quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

[BL] Kieta Hatsukoi

Título original: 消えた初恋

Roteirista: Kuroiwa Tsutomu

Diretor: Kusano Shogo, Horai Tadaaki

Gêneros: Comédia, Romance, Vida, Escola

País: Japão

Episódios: 10

Ano: 2021

Sinopse: Aoki tem um crush em Hashimoto, sua colega de classe. Ao pegar emprestado a borracha dela, ele nota que há o nome de outro garoto - Ida - escrito. Por acaso, Ida vê Aoki segurando a borracha, e logo pensa que Aoki gosta dele!

Onde Encontrar: Meow Fansub, Pi Fansub, P'tieris, Lianhua

E vamos de BL fofo para fechar o ano com chave de ouro!

Aoki tem uma queda por Hashimoto, mas nunca teve coragem de dizer isso a ela. Durante uma prova, ele percebe que esqueceu sua borracha e pede a de Akkun, seu melhor amigo, emprestada, mas ele recusa. Hashimoto acaba emprestando a dela, mas ao tirar a capinha, ele vê o nome de Ida, o garoto que senta na frente dele, junto de um coração. É quando Aoki percebe que seu crush na verdade gosta de outra pessoa. Para piorar ainda mais, ele acaba deixando a borracha cair no chão e Ida é quem pega vendo seu nome com o coração na borracha e achando que é de Aoki.

Hashimoto pede que Aoki guarde segredo sobre seu crush e, decepcionado e frustrado, mas sempre muito prestativo com todo mundo que pede sua ajuda, ele assente. Para se explicar a Ida, como não tem muito o que fazer, ele acaba dando a entender que tem sentimentos por ele, mas Ida é um completo zero em QE (quociente emocional) e não entende nada sobre se apaixonar, mas é gentil o bastante para dizer a Aoki que vai se empenhar em pensar sobre sua confissão.

Se vendo no meio daquela confusão e sem saber como sair, ele acaba se aproximando de Ida sem querer, a gentileza e o caráter do garoto, mesmo sem ser muito eficiente nos assuntos de coração, começam a mexer com os sentimentos de Aoki que se vê perdido ao se ver começando a gostar de um homem e, pior, do homem por quem a sua crush está apaixonada. O que vai acontecer agora?

Confesso que sempre fico um pouco apreensiva com os BLs japoneses depois que tive algumas experiências bem traumáticas para dizer o mínimo, quem conseguiu me arrancar disso foi Cherry Magic e, mesmo assim, ainda tenho um pé atrás com as produções japonesas do gênero. Mas não tive como ignorar esse draminha e me vi presa na sua divertida, confusa e fofa história. As personagens não podiam ser mais carismáticas, a gente torce, chora e ri junto, quando menos espera não tem mais episódios. E acho que esse é o único defeito desse drama.

Mais que recomendado!



[Não concorda comigo? É um direito seu. Mas, por favor, discorde nos comentários de maneira educada, sem ataques e sem histeria. Nem todo mundo pensa como você e nem por isso merece ser desrespeitado. Obrigada.]

[Dorama] 3 nin no papa

Título original: 3人のパパ

Roteirista: Koyama Shota

Diretor: Okamoto Shingo

Gêneros: Amizade, Comédia, Família

País: Japão

Episódios: 10

Ano: 2017

Elenco: Arata Horii, Yuki Yamada, Ryo Mitsuya, Airi Matsui, Itsuki Sagara, Ren Ishiduka, Mari Hamada

Sinopse: Hirabayashi Takuto (Horii Arata) divide uma casa com dois amigos, Hano Kyohei (Yamada Yuki) e Okayama Hajime (Mitsuya Ryo). Eles se conhecem desde o colegial e agora os três ocupam seu tempo trabalhando. Após voltarem para casa, os rapazes são surpreendidos por um bebê dormindo na casa. Junto dele, eles encontram um bilhete que diz: "O bebê é seu". Quem será o pai da criança?

Onde encontrar: Mahal Dramas

Takuto, Kyohei e Hajime dividem um apartamento cuja principal regra é não se meter nos problemas dos outros. Kyohei é um impecável funcionário de uma multinacional japonesa, Hajime é um talentoso estilista e assistente de modelagem, enquanto Takuto é um atrapalhado funcionário de escritório. A vida dos três seguia na rotina de sempre até que um dia, na volta para casa, Takuto se depara com um bebê no meio da cozinha, junto da criança havia um bilhete da mãe, que não se identificou, pedindo que ele cuidasse do neném por um tempo, pois era seu filho.

Os três debatem incansavelmente para saber quem é o verdadeiro pai da criança e seus segredos mais íntimos começam a vir à tona, para piorar, Kyohei tem uma noiva extremamente ciumenta. A ideia de entregar a criança para a polícia e a de fazer o teste de DNA são descartadas por Takuto que insiste em cuidar do bebê e convence os amigos, que não sabem se são ou não pais dele, a acompanhá-los. Ele nomeia o neném de Haruto e as confusões de três marmanjos sem experiência para cuidar de uma criança começa.

Hana, uma amiga de escola dos três, começa a trabalhar na creche da empresa de Takuto e, inventando que ele é filho de um parente distante, ele começa a levar Haruto para a empresa deixando-o aos cuidados dela. Aos poucos, Hana acaba descobrindo a verdade e sendo de grande ajuda na criação do bebê, assim como Minako, a síndica, e mesmo Rui, noiva de Kyohei que termina com ele quando descobre da criança.

Haruto une os três jovens que antes eram apenas companheiros de habitação, tornando-os verdadeiros amigos e pais, cada um a seu modo supera seu próprio trauma por causa do neném e aprende a dar o melhor de si para educá-lo e amá-lo. Mas o que acontece quando Kyohei recebe uma irrecusável proposta de ir para a filial de sua empresa em Los Angeles e a mãe de Haruto surge de repente?

Esse é um daqueles dramas que evoca Três Solteirões e um bebê de 1987 que me lembro de ter visto em algum momento da minha infância na sessão da tarde. Levinho e engraçado, somos arrebatados pelas confusões dos três tentando cuidar do Haruto e se dando mais mal do que bem. É muito legal assistir a evolução deles como pessoa e como pais enquanto adotam a responsabilidade por um inocente que depende completamente deles. O drama consegue ser, ao mesmo tempo, sensível, engraçado e fofo na medida certa, com plot twists inesperados e com personagens bem construídas com um bom desenvolvimento para um drama de dez episódios.

Para aqueles que procuram um drama rápido, levinho e com boas lições de vida, esse é ideal! Recomendo!


[Não concorda comigo? É um direito seu. Mas, por favor, discorde nos comentários de maneira educada, sem ataques e sem histeria. Nem todo mundo pensa como você e nem por isso merece ser desrespeitado. Obrigada.]

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

[Livro] A Bela e a Fera

 

Original: La Belle et la Bête

Autor:  Madame de Beaumont, Madame de Villeneuve

Sinopse: A versão original do clássico que inspirou o novo filme da Disney, estrelado por Emma Watson

Adaptado, filmado e encenado inúmeras vezes, o enredo de A Bela e a Fera vai muito além da jovem obrigada a casar com uma horrenda Fera que no final se revela um lindo príncipe preso sob um feitiço. Nessa edição bolso de luxo da coleção Clássicos Zahar você encontra reunidas duas variantes da história.

