quarta-feira, 30 de março de 2022

[Livro] Corações Sujos

 

Autor: Fernando Morais

Ano: 2000

Gênero: Biografia, fats reais, crime

Sinopse: A Shindo Renmei, ou "Liga do Caminho dos Súditos", nasceu em São Paulo após o fim da Segunda Guerra, em 1945. Para seus seguidores, a notícia da rendição japonesa não passava de uma fraude aliada. Como aceitar a derrota, se em 2600 anos o invencível Japão jamais perdera uma guerra? Em poucos meses a colônia nipônica, composta de mais de 200 mil imigrantes, estava irremediavelmente dividida: de um lado ficavam os kachigumi, os "vitoristas" da Shindo Renmei, apoiados por 80% da comunidade japonesa no Brasil. Do outro, os makegumi, ou "derrotistas", apelidados de "corações sujos" pelos militantes da seita. Militarista e seguidora cega das tradições de seu país, a Shindo Renmei declara guerra aos "corações sujos", acusados de traição à pátria pelo crime de acreditar na verdade. De janeiro de 1946 a fevereiro de 1947, os matadores da Shindo Renmei percorrem o Estado de São Paulo realizando atentados que levam à morte 23 imigrantes e deixam cerca de 150 feridos. Em um ano, mais de 30 mil suspeitos dos crimes são presos pelo DOPS, 381 são condenados e 80 são deportados para o Japão. Nesta sua volta à grande reportagem, Fernando Morais conta a história da seita nacionalista que aterrorizou a colônia japonesa no Brasil.


Essa foi minha oitava leitura de março e eu fiquei bem contente que consegui ler bastante coisa esse mês, apesar de terem sido em sua maioria livros curtos. Também conquistei o hábito de ler nos fins de semana o que tem ajudado ainda mais a acelerar a meta que estabeleci para 2022. Esse livro, inclusive, foi uma adição de última hora por motivos de pesquisa, queria conhecer a fundo sobre a Shindo Renmei para usar esse plano de fundo em um livro de ficção, mas a leitura acabou excedendo e muito as minhas necessidades e expectativas.

O jornalista Fernando Morais começa sua narrativa contando as consequências da rendição do Japão para os chamados "súditos do eixo" nos países vencedores (embora "vencer" numa guerra seja muito relativo, há mais perdas que ganhos no meu ponto de vista, mas ok), o Brasil, nessa época, abrigava a maior colônia de japoneses fora do Japão e dessas pessoas foram tirados os bens, o acesso à informação, o direito de se expressar, de se reunir e de usar sua própria língua. Segregados, os japoneses eram reprimidos pelo Estado ditador. 

Sem acesso à informação, pela lei de proibição de publicações em língua japonesa no país, a notícia de que o Japão havia se rendido na guerra chegou atrasada e para poucos japoneses. A maioria, patriota cega e fanática, se recusava a acreditar que seu imperador Hiroíto, o divino, se declarara um mortal e entregara os pontos. Mas os "brios" incendeiam mesmo quando a colônia paulista é invadida por policiais e sua bandeira sagrada é ultrajada por um cabo. Esse é o estopim para o ódio dos japoneses.

Contudo, ao contrário do que se poderia pensar, a mira da nascente Shindo Renmei (Liga do Caminho dos Súditos) não era voltada para os brasileiros que, em sua absurda onda nacionalista, se mostravam tão preconceituosos, xenofóbicos e cruéis  quanto o próprio nazismo que combateram durante a guerra, já que o Brasil era aliado dos EUA. A fúria da colônia japonesa era voltada contra eles próprios. Porque um brasileiro, aliado dos americanos, podia contar "mentiras" ou acreditar em mentiras acerca do resultado da guerra, mas um japonês nunca aceitaria a derrota de seu país que jamais antes havia perdido uma guerra. E qualquer japonês que afirmasse acreditar naquela mentira, tinha o coração sujo, portanto, era um traidor do império.

Começa então a caça às bruxas. O assassinato de um "coração sujo" e o atentado a outro na mesma noite colocam a polícia da época em alerta para um grupo de assassinos que, até então, não tinha muita forma diante dos policiais. Mais ameaças eram distribuídas na colônia e cada vez mais a polícia recebia pedidos de ajuda que pouco podia fazer ou mesmo se interessava em ajudar boa parte dos casos. 

Inicialmente, a Shindo Renmei — como bem aponta o autor — era apenas um grupo com nenhum preparo estratégico e um tanto quanto ingênuo, cego por uma vingança que os levava a agir de forma precipitada, mas com "honra" e, dos assassinatos cometidos por eles, vários foram de pessoas inocentes que não eram verdadeiramente os alvos do grupo. Seus líderes se limitavam a dar ordens de morte, dinheiro e armas e todos os assassinos tinham o dever de se entregar à polícia tão logo terminassem o trabalho.

Paralelo a isso, temos a trajetória de suas personagens em um plano de fundo muito bem abordado pelo autor, cada um com uma vida e uma profissão, com um passado ligado à honra de seu país e a busca de uma vida melhor longe de sua casa. Morais parte do plano histórico geral para gradualmente desenhar os dramas pessoais, cheios de detalhes que fornecem conteúdo humano à obra.  O contexto histórico, político e social do Brasil também é retratado com clareza e nos oferta uma verdadeira aula de história tão fluida que nem parece que é de verdade.

O intuito aqui não é "passar pano" para os japoneses, alguns deles eram — tal como os ideais de seu país apoiando a Alemanha nazista — preconceituosos, homofóbicos e antissemitas. Contudo, não eram todos, e por mais que discordemos do pensamento de alguém ou de seu estilo de vida, isso não nos dá o direito de tratar essa pessoa com violência, tirar dela seus direitos mais básicos e ofendê-la como aconteceu com os japoneses no Brasil e nos EUA. Esse livro acabou sendo uma espécie de complemento para o plano de fundo de O Amante Japonês no qual a família de Ichimei também sofre a represália do governo pela posição do Japão na guerra, o contraponto nesse livro, contudo, é bem maior (talvez por ser uma ficção) uma vez que Ichimei acaba se relacionando com Alma, uma judia.

De sua parte, igualmente, os japoneses não estavam isentos de culpa pela sua conduta, mas tentei ver o lado cultural deles que é muito diferente do nosso, a maneira como se educam, são criados e sua visão de mundo que difere da nossa em todos os aspectos. Por isso, apesar de encarar, com a minha visão de mundo, a atitude deles como inaceitável e absurda, no contexto sociocultural deles faz sentido e, embora não se justifique tirar a vida de alguém não importa a circunstância, pelo menos essa atitude é acompanhada de uma consciência cultural por parte do leito que é magnificamente exibida e explicada pelo autor.

Gostei muito do livro, a forma fluída e fácil de ler, fazendo a gente até esquecer que é um livro jornalístico e, apesar dos eventos tenebrosos que lemos, não é uma leitura crua que trava. Aprendemos um pouco mais sobre a história do nosso próprio país também o que é muito válido num país que não liga muito para história, infelizmente. Além disso, é imprescindível como um material para gerar não somente debate, mas reflexão acerca de muitas questões. 

Impressionou-me como mesmo depois de todos os terrores da guerra, de tudo que o mundo vivenciou, da forma pavorosa como os brasileiros se portavam na sua política suja desde sempre, nada se aprendeu. Continuamos repetindo os mesmos erros na tentativa de buscar um resultado diferente, inconscientes que esse resultado novo será nossa própria aniquilação. O mundo agora parece tão preso na cegueira de seu ódio e ganância que os homens parecem ter esquecido que são mortais, puro pó. É lamentável que esses dias sombrios descritos nesse livro estejam prestes a se repetir.

Há um filme lançado em 2011 dirigido por Vicente Amorim, mas eu não tive coragem de assistir porque sou fraca com violência e não consigo ver sangue. Contudo, pelas críticas que li a respeito do filme, parece que não é muito fiel ao livro e tampouco consegue expressar as complexidades das personagens tão bem retratadas por Fernando Morais. Deixo para quem se interessar tirar suas próprias conclusões.


terça-feira, 29 de março de 2022

[Anime] Quan Zhi Gao Shou (The King's Avatar) 2

 

Original: 全职高手2

Episódios: 12

País: China

Ano: 2020

Gênero: Jogos, ação, comédia

Sinopse: O personagem "não especializado" Lord Grim é infame no 10º servidor do popular jogo online Glory. Sua reputação por si só é suficiente para atrair muitos jogadores curiosos para sua recém-formada Guild Happy. Outras guildas concorrentes têm o suficiente para se preocupar com alguns de seus próprios membros abandonando-os por Happy. No entanto, eles também estão preocupados com os rumores de que a pessoa por trás de Lord Grim é realmente o jogador profissional aposentado e "Glory Textbook" Ye Qiu, a quem eles têm poucas chances de se opor.

