terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

[Livro] Segredos que Ferem

 Original: To love, honor and betray

Ano: 1998

Autor: Penny Jordan

Sinopse: Amor e traição, desejo e mágoa mesclam-se na história de Cláudia Wallace, uma mulher marcada pela impossibilidade de concretizar seu maior sonho: o de ser mãe. Claúdia e Garth vivem em perfeita harmonia e aguardam ansiosamente o primeiro filho. Ela é assistente social e presta auxílio a jovens prostituídas e drogadas. Está trabalhando quando se sente mal; internada às pressas, perde a criança e sofre uma cirurgia que salva-lhe a vida, mas a impede para sempre de ter filhos. Abalada pela tragédia, ela se dedica com afinco redobrado ao trabalho. Tudo se transforma quando uma prostituta à beira da morte entrega a Cláudia a filha recém-nascida. Violando todas as regras, ela registra a criança como sua, para alegria de Garth que finalmente tem uma família completa e feliz. A pequena e doce Tara cresce, assim, num lar harmonioso. Mas o destino lhes prega uma peça: anos depois, um exame raro mostra que Tara é realmente filha de Garth. Confusa e desesperada, Cláudia confronta o marido, que acaba admitindo a verdade. Incapaz de compreender a traição - e a estranha coincidência - ela pede o divórcio. Os anos se passam, e Tara cresce ignorando o segredo que separou seus pais. Até que um dia toda a verdade vem à tona, juntamente com o amor por tantos anos enterrado.

 O livro apresenta quatro histórias desenvolvidas em níveis diferentes, sendo a de Garth e Claudia a principal. Eles estão divorciados há dez anos, mas ainda se amam como no dia que se conheceram. A separação aconteceu após a suposta traição de Garth que Claudia jamais conseguiu aceitar. A filha única deles Tara, está noiva de um rapaz americano que tem uma tia um tanto preconceituosa a quem o noivo garante que vai pesquisar todos os seus antecedentes antes de aprovar a relação. Essa notícia abala Claudia, tomada por um pavor indescritível com a certeza que a filha descobrirá a verdade sórdida da pior maneira possível.

Claudia nasceu em uma família abastada, filha de um militar de alta patente. Formo-se como assistente social e começou a atuar nas áreas mais pobres e violentas da cidade. Garth era um dos subordinados do seu pai e ambos se conheceram quando o pai dela o instruiu a levá-la em um baile. Ficaram noivos após um tempo considerável de namoro e se casaram, recusando a ajuda financeira de suas famílias para se estabelecerem sozinhos. Ela sonhava mais que tudo com a maternidade. Morando em um pequeno apartamento no centro de Londres, lidava com a constante ausência do marido, afundando no trabalho. Era responsável por uma jovem drogada chamada Katriona, a quem sua supervisora disse que não duraria muito. Mesmo sendo verbalmente atacada de forma constante pela jovem, Claudia se compadecia de sua beleza e inteligência desperdiçadas com o vício.

Após passar várias semanas em um perigoso ponto de conflito na Irlanda, Garth consegue uma licença e passa praticamente todos os dias na cama com a esposa o que resulta em gravidez antes do planejado por eles. No meio da tensão da descoberta, ambos se veem ansiosos pela oportunidade de ser pais combinam de comprar uma casa no campo e Garth se desligaria do exército e trabalharia em alguma coisa que lhe permitisse passar mais tempo com a esposa e o filho. 

Porém, as coisas no trabalho de Claudia começam a ficar mais tensas conforme ela tentar tirar respostas verdadeiras sobre o passado da sua paciente. Katriona nutre um ódio desprezível pela assistente social e secretamente planeja tirar tudo que Claudia mais preza. Diante da pressão da sua vida agitada, a assistente acaba sofrendo um aborto espontâneo que culmina em uma histerectomia de emergência, que a deixa devastada, tanto sua vida quanto seu casamento começam lentamente a desmoronar. Do seu lado, não muito melhor, Garth tem sua missão abortada por causa do suicídio de um soldado e volta para o apartamento vazio, já que a esposa viajara para ficar com os pais. Sentindo-se péssimo, se embriaga.

Katriona, que havia roubado as chaves de Claudia, invade o apartamento em busca de algo que pudesse roubar e, vendo Garth adormecido de bêbado, estupra-o (é o que acontece, sejamos francos) acabando por engravidar. Circunstâncias a obrigam a sair da cidade antes que consiga terminar sua chantagem com Garth. 