A versão clássica, escrita por Madame de Beaumont em 1756, vem embalando gerações e inspirou quase todos os filmes, peças, composições e adaptações que hoje conhecemos. A versão original, que Madame de Villeneuve publicara em 1740, é de uma riqueza espantosa, que entre outras coisas traz as histórias pregressas da Fera e da Bela e dá voz ao monstro para que ele mesmo narre seu destino.

Comprei esse livro já tem um tempo como um material de pesquisa para a minha futura própria versão do conto, tal como A Fera em Mim, resenhado recentemente no blog. Todavia, confesso que me surpreendi não tão positivamente com as versões originais do conto francês. Claro que, levando em conta a época em que foram escritos e a natureza das histórias antigas, relevei algumas coisas, mas não deu para ignorar aquela pontinha de "esperava mais" me incomodando especialmente durante a segunda versão da história, esta maior que a primeira sendo quase uma novela e não um conto. 

Essa resenha terá SPOILER das duas versões, então leia por sua conta em risco.

Bem, no conto de Madame Beumont, a gente acompanha um rico comerciante que tinha seis filhos entre eles uma se destacava, a caçula que era tão bondosa e bonita, além de extremamente inteligente sendo chamada, desde bebê, de Bela, nome que foi lhe dado despertando a inveja de suas duas irmãs fúteis que viviam de ostentar sua riqueza enquanto a caçula se dedicava integralmente a ler livros. Contudo, o rico comerciante acaba perdendo todo seu dinheiro e se vendo obrigado a se isolar com a família longe da cidade. Todos os "amigos" viraram-lhes as costas e os homens que antes viviam atrás de desposar as irmãs lhes abandonaram.

Bela, contudo, não se intimidou na pobreza e, determinada a ajudar o pai e os irmãos, se esforçou em manter a pequena casa em que moravam limpa e cozinhar, cuidando assim das tarefas domésticas e aturando o péssimo humor das irmãs que a criticavam por agir daquela maneira. Com a notícia que um dos seus navios havia conseguido atracar, o comerciante partiu em uma esperançosa viagem na tentativa de recuperar seus bens, mas acabou descobrindo que continuava tão pobre quanto antes. Na volta para casa, ele foi pego por uma tempestade violenta que o forçou a se abrigar em um castelo misterioso no meio do caminho.

Ali, ele foi bem recebido, alimentado e tratado. Não vendo em nenhum momento seu anfitrião, acabou por convencer-se que havia sido uma fada que o tratara e agradeceu pela hospitalidade. Ao sair, contudo, lembrou-se do pedido singelo de sua filha caçula que, ao contrário das demais cujos pedidos eram riquezas, havia lhe pedido uma rosa. Mas, ao colhê-la, foi surpreendido por um terrível monstro furioso que o acusa de tê-lo roubado e o faz prometer que, num prazo de três meses, retornará ao castelo sozinho ou com uma das filhas que se comprometa a morrer no seu lugar. Ele lhe dá uma grande fortuna para sua família em compensação pela perda da vida do patriarca ou da irmã e manda o comerciante embora.

Ao descobrir as consequências do seu pedido, Bela se compromete a tomar o lugar do pai e ser morta em seu lugar. Com pesar, vendo que não seria capaz de demover a filha daquela decisão, ele acaba por aceitar e a leva ao castelo. Lá, Bela é surpreendida não com a morte, mas com o título de senhora do castelo cuja única desvantagem era ter de suportar a companhia da fera todos os dias na hora do jantar. E todos os dias recusar a mesma proposta "Quer ser minha mulher, Bela?" ela surpreendia-se com a sua gentileza e com o respeito que lhe dispensava, mas não conseguia oferecer-lhe nada mais que sua amizade sincera.

Conforme a amizade deles se estreita, ela pede a ele para visitar sua família por oito dias, mas ele afirma que se ela passar desse prazo, ele morrerá e ela promete que cumprirá o prazo, contudo, suas invejosas irmãs revoltadas por ela ser mais bem tratada que elas, então planejam prendê-la em casa além do prazo para que assim a fera morra e ela sofra. Porém, Bela volta a si e retorna ao castelo após ter um pesadelo em que via a fera morrendo por sua causa, ela se dá conta dos seus sentimentos e, ao assumi-los, liberta-o da maldição.

Já a versão de Madame Villeneuve, um pouco mais elaborada, trata quase da mesma premissa, dessa vez, contudo, o comerciante tinha doze filhos, acontece tudo quase do mesmo jeito, a diferença essencial está no desenrolar da história em si. Nessa história, Bela apesar de ser uma garota com qualidades, é descrita de maneira mais fútil e menos inteligente que a garota de Beaument, há também certas condições na maldição que a fera deve seguir como o fato de esconder sua inteligência. Essa versão também conta com duas fadas, uma boa e outra má que tem ligação direta com Bela e o príncipe amaldiçoado.

Aqui, Bela é fruto do relacionamento proibido entre uma fada e um rei mortal. Outra fada que se apaixonou por esse rei, tramou para matar a menina e aprisionar sua mãe, assim, a irmã bondosa da mãe de Bela salvou a menina e a trocou pelo bebê doente do mercador. Desde a infância, Bela e o príncipe estavam destinados a ser um casal, já que o rei era irmão da mãe do príncipe. Não tendo sucesso com o rei, a fada má - que era tutora do príncipe - se aproveita de uma situação delicada em seu reino e impõe que eles se casem, mas com a recusa do mesmo, ainda uma criança, e a objeção da sua mãe no enlace, ela joga nele uma maldição que o transforma em uma fera.

A fada boa, vendo nisso uma oportunidade de ajudar a irmã e a sobrinha, bola todo um plano para colocar Bela no caminho do primo e a história se desenrola quase da mesma maneira do primeiro conto. As diferenças mais gritantes, além dessas citadas, são que o castelo inteiro é encantado e faz parte de uma terra mágica específica. Bela, nessa versão, é mais próxima das produções artísticas como o teatro, a ópera e o balé do que os livros propriamente e o tom da fera muda um pouco de "quer ser minha mulher" para algo mais agressivo como "quer dividir o leito comigo", mesmo que ele não tenha em nenhum momento sido realmente invasivo com ela (apesar de ficar observando ela dormir) achei isso meio... "oi?"

Outra diferença bem pontual da primeira versão é o fato do príncipe, em sua aparência verdadeira, aparecer nos sonhos de Bela graças a magia da fada boa que também aparece em seus sonhos advertindo a sobrinha a seguir seu coração e não se fiar na aparência. Ela, contudo, acaba se apaixonando pelo príncipe em seus sonhos o que dificulta muito seus sentimentos pela fera. O prazo que ela pede para ficar em casa são dois meses e, mais uma vez, as irmãs armam um plano para atrasá-la e a própria Bela fica tentada a permanecer com a família. Contudo, após um pesadelo onde vê a fera morrendo, ela decide voltar para o castelo e o desenrolar é quase o mesmo. O diferencial está que temos a história da fera e a revelação da origem de Bela, além do reencontro dela com seus pais.

Mesmo essa segunda versão sendo maior e com mais detalhes, foi a que gostei menos, não só pelo caráter de Bela que eu achei fraco, um tanto fútil e o próprio desenvolvimento da história que, por vezes, me parecia maçante. Além de ter achado essa origem da Bela bem inusitada o que foi, ao mesmo tempo, uma surpresa boa e ruim.