Inseguras da verdade, as guildas poderosas tentam suprimir a crescente influência de Lord Grim, abrigando diferentes motivos para fazê-lo. Mas, independentemente dos obstáculos que ele enfrenta, Lord Grim está determinado a invadir o servidor cruzado da Glória - o Domínio Celestial - onde os personagens, incluindo ele mesmo, podem atingir níveis ainda maiores. Lá, ele espera completar o time de novatos que lutarão ao lado dele na Challenger League, que seria apenas o primeiro passo para o cobiçado Glory Championship. [Fonte: My Anime List]

Continuando da primeira temporada, Ye Xiu está trabalhando na lanhouse, mas agora é certeza que ele e sua chefe montarão uma equipe para entrar nos jogos profissionais e ela começa a cuidar de todos os detalhes. Enquanto isso, no décimo servidor de Glory, o nome de Lord Grimm causa curiosidade em alguns, inveja em outros e ódio nos representantes da guilda que tentam desafiá-lo, mas sempre acabam perdendo para ele.

Sem se preocupar com os métodos que precisa usar para alcançar seus objetivos (incluindo usar o nome do irmão gêmeo), Ye Xiu se lança de vez contra os grandes líderes das empresas de e-sports e acaba chamando mais atenção do que eles gostariam enquanto sua antiga equipe começa a despencar no hanking. Ele é convidado pelo seu antigo chefe a se juntar novamente à equipe como treinador, mas recusa, afirmando que recomeçará do zero e formará seu próprio time. 

Recrutando jogadores com alto potencial e se aliando a outros, Ye Xiu começa a ganhar fama e força dentro do décimo servidor provando que independente do personagem que manipule, ele sempre será o rei de Glory.

Confesso que estava muito ansiosa para ver essa continuação porque eu tinha amado demais a primeira temporada. Maaaas, acabou que não foi tão emocionante quanto eu achei que seria. A carga cômica d anime aumentou um pouco, mas as cenas eram mais diálogos e burocracia do que as lutas online que era o que nós realmente queríamos ver (pelo menos eu), as coreografias também não foram muito impactantes e mesmo a escalada do personagem, que é o mote da animação, pareceu muito entusiasmada.

Se por um lado é bom descobrir essas pequenas falhas no Ye Xiu, que não ficavam tão escrachadas na primeira temporada, por outro o modo como isso foi mostrado diminuiu muito a dinâmica do anime. A primeira temporada era alucinante, a gente ia de um capítulo a outro sem conseguir parar, essa não é daquelas que você tem vontade de terminar em um dia, apesar da qualidade gráfica continuar excelente.

Talvez tenha sido apenas eu que mudei um pouco de estilo, talvez tenha sido a queda da euforia pela lacuna de tempo que levei para ver a segunda temporada ou o timing errado, não sei. Ainda assim, é uma boa dica para quem gosta desse tipo de anime.


[Livro] Morte na Praia

 Original: Evil under the sun

Autor: Agatha Christie

Ano: 1941

Gênero: Mistério, Suspense, Policial

Sinopse: Tudo o que Hercule Poirot queria naquele verão era ter alguns dias de paz no luxuoso hotel Jolly Roger, longe de crimes e de investigações. Mas quando Arlena Stuart passa por ele na praia, atraindo o olhar de todos os homens (bem como o ódio de todas as mulheres), ele desconfia que talvez suas férias não sejam tão tranquilas como esperava. De fato, no dia seguinte, um assassinato acontece.

Enquanto tenta descobrir quem é o responsável, Poirot percebe que não são poucas as pessoas naquele hotel que teriam um motivo para matar... Neste livro, o leitor é convidado a analisar junto com Poirot os motivos e os álibis de todos os hóspedes do Jolly Roger. Morte na praia é um quebra-cabeça complexo, ao melhor estilo de Agatha Christie.

Hospedado em um hotel de luxo numa ilha paradisíaca, Poirot tenta aproveitar suas merecidas férias. Os hóspedes do lugar são peculiares cada um a seu modo, mas sem dúvida uma se destaca na multidão: Arlena Stuart. A bela atriz está de férias com seu marido e a enteada, ela é o furor por onde passa, desejo dos homens e terror das mulheres, especialmente de Cristine Redfern cujo marido está completamente enfeitiçado pela atriz. A enteada, Linda, também não gosta nem um pouco da madrasta.

Tudo corre bem conforme os dias passam e os hóspedes se veem envolvidos nas atividades do resort, de sua parte, Poirot passa seu tempo tentando encontrar calma, socializando com os demais e fazendo sua atividade favorita de todas: observar as pessoas. Não é segredo para ninguém que Patrick Redfern está tendo um caso com Arlena Stuart, seu marido Coronel Marshall parece não se importar com isso mantendo sempre a calma inabalável, porém, Christine Redfern não está levando a situação tão levianamente.

Quando o corpo da atriz é encontrado estrangulado em uma pequena ilhota próxima do resort, a polícia pede a Poirot que auxilie na investigação e todos os hóspedes são suspeitos. Fora alguns pontuados, todos tinham um motivo para desejar a jovem atriz morta, mas quem teria cometido tal crime brutal? Para solucionar o mistério de um quebra-cabeças mais intrincado do que parece, Poirot precisará desenterrar casos do passado para entender o presente em uma verdadeira trama de reviravoltas.

Revisitar esse livro foi uma grande nostalgia, lembro que ele foi o segundo romance de Agatha que li na escola, ainda na minha adolescência, depois de Os Quatro Grandes. Lembrava quase nada do enredo então foi como ler pela primeira vez de novo o que achei maravilhoso. Uma das coisas mais incríveis em Agatha é a maneira como ela consegue criar personagens, os desse livro são, cada um, fascinantes à sua própria maneira, mas meus favoritos sem dúvida são os Gardener, achava tão fofo e engraçado ao mesmo tempo como a esposa era sempre uma matraca falando pelos cotovelos enquanto o marido se limitava a sempre concordar com ela, mas nunca de maneira entediada ou irritadiça, mas com carinho, cuidado. Acha uma gracinha.

Linda Marshall foi outra personagem que me lembrou quão difícil é ter 16 anos (hahaha), tudo imediatista demais, dramático demais, intenso demais. E percebi que ainda havia algumas coisas nela que me causavam identificação. Alguns, como o reverendo Lane, eram misteriosos e levantavam suspeitas desde sua primeira aparição, mas esses a gente descarta de cara porque sabe que não vai ser o assassino.

Contudo, se tem uma coisa nesse livro que pega a gente são as reviravoltas! Agatha montou o enredo de forma tão magistral que não importava quão desconfiada eu estivesse, nunca cogitaria que o assassino seria justamente aquela pessoa. Nem me passaria pela cabeça que nada do que aparentava na superfície era verdade e, num giro de página, o vilão se torna mocinho. Devorei as páginas cheia de curiosidade e completamente presa no mistério. 

Agatha dispensa recomendações.

domingo, 20 de março de 2022

[Livro] A Iniciação

 

Original: The Initiation

Autor: L. J. Smith

Série: Círculo Secreto #1

Ano: 1992

Páginas: 203

Gênero: Fantasia, romance

Sinopse: A história começa quando Cassie se muda da Califórnia para New Salem, depois de passar as férias em Cape Cod, e começa a se sentir estranhamente atraída pelo grupo de jovens que domina sua nova escola. Cassie logo é iniciada no Círculo Secreto, uma irmandade de bruxas que controla a cidade há séculos, numa aventura ao mesmo tempo fascinante e mortal. Ao se apaixonar pelo sombrio Adam, será preciso escolher entre resistir à tentação ou lutar contra forças obscuras para conseguir o que deseja — mesmo que um simples passo em falso possa significar a sua destruição.

