sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

[Livro] Audácia

Original: Impulse
Autor: Candace Camp
Páginas: 320
Gênero: Romance histórico
Ano: 1997

Sinopse: Ela ousava amar de verdade...

Angela Stanhope acreditava no amor. Após ser arrancada dos braços de Cameron Monroe,
o homem a quem confiara seu coração, ela foi jogada às garras do cruel e impiedoso lorde Dunstan, o escolhido de seu avô para desposá-la. Decidida a fazer valer seus sentimentos e não os desejos insanos do patriarca dos Stanhope, ela o desafiou, mas cedeu a uma ardilosa chantagem para proteger seu amado.

 Ele estava decidido a duelar com o destino...

Cameron jamais se esqueceu da humilhação que sofreu. Após 13 anos, ele retorna à propriedade
dos Stanhope para um ajuste de contas. Afinal, tornou-se um homem rico e poderoso, com recursos ilimitados para destruir a família que o renegou. E ele tem somente uma exigência: que Angela se torne sua esposa.

Mas será que a paixão de Angela e Cameron resistirá a terríveis revelações?

Segunda resenha literária de 2020!

Não me recordo onde vi Audácia, acho que foi enquanto pesquisava sobre algum livro e ele veio como um relacionado, a coisa é que me chamou a atenção (não era essa capa que eu postei, era outra que eu vou colocar mais embaixo) e acabei me interessando e pegando para ler. Como a maioria dos livros que pus na meta de leitura eram livros digitais que estavam mofando no meu tablet e no kindle há eras, acabei ficando só com ebooks para janeiro e ao que parece vai ser assim o ano todo!

Audácia acompanha o romance entre Angela Stanhope, uma nobre inglesa neta de um conde e Cameron Monroe um cavalariço que trabalha para a família de Angela e a conhece desde que ela tinha oito anos. Ela é apaixonada por ele desde criança, perdendo o pai cedo e com uma mãe hipocondríaca, Angela cresceu criada pelos rigorosos avós que pouco faziam para lhe dar afeição e deixavam-lhe a cargo da inflexível governanta. Ela amara Cam desde que o vira pela primeira vez, não apenas por ser o único que lhe dava atenção, mas por ser o único que a entendia de verdade.

Quando Cam finalmente admitiu seus sentimentos por Angela, esta estava no auge de sua juventude, mas prometida ao cruel Lorde Dunstan por quem não nutria qualquer sentimento além de indiferença. Ela planejava fugir com Cam para a América onde poderiam se casar sem a pressão da diferença de classes ou as imposições da família, mas o avô dela acaba flagrando os dois em um momento íntimo e tranca Angela no quarto, dando uma surra em Cam e expulsando-o das suas terras. Como os Stanhope passavam por um momento de muitas dívidas, ele força Angela a casar com Dunstan para salvar a família ameaçando que, caso ela recusasse, ele acusaria Cam de roubo e faria com que ele passasse o resto da vida na prisão.

Desesperada para salvar o amado, Angela aceita o casamento forçado sem nem fazer ideia do pesadelo que sua vida se tornaria por esta escolha. Cam, acreditando que ela se casara por dinheiro, fora embora sozinho da Inglaterra odiando-a sem permitir que ela mesmo lhe desse uma explicação da sua atitude, desse modo, ela vive seu pesadelo solitária com a única consolação de que o amado, mesmo odiando-a, pelo menos teve a chance de construir para si um futuro.

Treze anos se passam e Angela mora sob a proteção do irmão Jeremy, agora Conde Stanhope no lugar do avô, ela fugira de casa com a ajuda de sua criada Kate e pedira o divórcio a Dunstan, contudo, o infame lorde conseguiu virar o jogo contra ela acusando-a de adultério, tirando todo o seu dinheiro, mas apesar de estar dependente do irmão, a paz de estar longe do ex-marido era tudo para Angela que vivia sob a sombra do medo e jurara nunca mais se casar. Porém, por um jogo cruel do destino, Jeremy aparece em Bridbury com um estranho homem e afirma estar com a corda no pescoço.