Num cômputo geral, mesmo eu não tendo gostado tanto quanto esperava, é inegável a qualidade estética do texto e a genialidade por trás da ideia. Sobretudo, a edição da Zahar conta com um prefácio maravilhoso que nos situa na gênese do conto (possivelmente inspirada em um mito grego) e seu desenvolvimento ao longo do tempo. Para os curiosos ou apaixonados por versões originais, indico.

Adaptações

Dava para fazer um post inteiro só com as adaptações da Bela e a Fera, são inúmeras, nem todas elas, contudo, boas. Já escrevi um post aqui com todas as adaptações que vi da Bela Adormecida, mas nesse post vou me ater apenas a algumas adaptações pontuais desse conto.

Começando com a clássica versão da Disney de 1991 e provavelmente o primeiro contato de todo mundo com essa obra, as diferenças no enredo original são bem pontuais, a empresa de animação deu seu "toque mágico" na trama criando não apenas uma das melhores protagonistas femininas - e já prenunciando uma sequência de futuras princesas empoderadas -, mas uma série de personagens marcantes que sobreviveram no imaginário e dão até hoje a sensação gostosa de infância.

O longa de 1h e 24min, conta com personagens que não aparecem nas versões originais como Gaston, Lefou, Madame Samová, Morloch e Lumiére, além de dar um significado simbólico e certo protagonismo para a rosa que, nas versões originais era apenas um gatilho de clímax para a problemática central. Além de ser recheado de canções originais, as personagens são dotadas de personalidades marcantes e planos de fundo bem desenvolvidos. Não vou comentar nada sobre o Live Action lançado pela empresa porque realmente não gostei nada.



No ano seguinte a Wester Animation lançou sua versão do conto este já mais voltado para as versões originais, uma mescla dos dois contos. A animação dura 48min e embora não tenha o mesmo encanto da Disney, com suas personagens carismáticas e canções que grudam na cabeça, se fiam mais no conto originário.

Nesse, O caixeiro tem cinco filhos e, ao ser enganado pelos homens a quem confiou seus negócios, se vê cheio de dívidas. Os três navios que podiam ser sua salvação foram vitimados por um tufão nos mares da Ásia, assim, sem nada, a família acaba tendo de se isolar em uma casinha no campo que era tudo que lhes restava. 

Ao contrário de suas irmãs fúteis, Bela que sempre foi simples e otimista, se põe a ajudar o pai e os irmãos no recomeço da vida, mas o encontro do pai com a fera para atender a um pedido seu vai mudar todo o rumo da história. Influenciada por uma fada má, Bela vai precisar confiar nos seus instintos sobre a verdadeira natureza do seu benfeitor.

Em 2010, a American World Pictures lançou a "versão sombria" do conto, bem, pelo menos era a intenção. Eu só vi esse filme uma vez há muito tempo então não vou lembrar exatamente de todos os detalhes, mas a premissa é, se não me engano, um rei que está nas últimas e seus filhos que anseiam pelo trono. Um deles, para consegui-lo, mata o mais jovem e se alia a uma bruxa para amaldiçoar o verdadeiro herdeiro mergulhando o reino em uma era de sadismo e caos.

No vilarejo do reino vive Bela, uma jovem aprendiz de herbologista (antigo boticário, médico, como queira chamar) muito competente e cobiçada por todos os homens. Várias mortes brutais começam a acontecer no vilarejo e um monstro que vive na floresta é acusado dos crimes, mas ao salvar a vida da jovem, ela acaba desconfiando disso e decide ajudá-lo a revelar a verdade.

Com uns efeitos especiais bem ruins para 2010, muito gore mal feito e uma Bela sexualizada desnecessariamente, essa versão é completamente dispensável para os fãs do conto, pelo menos no meu ponto de vista. Mas caso bata a curiosidade, você pode encontrar essa pérola cinematográfica na internet. Tem maior cara de filme dos anos 80 então saudosistas podem acabar gostando.


Em 2014 a Pathé Distribution lançou a versão baseada no conto de Villeneuve com algumas distintas modificações. Lembro que vi esse filme legendado pouco depois de sua estreia e antes de ele chegar ao Brasil (na época me recordo que muita gente criticou a dublagem da Paola Oliveira, mas como não cheguei a ver o filme dublado não vou opinar). Mesma coisa do anterior, eu só assisti uma vez, então não me recordo bem dos detalhes. O elenco traz  Vincent Cassel (Cisne Negro) como o príncipe amaldiçoado e Léa Seydoux (Azul é a cor mais quente) como Bela.

Um rei de um reino próspero vivia com sua bela esposa, sua maior felicidade, além dela, era a caça. Todavia, sem saber a verdadeira natureza de sua rainha, ele não ouviu um dia quando ela lhe pediu para não ir caçar e acabou matando uma bela corça dourara apenas para vir a descobrir depois que este era sua esposa. O deus da floresta, furioso com a morte de sua filha, amaldiçoa o rei a tornar-se a besta que ele era por dentro.

A partir daí, temos a história do conto original. Um rico comerciante perde tudo quando seus navios afundam em uma tempestade e se vê com todos os seus bens confiscados pelos credores. Para fugir da vergonha, a família se instala em uma propriedade no campo e, apesar das dificuldades no início, se esforçam para se adaptar à nova situação. Dos filhos do comerciante, Bela, a caçula, é uma jovem inteligente, impetuosa, com coração bondoso e personalidade forte. Suas duas irmãs são cabeças de vento fúteis e, no que se refere aos irmãos, o mais velho é um encrenqueiro arrogante, o do meio um escritor fracassado e o mais jovem um garoto de bom coração e coragem.

Quando recebe a notícia que seu barco havia aportado ileso com todos os seus tesouros a salvo, a família comemora, o comerciante parte com o filho mais velho para a cidade a fim de reclamar seu tesouro, mas acaba descobrindo que tudo também foi confiscado pelos seus credores graças a promissórias que ele havia assinado antes. Furioso, o filho mais velho acaba se separando dele. Ao procurá-lo, o homem é perseguido por bandidos perigosos a quem o filho está devendo muito dinheiro, fugindo em desespero e preocupado com o filho, o comerciante se perde na floresta por causa de uma intensa tempestade de neve e acaba sofrendo um acidente que o leva para o castelo encantado da fera.

No castelo, ele é recebido e alimentado, além de receber como presente arcas com todas as futilidades pedidas pelas filhas, exceto, contudo, a rosa de Bela. No caminho de volta, ele vê uma árvore gigantesca com belíssimas rosas, mas ao arrancar uma é atacado pela criatura que diz que ele tem um dia para se despedir da família e voltar ou ele matará a todos. O comerciante volta para casa muito triste e conta a história para os filhos que não acreditam muito nele. Contudo, Bela se sente responsável pelo que aconteceu e tranca o pai no quarto fugindo a cavalo para se oferecer a fera no lugar dele.

Chegando lá ela é bem recebida e tratada, contudo, ao contrário do conto original, a fera aqui é rude, machista e bem mal educada no começo, mas Bela não deixa por menos sendo imponente, desafiadora e dizendo o que pensa sem medir as palavras. Apesar disso, ela explora o castelo sendo sempre tratada com os mais belos vestidos e joias, até hoje me pergunto por que esse filme não ganhou nem um prêmio por figurino, é um espetáculo o figurino! A fotografia também não perde nada. Na sua estada no castelo, ela começa a ter estranhos sonhos com uma princesa que é casada com um apaixonado príncipe cujo maior prazer é a caça e em suas explorações ela acaba por descobrir que seus sonhos talvez não sejam fruto da sua imaginação.