Paralelo a tudo isso, somos apresentados à história de Esterlle, uma jovem problemática desprezada pela mãe - que nunca quis ter filhos - desde que nasceu. Sempre foi ensinada que o pai também nunca a quis, embora não fosse verdade. Ela tem um caso com o filho do novo marido de sua mãe, o também rebelde e perigoso Blade. Logo na adolescência, aprendeu com ele que gosta do prazer com dor e a relação dos dois é tudo menos saudável. Ela consegue emprego na empresa de Garth a quem tenta de todas as formas seduzir sem qualquer sucesso.  Também usa seu emprego secretamente como captação de clientes para se prostituir.

Por sua vez, Tara segue preocupada em não ser aceita pela família de Ryland, mesmo o noivo tentando apaziguar seus temores. Ela lhe pergunta o motivo de ser ele e não a prima a assumir os negócios da família, ao que o noivo responde que sua prima Margot jamais se casará porque, desde a infância, é apaixonada por seu primo de primeiro grau Lloyd e é correspondida. Contudo, o estado considera como crime o casamento desse grau de parentesco e a tia jamais aceitaria tampouco. Os dois se encontram em uma ilha de propriedade da família para semanas de relações e os demais membros fingem não saber disso. Todavia, tantos anos após, Lloyd mesmo casado, se dá conta que sua relação com a prima deixou de ser amor há muito tempo, se sustentando unicamente pela própria obsessão de Margot, cada vez mais perigosa. Contudo, se vê impedido de terminar por conta da instabilidade emocional da prima, que já havia prometido tirar a própria vida caso ele pusesse fim à relação.

Certa noite, Claudia recebe um telefonema de uma das colegas de quarto de Katriona avisando-lhe que a jovem está morrendo e quer vê-la. Garth fora de casa, ela dirige até aquele bairro perigoso sozinha para ver sua paciente. A jovem está realmente em seus momentos finais e manda que Claudia leve sua filha consigo, pedindo de modo insistente que o faça até a mulher prometer sem ter outra saída. Claudia sabe que não pode fazer isso, mas o vínculo que criou com a menina subnutrida e sedenta de amor lhe leva a romper sua hesitação e levá-la para casa.

Ainda com sinais do transtorno da morte do filho, Claudia encontra naquela neném o objeto necessário para seu peito vazio. Ela monta toda uma história em sua mente, esquematizando cada passo e convence o marido a compactuar com a mentira mesmo quando ele insiste que não podem fazer isso, mas diante da insistência dela, acaba cedendo e Claudia batiza a menina de Tara. O dilema do casal divorciado passa a ser encontrar uma forma de contar à filha a verdade sobre sua origem antes que ela descubra pela tia do noivo. Após dez anos andando por caminhos distintos, os dois se unem em prol de encontrar um meio de não perder a filha que o destino lhes deu.

Sendo sincera, não achei o melhor livro dela de modo algum.

Conheci essa autora na escola, lembro de ter lido pelo menos dois outros livros dela nessa época que eram muito melhores que esse. Se esse livro ganha pontos sobre os outros é apenas pelas histórias paralelas e não exatamente por quão boas elas são, porque não é o caso. É claro que isso se refere ao meu gosto e não ao conteúdo da obra em si.

Gostei de trazer temas polêmicos como incesto, foi legal. Além de abordar a gravidez sobre ângulos distintos, mas, a meu ver, Claudia foi irracional e infantil em vários momentos e, mesmo tentando muito, não fui capaz de me colocar no lugar da personagem. Por mais que o comportamento de Tara tenha sido, até certo ponto, verissímil, também achei exagerada demais a reação dela ao ouvir a verdade dos pais. Sério, não precisava de tudo aquilo.

As histórias paralelas têm protagonistas que não despertam simpatia alguma, não tem como defender a obsessão doentia de Margot ou o comportamento autodestrutivo de Esterlle por mais que essa última seja salva por alguns agravantes que, ainda assim, não chegam a deixar defender a personagem. O chove não molha de Claudia é bem típico dos romances de banca, em especial dessa época, a falta de diálogo como principal fator agravante também, qualquer romance contemporâneo de banca vai ter esse problema como obstáculo chave.

Não foi um livro que me prendeu e não é uma história que eu gostaria de revisitar nem em um momento de tédio. Mas pelo menos cumpriu o propósito pelo qual o peguei para ler, que foi diminuir a carga opressora d'A Chave de Sarah.

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