Original: Birds of Passage
Autor: Elizabeth Lane
Ano: 1992
Gênero: Romance histórico
Sinopse: Inglaterra, 1702
Angustiada, Mavis Whitney firmou a mão com dificuldade e assinou o contrato de servidão que o capitão James Forrester lhe entregava. Quando o navio zarpasse rumo à América, deixaria para trás os problemas que a obrigavam a fugir do país.
A passagem custara caro: sua liberdade. Nos próximos 5 anos, seia considerada apenas um objeto, uma escrava! A idéia era exasperante. Como criada de Célia Pomeroy, a noiva do capitão, seria testemunha silenciosa da intimidade, das risadas, da felicidade de Célia e James. Agora só restavam poucos dias de liberdade a bordo do navio. Dias em que Mavis iria sonhar que era um pássaro viajante, livre para ir aonde quisesse, livre para amar um homem poderoso como James Forrester.
Retrato de uma época dramática, em que pessoas livres sujeitavam-se à escravidão para conseguir sobreviver!
Se bem me lembro, Pássaros Viajantes foi o primeiro romance histórico que li, ainda na escola, quando descobri (em uma estante bem escondida) os livros de banca Bianca, Sabrina e Júlia. Não me recordo a idade na época, mas o livro me impactou ao ponto de nunca esquecê-lo e foi com uma alegria enorme que consegui encontrá-lo em PDF para ler muitos anos depois da primeira vez. Acho super interessante como as histórias nos impactam de maneiras diferentes quando as pegamos em momentos distintos da nossa trajetória, mais experiência, mais conhecimento e uma cabeça diferente daquela com que os lemos pela primeira vez, o projeto de releitura tem me mostrado isso com ainda mais força.
A história segue Mavis Withney, a filha de um guarda-caça que cresceu como um espírito livre até a morte de seu pai quando ela se viu criada de Lorde Dunsmoore, para quem seu pai trabalhara, e vítima do assédio do filho deste que herdara a posição do pai. Para escapar de um estupro, Mavis deforma o rosto do homem com chá quente e foge em busca de um navio que possa levá-la de Londres para a América onde, no novo mundo, ela será serva de alguém pelo tempo que durar seu contrato e então encontrará a liberdade em uma terra onde ninguém mais poderá machucá-la.
É no Pégasos que ela encontra sua esperança, o capitão James Forrester apesar de não ser o mais gentil dos homens lhe oferece um contrato de servidão de cinco anos para sua noiva, Célia Pomeroy, que procura uma pessoa para cuidar da contabilidade e de convites sociais para seus assuntos. Por saber ler e fazer contas, mesmo não sendo o homem que James procurava, ele a contrata quando vê o desespero da jovem para fugir de Lorde Dunsmoore e, mesmo um homem brusco do mar, tem horror a tipos devassos como Percy Dunsmoore.
James se encarrega da proteção de Mavis, tentando negar para si mesmo o encanto que a garota exerce sobre ele. A postura altiva e a força da garota mexem com ele, além de sua beleza despertar nele desejos tão fortes que mal consegue se conter perto dela. Ainda assim, tanto ele quanto ela reprimem seus sentimentos em nome do compromisso dele com Célia, mesmo com o coração partido, Mavis sabe que só lhe resta aceitar que será uma testemunha da felicidade do homem que ama com outra mulher. Ela aproveita bem seus últimos dias de liberdade a bordo do navio, enquanto vai conhecendo melhor o taciturno capitão e seu passado tortuoso.
Na Virgínia (e quem lembrou da música de Pocahontas dá um salve kkkk) ela se vê a mercê de Célia, uma mulher frívola, vingativa, fútil e cruel. A pior parte, entretanto, é suportar as visitas de James à noiva, mesmo quando ele visivelmente não está apaixonado por Célia, mas por ela. James tenta de todas as formas comprar o contrato de Mavis para libertá-la, mas a vingativa Célia não pretende entregar os pontos tão facilmente e vai fazer tudo ao seu alcance para destruir Mavis e garantir que a vida de James seja um inferno mesmo que isso signifique se aliar aos piores tipos de gente como Percy Dunsmoore.
Eu ainda me lembrava de boa parte da história, mas muito estava nublado na minha mente e pude reviver cada momento dessa narrativa sofrida e o retrato de uma época cruel. Por incrível que possa parecer, Mavis foi uma das poucas personagens femininas que não me encheu o saco, ela se manteve forte e inteligente o livro todo, James, longe de ser o personagem perfeito, me deu um pouco mais de dor de cabeça com algumas decisões, mas pelo menos dava para entender pelo contexto no qual ele estava inserido. Pássaros Viajantes é uma história forte, que marca a gente e me causou, ainda que de forma mais branda, as mesmas sensações da primeira vez que li. Recomendo.
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