Autor: Agatha Christie
Ano: 1936
Páginas: 248
Sinopse: Para a enfermeira Amy Leatheran, sua paciente era uma caso muito estranho. Louise, casada com um famoso arqueólogo, sofria de angústia nervosa, Segundo seu marido. Suas fantasias eram vívidas e macabras - uma mão decepada um rosto cadavérico contra a vidraça... Mas de que ou de quem ela teria tanto medo? Perto do marido, num sítio arqueológico no deserto do Iraque, ela estaria a salvo. Quase toda a expedição era formada de velhos colegas e amigos. Entretanto, a formalidade do grupo não parecia natural. Pairava no ar uma tensão, um certo desassossego. Algo muito sinistro estava acontecendo. E tinha a ver com assassinato.
Posso dizer que não é meu livro favorito de Agatha, mas foi um dos casos mais intrigantes que li dela desde os Crimes do ABC. Especialmente porque durante o percurso eu construí toda uma imagem na minha mente a partir das pistas, mas no fim das contas toda a minha teoria findou com uma resolução que eu julguei como provável, mas que a tia Agatha soube desconsiderar de modo tão brilhante que pensei que era absurdo e me voltei totalmente para a outra. Resultado, fui feita de palhaça de novo haha. E amei! (Eu tenho problemas, só pode).
A história se passa em um sítio arqueológico na Mesopotâmia onde a enfermeira Amy, narradora da história, é contratada para cuidar da esposa de um renomado arqueólogo que está trabalhando em peças descobertas. Amy está no oriente médio junto a outro casal que acabou de ganhar neném, ela era enfermeira da esposa e ajudava com o bebê, já no seu último dia junto ao casal e os amigos destes, ela começa a ouvir rumores sobre sua nova paciente. A princípio, Louise Leidner é como uma entidade sem forma na mente da enfermeira que já espera o tipo mais problemático de paciente.
Contudo, ao chegar ao alojamento e se deparar com a bela e magnética mulher que é a esposa do arqueólogo, todas as suas convicções pre-conceituais caem por terra. Louise Leidner é inteligente, cativante, gentil e carismática, atraindo todos ao seu redor como mariposas para uma chama. Mas ao mesmo tempo, Amy também sente uma espécie de aura estranha pairando sobre os demais membros da expedição. Há uma animosidade velada no ar e fica claro já nas primeiras observações da enfermeira que aquém do que o dr. Leidner afirmou, nem todos ali nutrem afeto pela sua esposa.
Conforme vai conquistando a confiança da mulher, Amy acaba descobrindo um misterioso segredo envolvendo seu passado. Louise acredita estar correndo perigo por parte do seu ex-marido que, para todos os efeitos, devia estar morto. Ela mostra para a enfermeiras as ameaçadoras cartas anônimas que tem recebido e teme por sua vida. Conversando com o marido a respeito, Amy descobre que o dr. Leidner acredita que a esposa está fantasiando coisas por algum tipo de estresse mental.
Mas quando alguns dias depois Louise Leidner é encontrada morta em seu quarto, as ameaças até então imaginárias não parecem mais um evento dramático de uma mente ansiosa. Hercule Poirot que acaba de sair do Nilo em sua viagem pelo oriente, é chamado para ajudar no caso insólito e começa a desenterrar o passado dos membros da equipe do dr. Leidner em um de seus casos mais desafiadores.
Acho que o que mais me manteve presa nesse livro em particular foi a maneira como ela construiu todo o caso. Há um longo percurso de apresentação do meio e das personagens, mesmo que isso seja feito pela ótica de Amy, funciona mais ou menos como as narrativas de Hastings, de caráter documental, do que quando ela escolhe outras personagens e usa uma linguagem mais persuasiva como aconteceu em Noite sem Fim, a gente consegue notar a diferença claramente.
Embora no início tenha achado a primeira parte do livor um tanto monótona, a partir do momento que as coisas começam de fato a acontecer percebi quão importante ela foi para toda a construção do caso, sem aquela inserção das personagens e suas personalidades no seu meio, o assassinato nos soaria desconexo e não teríamos pistas ou base suficiente para supor quem era o assassino (e no meu caso nem com isso!). O pobre de Poirot que não consegue paz nem nas férias, fez uma investigação mais sutil nesse caso, de modo que, aquém das suposições que ele fez claramente, não consegui captar muitas das pistas que ele pescou nos seus interrogatórios.
Creio que foi um dos primeiros livros dela que eu parei para analisar realmente as pistas e tentar formular uma teoria com o que foi apresentado. De todas as hipóteses apontadas por Poirot uma fazia muito sentido e me segurei nela quase até o final, mas, como ele mesmo disse, ela não conseguia responder todas as perguntas "psicológicas". A resolução me desapontou um pouco? Sim, mas foi igualmente surpreendente especialmente por se tratar do primeiro personagem descartado no início de tudo. Nesse sentido, as pistas acerca da morte foram muito mais sutis.
Enfim, gostei muito, foi uma leitura aprazível e um excelente quebra-cabeças como só a tia Agatha consegue montar.
A Adaptação
Série: Poirot S8EP2Ano: 1996
Como mencionei em resenhas anteriores, o problema com essas adaptações é que elas são seriadas e, dessa forma, apesar de adaptar livros separados, elas tem de seguir um fio condutor, especialmente na escalação dos atores que não pode deixar de fora o elenco principal. Aí o que temos? Hastings num livro que não tem Hastings!
Em comparação à Morte no Nilo, esse filme foi melhor adaptado, concordo, mas a elipse de personagens importantes que compõem a cadeia de acontecimentos, como o Dr. Reilly, prejudicou muito o desenvolvimento da trama a meu ver. Eles condensaram personagens, minaram alguns acontecimentos e embora tenham se encaminhado para o mesmo final do livro, muito da tensão apresentada na trama ficou superficial se comparada ao material original.
Não fosse o carisma de David Shuchett, o filme seria até mesmo aguado.
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