sábado, 14 de março de 2020

[Livro] Proibido

Original: Forbidden
Autor: Tabitha Suzuma
Ano: 2014
Páginas: 304
Gênero: Romance, Família, Incesto

Sinopse: Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis.
Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes.
Eles são irmão e irmã.
Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade.

Não sei como começar a falar desse livro sem parecer uma psicopata. A primeira coisa que quero deixar bem clara é que eu não gostei. Quem me acompanha sabe que eu gosto muito de histórias envolvendo a temática de incesto entre irmãos, já fiz um post no blog falando sobre minhas obras japonesas favoritas do gênero tanto mangás quanto animes e filmes. Foi por gostar do tema que eu fiquei curiosa com esse livro, mas no fim o produto saiu bem diferente do que imaginei, mas vamos por partes.

A história é narrada pelos irmãos Lochan e Maya. Eles são os mais velhos de cinco irmãos. O pai deles foi embora quando eles eram crianças por causa da mãe deles que é uma daquelas mulheres que nunca devia ter sido dotada de fetilidade. Além de alcoólatra, quer viver em plenos 45 anos a adolescência perdida por ter engravidado cedo. Em resumo da ópera: ela é uma péssima mãe. Na verdade, eu nem chamaria ela de mãe, é um insulto à palavra. Assim, é de responsabilidade de Maya e Lochan desde cedo criar os três irmãos mais novos: Kit, Wiffin e Willa.

Dentre as mil coisas que eles tem que se preocupar além da escola, é o fato de Lochan ter um grave caso de fobia social, algo que chama atenção dos professores na escola, mesmo ele sendo um aluno brilhante e suas notas serem invejáveis, o fato de não se enturmar com outras pessoas e nunca participar das aulas preocupa seus tutores, mesmo quando precisa resolver algum problema envolvendo os irmãos menores ele sofre muito para conseguir falar com professores ou médicos. Ao contrário dele, Maya é sociável e tem alguns amigos, entre eles Francie que é sua melhor amiga.

Por não quererem ser separados pelo Serviço Social, todos eles tentam com todo afinco esconder das autoridades que sua mãe é uma bêbada irresponsável que dá dinheiro para as despesas sob ameaça de fazerem um escândalo na casa do namorado dela e nunca para em casa. Enquanto vão vivendo os exaustivos dias entre cuidar das crianças, lidar com a rebeldia sem causa de Kit e as atividades escolares, Maya e Lochan tem ainda que lidar com o fato de estarem apaixonados um pelo outro. Um amor completamente proibido não somente pelo fato de compartilharem o mesmo sangue, mas por ser crime, um que pode levá-los à cadeia e os irmãos a lares adotivos.

Enquanto lutam contra (e depois com) esse sentimento, os dois vão tentando encontrar uma solução para a difícil vida enquanto esperam Lochan se tornar maior de idade para ser responsável pela família e também para viver o amor que sentem sem riscos para ninguém. Claro, que este último não tem como dar certo.

Não sei se é verdade, mas ouvi muita gente falando que esse livro era inspirado na obra de uma autora americana chamada V.C. Andrews. O livro em questão seria O Jardim dos Esquecidos (Flowers in the Attic se não me engano no original), mas eu não tenho certeza, até porque não li esse livro ainda. Contudo, pelo pouco que achei sobre ele, há sim algumas similaridades na história dos dois, ainda que, ao contrário do "original", Proibido enverede por um caminho que foge um pouco da... como direi? Lógica relacional na falta de uma expressão melhor.

Enquanto em Pétalas ao Vento os irmãos não tem relação com outras pessoas uma vez que ficam trancados no sótão da casa dos avós e, aos poucos, se tornam tudo um do outro, em Proibido Maya e Lochan levam uma vida quase normal. Vão à escola, tem amigos, saem de casa, enfim, não é apenas uma falta de opção. Não que eu queira dizer que há lógica para o amor (eu nem acredito nele, na verdade), mas realmente não fez muito sentido eles se apaixonarem um pelo outro e aquela historinha de "ele é tudo pra mim desde criança" colou não. Pelo menos não comigo. Acredito que, em grande parte, isso se deve pelo modo como a autora tratou o tabu, o desenvolvimento da história, ao meu ver, não contribuiu nem um pouco para me causar aquela empatia pelo casal.