Durante as férias, Cassie Blake conhece um misterioso rapaz que estava sendo perseguido pelos irmãos de uma de suas "amigas". A garota fica fascinada pelo jovem e o ajuda a escapar, sem esperanças — mas com desejo intenso — de vê-lo novamente. A única coisa que ela queria era voltar para sua casa na Califórnia, rever suas poucas amigas da escola e não se sentir mais tão sozinha. Contudo, sua mãe parece ter outros planos e a leva para uma cidadela chamada Nova Salém para que ambas possam morar com a avó que, segundo ela, estava doente. Cassie não gosta da ideia, mas não há nada que ela possa fazer então acaba se mudando para lá.

No primeiro dia da escola nova ela encontra Faye Chamberlain, uma garota voluntariosa, misteriosa e muito bonita, mas que parece odiá-la a primeira vista. Faye começa a fazer da vida de Cassie um inferno, ela ouve algo sobre uma espécie de clube, começa a pensar que é uma gangue ou algo do tipo do qual Faye faz parte, porque nem os professores ou o diretor parecem se importar com o que está acontecendo. Ali, o clube manda na escola. 

Quem ajuda a acabar com o bullying é Diana, uma bela garota que mora na mesma rua que Cassie e por quem a garota sente uma estranha espécie de vínculo. As duas se aproximam quando Diana coloca fim aos atos de perseguição de Faye e traz Cassie para seu grupo de amigas. Contudo, quando Casse encontra o corpo de Kori, uma garota que planejava fazer parte do clube, as coisas começam a mudar. E, no lugar de Kori, Cassie é iniciada dentro do clube que ela descobre, na verdade, ser um coven, formado por todos os moradores da rua em que sua avó mora e que, supostamente, são descendentes dos fundadores da cidade vindos de Salém após a época de caça às bruxas.

Assim, Cassie descobre que é meio bruxa, porque seu pai não era um bruxo. Todavia, descobre da pior maneira que o rapaz por quem se apaixonara nas férias era Adam, o namorado de Diana. Ela promete a si mesma que não vai contar nada a ele ou a ninguém sobre seus sentimentos, pois não pode magoar Diana, mas Adam a confronta perguntando qual é o problema e ela diz a verdade, os dois sabem que não podem ficar juntos apesar de se gostarem e fazem um juramento de ficar longe um do outro pelo bem de Diana, mas Feye descobre e chantageia Cassie a fazer o que ela quer em troca de não contar a verdade para Diana.

Como um livro de apresentação de personagem, tia L.J. não se saiu bem. Os acontecimentos são muito rápidos, as coisas mal se conectam, os personagens não são cativantes de nenhum modo ao ponto de nós não nos preocuparmos com nenhum deles. Cassie é tão ativa quanto um vaso, sério, a guria tem a mesma energia de uma banana! Ela simplesmente não se defendia, Faye fazia dela gato e sapato no começo do livro e ela não fazia nada! A outra guria insuportável lá, Portia, só conversava água e ela também não falava nada, era impressionante. Parece que ela colocava o desejo de se enturmar acima da sua vontade própria.

Quando ela foi praticamente sequestrada e entrou para o círculo o sentimento que deu é que ela fez mais porque queria fazer parte de alguma maldita coisa do que de fato por desejar fazer parte daquilo e, sinceramente, a reação dela quando disseram que ela era uma bruxa foi risível. Os acontecimentos são fracos e não animam, Faye é uma vilã superficial, mas ainda surte mais efeito que Damon. E, na boa, aquela cena entre Adam e Cassie foi tão ilógica e apressada que eu não sabia  nem o que pensar. A autora se esforçou para ficar bonita, e teria ficado se encaixada no momento certo

Tal como Diários de um Vampiro, o problema aqui é que o livro não funciona, os personagens são rasos demais para que a gente se importe com eles. Pelo menos para pessoas que já tem uma bagagem literária um pouco mais ampla, não é um livro que satisfaz. Ao contrário da série — motivo pelo qual eu quis ler esse livro — as personagens aqui não geram qualquer simpatia. A Cassie da série é sarcástica, curiosa, ela conversa com o público-alvo, enquanto a Cassie do livro é sonsa, sem sal, ela só chora e espera tudo acontecer, a gente não quer ver personagens assim.

Além de que, todo o contexto entre ela e Adam foi tão mudado no livro que a gente sequer torce por eles, ficou parecendo aqueles contos de fada em que os personagens se olha e já se ama pelo resto da vida, não tem sentido, não foi construído. Realmente me decepcionou. Esperava bem mais.

quinta-feira, 17 de março de 2022

[Livro] Os garotos do cemitério

 

Original: Cemetery Boys

Autor: Aiden Thomas

Ano: 2021

Gênero: YA, Fantasia, LGBT

Sinopse: Quando a família latina bastante tradicional de Yadriel tem problemas para aceitar sua verdadeira identidade de gênero, Yadriel torna-se determinado a provar que é um verdadeiro bruxo. Fortemente conservadora, a comunidade bruxe não permite que ele passe pelo ritual, com a desculpa de que a Senhora Morte não iria aceitá-lo, por conta de sua identidade de gênero e orientação sexual. Com a ajuda de sua prima e melhor amiga Maritza, ele decide ele mesmo resolver o problema, na expectativa de encontrar o espírito de seu primo assassinado e, então, libertá-lo.

No entanto, o fantasma que ele invoca é, na verdade, Julian Diaz, o bad boy da escola... e Julian não tem interesse em deixar esse mundo tão facilmente. Ele está determinado a descobrir o que aconteceu e resolver algumas pendências e pontas soltas antes de partir. Sem escolha, Yadriel concorda em ajudar Julian, para que ambos possam obter o que querem.

O que Yadriel não esperava era que, quanto mais tempo passa com Julian, menos quer que o garoto se vá.

Yadriel e sua prima Maritza se esgueiram pelo cemitério para a igreja onde o garoto vai fazer seu ritual de iniciação às escondidas de sua família. Isso porque ele é um garoto trans cujo pai, que não aceita sua orientação, se recusa a permitir que ele se inicie como bruxo e seja aceito por quem é por toda a sua comunidade de bruxos. O próprio Yadriel tem suas dúvidas se a senhora morte, a quem eles cultuam desde o início dos tempos, lhe aceitará por quem ele é e não pelo gênero que nasceu, já que todas as mulheres bruxas de seu clã são destinadas à cura. Contudo, o ritual dá certo e Yadriel é abençoado pela senhora morte como um bruxo, mas nessa mesma noite descobre que seu primo Miguel morreu e não há qualquer sinal do corpo dele.

Decidido a se provar como bruxo, Yadriel tem a ideia de conjurar o espírito do seu primo e, após saber o que aconteceu, libertá-lo para o pós-vida, isso será suficiente para que todos o aceitem como bruxo na comunidade. Só que o ritual de invocação dá certo, mas ao invés de Miguel, quem aparece é Julian Diaz, um bad boy da escola de Yadriel. Julian não se lembra como morreu ou o que sua medalha estaria fazendo dentro da velha igreja do cemitério, mas se recusa a deixar Yadriel libertá-lo para o pós-vida enquanto não tiver a certeza que seus amigos estão bem. Sem ter o que fazer, o garoto acaba aceitando o acordo, o dia de los muertos está próximo e, se ele libertar Julian diante de todos, pode provar seu poder como bruxo.

Contudo, as coisas não vão ser tão fáceis quanto parecem. Quando finalmente encontra os amigos de Julian, Yadriel se vê tão perdido quanto no começo, porque eles próprios não fazem ideia do que aconteceu ao amigo, apenas que ele desapareceu enquanto tentava ajudar um deles que estava sendo atacado por alguém — que também ninguém viu quem era — e descobre que outros três garotos também haviam desaparecido antes. As buscas não saem  muito bem e não há qualquer sinal de Miguel tampouco. Em casa, a família de Yadriel continua tratando-o como um pária e se recusando a vê-lo por quem ele é, seu pai, sobretudo, insiste em rejeitar sua natureza magoando o filho. 

Paralelamente, Yadriel e Julian se aproximam mais do que o garoto bruxo acha que é correto. Ele tem consciência que em algum momento vai precisar deixar o espírito de Julian ir para o pós-vida e, quando isso acontecer, os dois nunca mais se verão, mas a possibilidade se torna cada dia mais difícil para Yadriel. Quando o espírito de Julian começa a dar sinais que pode se tornar maligno antes do tempo, só resta ao jovem bruxo mergulhar na história do seu povo para tentar encontrar uma solução que mantenha Julian perto dele por mais tempo e respostas para o desaparecimento de seu primo.