Aproveitando a leve proximidade entre eles, a fera permite que ela volte para casa por um dia para se despedir da família, mas seu irmão mais velho arma um plano para levar os bandidos a quem deve para saquear o castelo enquanto a irmã visita o pai. Bela corre para salvar o amado e impedir que ele mate seus irmãos (apesar do mais velho merecer), mas um dos bandidos acaba ferindo o monstro que por bem pouco não morre sendo salvo pela magia da ninfa da floresta que um dia foi sua esposa, e pelas lágrimas de Bela. 

Esse filme, apesar de ser descrito como uma adaptação do conto de Villeneuve, tem alguns elementos do conto de Beumont também. Os efeitos especiais são muito bons, ele flerta ali com o dark também, e apesar de haver a magia ela não é o mote, mas um acessório na trama o que é muito interessante. Gosto muito dessa versão,  acho, inclusive, um live action muito melhor que o da própria Disney (novamente, opinião minha) embora não ache Vincent Cassel nada principesco,  ele cumpre bem o papel de príncipe arrogante, rude e machista da era medieval. Acho que vale muito a pena conferir essa versão.

E é isso, fico por aqui com essa resenha, ainda tenho mais duas para fazer antes do ano acabar. 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

[BL] Don't Say No


Título original: เมื่อหัวใจใกล้กัน

Diretor: Pique Passawut

Gêneros: Romance, Drama, Família, Esportes

País: Tailândia

Episódios: 12 [+ 2 especiais]

Classificação do Conteúdo: 15+ 

Sinopse: De amigo a amante. Como será esse relacionamento, quando um é cara bom mas o outro é um menino mau. É possível transformar um cara mau em um amante?

Onde encontrar: Meow Fansub, Pitieris, Lianhua, Pi Fansub

Leo e Fiat são melhores amigos desde a infância. Com a família conturbada de Fiat, após a separação dos pais e o novo casamento, o menino praticamente cresceu na casa de Leo, sendo acolhido por sua família e amado como um filho. Após isso, a relação de Fiat com o pai nunca mais foi a mesma e ambos mal podem dividir o mesmo espaço sem acabar em uma violenta discussão. Da mesma forma, por mais que a madrasta dele se esforce em conquistá-lo, ele não dá a ela qualquer abertura para se aproximar conseguindo, no processo, o ódio da irmã Fah.

Por causa do seu histórico, Fiat sofre com a baixa auto-estima, ele acredita que, além de Leo, ninguém mais é capaz de aceitá-lo por quem ele é. Os dois são apaixonados um pelo outro desde sempre, mas enquanto Leo é covarde demais para revelar a verdade pensando que não será correspondido, Fiat vive com vários namorados diferentes na tentativa de despertar ciúmes em Leo e fazê-lo admitir sentimentos por ele, mas isso nunca acontece o que acaba deixando o garoto com uma fama ruim além de frustração. De sua parte, ele não revela seus sentimentos pelo melhor amigo porque teme que, caso o faça, Leo acabe abandonando-o assim como seu pai e todas as outras pessoas que ele amava.

Mas tudo muda quando Fiat começa a demonstrar uma obsessão por Type, seu fisioterapeuta, quando ele lhe diz uma frase que, muitos anos atrás, Leo havia lhe dito. Frustrado com as reações inertes do amigo às suas várias aventuras amorosas, ele acaba vendo em Type um possível substituto para o melhor amigo. Todavia, como bem sabemos, Type só tem olhos para seu marido Tharn, o que torna a obsessão de Fiat ainda maior e mais perigosa, isso acaba aproximando-o involuntariamente de Leo, desesperado para fazer o juízo voltar para a cabeça do homem que ama (um trabalho meio perdido, mas né?) e, assim, em meio ao desespero da situação, os dois acabam revelando a verdade sobre seus sentimentos um ao outro e, por fim, começam a namorar.

Contudo, a primeira vez dos dois namorando não é muito fácil já que, tal como Leo, mesmo tendo tido muitos namorados antes, Fiat nunca namorou sério antes e fica sem saber como agir diante de Leo. Embora os dois se conheçam como as palmas de suas mãos desde a infância, ainda passam pela fase de tentar impressionar o outro, além do fato de Fiat viver se segurando para não demonstrar seu desejo intenso de dormir outra vez com o namorado o que acaba gerando boatos infundados pela faculdade.

Superada essa fase, o passado de Fiat começa a se interpor entre eles quando antigos affairs do garoto passam a ameaçá-lo e a provocar Leo. Nesse momento, acabamos descobrindo que as investidas de Fiat nem sempre eram por devassidão na maioria dos casos e novamente seu amor por Leo é testado. Enquanto isso, descortina-se seu passado familiar quando sua mãe inesperadamente reaparece desbloqueando memórias traumáticas que o menino havia reprimido. Para ajudar o namorado e protegê-lo, Leo vai precisar entender a origem do problema de Fiat e assim conseguir alcançá-lo, mas poderá seus sentimentos serem mais fortes que os problemas sérios que terão de enfrentar juntos?

Em segundo plano, Leon, o irmão mais novo de Leo, está de volta à Tailândia e acaba causando na faculdade por causa da sua beleza. Todavia, acaba por perder seu coração para Pob, um aluno de Ciências Sociais que não lhe dá qualquer bola, quando este o ajuda indiretamente após ele levar um belo tapa de uma das suas ficantes. Contudo, conquistar o coração de Pob não vai ser tão fácil quanto Leon imaginava e isso vai ajudá-lo a se tornar uma pessoa melhor, mas quanto espaço na vida do jovem assistente social ele vai conseguir?

Uma das coisas que eu mais gostei nesse BL (fora não ter nenhum engenheiro hahaha) foi a construção dos personagens, eles são tão bem retratados e com vidas tão distintas que é impossível não torcer por eles. O mais legal é que eles fizeram um especial de introdução para Leo e Fiat que dispensa assistir a segunda temporada de Tharn Type para entender a história (eu até quero assistir, mas ainda não estou no clima para todo aquele termina-volta), e para mim, ver esse drama de maneira desvinculada do papel antagônico de Fiat no meu primeiro casal BL me ajudou a entender o personagem por ele mesmo sem qualquer tipo de pré-julgamento ou imagem ruim dele, de modo que pude torcer muito por ele e pelo Leo.

Embora o Fiat parecesse meio mimado às vezes e o Leo bem possessivo em alguns momentos, difícil não passar pano pra esse casal que esbanjou química nas telinhas e no meu coração. Nunca tinha visto nada com o First (que por sinal achei bem bonitão) e fiquei surpresa com o potencial de atuação desse garoto, ele chora e expressa emoções de maneira tão natural que eu aplaudia boa parte das cenas dele! O Ja eu conhecia de Until We Meet Again apesar de ele ter um papel secundário lá, a atuação dele não me deu boas impressões, contudo aqui, aquém de algumas pequenas marcas que eu acho fazerem parte do próprio ator, ele se mostrou competente em assumir um protagonismo, apesar de ser ofuscado pelo First no quesito mostrar emoções com naturalidade.