Contudo, se há algo que eu realmente gostei nesse livro foi o modo como a fobia social é retratada. É muito cru e muito real e diversas vezes me vi na pele de Lochan no meu próprio dia-a-dia. Um tormento sem descrição estar no meio de pessoas. Achei um absurdo o pai dessas criaturas não pagar pensão aos filhos menores, não sei como funciona a legislação do Reino Unido, mas na boa, é chocante. A parte do tabu em si ficou meio nublada, não que a autora tenha se posicionado contra ou a favor, mas os próprios personagens ficavam o livro todo naquele "Deus me livre, mas quem me dera" que, sinceramente, me tirava do sério e o fato do problema não tratado do Lochan fechá-lo para novas experiências não ajudava nem um pouco. Ao contrário de Maya que teve uma oportunidade e apenas virou as costas.

O final me deixou dividida. Foi crível e até encaixou na proposta que, no meio do livro, a autora finalmente mostrou, mas, ainda assim, me vi imaginando vertentes um pouco menos pesadas para o desfecho. Quer dizer, não precisava ser daquele jeito. Mas, enfim, não cabe a mim dizer como os outros devem finalizar seus livros e nada do que estou escrevendo aqui é uma verdade absoluta, há quem goste da história e eu respeito. Vi um anime com uma temática semelhante em que os irmãos, no anime gêmeos, se apaixonam e embora não haja mais similaridades entre as histórias além dessa, o modo de abordagem do tema foi o que fez a diferença, ainda que eu também não tenha visto sentido nos gêmeos se apaixonarem conseguiu ser mais crível do que Proibido.

Dito isso, vou tentar ler Jardim dos Esquecidos para tirar minhas próprias conclusões sobre ele também, até porque é um livro que as pessoas que acompanho recomendam muito. E vou finalizar essa resenha com alguns quotes que me representam muito.

"É horrível sentir vergonha de alguém que você ama; é uma coisa que rói por dentro. E, se você deixar que te afete, se desistir da luta e se entregar, a vergonha acaba por se transformar em ódio."

"Eu me vejo configurado em seus olhos: o cara que sempre se esconde nos fundos da sala, que nunca diz nada, que sempre senta sozinho numa das escadas no pátio durante o recreio, curvado sobre um livro. O cara que não sabe falar com as pessoas, que balança a cabeça quando zoam dele, que falta à aula sempre que há algum tipo de apresentação para fazer."

"Me pergunto como é possível sofrer tanto quando nada está errado. Um desespero crescente no cetro do meu peito pressiona como se quisesse sair, ameaçando estilhaçar as costelas."

"Minha solidão, sempre minha solidão - aquela bolha irrespirável de desespero que pouco a pouco me sufoca."

 "Mesmo a noite, quando abraço o travesseiro e olho por entre as cortinas abertas não me permito ceder - porque se fizesse isso, eu não me levantaria mais. Eu me fragmentaria em mil pedaços como vidro estilhaçado. As pessoas estão sempre me perguntando qual é o problema e isso me dá vontade de gritar."

"Mas a noite não consigo dormir, a cabeça atormentada por mil medos."

2 comentários:

  1. Eu de fato me senti apaixonada por este Livro, pelo personagens e por seu amor tão reprimido.
    Me senti bem surpresa enquanto lia sua resenha(decepcionada eu diria), no fato de você não acreditar no amor dos dois, já que gosta muito de romance incestuosos(acabei de ler seu post de mangas e obras japonesas) me senti bem conflituosa, já que bom nenhum daqueles casais estavam presos em um sótão, então... Mas, nem sempre as pessoas vão gostar das mesmas coisas que a gente e temos que respeitar isso. Eu recomendo fortemente essas obra maravilhosa.

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    1. Então, miga, tudo tem a ver com as circunstâncias. Como eu falei, talvez pelo modo como a autora escreveu, para mim, não foi crível. Nas histórias japonesas que eu já li sobre o tema, os irmãos eram geralmente separados na infância e se reencontravam depois, mas pareciam estranhos porque não cresceram juntos. Ou os pais se casavam e eles se tornavam irmãos por casamento. Fora essa história dos gêmeos que citei (que também não vi lógica eles se apaixonarem) o modo como ambos os autores abordam as circunstâncias que permeiam o amor dos irmãos é o que torna a coisa crível ou não para quem lê. E quando eu disse que não acreditava no amor não falei especificamente do amor deles, mas no amor de uma forma geral, esse amor arrebatador das músicas e da literatura independente de ser entre irmãos ou não. A gente lê os livros e os absorve sob a ótica da nossa própria experiência, por isso eles têm um peso diferente para cada pessoa, o amigo que me indicou Proibido gostou muito dele, não aconteceu comigo.
      Mas valeu pelo seu comentário! Espero que volte mais vezes por aqui!

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