Confesso que não estava dando muito nesse livro não quando comecei. Achei logo que era mais um desses livros com adolescentes irritantes que dão chiliques pelas menores coisas e não sabem resolver nada com diálogo. Bem, apesar de ter adolescentes irritantes, a história passa bem longe de ser superficial ou chata, ela só demora um pouco a engajar. Nós somos introduzidos devagar a rejeição de Yadriel e todo o seu conflito familiar e interno, isso nos aproxima do personagem, ao contrário de Julian que demora um pouco mais para despertar nossa simpatia. Maritza, pelo seu próprio papel dentro da história, consegue cativar logo no primeiro capítulo. E essa imersão com as personagens é o que nos mantém concentrado na história, além da maneira incrível como o mistério está sempre presente.

Tanto a problemática do preconceito contra LGBT quanto contra os Latinos é expressa de maneira sutil dentro da história e mostra um lado da frágil "liberdade" americana que não se divulga muito. Achei isso muito legal porque gera debate e reflexão. Além disso, o mote central do livro é o mistério, não conseguimos largar até saber o que aconteceu com o Julian e o Miguel, embora eu tenha matado a charada bem antes, logo quando a vovó Lita estava contando sobre a mitológica lenda das garras del jaguar eu já tinha pegado o que aconteceu e quem aconteceu, algo inédito pra mim que nunca consigo acertar os assassinos de Agatha Christie. O livro equilibra bem romance, comédia, fantasia e terror sem exagerar em nenhum ponto. 

O final foi um pouco previsível? Foi. Pelo menos para mim, mas não tirou nem um pouco o encanto de como as coisas aconteceram e a grata surpresa de ter sido feliz contrariando as expectativas que o autor tentou implantar nos nossos corações haha. Valeu muito a pena, eu terminei de ler até antes do previsto de tão imersa que fiquei. Recomendo demais! 

[Drama] Lovers of the red sky

 

Original: 홍천기

Direção: Jang Tae-Yoo

Roteiro: Jung Eun-Gwol (novel), Ha Eun (adaptação)

Episódios: 16

País: Coréia do Sul

Ano: 2021

Gêneros: Histórico, Romance, Drama, Fantasia

Elenco: Kim Yoo Jung, Ahn Hyo Seop, Gong Myung

Sinopse: Os céus podem fazer o homem dos seus sonhos aparecer tão facilmente?

Hong Chun Gi é a única pintora mulher a conseguir entrar no palácio de Joseong. Ela compartilha interesses amorosos com um astrônomo cego e com o príncipe Anpyeong, que é entusiasta de arte e terceiro filho do Rei Sejong.

A mãe de Hong Chun Gi um dia orou aos céus para que enviassem um pretendente para casar com sua filha e quando um jovem homem surpreendentemente bonito cai do céu bem na sua frente, Hong Chun Gi acredita que ele foi mandado diretamente do céu só para ela.

O jovem chamado Ha Ram, é praticamente cego graças a um acidente que sofreu durante uma cerimônia da chuva. Ele ocupa uma posição no palácio como astrônomo e, após conhecer Hong Chun Gi, ele descobre que há um mistério maior envolvendo seus olhos.

Onde Achar: Kingdom Fansub, LuannaSou Translate

Não tinha como esse drama dar errado ou ser ruim quando era baseado numa novel da Jung Eun-Gwol e, sério, essa mulher é maravilhosa, tem todo meu respeito. Para quem não sabe, ela é a a autora de The Moon That Embraces the Sun, simplesmente meu drama coreano favorito até hoje!

O drama conta a história de um demônio chamado Ma Wang que espalhava a discórdia e o caos pelo mundo. Ele foi aprisionado por três divindades, mas acabou possuindo o corpo de um rei da dinastia Dan (se bem me lembro) que derramou sangue desenfreadamente por longo tempo. Finalmente, ele decide se livrar do demônio em seu corpo, ciente de todo o mal que causou enquanto vivo, assim, ele ordena que se faça um ritual de selamento e contrata um pintor divino para pintar um retrato seu onde Ma Wang seria aprisionado, o ritual dá certo, mas, furioso, o demônio amaldiçoa Eun Oh, o pintor divino, e todos os seus descendentes a ficarem cegos e nunca mais conseguirem pintar. Nesse mesmo dia, nascia Ha Ram (Ahn Hyo Seop de Abyss, Queen of the Ring e Still 17), o filho de um nobre do palácio e Cheon Gi (Kim Yoo Jung de Love in the Moonlight e Clean With Passion) a filha do pintor que estava prestes a ser morta por lobos quando sua mãe morreu no parto, mas é salva por Sam Shin, uma das divindades que combateu Ma Wang no passado.

Anos se passam e durante um festival para pedir aos céus por chuva após nove anos de seca, Ha Ram cuja família vinha de uma linhagem divina com poder da água, é escolhido para ser o sacrifício do ritual, o rei assegura que não desejava que fosse feito o sacrifício humano, pois era contrário à filosofia de Confúcio, mas a xamã, secretamente, planeja desobedecer essa ordem sabendo que sem um sacrifício de morte o ritual não funcionaria. É no percurso para lá que Ha Ram conhece Cheon Gi que está cega desde que nasceu por causa da maldição de Ma Wang, os dois se tornam amigos. No dia do ritual, os dois príncipes mais jovens entram no pavilhão onde está o retrato que prende Ma Wang e, atraído pelo chamado do monstro, o filho do meio queima o retrato para permitir que o demônio entre nele, mas o talismã que usava repele o ser que o fere e deixa o pavilhão atrás de um recptáculo.

A xamã tenta matar Ha Ram que acaba caindo na água e trazendo a chuva, ao mesmo tempo que Cheon Gi, que procurava por ele, também cai na água. Para selar Ma Wang, Sam Shin o prende o no corpo de Ha Ram e arranca seus olhos, a fonte do seu poder. Assim, o garoto é trazido de volta, cego e com olhos vermelhos, enquanto Cheon Gi começa a enxergar. Quase vinte anos se passam e Ha Ram se tornou um erudito no palácio real com o plano secreto de se vingar daqueles que conduziram o ritual e arruinaram sua vida. Ele se torna amigo do príncipe mais jovem Yan Myeong. Enquanto Cheon Gi, cujo pai enlouqueceu e não se lembra mais dela, se torna membro da academia de pintura, ela vive constantemente em busca pelo remédio do pai e para conseguir dinheiro falsifica pinturas de grandes pintores.

O destino coloca Ha Ram e Cheon Gi no mesmo caminho quando ela está fugindo de bandidos e acaba se escondendo na liteira dele. A magia que os une é imediata e ela se vê encantada pelos enigmáticos olhos rubi dele. Mas a aproximação também desperta Ma Wang dento de Ha Ram e, ao dominá-lo, ele acaba matando vários homens do rei. Perdido, ele acaba desmaiando no meio da floresta quando estava indo atrás de Cheon Gi para conseguir seus olhos de volta, mas é impedido por uma das divindades. Ela o ajuda levando-o para uma tinturaria e cuidando dele. Assim, os dois se reaproximam sem saber quem o outro é. Quando o príncipe Yan Myeong anuncia um concurso para encontrar um pintor, Cheon Gi vê a chance de encontrar um raro remédio para o pai que só é produzido pelos médicos do palácio, assim, contrariando seu mentor, ela se inscreve e é ajudada por Ha Ram.

Com um amor predestinado, eles precisarão contar com suas habilidades para libertar Ha Ram de Ma Wang antes que este o domine por completo e para isso, Cheon Gi precisará correr o risco de restaurar o retrato do falecido rei, que carrega uma maldição de enlouquecer todos os que o fazem, enquanto os príncipes disputam um jogo político pelo trono e o futuro do país ameaçado pela tragédia.

Achei o drama maravilhoso! Sério, ótimas atuações, mas com um elenco desse não tinha como ser diferente. Kim Yoo Jung que também fez ponta em The Moon That Embraces the Sun traz uma Cheon Gi que é esperta, corajosa sem deixar a fragilidade, Ahn Hyo Seop maravilhoso como sempre, esbanja talento em um Ha Ram com postura aristocrática, inteligente estrategista e de coração dividido entre o amor e a vingança. Há outras carinhas conhecidas também como Gong Myung que esteve em Bride of Habeak na pele do jovem e bondoso príncipe Yan Myeong. É um drama que equilibra bem comédia, drama e aventura, tem uns efeitos especiais maravilhosos que encheram meus olhos e não tem aquela parte em que geralmente os acontecimentos dão vontade de dormir, mas os conflitos são bem distribuídos e mantêm a gente vidrado o tempo todo!

