha lido Orgulho e Preconceito, mas foi impossível não me apaixonar por essa história tão sublime, sofri com as personagens, dei algumas risadas e até mesmo passei vergonha alheia. Torci pelo final feliz que veio fechadinho ainda que alguns desfechos não tenham me agradado muito, queria que Lucy tivesse um final ruim, ela só fez armação o livro todo e se deu bem, pelo menos Willougby recebeu seu castigo ainda que tenha sido ameno. Contudo, isso é apenas uma retratação de como as coisas são na realidade, as pessoas boas, infelizmente, são constantemente vencidas pelas ruins mesmo que alcancem felicidade. Livro maravilhoso e mais que recomendado!
ADAPTAÇÕES
Ano: 1995
Direção: Ang Lee
Roteiro: Emma Thompson
Elenco: Emma Thompson, Kate Winslet, Hugh Grant, Alan Rickman
Com roteiro da própria Emma Thompson que assume o papel de Elinor no longa, Razão e Sensibilidade de 1995, tal como Orgulho e Preconceito posteriormente em 2005 (e iguais em cumprimento atingindo 2h cada) abarca os principais acontecimentos da obra de Jane, inclusive, sendo bastante fiel nos diálogos entre as irmãs e nas cenas mais icônicas do livro.
Porém (e sempre tem que ter um, não é?) o longa peca em muitos detalhes, em especial na elipse de várias personagens como Lady Middleton que aqui é falecida deixando Sir. John sem nenhum dos seus 4 filhos (eu fiquei tipo: oi?) além de fazer certa bagunça com outras personagens importantes como Elisa, que se tornou Betty (???) ou mesmo com a ordem de alguns acontecimentos mesmo que, comparada a minissérie, seja mais fiel em certas cenas quanto é negligente em outras.
Ele oferece boas atuações, contando, inclusive, com a presença de Allan Rickam (que também atende pelo nome de Professor Snape), Kate Winslet entrega uma Marianne vívida, exigente e imprudente, mas ainda pautada na obra de Austen graças ao roteiro de Emma Thompson cuja Elinor é sagaz, meio satírica e irônica, no geral não mexeu muito com a personalidade das personagens, mantendo-as semelhantes ao livro, e cumpre o papel de adaptação, não conseguindo cobrir todos os eventos, mas elucidando os principais de modo eficiente.
Ano: 2008
Roteiro: Andrew Davies
Direção: John Alexander
Elenco: Hattie Morahan
Charity Wakefield
Dan Stevens
David Morrissey
Dominic Cooper
Janet McTeer
Se comparado ao filme, a minissérie tem mais detalhes, todas as personagens foram representadas devidamente e, excetuando alguns diálogos e cenas ela é bem fiel ao livro em praticamente tudo. Gosto muito dessa minissérie, acho a fotografia dela fascinante, só queria que tivesse tido mais emoção e até mesmo loucura na atuação de algumas cenas específicas.
Tirando o Dan Stevens e o senhor Wisley eu não conhecia os outros atores, mas não fiquei menos que satisfeita com o trabalho que entregaram, attie Morahan e Charity Wakefield entregam uma Elinor e Marianne muito autênticas e cheias de nuances fidedignas à obra original. As personagens insuportáveis como Lucy e Fanny foram tão bem retratadas que creio nunca mais poder ver a cara das duas atrizes sem ter uma enorme vontade de vomitar.
A ordem cronológica da série também segue melhor que a do filme, pelo menos na minha opinião, muitas das cenas que o filme precisou ignorar são vistas aqui, ainda que algumas delas sigam um contexto que só faz real sentido quando lemos o livro, como o motivo para o duelo entre Brandon e Willougby. No geral, acho um trabalho maravilhoso que merece ser conferido.
Porém (e sempre tem que ter um, não é?) o longa peca em muitos detalhes, em especial na elipse de várias personagens como Lady Middleton que aqui é falecida deixando Sir. John sem nenhum dos seus 4 filhos (eu fiquei tipo: oi?) além de fazer certa bagunça com outras personagens importantes como Elisa, que se tornou Betty (???) ou mesmo com a ordem de alguns acontecimentos mesmo que, comparada a minissérie, seja mais fiel em certas cenas quanto é negligente em outras.
Ele oferece boas atuações, contando, inclusive, com a presença de Allan Rickam (que também atende pelo nome de Professor Snape), Kate Winslet entrega uma Marianne vívida, exigente e imprudente, mas ainda pautada na obra de Austen graças ao roteiro de Emma Thompson cuja Elinor é sagaz, meio satírica e irônica, no geral não mexeu muito com a personalidade das personagens, mantendo-as semelhantes ao livro, e cumpre o papel de adaptação, não conseguindo cobrir todos os eventos, mas elucidando os principais de modo eficiente.
Ano: 2008
Roteiro: Andrew Davies
Direção: John Alexander
Elenco: Hattie Morahan
Charity Wakefield
Dan Stevens
David Morrissey
Dominic Cooper
Janet McTeer
Se comparado ao filme, a minissérie tem mais detalhes, todas as personagens foram representadas devidamente e, excetuando alguns diálogos e cenas ela é bem fiel ao livro em praticamente tudo. Gosto muito dessa minissérie, acho a fotografia dela fascinante, só queria que tivesse tido mais emoção e até mesmo loucura na atuação de algumas cenas específicas.
Tirando o Dan Stevens e o senhor Wisley eu não conhecia os outros atores, mas não fiquei menos que satisfeita com o trabalho que entregaram, attie Morahan e Charity Wakefield entregam uma Elinor e Marianne muito autênticas e cheias de nuances fidedignas à obra original. As personagens insuportáveis como Lucy e Fanny foram tão bem retratadas que creio nunca mais poder ver a cara das duas atrizes sem ter uma enorme vontade de vomitar.
A ordem cronológica da série também segue melhor que a do filme, pelo menos na minha opinião, muitas das cenas que o filme precisou ignorar são vistas aqui, ainda que algumas delas sigam um contexto que só faz real sentido quando lemos o livro, como o motivo para o duelo entre Brandon e Willougby. No geral, acho um trabalho maravilhoso que merece ser conferido.
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