O Leon e o Pob fazem aquele típico casal secundário fofinho comum em BLs com um casal protagonista mais pimenta como Tharn Type, ou isso é marca da MAME ou é do gênero em si, não sei. Confesso que de início eu não torci muito por eles, mas conforme fui acompanhando a evolução pessoal do Leon passei a vibrar com cada nova conquista dele no terreno do Pob. Esse casal, inclusive, teve uma reviravolta bem interessante que no geral é aplicada ao casal principal, esse foi um diferencial bacana, embora no meu ver tenha sido um tanto desnecessário.

De longe, a coisa que mais gostei em DSN foi o retrato do problema psicológico do Fiat acarretado por sua mãe. Não sou psicóloga então nem vou arriscar que tipo de problema ela pode ter (apesar de ter ficado super curiosa com o quadro), mas é nítido como uma família disfuncional afetou o menino e, sobretudo, o abuso psicológico da mãe dele na infância foi decisivo na construção do caráter frágil, inseguro e sempre em modo de defesa dele, algo muito bem interpretado pelo First, a propósito. Além disso, a série ainda salienta de modo muito sutil o problema da saúde mental na Ásia, cada vez mais complicado e menos eficiente.

Leo e Fiat são praticamente uma inovação nos casais BL da Tailândia. Eles conversam de verdade para buscar soluções para os problemas, algo difícil nas produções que já vi onde geralmente uma das partes omite os pensamentos gerando confusão e até mesmo rompimentos desnecessários que podiam ter sido resolvidos com diálogo. Gostei pra caramba disso. No começo, a relação dos dois parece bem mais como uma "amizade de benefícios" considerado a disparidade das personalidades, mas conforme eles vão evoluindo como pessoa tudo que a gente mais deseja é que eles continuem juntos e, sobretudo, começa a sonhar em encontrar um Leo também. Volto a aplaudir a química desse casal, não perde em nada para Mew e Gulf na frente de uma câmera!

Entrou na lista dos melhores dramas que vi esse ano sem dúvida e está mais que recomendado!


[Não concorda comigo? É um direito seu. Mas, por favor, discorde nos comentários de maneira educada, sem ataques e sem histeria. Nem todo mundo pensa como você e nem por isso merece ser desrespeitado. Obrigada.]

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

[Livro] O Guerreiro (Príncipe Cativo #2)

Original: Prince's Gambit

Autor: C. S. Pacat

Ano: 2013

Gênero: Fantasia, LGBT, Romance, Histórico

Páginas: 400

Sinopse: As intrigas políticas entre os reinos de Vere e Akielos continuam intensas. E as marcas do passado ainda perseguem Damen, que, para sobreviver, é forçado a manter sua verdadeira identidade em segredo.Paralelamente, Laurent tem agora 20 anos e está bem próximo de reivindicar o trono. Mas seu tio, o regente de Vere, não tem intenção de renunciar ao poder e fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir que o sobrinho alcance seu objetivo.Ambos, Laurent e Damen, são herdeiros legítimos de seus respectivos reinos; no entanto, eles precisam unir forças para formar uma aliança um tanto improvável, e tentar impedir um plano letal. Mas, à medida que a confiança entre eles aumenta, uma relação ardente e intensa também se fortalece.Será que Damen e Laurent serão capazes de salvar a si mesmos e aos seus reinos?

Na sequência de O Escravo, Damen acompanha Laurent até a fronteira de Vere a mando do regente, mas está muito claro para o akielon que aquela viagem tem muito mais por trás que uma mera formalidade, o tio do príncipe quer eliminá-lo para continuar no trono e o que mais surpreende o estrangeiro é o anseio em seu peito de manter Laurent seguro. Durante todo o tempo em que sofreu todos os tipos de humilhação sob a corrente do príncipe veretiano, parecia que os dois haviam finalmente chegado a um acordo, embora Damen não fosse capaz de esquecer tudo pelo que passara desde que fora dado de presnte à Laurent, ele tampouco podia ignorar os sentimentos cada vez mais contraditórios em seu peito que o atraíam para o frio herdeiro do trono inimigo. 

A empreitada, liderada por um capitão incompetente e com um séquito igualmente desordeiro, se mostrava cada vez mais difícil e era insuportável para o guerreiro ter de aturar as insinuações sórdidas dos homens sobre Laurent, eles não o respeitavam como príncipe e, desse modo, não estariam dispostos a lutar de verdade por ele. Laurent, contudo, parecia não apenas ciente disso, mas fazia seus preparativos para estar sempre um passo a frente e, mesmo mantendo o guerreiro em uma distância relativamente segura, ouvia seus conselhos a respeito da campanha e o mantinha integrado nas suas missões. A viagem lentamente começa a aproximá-los e Damen se vê cada vez mais próximo da liberdade, está mais próximo de casa do que nunca, por mais que sinta dor ao imaginar deixar o príncipe para trás, está comprometido a assegurar a segurança de Laurent antes de ir embora.

Contudo, as coisas parecem estar se complicando ainda mais conforme a viagem avança e Damen se vê dividido entre voltar para casa, deixando Laurent à própria sorte contra o tio, e ficar em Vere ao lado dele lutando contra o regente. Quando a armadilha se mostra real e inevitável, o guerreiro descobre que sua lealdade esconde mais sentimentos que patriotismo. Ficar ao lado do príncipe veretiano a quem aprendeu a admirar e amar não parece mais uma escolha, mas o que vai acontecer quando Laurent descobrir que o homem por quem nutre sentimentos tão profundos pela primeira vez é o mesmo homem que matou seu idolatrado irmão Auguste? A identidade de Damen está cada vez mais por um fio de ser revelada, traidores são apontados, Laurent começa a perder o controle e as teias do regente se mostram muito mais amplas do que o guerreiro podia imaginar. Haverá um futuro feliz para o sentimento proibido entre o akielon e o veretiano?

Confessar que li esse livro bem mais rápido do que planejava. Nem parece que ele tem 400 páginas, sério! Cada página que passava me via mais ávida pela aproximação de Damen e Laurent e, ao mesmo tempo, desejando que não acontecesse o que era bizarro. Não vou entrar no mérito da problemática do livro cheio de gatilhos, em um contexto medieval como esse, infelizmente, esse tipo de coisa era frequente e real, qualquer pessoa com conhecimento básico de história do mundo sabe disso, de modo que, quando comecei a ler O Escravo, nem fiquei realmente chocada. O ser humano é podre desde o início dos tempos. A coisa é que, ao mesmo tempo que a aproximação de Damen e Laurent se torna evidente, mais ficamos divididos entre torcer por eles e contra eles, o que "ajuda" se é que pode dizer assim, é a forma como o príncipe de Vere começa a tratar Damen aqui, uma espécie de trégua da crueldade por assim dizer, mas isso não implica que ela nunca aconteceu e tanto nós quanto o guerreiro lembramos disso.