Quanto ao final, é feliz contrariando boa parte das expectativas que começam a surgir na gente pelos últimos capítulos, mas foi um final feliz que deixou algumas lacunas sem explicação. Mas não importa, mesmo que não tenha sido redondo como um coco foi lindo e mostrou o casal principal que é o mais importante então valeu a pena sim. Mais uma obra dessa autora incrível que eu queria ler, mas não acho nem tradução em inglês. Acho que vou ter que estudar coreano pra poder ler mesmo #sofro. Recomendadíssimo!

segunda-feira, 14 de março de 2022

[Livro] O Confronto

Original: The Struggle

Autor: L. J. Smith

Ano: 1991

Série: Diários do Vampiro #2

Gênero: Suspense, fantasia, romance

Sinopse: Há muito tempo, quando transformou Damon e Stefan em vampiros, a bela Katherine nunca imaginou que separaria os irmãos para sempre. Seu coração pertencia aos dois, mas ambos a queriam para si. A batalha pelo coração da jovem culminou em sua morte e num pacto de vingança entre os irmãos Salvatore. Refém do acaso, Elena Gilbert não demora a perceber que, se existe algo mais arriscado do que estar apaixonada por um vampiro, é ser desejada por dois deles. Enquanto Stefan luta para controlar seus instintos, Damon persevera na missão de conquistar Elena; mas o perigo espreita o destino dos três.

Na sequência de Despertar, Elena confronta Damon para conseguir encontrar Stefan,  mas além de ser vago, o vampiro tenta convencê-la a se transformar e ficar ao seu lado, algo que a garota se recusa prontamente. Desesperada e com medo de Damon, ela não vê alternativa além de pedir ajuda à Bonnie para localizar o namorado. Enquanto Stefan continuar desaparecido, ele será considerado culpado da morte do professor Tunner. 

Bonnie usa seus poderes para tentar localizar Stefan e, com a ajuda de Meredith, elas vão até a ponte procurar pelo vampiro. Matt as segue e, após pensar um pouco sobre a descrição de Bonnie, deduz que Stefan está preso em um poço. Após fazer uma redução de alternativas, os quatro encontram o vampiro numa fazenda abandonada e o levam de volta para sua pensão. Vendo que o namorado está muito fraco, Elena da um jeito de ficar sozinha com ele e o alimenta com seu sangue.

Pedaços do diário de Elena começam a aparecer na escola depois que ela enfrenta Caroline que espalhou para todos que a garota estava namorando um assassino fazendo com que todo o colégio comece a evitar Elena. Ela encara como um ataque pessoal, mas não desconfia que a ex melhor amiga possa ter pego seu diário. Sabendo que ele pode ser usado como prova para incriminar Stefan, Elena pede a ajuda das amigas para invadir a casa de Caroline e roubar o objeto. Contudo,  o plano da errado e por bem pouco ela não é pega pela família da garota.

Encurralada no telhado, ela é abordada por Damen que lhe faz novamente a proposta de ser imortal e lhe escolher ao que Elena recusa. Ele então lhe oferece um acordo, pegar o diário pra ela em troca de alguns minutos do seu tempo e de um pouco do seu sangue, mas ela também recusa. Desse modo, sem tempo, ela não vê outra alternativa além de contar toda a verdade para Stefan revelando todas as mentiras que ela havia dito.

Stefan fica irritado com ela, mas perdoa e juntos os dois formam um plano para impedir Caroline, mas não conseguem. Contudo, são surpreendidos por Damon que os havia salvo. Elena acaba discutindo com quem tia e, furiosa, vai embora, mas é atacada por alguma força que ela acredita ser Damon (mas obviamente sabemos que é Katherine) e acaba morrendo afogada.  Furioso com o irmão por acreditar que ele havia feito aquilo, Stefan ataca Caroline e seu grupinho que tramou contra ele para obter poder suficiente para enfrentar o irmão.

Elena acorda como vampira. 

Sinceramente, li esse segundo volume para ver se rolava simpatia pelas personagens, mas foi muito mais do mesmo. Um bando de aborrecentes nos arroubos dos amores passageiros que não vão dar em nada com dois vampiros sem tempero. Eu não consegui mesmo estabelecer nenhuma conexão com as personagens e achei Caroline uma vilã tão besta que nem valia a pena ter raiva dela. Picuinha de ensino médio americano como filme de sessão da tarde.

Não vou continuar a série, pelo menos não pretendo. Achei muito chato, sem brilho e, comparado com Vampiro Secreto, esse livro da L. J é muito fraquinho. Mesmo sendo igualmente um livro Ya,  Vampiro Secreto consegue ser cativante e manter a gente preso em todas as páginas, com personagens interessantes e simpáticas. Estou até com medo de ler O Círculo secreto porque eu assisti a primeira temporada da série e gostei muito.

sábado, 12 de março de 2022

[Livro] O Amante Japonês

Original: The Japanese Lover

Autor: Isabel Allende

Ano: 2015

Páginas: 294

Sinopse: Uma paixão secreta que perdurou por quase setenta anos. Em 1939, ano da ocupação da Polônia pelos nazistas, Alma Mendel, de oito anos, é enviada pelos pais para viver em segurança com os tios em São Francisco. Lá, ela conhece Ichimei Fukuda, filho do jardineiro japonês da família. Despercebido por todos ao redor, um caso de amor começa a florescer. Depois do ataque a Pearl Harbor, no entanto, os dois são cruelmente separados. Décadas depois, presentes e cartas misteriosos são descobertos trazendo à tona uma paixão secreta que perdurou por quase setenta anos. Varrendo através do tempo e abrangendo diferentes gerações e continentes, O amante japonês explora questões de identidade, abandono, redenção, e o impacto incognoscível do destino em nossas vidas.

Já vou começar dizendo que esse é um livro muito bom, mas eu não consegui gostar. A prosa de Allende me lembra bastante a de Zafón, com personagens bem construídas e com foco em seus sentimentos e tragetória, o livro é poético, bem estruturado, bem escrito, mas não me cativou, na verdade, durante toda a leitura o que mais senti foi tristeza e a sensação de algo pesando no meu peito. Terminei a história angustiada. É aquele tipo de livro que faz você pensar na sua finitude e nas limitações que eventualmente poderá nos acometer. É uma leitura angustiante, especialmente as passagens da guerra em que nos deparamos — de novo — com a crueldade humana e começamos a nos perguntar "por quê?" Qual razão disso?

A história segue Irina Basili, uma cuidadora que começa a trabalhar numa casa de repouso. Vinda da Moldávia, ela tem um passado misterioso, mas ganha o coração de todos os velhinhos no abrigo e, eventualmente, chama a atenção de Alma Belasco, a senhora mais altiva e enigmática de toda casa. Essa senhora a contrata como sua assistente pessoal oferecendo o dobro do salário que ela ganha na instituição. Após alguma relutância, Irina acaba aceitando, 

Enquanto trabalha para Alma, Irina conhece Seth o neto da mulher que se torna seu amigo, mas acaba notando que o rapaz está interessado nela, algo que a jovem mulher não consegue retribuir apesar de sentir alguma atração por ele. Juntos, os dois começam a investigar o passado de Alma intrigados com a estranha e constante correspondência e presentes que ela recebe com frequência. 

Alma Mendel advinha de uma família judia que vivia na Varsóvia, quando os ares sinistros do nazismo começavam a se espalhar pela europa, os pais dela a enviaram para os EUA para que ela vivesse com os tios. O irmão de Alma, Samuel, se alistou no exército para tristeza e preocupação da menina. Como era muito pequena, ela não entendia o que estava acontecendo totalmente, de modo que a prisão dos pais no gueto de Varsóvia e sua posterior realocação para o campo de concentração passava como um pesadelo distante protegido pelos tios. 

