Autor: Rosamund Lupton
Ano: 2013
Gênero: Suspense, Thriller, crime
Páginas: 449 páginas
Sinopse: Quando Beatrice recebe uma ligação informando que sua irmã mais nova, Tess está desaparecida, embarca no primeiro voo para Londres. Porém, ao descobrir as circunstâncias do sumiço, percebe que não conhece detalhes da vida de sua irmã e não está preparada para os fatos terríveis que precisa enfrentar. Enquanto a polícia, o próprio noivo e a mãe aceitam a perda de Tess, Beatrice se recusa a desistir e parte numa perigosa jornada para descobrir a verdade, sem se preocupar com as consequências.
É o meu primeiro contato com a autora e vai ser o último no que depender de mim. Que livro difícil de terminar, parabenizo minha paciência por não tê-lo abandonado como, por vezes, foi minha vontade.
A história é contada por Beatrice em uma espécie de narrativa para sua irmã Tess que desapareceu. A princípio, ela fornece algumas pistas sobre a vida da irmã que ela achava conhecer muito bem, mas percebe, conforme a investigação avança, que havia muitas coisas que Tess não havia lhe contado. Na última vez que falou com a irmã, ela estava grávida de um professor da universidade onde cursava artes, o homem era casado e não ia assumir qualquer responsabilidade pelo bebê, mas a irmã decidiu que o teria mesmo assim, contrariando todos os conselhos de Beatrice, a quem chamava de Bee.
Completamente o oposto da irmã mais velha, que tem uma vida estável, um emprego bem remunerado, está noiva e controla cada pequeno aspecto da sua vida, Tess era um espírito livre. Tinha um emprego que ajudava a pagar as contas, um apartamento decrépito e um monte de sonhos de ser reconhecida como a artista que era. De alguma forma, aquém do desprezo da mãe por suas escolhas, Beatrice sempre soube que Tess era sua favorita, ela viveu sob as duras críticas da mãe e desenvolveu uma autoestima muito baixa, contudo, esse fato não abalou sua relação com a irmã caçula a quem sempre amou e admirou.
Tão logo a mãe lhe informa sobre o desaparecimento de Tess, Beatrice viaja para Londres determinada a encontrar a irmã. O cenário não é dos melhores, a polícia averígua os fatos, mas parece convencida que Tess fugiu para ficar um tempo sozinha, pois, semanas antes de desaparecer, ela deu à luz a um bebê morto. A família de Beatrice tem um histórico genético de fibrose cística (conhecida como Doença do Beijo Salgado ou Mucoviscidose, é uma doença genética crônica que afeta principalmente os pulmões, pâncreas e o sistema digestivo. Atinge cerca de 70 mil pessoas em todo mundo, e é a doença genética grave mais comum da infância. É uma doença que faz com que o corpo produza muco de 30 a 60 vezes mais espesso que o normal. Isso leva ao acúmulo de bactérias e germes, causando inflamações e infecções recorrentes, trazendo danos (até irreversíveis) aos órgãos acometidos.), o irmão mais novo delas, Leo, faleceu vitimado pela doença ainda aos oito anos.
Por causa disso, Tess temia que o seu bebê pudesse sofrer da doença e se submeteu a um novo tratamento que poderia reverter qualquer possível alteração no gene que causava a fibrose cística. Contudo, sua criança ainda nasceu com uma doença grave nos rins que a levou a falecer. Alguns dias depois, o corpo da sua irmã é encontrado no banheiro de um prédio abandonado. A polícia fecha o caso como suicídio, mas Beatrice não tem dúvidas que a irmã nunca cometeria um ato extremo como esse, ambas viram seu irmão morrer de modo doloroso, sabiam o valor da vida e respeitavam isso. Assim, decide ir atrás da verdade procurando reconstruir os últimos dias de vida da irmã para encontrar a pessoa que a matou.
Na teoria, esse livro era para ser um thriller, mas a maior parte da narrativa é sobre luto. A bem da verdade, por se tratar de um relato em primeira pessoa direcionado para Tess, não seria muita surpresa a exposição desse sentimento de perda, a constante lembrança e os detalhes sobre a saudade da perda. Apenas quem já passou por um luto dessa magnitude pode entender. Mas, a bem da verdade, isso tira um pouco o foco da trama para o que importa: quem matou Tess e por quê. O livro se torna, assim, um relato arrastado que oscila entre passado e presente para desencadear em um enredo que não soa verossímil ou confiável.
O plot twist escolhido pela autora foi, a meu ver, bem falho. Acredito que fãs assíduos de Agatha Christie mataram a charada bem antes do capítulo 20, francamente. Além disso, ela escolheu um final aberto que não deixa claro o desfecho da personagem e, mesmo que ela tenha realmente sobrevivido, o estado em que se encontrava deixava dúvidas quanto a veracidade dos últimos parágrafos. especialmente pela revelação acerca do "advogado". A meu ver, o livro é lento. A gente descobre que Tess está morta no capítulo 3, então Beatrice vai dando voltas e mais voltas no tempo fornecendo um cenário fragmentado que por vezes dificulta nossa composição do quadro geral. Além de, como uma detetive amadora, questionar coisas óbvias como o uso de EPIs por profissionais de saúde no exercício da função, o que não faz o menor sentido.
Para mim, a experiência soou mais como um drama que um suspense e, por Deus, é muito arrastado. Tem horas que é preciso paciência para avançar a leitura. Embora concorde que os conflitos familiares e a relação das irmãs foi algo muito bem construído, como narrativa em si o livro não conseguiu me prender e o desfecho beirou o frustrante com toda aquela ambiguidade.
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