Aparentemente um estranho comprou mais da metade da mina que subsistia a família e todas as dívidas de Jeremy deixando-o entre a cruz e a espada. Para sair da situação, o estranho exige que Angela se case com ela para salvar a família. Claro que ela se recusa, afirmando ao irmão que não pode se submeter ao horror que passou em seu último casamento, mas mesmo que o irmão compreenda, pede que ela dê pelo menos a chance de conhecer o misterioso pretendente antes de recusar uma vez que o futuro de todos eles depende disso.

Para a surpresa dela (e não a nossa porque acredito que qualquer pessoa versada nesses livros já adivinharia isso) o homem que quer se casar com ela é Cam, agora sob o sobrenome de Moroc, é um homem de enorme fortuna e dono de tudo que a família de Angela tem. Ele deixa claro desde o início que o casamento é uma forma de vingança e Angela, que se recusa a submeter-se a um homem novamente, expressa seu desprezo e sua recusa convicta em casar-se com ele, mas Jeremy acaba se vendo com um escândalo pronto para arruinar de vez sua vida e a de toda a família o que deixa Angela entre a cruz e a espada. Tudo piora quando Dunstan reaparece para atormentá-la jurando trazê-la de volta para sua casa.

Desesperada, ela faz um acordo com Cam, aceitará se casar com ele se ele prometer que não a tocará. Pensando ser por causa do desprezo que agora os une, ele aceita dando sua palavra que não encostará um dedo nela. Porém, a química entre eles é explosiva e os velhos sentimentos ameaçam toda hora bater de novo à sua porta. Ambos são incapazes de esquecer o amor que os manteve vivos durante todos os anos de separação, mas Angela está ferida demais para se abrir novamente ao amor e Cam, desconhecendo os sacrifícios dela, imerso demais no ódio para enxergar os próprios sentimentos.

É Kate, a criada de Angela, que revela para Cam o motivo de ela ter se casado com Dunstan e, arrependido, ele tenta se reaproximar dela jurando que conquistará não apenas seu perdão, mas sua afeição novamente. Assim, os dois imergem em uma amizade profunda, mas mesmo que Angela demonstre reagir às investidas sensuais de Cam, ela não consegue se entregar a ele e Cam começa a pensar que é algo de errado com ele próprio e o fato de sua origem.

Aterrorizada, Angela se recusa a contar os horrores que ocorreram em seu casamento, a dor da vergonha e a culpa lhe corroem a alma. Cabe a Cam descobrir o que se esconde atrás do medo que ela sente de abrir outra vez o coração enquanto tenta, ao mesmo tempo, desenterrar suas origens e conhecer o passado que sua mãe se empenhou em esconder até sua morte.

Esse foi um daqueles livros que eu não estava dando muito quando comecei, pensei que era só mais "um harlequim histórico", contudo acabei tendo uma boa surpresa. Não apenas as personagens são bem interessantes quanto o contexto histórico abordado no livro reflete um passado cruel com as mulheres que eram tratadas como objetos ao bel prazer de seus maridos inescrupulosos e cruéis. E o livro vai além, mostrando um pouco da homossexualidade em uma rígida sociedade inglesa moldada nos padrões religiosos que ditavam as regras. Ainda que este último tema não seja desenvolvido como deveria na história, o que é uma pena, foi muito interessante e acrescentou à narrativa. 

O que mais gostei, contudo, foi o método de Cam para "destravar" a esposa com medo irracional da intimidade hahaha. Em uma época onde a psicologia não tinha voz, ele soube contornar a situação de uma maneira inteligente usando de recursos práticos que mostraram funcionar, entendendo o problema de Angela e aceitando o seu tempo de lidar com a situação, permitindo que ela alcançasse autonomia para superar o próprio problema com o apoio dele sem nunca pressioná-la. Foi muito fofo. Para quem gosta, o livro ainda conta com uma dose de erotismo bem... apimentada para meus padrões, mas que couberam na narrativa sem deixá-la apelativa e funcionando como um recurso de desenvolvimento do relacionamento das personagens e não como um padrão de livro erótico.

Achei que Dunstan teve um final muito fácil. Particularmente queria vê-lo sofrer mais, pagar pelos seus crimes talvez, ainda assim, como a autora deixou para resolver tudo no último capítulo, compreendi a escolha de resolução e não ficou de todo má também. É um livro fofo, quente na dose certa, bem ambientado e que traz à tona com fidelidade um passado que infelizmente ainda se repete muito nos dias atuais. Mais que recomendado!

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