Na mansão Sea Cliff, Alma conhece Ichimei Fukuda, o filho caçula do jardineiro do seu tio. É paixão imediata entre eles, a menina fica encantada pelo introspecto e inteligente rapaz, mas o ataque japonês a Pearl Harbor coloca essa relação a perder ao separá-los. Ichimei é levado para um campo de concentração americano com as outras famílias japonesas do país, a comunicação com Alma se dá por cartas que frequentemente sofrem censura pelo exército, ao ponto do garoto parar de escrever e começar a lhe enviar desenhos para contar sobre o dia a dia da família no deserto. 

Nesse ponto, conhecemos os irmãos de Ichimei, como sua família é duramente afetada e desfragmentada pelo exílio ao ponto de seu pai não resistir e se entregar completamente à tristeza. Enquanto isso, Alma continua sua vida a espera do amado, sem nunca esquecê-lo, presa em uma espécie de amor obsessivo.  Quando finalmente se encontram, após o fim da guerra, não são mais os mesmos, mas continuam tão apaixonados quanto antes e se entregam de corpo e alma a esse sentimento proibido. Primeiro porque Alma é judia e, dessa forma, presa a algumas tradições que também incluem o casamento. Segundo porque, mesmo com a "libertação" dos japoneses, a mistura racial ainda era vista como algo inapropriado.

Quando se descobre grávida, Alma recorre a única pessoa que poderia lhe ajudar, seu primo Nathaniel. Amigos muito próximos desde criança, eles se conhecem como a palma de suas mãos e são muito unidos. Alma lhe conta a verdade e diz que apesar de amar Ichimei, não suportaria a vida pobre de limitações que ele poderia lhe oferecer e não queria começar uma família dessa maneira. Inicialmente, eles recorrem ao aborto, mas devido às condições Nathaniel desiste do procedimento e resolve o problema se casando com Alma.

Por serem muito próximos, não é muito difícil para a família acreditar no envolvimento dos dois, assim, Alma termina tudo com Ichimei e se casa por conveniência com o primo. Quando descobre, Ichimei se sente traído, decide nunca mais ver Alma novamente e assim suas vidas seguem rumos opostos que, mais tarde tornarão a se entrelaçar. 

Paralelo a isso somos introduzidos na vida de Irina e na de outros personagens que compõem o cenário da casa de repouso onde Alma se interna voluntariamente e, igualmente o desfecho da própria em uma trama cheia de reviravoltas e segredos. 

Como disse no começo, a sensação é angustiante e todo o livro, para mim, teve uma certa carga meio pesada, densa, como estar preso em um nevoeiro. Mesmo o final tendo sido parcialmente feliz dependendo do ângulo em que se olhe, eu não consegui terminar com o sentimento de calma que se dá quando lemos um livro muito bom ou muito bonito. Foi mais como luto, a sensação de ter perdido uma pessoa, uma angústia desoladora de alguém que recebeu um diagnóstico terminal. É um livro bonito que para mim soou extremamente triste e quase pessimista eu diria. Mas acho que o principal é que ele soa muito realista.

Alma se descreve como covarde, volúvel e egoísta, é exatamente assim que ela é. Esse foi o papel que ela adotou o livro quase todo e só veio conseguir se desprender um pouco disso no final, quando já era tarde demais. Se eu fiquei triste por alguém foi por Ichimei e Nathaniel, ambos de algum modo vítimas do egoísmo dela, especialmente o primeiro. Ela fez os dois serem infelizes por não ter coragem de amá-lo de verdade (e fico até desconfiada se amava mesmo, ao meu ver era só obsessão).

Todavia, é uma leitura que eu indico. Reitero que lembra a prosa magnífica de Zafón, mesmo nos tons mais sombrios e nas construções tristes de seus desfechos. Vale a pena ser conhecido.

sexta-feira, 11 de março de 2022

[Drama] Switch On

 

Título original: เกมรักสลับมิติ

Também conhecido como: Switch on

Roteirista: Dew Thanapol Chaowanich, Poy Orachat Brahmasreni, Chim Sedthawut Inboon, Anyapetch Nop-uthaipan, Aiyarin Nop-uthaipan, Piyapat Nanthanoraseth

Diretor: Yuan Danop Taninsirapapra

Gêneros: Thriller, Romance, Fantasia

País: Tailândia

Episódios: 24

Ano: 2021-2022

Sinopse: O pai da cirurgiã Nisa criou o famoso jogo "Mundo Melhor". Ela não tem apreço pelo jogo, mas se vê obrigada a entrar nele para procurar seu pai quando ele desaparece misteriosamente. Lá, ela continua cruzando caminho com Akin, um misterioso herói que tem sua própria missão. Ele logo percebe que ela não é daquele mundo e a segue para o mundo real, onde ele descobre a verdade sobre sua existência.

Entre reviravoltas, eles descobrem que forças dentro e fora do jogo estão tentando dominar o "Mundo Melhor". Eles devem se ajudar para salvar os mundos de ambos.

Onde Achar: Wei Fansub

E vamos de mais uma adaptação tailandesa que tinha tudo para dar certo, mas se perdeu no meio do caminho porque, provalmente, os 6 roteiristas tiveram conflitos no meio do processo de adaptação e, fala sério gente, 6 roteiristas?! Lógico que não ia dar certo! Para os desinformados ou que não assistiram a versão original, essa é uma adaptação do drama coreano W- Two Worlds. Aproveita quem aí for entendido da Tailândia, me esclarece uma coisa: eles não têm quadrinhos não?

A história segue a médica estagiária Nisa, seus pais se divorciaram quando ela era criança por causa da obsessão do pai dela pelo trabalho, ele é um criador de jogos online que alcançou prestígio quando formou uma parceria comercial com o empresário Michael para lançar seu maior sucesso "Better World" um jogo de MMORPG voltado a fazer boas ações para conquistar status dentro do jogo. O protagonista do game era Chris Thaweekitkiat, cujo filho A-Kin está treinando para ser um competidor de tiro ao alvo.

Contudo, quando Thanathe, o pai de Nisa, desaparece bem no lançamento da segunda versão do jogo após Chris ser misteriosamente assassinado por um jogador não identificado, tudo na empresa vira um caos. Além de não ter deixado a segunda versão para ser colocada na plataforma, ele não pode ser localizado em nenhum lugar. Preocupada, Nisa vai até a casa dele e acaba encontrando uma passagem secreta em um dos armários do pai que leva a um quarto com um computador de última geração e uma cadeira onde tem um óculos de realidade virutal.

Ao colocar os óculos, Nisa se torna uma jogadora de Better World bem no momento que A-Kin foi esfaqueado e está sofrendo de um pneumotórax hipertenso. Ela hesita muito, mas consegue salvá-lo e, a partir desse momento se torna uma peça importante dentro do jogo. Ela não sabe que A-Kin não é um personagem manipulado da empresa, mas está consciente e atrás de respostas sobre o que está acontecendo dentro do seu mundo, para ele, Nisa tem as respostas para suas perguntas e, por isso, precisa encontrá-la. Emily, sua secretária e melhor amiga, acredita que Nisa está por trás do ataque ao patrão mesmo A-Kin afirmando que confia nela.

Inicialmente, Nisa acredita que é seu pai que está tentando matar A-Kin, então ela volta ao jogo com a ajuda do seu primo programador Muwan para tentar encontrar o pai, só que acaba ficando presa pela vontade de A-Kin já que o jogo gira em torno dele. Uma série de confusões e mistérios começa a crescer quando a vida de A-Kin corre perigo e Nisa passa a ser também um alvo das tenebrosas conspirações.

Olha, confessar para vocês que o drama começou muito bem, com bom potencial e a ideia foi muito boa, o plot do jogo, apesar de ter algumas limitações, funcionaria muito bem se os roteiristas tivessem sabido levar a história. O problema de Switch On foi um desenvolvimento de enredo maluco que muitas vezes não conversava com a ideia central, personagens mal construídos que, por vezes, tomavam decisões idiotas e absurdas que não faziam o menor sentido, além de serem mal desenvolvidos ao ponto de não conseguir gerar empatia por eles. 

Nisa é um insulto para sua versão coreana, enquanto Yeon Joo era uma personagem forte, que enfrentava as dificuldades e tentava buscar soluções nos momentos de maior adversidade, Nisa fica só chorando e esperando que alguém a salve e, nos poucos momentos que toma alguma iniciativa (e são de fato poucos) ou acaba cometendo alguma estupidez ou era algo que não servia para aumentar a simpatia por ela tampouco para algo significativo no enredo. Ela era, basicamente, uma princesinha em perigo.