Enquanto lia, notava o crescimento real da tensão sexual que a autora criava entre Damen e Laurent, embora ela existisse no primeiro livro era algo mais em segundo plano, evidenciando mais a situação do príncipe de Akielos e sua "adaptação" à corte Veretiana, um tanto quanto bárbara e despudorada podemos dizer. Todavia, com a nova situação, essa tensão no segundo livro é gradualmente maior e em cada página que ocorria me pegava imaginando que, no momento que extravasasse, ela seria nuclear. Mas não estava esperando que isso ocorresse ainda nesse livro, mas no terceiro. Qual não foi minha surpresa quando mais próximo do fim do volume veio a inesperada explosão. Uma das coisas que gostei foi que ela não deu detalhes desnecessários e conseguiu construir um cenário completamente erótico e de acordo com a tensão sexual que ela engatilhou nas páginas até ali. Uma coisa que me incomodava muito no livro eram os palavrões, achava desnecessário, foi uma grata surpresa esse momento entre Damen e Laurent ser tratado, em sua maior parte, de maneira mais velada. Foi uma cena bonita de ler e, ao mesmo tempo, quente na medida certa. Gostei. BL não precisa ser putaria. Na verdade, romance nenhum precisa disso, sou do time que acredita que histórias de amor são mais que cenas de cama e a dualidade das personagens se encaixando nesse momento foi realmente sublime de ler.

Os plot twists do livro em boa parte me pegaram de surpresa mesmo, alguns eu não consegui prever, especialmente esse do final. Fiquei bem chocada e foi muito bom. Gostei como a relação de Damen e Laurent evoluiu devagar conforme eles foram se conhecendo melhor e conforme Damen percebia que Laurent não seria um governante pautado no ódio pelo seu país apenas por rixas antigas. Mas mesmo essa proximidade que prometia um futuro pacífico para os dois reinos seguia sempre ameaçada pelo segredo do akielon e isso não deixava a 'peteca da tensão' cair nunca além de nos deixar claramente preparado para um desenvolvimento trágico mais à frente. Por mais que os sentimentos entre eles tenha evoluído para algo mais... "profundo", não acredito que Laurent vá ceder tão facilmente quando descobrir a verdade sobre Damen e desconfio que o próprio regente vai usar isso a seu favor e isso mina nossas chances de um final feliz, mas deixa uma saída verossímil para um final agridoce ou trágico.

Gostei muito do desenrolar dessa história, estou ainda mais curiosa para ler o último volume e indico para aqueles que tem estômago forte e não se incomodam muito com palavras de baixo calão. Esse livro é uma verdadeira aula de como escrever um livro erótico sem cair nas armadilhas da apelação e uma verdadeira aula de construir personagens. Amei.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

[Livro] A Fera em Mim

Original: The Beast Within: A Tale of Beauty's Prince

Autor: Serena Valentino

Gênero: Ficção, Infantil

Linha: Disney

Ano de Publicação: 2016

Número de páginas: 192 (Ed. normal) 235 (Ed. econômica)

Sinopse: Um príncipe amaldiçoado se isola em seu castelo. Poucos o viram, mas aqueles que conseguiram tal proeza afirmam que seus pelos são exagerados e suas garras são afiadas – como as de uma fera!

No entanto, o que levou esse príncipe, que já foi encantador e amado por seu povo, a se tornar um monstro tão retraído e amargo? Será que ele conseguirá encontrar o amor verdadeiro e pôr um fim à maldição que lhe foi lançada?

Esse foi o primeiro livro da série que eu comprei e deixei para ler por último porque tinha altas expectativas com ele. Expectativas essas que ficaram ainda maiores depois de ler A Mais Bela de Todas que, para mim, foi o melhor da franquia até agora. Negócio é que eu fiquei ansiosa demais e acabei encarando uma leve decepção quando fui ler de fato.

Cronologicamente, ao que parece, esse é o primeiro livro (contando dos outros da série que eu li e ficava perdida numas partes), a autora interligou o mundo da história com as personagens criadas por ela e modificou algumas coisas da linha original. A ideia de Gaston ser o melhor amigo do Príncipe (que, não sei porque cargas d'água ela não chamava pelo nome dele, Adam) foi, ao mesmo tempo, legal e esquisito. Na verdade, a mescla de personagens aqui não caiu tão bem ao meu ver como nas outras histórias, foi a mesma sensação de ler Úrsula e ver a bruxa do mar como irmã de Tritão, simplesmente não fazia o menor sentido na minha cabeça.

Ela vai desenrolando os fatos de maneira até bacana, mostrando o dia do castelo antes de Bela e antes da maldição e constrói o caráter fútil de Adam de maneira coerente com a maldição que ele recebeu e acho que de toda história essa foi a única parte que, a meu ver, ficou realmente legal, a maneira como ela tornou a maldição algo gradual e psicológico, em determinado momento da história tu não sabia se Adam estava realmente desfigurado ou era apenas a maneira como as pessoas o viam, o externar do seu interior horrível. Contudo, aquilo de ele não ser capaz de ver os criados dele também não encaixou bem.

O livro é bom, não tanto como A Rainha Má que, para mim, foi a melhor experiência da franquia até agora, mas não consegui deixar aquela ponta de decepção, mesmo sendo uma leitura bem rápida, não conquistou ou impactou tanto quanto a história podia e merecia. Havia tantos espaços sombrios e fantásticos que podiam ter sido aproveitados dentro dessa obra e ela ou tratou de modo superficial ou ignorou que me deixou bem desapontada.

Como falar muito pode acabar dando spoiler, vou parar por aqui. A recomendação fica por sua conta em risco.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

[BL] Love with benefits

Original: Love With Benefits

País: Tailândia

Episódios: 5

Gêneros: Romance

Elenco: Folk Jakkarin, Gameplay Garnpaphon, Best Vittawin (Check out the series)

Sinopse: First, Play e Pluto ficarão sob o mesmo teto por 10 dias. Quais seriam os benefícios de ficarmos juntos?

Onde achar: Pi Fansub (completo), Lianhua (em andamento)

Comecei a ver esse drama por causa de alguns GIFs no instagram, fiquei feliz por ele ser curtinho apesar de cada episódio ter quase uma hora, não foi tão difícil terminar e a história é, até certo ponto, interessante. Confesso que ando tendo alguns problemas com BL, não ando encontrando nenhum que queira realmente ver até o final, as últimas aquisições que estou acompanhando são Kieta Hatsukoi que gostei por ter aquela vibe Cherry Magic, e Bad Burry que fugiu da engenharia/medicina e trouxe o Ohm Pawat de novo, impossível não ver porque ele é lindo e um excelente ator. Além, claro, do maravilhoso Don't Say No que eu ainda não terminei de ver porque não queria que acabasse hahahaha, mas vou resenhar ele ainda esse ano.

Não tem como falar muito desse drama sem dar spoiler, então vou tentar ser breve e cuidadosa para não estragar a experiência de ninguém. A história segue um par de atores que foi escalado como casal em um drama BL que está para ser começado a gravar. Para a preparação, eles são confinados em uma casa por dez dias onde terão que interagir para se aproximar e contarão com aulas de interpretação para entrar no papel. First é um excelente ator, mas não se dá muito bem com Play, seu par na trama, apesar de se sentir muito atraído por ele e adorar provocá-lo.

Como nos workshops onde a gerência participa, Play não está indo bem na atuação por sempre ser provocado por First e ficar irritado demais para conseguir simular um par romântico com ele, a empresa decide chamar Pluto, um bem sucedido ator teen para ficar com eles na casa e se entrosar com Play como um possível par romântico para a série. O que ninguém sabe é que Pluto tem um segredo que envolveu Play. O ciúmes faz com que First comece a investir mais pesado nos sentimentos que carrega pelo colega de elenco, mas quem conseguirá no final ser o ator principal do coração de Play?

