terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

[Livro] O Alienista


Autor:
Machado de Assis

Ano: 1882

Gênero: Ficção

Sinopse: O livro conta a história do Dr. Bacamarte, um alienista (a designação de psiquiatra na época), que cria a Casa Verde, um local para realizar estudos inéditos sobre a mente humana, mas acaba se perdendo na sua própria loucura.


Já quero começar dizendo que a resenha desse continho não vai ser uma análise. Primeiro, porque não sou versada em Machado, embora ele seja meu autor brasileiro clássico favorito, segundo porque me faltam bases para fazer uma análise literária competente, uma vez que, infelizmente, literatura foi uma cadeira que quase não vi na faculdade, as aulas eram parcas e rápidas demais, de modo que não pude estudar nenhuma obra a fundo e os contextos históricos foram passados de forma tão resumida que nem considerei um estudo. Ainda assim, sigo amando a literatura de Machado, acho ele muito engraçado, ácido e irônico, além de altamente inteligente. Assim, essa resenha vai ser a visão de um leitor leigo mesmo, só da história e do que eu achei dela, okay?

Bom, o livro conta sobre o alienista Simão Bacamarte, um estudioso que recebeu reconhecimento até mesmo da Coroa, mas recusou o trabalho ao rei para se dedicar ao que realmente amava: a ciência. Alojando-se em Itaguaí, entrou com um pedido na Câmara para construir um hospício (a grosso modo falando) afirmando que desejava estudar a fundo os diversos tipos de loucura. Após grandes ponderações e discussões, foi-se aprovada a construção e esta iniciou-se sob os olhares tortos dos habitantes.

Bacamarte era casado com dona Evarista, uma mulher simples, nada bonita, mas saudável de quem ele esperava filhos que nunca vieram. Lhe tinha, é verdade, alguma espécie de estima, embora fosse de fato casado com seu ofício. Preocupados com a construção, algumas pessoas foram a procura da nobre senhora a fim de que ela dissuadisse o marido da ideia de tal construção, mas persistindo ele, nada teve ela a fazer e logo deu-se conta — quando a fortuna começou a surgir — que um punhado de "doudos" podiam ser de grande serventia, afinal.

O problema começou quando mais da metade da cidade começou a ser colocada dentro da Casa Verde, nome do asilo construído por Bacamarte. Qualquer tipo de mania, costume incomum ou mesmo hábito que lhe parecesse estranho era motivo de loucura e ele mandava trancar a pessoa para ser estudada e, em breve, curada. Assim seguia, a população de Itaguaí começou a temer o alienista, dia após dia, não importava classe social, proximidade ou posição, se atraísse dele a atenção em destaque, era metido na Casa Verde.

Tal foi a indignação dos moradores da cidade que, liderados por um barbeiro com desejos de política, fizeram uma revolta para pôr abaixo a Casa Verde e levar à morte Simão Bacamarte. Mas, embora com mortos e feridos de resultado, a revolta nada mudou e o barbeiro, junto com um punhado de rebeldes, foi trancafiado também no hospício. O homem chega ao extremo de meter na cela dos insanos até a própria esposa!

Em meio ao caos e com reviravoltas, o alienista começa a se questionar se a loucura não esteve, o tempo todo, dentro de si próprio.

Achei o livro bem engraçado, os personagens são muito gente como a gente e fica bem fácil se colocar no lugar deles, de modo que mesmo hoje gera conexão. Machado usou várias referências a poetas e filósofos gregos, além de outras bem clássicas no meio do texto e precisei fazer algumas pesquisas, mas na maior parte do tempo as notas de rodapé dessa edição deram conta do recado e ajudaram muito na compreensão da história. 

Bacamarte é a melhor exemplificação daquele tipo de pessoa cética, insensível e obsessiva como, geralmente, são retratados os cientistas. Engraçado que, enquanto lia, lembrava muito da minha mãe quando, no meio da adolescência, começou a implicar com meus hábitos de leitura, já que eu praticamente lia o tempo todo e só parava para estudar. Ela implicava dizendo que ler demais ia me deixar "doida" e vendo o rumo do caminho do alienista, essa memória me vinha muitas vezes durante a leitura.

Sem fazer nenhum aprofundamento ou análise inteligente sobre, posso dizer que o livro é engraçado, o fato de ser curtinho ajuda a ler rapidinho, a história é interessante e as personagens formam um conjunto, ao mesmo tempo, cômico e muito atual. Sério, impossível não reparar em algumas situações do livro e não pensar em alguém que a gente conhece ou mesmo em nós. Recomendo demais.

2 comentários:

  1. Sempre tive vontade de ler essa história desde que fui apresentada à ela no cursinho pré-vestibular através de um resumo. Não sei porque acabo sempre me esquecendo dela e até hoje não li.

    Gostei da sua resenha. Deu pra ver bem como é o livro e me incentivar a pegar pra ler. Acho que vou gostar da história.

    Te espero nos meus blogs!
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    1. Oi, Helaina, a leitura é muito rápida, são se não me engano umas 100 páginas, dá pra ler numa sentada. Achei bem engraçado, apesar de gostar mais do período romântico de Machado, essa fase realista me diverte as vezes. Acho sim que você vai curtir.

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