Enquanto Kang Chul era um mestre do tiro ao alvo, inteligentíssimo e um talentoso engenheiro da computação, A-Kin passa aquela pose de CEO filantropo cuja única ocupação é assinar documentos e praticar Muay Thai com bandidos inexistentes nas horas vagas. Ele parece ter sido criado para cumprir o estereótipo de herói romântico de livro de banca (provavelmente pra combinar com a princesinha), mas na verdade acabou saindo uma versão bem sem sal do personagem original. Ele não tem brilho, não é aquele tipo de personagem que a gente vibra e torce junto e é nítido o esforço do ator para fazer o personagem se destacar nesse roteiro cheio de linguiça.

Leo e Emily, embora tenham um pouco mais de protagonismo aqui ao contrário das suas versões coreanas, conseguem ser tão apagados quanto, embora Leo seja simpático ao ponto de chamar mais nossa atenção que o próprio protagonista. O pai de Nisa, Thanathe, ao contrário da sua versão coreana com um plano de fundo bem desenvolvido que o tornava um personagem complexo, aqui é só um velho tolo, sem atitude alguma, não tem qualquer presença e não faz nada útil para ajudar a filha, mas fica só se escondendo atrás da sua covardia e dando desculpas para não fazer as coisas. Caramba, ele é o criador do jogo, não dá para entrar na cabeça de ninguém que ele não possa fazer nada no produto que ele mesmo criou, não tem sentido

Mickael aqui assme como o antagonista. Transformaram o plot do político corrupto em uma piada, o antagonismo do pai dela foi tirado, as motivações dos antagonistas eram estapafúrdias, o desenvolvimento dos conflitos chegava a ser risível e foi preciso muita paciência minha e da minha irmã para finalizar esse negócio. Os últimos capítulos se resolveram com um verdadeiro deus ex-machina que, embora tenha soado com sentido, não fez sentido nenhum. Muita coisa não foi explicada e eles ainda lançaram ambiguidade na última cena para piorar ainda mais algo que já não estava muito bom.

Resumindo, era uma ideia boa que foi muito mal aproveitada e, tanto não faz jus ao material original como o desmerece. Colocaram várias personagens transitórias que pouco contribuíram para o enredo, encheram um monte de linguiça para esticar por 24 episódios o que tornou a trama cansativa. Mesmo que, em alguns pontos, eles tenham melhorado  a história, como o final do pai dela, no geral não ficou bacana quando a  gente avalia o material como um todo. Não recomendo.


Se você não concorda com a minha opinião, tudo bem, é um direito seu, mas caso deseje transparecer sua discordância faça isso com educação, por favor, ninguém é obrigado a pensar igual você e, sobretudo, a ouvir desaforos ou xingamentos porque não gostou de algo que você amou.  Agradeço.

sábado, 5 de março de 2022

[Livro] O Despertar

 

Título Original: The Awakening

Autor: L. J. Smith

Laçamento: 1991

Sinopse: Em Fell Church, uma cidade pacata em West Virginia, a garota mais popular da escola Robert E. Lee apaixona-se por um vampiro com quatrocentos anos. Com a ajuda das amigas, Meredith e Bonnie, Elena fará tudo para seduzir Stefan. E Stefan fará tudo para proteger Elena… dele mesmo. O adolescente de olhos verdes, rosto clássico escondem um passado sombrio e uma sede que não consegue controlar. Com ele, arrasta a memória de um amor perdido e um irmão que apenas deseja vingança. Em Florença, no Renascimento, Stefan e Damon Salvatore lutaram pelo amor da mesma mulher. Séculos mais tarde, voltarão a fazê-lo. Diários do Vampiro — O Despertar é a introdução a um triângulo amoroso arrepiante: a história de dois irmãos vampiros que se odeiam e de uma garota que se vê dividida entre os dois.

Os dois primeiros volumes dessa série estão aqui em casa há eras e eu nunca tinha me interessado para ler. Na verdade, quem era muito fã da série de televisão era a minha irmã, lembro que na nossa época de RPG narrativo ela não perdia um episódio, no aniversário dela, dei de presente o box com a continuação dessa primeira saga. Vi apenas dois episódios da série em meados de 2013 acho, mas não me despertou o menor interesse então acabei deixando de lado. Contudo, na meta de leitura desse ano queria colocar livros da minha estante que ainda não tinha lido e peguei os dois primeiros volumes dessa saga a título de curiosidade mesmo. Como não vi muito da série, não dá para fazer um comparativo, então vou ficar apenas no que li mesmo.

A história segue Elena Gilbert, uma adolescente do último ano no ensino médio que é a rainha da escola e está voltando das férias em Paris. Ela mora com a tia Judith e a irmã mais nova, a pequena Margaret, desde que seus pais morreram. Ela tem como melhores amigas  Bonnie e Meredith, havia Caroline, mas esta — dominada por um surto de inveja — se afasta dela, na tentativa de tomar seu lugar como abelha rainha. Quando Stefan Salvatore chega à escola causando um alvoroço entre as meninas, Elena logo decide que ele será dela, não apenas pelo fato de ele ser indiscutivelmente bonito, mas por ele ser o único com força de vontade o bastante para ignorar a existência dela, algo que até então nenhum garoto havia conseguido.

Simultâneo a chegada de Stefan são os acontecimentos sombrios que acontecem na cidade. Primeiro, Elena é perseguida por um tenebroso corvo que parece observá-la em todos os lugarers. Depois, ela e as amigas são perseguidas pelo cemitério por uma presença sombria até, por fim, Vicky Bennet ser atacada por alguma coisa e um professor da escola acabar morto no evento de Halloween. Entrelaçado a isso, acompanhamos Stefan perdendo o controle de si mesmo sem saber se havia sido ele o causador de todos aqueles eventos agourentos enquanto vamos desvendando pedaços do seu passado e descobrindo sobre Katherine, o primeiro amor de sua vida e causadora da discórdia entre e Damon, seu inescrupuloso irmão mais velho.

Já tinha lido outro livro da L.J Smith que foi Vampiro Secreto, inclusive, gosto muito desse livro. Além de Diários, esse ano vou ler outro livro dela que é O Círculo Secreto, série infelizmente cancelada, mas que eu amo demais e, anos atrás, maratonei madrugada a dentro. Contudo, minha curiosidade com Diários de Um Vampiro — que inclusive eu não entendi por que os diários são do vampiro quando não vi Stefan pegar numa caneta esse livro todo — não resultou numa experência tão bacana. A história é boa, mas esse primeiro contato eu achei muito... como dizer? Raso. Na falta de uma palavra melhor.

Elena é uma protagonista fútil, egocêntrica, manipuladora e superficial. Ela começa o livro obcecada com Stefan porque ele é bonito demais, mas não morre de amor por ela à primeira vista. Fica o livro inteiro perseguindo o garoto e mal ele dá uma leve abertura ela já solta um "eu te amo". Bem que dizem que não dá para confiar em adolescente. Eu fiquei tipo,"como assim, tia?! E esse amor surgiu de onde?' Todo mundo super critica a reação da Bela quando descobre que o Edward é um vampiro, mas, fala sério, depois de gritar uns dois "nãos" incrédulos, a Elena simplesmente sentou na cama dele e pediu que ele contasse a história da sua vida como se eles estivessem esperando o chá das três. Pelo menos a Bela foi construída para ser bizarra desde o início.

Todavia, o intuito não é fazer rixa de sagas, só tomei esse pequeno exemplo mesmo.

Stefan, apesar de ser o clássico vampiro bom adepto ao automartírio (que, cof cof, também bebe sangue de animais) não impressiona muito e não é aquele personagem que faz a gente cair de amores logo de cara. Mas é bem melhor que a Elena, pelo menos. O mérito está no passado dele que achei bem interessante, eram as partes do livro que eu mais conseguia ler sem fazer careta embora a Katherine fosse igualmente odiosa, ela era hipócrita, falsa e egoísta. Damon aparece só no final do livro para dar aquele primeiro impacto de vilão destestável em busca de uma vingança sem sentido que, provavelmente, vai ser redimido pela "mocinha" mais na frente.

