Autor: JP Delaney
Gêneros: Suspense, Romance psicológico
Ano: 2016
Sinopse: É preciso responder a uma série de perguntas, passar por um criterioso processo de seleção e se comprometer a seguir inúmeras regras para morar no nº 1 da Folgate Street, uma casa linda e minimalista, obra-prima da arquitetura em Londres. Mas há um preço a se pagar para viver no lugar perfeito. Mesmo em condições tão peculiares, a casa atrai inúmeros interessados, entre eles Jane, uma mulher que, depois de uma terrível perda, busca um ponto de recomeço.
Jane é incapaz de resistir aos encantos da casa, mas pouco depois de se mudar descobre a morte trágica da inquilina anterior. Há muitos segredos por trás daquelas paredes claras e imaculadas. Com tantas regras a cumprir, tantos fatos estranhos acontecendo ao seu redor e uma sensação constante de estar sendo observada, o que parecia um ambiente tranquilo na verdade se mostra ameaçador.
Enquanto tenta descobrir quem era aquela mulher que habitou o mesmo espaço que o seu, Jane vê sua vida se entrelaçar à da outra garota e sente que precisa se apressar para descobrir a verdade ou corre o risco de ter o mesmo destino. Com um suspense de tirar o fôlego e um clima de tensão do início ao fim, JP Delaney constrói um thriller brilhante repleto de reviravoltas até a última página. Uma história de duplicidade, morte e mentiras.
Peguei esse livro ano passado por indicação de um colega de skoob (obrigada, Victor!), não tinha ouvido falar dele o que é uma pena, teria lido antes se tivesse, mas acho que é um daqueles casos de livros muito bons que passam longe do hype e a gente acaba sem ouvir falar de tanto bombardeio que sofremos com o "último best seller" do momento. Foi a minha indicação para a leitura do Clube do Livro em Janeiro e acabei tendo a sorte de ser sorteada!
A história segue duas mulheres em dois períodos distintos, no passado Emma e seu namorado Simon estão na companhia de um corretor de imóveis em busca de um apartamento, de primeira impressão, vemos que Emma é uma mulher voluntariosa e meio mimada e de cara já não gostei muito dela. O apartamento em que eles moravam foi invadido por bandidos e ela foi assaltada, desde então sofre com TEPT (transtorno de estresse pós-traumático) e faz terapia com Carol para superar o trauma. No presente, Jane também está na companhia de uma corretora em busca de um novo apartamento após passar pela dor de ter dado à luz a uma criança morta, ela busca um lugar onde possa recomeçar, livre das memórias dolorosas da perda da filha.
As duas mulheres são apresentadas por seus corretores a um estranho apartamento projetado por um famoso arquiteto excêntrico chamado Edward Monkford que está para alugar, mas cujos requisitos do contrato são de tal forma exigentes (e alguns bizarros) que até então ninguém aceitou ou foi aprovado pelo dono do lugar para habitar. Ambas as mulheres aceitam visitar o local e ficam impressionadas com a austeridade de Folgate Street nº1 à primeira vista, decidindo se candidatar para viver ali. Simon, namorado de Emma, fica relutante não apenas por não gostar do lugar, mas por uma das exigências ser a completa organização, total oposto da parceira que é uma bagunceira nata. Esse não é o problema para Jane que até certo ponto é organizada.
Enquanto no presente Jane se envolve aos poucos com Edward Monkford, no passado Emma e Simon enfrentam problemas no relacionamento quando ela descobre que na noite em que foi assaltada, Simon estava em um bar de strippers. Para piorar ainda mais, ele se sente impotente com ela quando descobre que ela foi violentada no assalto, assim a relação dos dois termina e Edward Monkford entra em cena deixando claro com todas as letras que quer levá-la para a cama. Em paralelo, Jane descobre a existência de Emma quando Simon deixa flores em frente à sua casa, é assim que ela toma conhecimento do fato de que, anos atrás, Emma Matthews morreu no apartamento em que agora ela mora sob circunstâncias suspeitas, não se sabe se fora suicídio ou assassinato e a autópsia fora inconclusiva.
Assim, a relação das duas mulheres com o arquiteto é narrada sob a ótica delas e, cada uma a seu modo, vão descrevendo as excentricidades da personalidade perfeccionista e dominadora de Edward conscientes total ou parcialmente de viverem um relacionamento abusivo. Fatos estranhos acerca das moradoras anteriores da casa, incluindo a própria esposa morta do arquiteto começam a levantar suspeita tanto em Emma quanto em Jane que começam a perceber que o perfeito Edward Monkford pode não ser tão perfeito assim, ainda que Jane se recuse a enxergar esse fato e tente de todas as formas provar que está errada. Emma, entretanto, não liga que ele seja abusivo e até mesmo gosta. Contudo, verdades obscuras podem acabar com o relacionamento que as duas mulheres tem com o arquiteto e um final trágico iminente parece ser o único desfecho disponível para todas que residem em Folgate Street nº1.
Esse livro foi uma mistura interessante de Harlan Coben com Agatha Christie, a narrativa é construída de forma gradual, mas sem nunca se tornar lenta ou monótona, os capítulos são fluidos e expressam tão bem o caráter de suas narradoras que ao passo que detestamos uma passamos a sentir certa simpatia pela outra, um thriller psicológico tão bem construído que todo mundo é suspeito até mesmo o moderno apartamento, deixando-nos paranoicos e tão confusos quanto Jane. Igualmente, somos pegos de surpresa ao descobrir o que, de fato, provocou a morte de Emma Matthews e confesso que não esperava mesmo por aquilo. O final do livro é bem agridoce, ainda que não seja ruim de nenhum modo, mas dá aquela sensação de ciclo, sabe?
Tendo como cenário a aristocrática Londres, o livro traz discussões sobre autoimagem, relações abusivas, transtornos mentais e luto, nos fazendo refletir acerca de várias questões e ainda provocando uma pequena discussão sobre o aborto e síndrome de Dawn. As personagens são vívidas e saltam das páginas, Edward é controlador, beira ao TOC e concordo com a terapeuta quando diz que ele tem tendências sociopatas. Emma é manipuladora, falsa, mentirosa compulsiva e narcisista. Simon é bajulador, fraco e obsessivo. Jane é uma mulher forte até certo ponto, independente e dona de si mesma, sabe o que quer e lida com o luto como acredito que qualquer mulher na situação dela faria, contudo em alguns momentos a cegueira dela em relação a Edward me irritava. É o tipo de situação que você sabe que está errado, mas fica se dado pretextos para fingir que está certo. Quem curte o gênero, fica aqui minha recomendação de uma história muito boa bem estilo A Mulher na Janela, Não Conte a Ninguém e A Casa no Penhasco.
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