Em nenhum site foi mencionado o diretor ou o roteirista dessa série, apenas que é produzida pela mesma empresa que vai lançar o BL check out ano que vem, talvez por isso haja a presença de Best no elenco já que o piloto especial da série rendeu bons comentários na mídia. Como é só um episódio, apesar de ter assistido não fiz resenha aqui porque não tinha como tirar conclusões da história só por ali. Só posso dizer que o potencial é bom. No caso de Love with Benefits, apesar da história ser legal, a gente pode ver os bastidores de um drama antes mesmo de ele começar a ser lançado e achei isso muito legal, há alguns probleminhas na produção que podem incomodar alguns.

Por ser um drama curto, o ritmo pode parecer um pouco lento em alguns momentos e acelerar do nada em outros. Há muitas cenas em que os personagens simplesmente ficam calados por tempo demais, apesar de algumas dessas cenas servirem como tensão entre os atores que, saliento, tiveram uma química muito boa, em outros momentos é completamente desnecessário e podiam ter sido editadas. Algumas atuações soam um pouco forçadas, mas é recorrente em dramas da Tailândia, já percebi, por isso quando vejo um bom ator vou atrás de tudo que ele fez. Mas não posso reclamar do entrosamento dos atores principais, o Folk tem um estilo que lembra muito o Mean (Love by Chance), tanto nas expressões quanto na forma de falar. O Gameplay, mesmo entregando uma atuação mais ou menos, brilhava quando interagia com o colega de elenco, apesar do personagem dele ser bem infantil na maior parte do tempo.

Não tenho certeza se pelo tamanho da série, mas senti falta de um desenvolvimento melhor do casal e dos próprios personagens em si. Já vi a Tailândia fazer dramas menores com uma qualidade construtiva muito melhor, então nem é desculpa o formato. Ainda assim, aquém de tudo isso, vale a pena ver sim, tem uns beijos no melhor estilo TharnType e uma bed scene que te contar, deu até calor! 

terça-feira, 30 de novembro de 2021

[Livro] Dilúvio (Resenha COM SPOILERS)

 

Título Original: Waterfall

Autor: Lauren Kate

Ano: 2015 

Páginas: 308

Sinopse: Com apenas uma lágrima, Eureka inundou o mundo e deu início à ascensão de Atlântida. Se derramar mais duas, nada impedirá o maligno rei Atlas. Herdeira da Linhagem da Lágrima, ela é a única capaz de detê-lo, e precisará atravessar o oceano para encontrar Solon, um Semeador foragido que sabe como enfrentar o rei.

Mas a revelação que o amor de Ander e Eureka faz o menino envelhecer mais rapidamente a faz se sentir ainda mais incapaz de vencer Atlas. Se continuarem juntos, ele morrerá em breve.

Agora Eureka precisa se reconciliar consigo mesma e com o que seu sofrimento causou ao mundo. E um segredo sobre a Linhagem da Lágrima pode mudar tudo... passado, presente e futuro. Com esse conhecimento, ela é capaz de conseguir a chave para derrotar Atlas. Mas seu coração partido pode pôr tudo a perder.

Esse ano tive por meta não ter meta. Queria ler aleatoriamente livros que me dessem vontade e sem me preocupar com atualizações ou prazos. Já tinha um tempo que eu percebera estar lendo por certa "obrigação" e não pela real vontade de desfrutar de um livro. Contudo, meu plano parece não ter dado muito certo, apesar de só ter escolhido realmente o que me deu na telha e passado por algumas ótimas experiências, das 27 leituras de 2021, grande parte das páginas foram sofríveis de ler. Acho que funciono melhor fazendo cronogramas como fazia até então, depois de velha talvez tenha aprendido a valorizar organização.

Dilúvio foi uma decepção sem precedentes, minha segunda com a Kate esse ano, a primeira foi A Canção da Órfã que abandonei quase na metade, este, porém, ainda pretendo dar outra chance, talvez tenha pego em um mau momento ou não ser adulta suficiente para entender para entender a proposta do "livro adulto" da autora. Mas Essa duologia da lágrima não dá para salvar não. Me forcei a ler Teardrop de novo esse ano, pois havia lido pela primeira vez em 2013 se não me engano e já boa parte da história havia sido esquecida em detalhes. O primeiro livro, aquém de alguns problemas, não é de todo ruim, traz uma boa proposta que, infelizmente, não é aproveitada nessa sequência sofrível. Concordo completamente com uma leitora no Skoob que diz que "a autora se perdeu completamente. Nada faz sentido, nada se conecta, a autora parece que esqueceu o que escreveu no primeiro livro." É um fato.

Já começamos pela problemática que comentei na releitura do primeiro livro, esse romance descabido de Eureka com Ander que não tem qualquer base. É muito história da Disney, sabe? Ela não conviveu com ele, não o conhece, não sabe praticamente nada dele, mas acha que o ama com tudo que tem. Se isso fosse uma crítica à frugalidade e impulsividade adolescente eu super concordaria, mas a autora parece levar realmente a sério que os dois estão apaixonados quando ela passou trezentas páginas no primeiro livro sem oferecer base nenhuma para esse suposto sentimento. Eles se amam por quê? Por que estão ligados pela maldição dos seus ancestrais? Gente, não dá. Eles trocam dez diálogos o livro todo e estou chutando alto, para ela vir dizer que se amam, pelo amor de Deus!

O segundo volume começa de onde o primeiro terminou, Eureka, o pai, Ander, Cat e os gêmeos, ainda por causa do aerólito, estão submersos tentando encontrar a localização de Solon, o semeador que pode ajudá-los a parar a bagunça que ela começou e lutar contra Atlas que está no corpo de Brooks. Entra em cena as bruxas que mantêm a caverna de Solon protegida com feitiços para impedir que os outros semeadores o encontrem em troca de borboletas que ele cria e é forçado a dar elas por pagamento. Esse ponto me lembra muito aquela série da Serena Valentino com aquelas irmãs bruxas que, sendo franca, eu acho um pé no saco, mas não vem ao caso aqui. Essas também são irmãs, chatas e falam por enigmas. Fazendo um resumo bem básico, quando chegam à superfície, Eureka se separa dos demais e o pai acaba sendo gravemente ferido, o mundo virou um mar salgado que acabou com tudo e as poucas pessoas que sobreviveram não tem recursos, nem comida, nada.

Solon, em sua caverna, trabalha com dois assistentes que fazem parte de uma comunidade miserável de sobreviventes. Contudo, ele tem secretamente um estoque de comida, pois vinha se preparando há anos para o novo dilúvio. Com a ajuda das bruxas, Eureka e os outros conseguem chegar à caverna dele só para descobrir que ele é um babaca (nada de novo no reino da Dinamarca), mas acaba aceitando ajudá-los. Nesse entremeio, Eureka descobre que Atlas anda rondando a caverna, mas ao invés de ficar longe ela, contrariando todos os conselhos e na ilusão ridícula que Brooks pode ser salvo, insiste em mantê-lo por perto. Sério, o romance entre ela e o melhor amigo soa mais verossímil que esse amor sem fundamento por Ander. Para piorar, ela ainda descobre que o "amor" que une Ander a ela o faz envelhecer, então ele vai ficar velho mais rápido, sofrer todas as dores da idade muito avançada sem nunca morrer de fato e o único jeito de parar isso é deixando de amá-la ou ela morrendo.