Se tiveram personagens que me despertaram o mínimo de simpatia foram Bonnie, Meredith e Matt. Gostava das cenas que eles apareciam e a interação deles parecia deixar a Elena (um pouco só) menos chata. De início, não me impressionou muito. Mas vou tentar ler o segundo volume para ver se sobe um pouco a empatia. É um livro fácil de ler, a escrita da tia L.J é muito gostosinha, rapidinho a gente voa pelos capítulos e nem nota. Tipo de livro que eu indicaria para aquelas minhas primas cabeças de vento que nunca pegaram em um objeto com páginas na vida além dos livros didáticos que são obrigadas a ler.

sexta-feira, 4 de março de 2022

[Livro] Um conto às avessas da Bela e a Fera

Original: As Old as Time: A Twisted Tale

Autor:  Liz Braswell 

páginas: ‎394 páginas

Ano: 2017

Sinopse: Bela é inteligente, engenhosa, inquieta e mais uma porção de coisas. Ela anseia escapar de seu modesto e provinciano vilarejo. Quer explorar o mundo, apesar de seu pai relutar em deixar sua casinha para o caso de a mãe de Bela retornar — mãe da qual ela mal se lembra. Um dia, os desejos da garota por novas aventuras acabam por se realizar — mas não da maneira que ela imaginava. Agora ela é cativa de uma terrível fera, dentro de um castelo enfeitiçado. Quando Bela toca a rosa encantada da Fera, intrigantes imagens inundam a mente da jovem — imagens da mãe que ela acreditava que nunca mais veria. Ainda mais estranho que isso, ela descobre que sua mãe é ninguém menos que a bela Feiticeira que amaldiçoou a Fera, seu castelo e todos os seus habitantes. Chocados e confusos, Bela e Fera devem se unir para desvendar um assombroso mistério sobre suas famílias.

Muito antes do castelo da fera ser amaldiçoado, de Bela trocar sua vida pela do pai e da última pétala de rosa cair sob a redoma na ala oeste, havia um jovem Maurice que chegava com suas ideias mirabolantes de invenções que revolucionariam e mudariam a vida das pessoas. Cheio de vontade de mudanças em uma Europa que respirava os primeiros sopros da revolução industrial, ele ainda era visto como louco e sonhador, não sendo muito aceito pelos lugares onde passava. Isso até ouvir falar de um pequeno reino onde as pessoas podiam viver livremente e ser quem quisessem sem os olhares tortos das outras pessoas. Um lugar, onde ser diferente era apenas um detalhe e não uma maldição. 

Nessa aldeia, ele se deparou com uma bela jovem discutindo bravamente com o que parecia ser um guarda, Maurice não fazia ideia que estava presenciando o nascimento de uma guerra civil envolvendo Les Charmantes, pessoas que possuíam algum tipo de magia, e os humanos comuns não dotados de nenhuma habilidade mágica. Ele se apaixona por ela perdidamente. Nessa época, ele dividia uma pequena casa com Alaric, um jovem robusto que trabalhava em serviços braçais, além de cuidar de animais. Havia também o recém-chegado Fréderic, um jovem que quase se formou em medicina, mas foi exilado pelos pais ao demonstrar a habilidade de ver o futuro. Tal como o homem que discutia com a bela jovem, Fréderic não gostava de Les Charmantes, ainda sob o pensamento obscuro de que eram pessoas "tocadas pelo demônio".

E assim, nascia o sangrento preconceito contra o diferente.

Lentamente, como um veneno na corrente sanguínea, a antiga aldeia pacífica e acolhedora onde as pessoas diferentes podiam conviver pacificamente, se tornou um mundo perigoso para Les Charmantes que desapareciam sem deixar rastro, eram surrados até a morte sem que os guardas do palácio nada fizessem e se tornaram párias na pequena sociedade. Rosalind, a jovem por quem Maurice se apaixonou, estava no meio dessa ameaça, era uma das mais poderosas feiticeiras tal como uma das mais audaciosas defensoras de sua classe. Ela queria respeito para Les Charmantes, liberdade e o mesmo direito de ir e vir dos demais, uma segurança que lhe foi negada pelos monarcas regentes — e pais do príncipe fera!

Quando uma doença mortal se alastra pela Europa, os reis mandam fechar as fronteiras um pouco tarde demais e ela acaba atingindo o vilarejo, claro que Les Charmantes são considerados os causadores da doença que vinha matado as pessoas sem distinção de classe social. Seguindo um conselho de Fréderic, Rosalind e Maurice, agora com a recém-nascida Bela, saem da cidade para um vilarejo distante e seguro onde poderão criar a filha sem preocupações e onde os charmantes que conseguiram escapar dos ataques no reino se refugiaram. Os pais do jovem príncipe pedem ajuda a Rosalind para salvar seu filho e os demais membros da corte, mas ela se recusa. Contudo, pensando na própria filha, acaba lançando secretamente um feitiço para proteger o pequeno príncipe e as demais crianças do palácio.

Anos depois, Bela, agora crescida, é uma jovem muito bonita e inteligente, viciada em livros e solitária, vista por todos da aldeia como esquisita, tal como seu pai. Ela é alvo das investidas e Gaston, o jovem mais querido e bonito do vilarejo, mas um completo imbecil intelectual e, por isso, nem um pouco atraente para ela. Quando seu pai, após sair para uma feira, desaparece, ela vai atrás dele sem hesitação e acaba chegando a um misterioso castelo e seus habitantes inusitados. Ela se depara com a fera e é bem um copia e cola do filme da Disney nesse começo, a coisa vem ficar diferente quando ela invade a ala oeste e toca a rosa, tendo assim uma visão do que aconteceu ao príncipe e ao castelo, esse gesto desencadeia de vez a maldição e eles ficam presos dentro do castelo.

Partindo disso, Bela vai precisar se unir à fera para desvendar os acontecimentos do passado e refazer os passos da sua mãe e das demais pessoas desaparecidas para assim conseguir encontrar uma forma de desfazer a maldição.

Quando li a sinopse do livro achei bacana a ideia, era algo diferente e inusitado, mas acabou não sendo nada do que eu esperava. Apesar de ser um livro bom — e sou leitora a tempo suficiente para saber quando um livro é bom — eu não gostei. É uma premissa muito boa, mas o desenrolar não funcionou comigo, se teve uma coisa que eu achei realmente legal nesse livro foi a maneira como ele fotografa o preconceito e suas consequências. Les Charmantes podem ser negros, homossexuais, ciganos, judeus, mulçumanos ou qualquer outro grupo que já sofreu discriminação e a maneira como a autora destrincha isso, saindo dos alicerces da construção do preconceito até seu auge, é realmente muito bem feita e leva a gente a refletir.

Porém, as personagens não colaboram (visão minha, tá?), os pais do príncipe são tirânicos, mas a Rosalind, aquém de todo o background, não se tornou muito diferente no fim das contas e isso meio que fez boa parte da história, sei lá, perder um pouco do sentido, como se o fato de ela ter amaldiçoado o Adam não agregasse nada à história. Além disso, a reconstrução da Bela "iluminada" pelo movimento iluminista dos séculos XVII e XVIII tornou-a um tanto antipática em vários momentos da leitura. A relação com a fera não foi diferente, ele foi reconstruído de maneira verdadeiramente bestial e a aproximação deles soou tão forçada e artificial que não dava sequer para torcer ou perceber que eles tinham real potencial de se desenvolver como casal. Inclusive, ao contrário da animação, aqui ele não faz o menor esforço para conquistar a Bela, sério.

O que eu senti foi que a autora quis dar um toque mais realista para a coisa toda, mas a mistura no fim não deu muito certo e, se por um lado ela acerta fechando vários buracos que a animação deixou passar, por outro ela erra na recriação das personagens que, em boa parte, se tornaram versões mais chatas e nada adoráveis de si mesmas. Inclusive, algumas partes desse livro eram tão pesadas e sombrias que sequer parecia ser uma releitura de um conto de fadas, mas lembrava muito a gênese sinistra dessas histórias com violência, tortura e morte. Sem contar que aquele final foi bem insoso pra dizer o mínimo. Acabei vendo que esse livro é o primeiro de uma série, mas não me sinto nem um pouco inclinada a ler os outros, talvez (e é um talvez bem grande) eu leia o da Bela Adormecida porque gosto de conhecer todas as vertentes possíveis desse conto que é meu favorito, mas estou na dúvida porque a impressão desse não foi muito bacana.

Mas fica aí a recomendação para quem procura algo diferente.