segunda-feira, 9 de maio de 2022

[Livro] Noite sem Fim

 

Original: Endless Night

Autor: Agatha Christie

Ano: 1967

Gênero: Crime, mistério

Páginas: 224

Sinopse: O destino de Michael Rogers parecia haver mudado ao conhecer Ellie, uma rica herdeira norte-americana. Todos os seus sonhos estavam se tornando realidade de uma só vez, e o Campo do Cigano parecia ser o lugar perfeito para começar uma vida a dois. Mas quando o jovem casal decide ignorar os avisos de uma cigana sobre uma antiga maldição nem imagina que está desafiando a própria sorte.

Mike Rogers nunca parou quieto em um emprego por muito tempo, na verdade, ele odiava trabalhar, odiava ainda mais os homens que criaram tal prática infeliz. Entediava-se fácil e, embora fosse um bom profissional em tudo que se dedicava a fazer, não parava em nenhum dos empregos. Isso causava atritos com sua mãe que queria vê-lo estabilizado e por isso ele quase nunca ia visitá-la.

Certo dia, após levar um casal para uma cidade interiorana, ele se deparou com um cartar do leilão de uma propriedade que os locais diziam ser amaldiçoada. Embora fique interessado, ele sabe que não tem condições de arrematar a propriedade, mas vai ao leilão apenas por curiosidade. Lá ele fica sabendo mais sobre o local e a antiga maldição lançada pelos ciganos. Curioso a respeito dela, Mike decide ir até lá e encontra com uma jovem no caminho, ela diz se chama Ellie e, a partir daquele momento, eles se tornam amigos.

Ellie lhe conta sobre sua família superprotetora e a ajuda de sua dama de companhia, Greta, que a ajuda secretamente a ter mais liberdade. Os dois eventualmente se apaixonam e Ellie revela sua verdadeira identidade, é uma das herdeiras mais ricas da América do Norte. Por causa das posições sociais muito diferentes, os dois decidem se casar escondido em um cartório e, desde o começo, Mike se mostra contra Greta, a melhor amiga de sua esposa.

Convencida por ele, Ellie acaba comprando a propriedade rural e Mike pede que Santonix, um renomado arquiteto, construa a casa de seus sonhos ali. Porém, uma cigana do vilarejo se mostra contra a estadia do jovem casal nas terras que, segundo ela, foram tiradas do seu povo. Ainda assim, recusando-se a dar ouvidos às superstições tolas, o casal concretiza seus planos e se muda para a luxuosa residência. Mas quando estranhos e macabros eventos começam a acontecer, Ellie começa a se perguntar se não foi mesmo amaldiçoada ao pisar naquela terra.

Nesse livro, Agatha Christie usa o mesmo recurso do Assassinato de Roger Ackroyd, trazendo uma narrativa em primeira pessoa (e, portanto, não confiável) com uma abordagem que não envolve nenhum dos seus detetives, algo diferente do outro livro no qual Poirot aparece. Se eu posso dizer algo a favor de Mike Rogers é que ele é bom no que faz. Se você leu o outro livro citado vai entender. Agatha escolheu o recurso de timing reverso para compor a história de modo que, embora tenha sido uma espécie de reviravolta, ela foi um pouco menos sutil nas suas pistas ao longo da história.

Digo isso por determinado diálogo entre Mike e a esposa que ficou muito suspeito e já nos leva de cara a suspeitar do final. O livro em si é bem diferente do que ela costuma escrever, boa parte dele tem mais aquele clima de filme de suspense, uma aura meio sombria que difere muito dos demais romances dela, mas para mim não surtiu um efeito muito maior que esse.

Talvez isso soe como um spoiler, então pule esse parágrafo. Mike é um sociopata, durante vários pontos da sua narrativa há pistas em relação a isso, especialmente nas interações dele com a esposa, mas embora Agatha tenha sido cuidadosa com a maior parte dessas pistas, em um ponto específico ela escorregou e entregou o queijo para a gente. No demais, o personagem me soou um tato falso, talvez fosse essa mesmo a intenção já que, como um sociopata, ele tenda a ser sedutor e manipulador.

Como construção mesmo, não considero o melhor romance da Agatha, li outros livros dela muito melhores. Apesar de ter sido uma leitura diferente e do personagem principal ser controverso para dizer o mínimo, não foi uma revelação bombástica ou que me fez gritar como O Assassinato de Roger Ackoyd que eu vesti meu chapéu de palhaça e dei um grito de surpresa no final. Acho que faltou emoção, pelo menos para minha experiência.

Todavia, estamos falando de Agatha Christie, então lógico que é uma leitura indicada e obrigatória para fãs de livros policiais. 

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