Depois disso ela tem um surto e começa a afastá-lo da forma mais infantil. Nesse ponto do livro eu já não tinha paciência para a página seguinte que dirá o capítulo. Um dos assistentes de Solon descobre que ele tem comida escondida, rouba um pouco e leva para a aldeia onde conta para todo mundo. A caverna é então invadida por uma multidão furiosa e faminta que destrói tudo e a anciã da aldeia acaba por matar o pai de Eureka na frente dela, a menina tem outro surto e mata a velha espancada (literalmente com as próprias mãos). Uma cena bárbara que, apesar do possível propósito da autora, achei desnecessária. A partir disso ela começa a encher linguiça com uma protagonista sem foco, sem objetivo claro que parece não ir a lugar nenhum  e não ter outro motivo para existir além de testar nossa paciência.

A mitologia de Atlântida é mal explorada tanto quanto as próprias personagens, não explicada praticamente nada de Atlas, muitas perguntas sem resposta e um desfecho que pelo amor de Deus, foi ridículo de tão absurdo. Chamar o fim desse livro de deus ex-machina seria um elogio. O que foi aquilo de os gêmeos ficarem sob os cuidados de Esme (uma das bruxas) após perderem os pais de forma brutal na frente deles duas vezes, Cat vira uma bruxa quando no começo tudo que ela queria era saber o que aconteceu com família, mas depois se conforma tão rápido que não fez o menor sentido, a morte do Poeta não influiu, contribuiu ou emocionou em nada; mas principalmente o destino de Eureka e Brooks que morrem e vão viver felizes como se nada tivesse acontecido. Terminei me sentindo uma palhaça, sendo honesta com vocês. Tudo se resolve muito rápido depois de ela encher linguiça no livro inteiro deixando um meio enorme, cheio de sub-plots mal desenvolvidos e, a meu ver, desnecessários, numa prosa maçante, sem saber para onde vai.

Eu fiquei tão frustrada depois desse livro que não consegui ler mais nada. Tanto é que terminei em outubro, mas só estou fazendo a resenha agora e de lá para cá não li nada. Cansativo, estressante e me mostrando mais uma vez que não vale a pena insistir em leituras que não fluem, muito melhor abandonar o livro. Acho que foi a pressão que fez Lauren Kate desperdiçar uma ideia tão boa dessa maneira esdrúxula. Me recuso a acreditar que ela escolheu escrever algo tão ruim. Claro que esse é apenas meu ponto de vista, não é uma declaração mundial que a obra é ruim, e ainda há rumores que virá um terceiro livro, me pergunto "por que diabos ela ainda esticaria isso?" Não quero nem passar perto de mais páginas dessa história. Quem gostou da história, tenha meu respeito, ou eu li o livro errado ou não sou empática o bastante para gostar desses personagens.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

[Drama] My Love from The Star (Filipino)

País: Filipinas

Idioma: Tagalo

Episódios: 31

Gênero: Fantasia romântica; Comédia dramática

Baseado em: My Love from the Star (2013) por Park Ji-eun

Roteiro: Des Garbes-Severino; Vendas Onay; Kutz Enriquez

Direção: Joyce E. Bernal

Elenco: Jennylyn Mercado; Gil Cuerva

Sinopse: 400 anos atrás, a nave espacial de Matteo pousou na Terra. Desde então, ele vive na Terra enquanto espera ansiosamente por seres de seu planeta para levá-lo de volta para casa. Três meses antes de sua esperada partida da Terra, ele encontra Steffi. No início, eles não se dão bem, mas eventualmente terão sentimentos um pelo outro e se apaixonarão.

Onde encontrar: Em breve no Mahal Dramas Fansub

Esse também pode ser chamado como "drama do Jacob Black filipino".

Não vi a versão coreana (e original) desse projeto, de modo que minha visão aqui vai ser voltada apenas para essa adaptação sem comparativos.

Steffi Chavez é a maior estrela das filipinas, uma talentosa atriz amada por todo o país, contudo, inteligência não é o forte dela que conta mais com a sua beleza e talento para incorporar papéis que com sua bagagem intelectual. Em uma postagem nas redes sociais onde ela faz um comentário infame, acaba se tornando chacota de todo o país sendo chamada de burra. Isso faz com que a empresa que a representa, como forma de preservar a imagem dela, a obrigue a voltar para a escola. Enquanto todo caos se desenrola, ela está se mudando para um condomínio novo e, ao chegar, se depara com um jovem rapaz no elevador. Narcisista como é, ela o confunde com um fã seu e o acusa de a estar perseguindo, o rapaz não rebate as acusações nem dá muita bola para ela, só então Steffi descobre que ele é, na verdade, seu vizinho e mais tarde, também seu professor de história, Matteo Domingo.

Tentando conciliar a vida de artista com a de estudante, Steffi não se sai muito bem, especialmente porque Matteo não dá folga para ela e nem facilita sua vida como ela gostaria. Ao lado dela, além de seu assistente, está sua melhor amiga Lucy e seu amigo e pretendente Winston. Lucy também é atriz, mas só consegue papéis coadjuvantes sendo sempre ofuscada por Steffi, ela nutre um amor secreto por Winston desde a escola, mas o jovem herdeiro sempre teve olhos apenas para Steffi que nunca lhe deu bola. Isso faz com que Lucy guarde um rancor também secreto da amiga que sempre a tratou com carinho e sinceridade. A mãe de Steffi é uma mulher arrogante, ambiciosa, fútil e usa a carreira da filha para aparecer, ela sempre coloca Steffi para baixo, diminuindo-a e criticando-a, mesmo seu irmão, Yuan, é distante apesar de gostar muito dela.

Na adolescência, Steffi foi salva da morte por um misterioso homem cujo rosto ela não se lembra, mas sonha em um dia reencontrá-lo. Em contrapartida esse homem, que é Matteo, traz em seu coração uma jovem que conheceu durante a ocupação espanhola nas Filipinas e que foi morta tentando salvá-lo. Ele não sabe, a princípio, que Steffi é a "reencarnação" dessa garota. Quando ele tem uma visão que ela sofrerá um sério acidente em um barco, tenta de tudo para que ela não vá a uma festa de casamento que ocorrerá em um cruzeiro, mas seus planos dão errado. Nesse cruzeiro, Rachel, uma rival de Steffi na indústria, acaba desaparecendo e é encontrada morta, a culpa do assassinato - julgado como suicídio no começo - recai sobre Steffi que começa a ganhar o ódio nacional e perde seus patrocínios. Sua carreira afunda completamente e, de repente, ela se vê sozinha.

Sua relação com Matteo se estreita quando ela é forçada a se esconder na casa dele por causa de um grupo de repórteres que acampa na frente do seu apartamento. Mesmo contrariado, ele decide ajudá-la e apesar da convivência dos dois não ser boa no começo, ele passa a se preocupar com ela. Winston, ao contrário de todos os outros, é a única pessoa que permanece ao lado dela e lhe oferece apoio e conforto. Lucy aproveita a oportunidade da queda da amiga para fazer sua carreira decolar e ocupar o lugar que antes pertencia a Steffi. Com isso, ela acha que conseguiria também a atenção de Winston, mas não é o que acontece, ele se torna ainda mais devotado da amiga. A investigação da morte de Rachel avança em passos lentos, a vida de Steffi começa a correr perigo e Matteo acaba se tornando uma espécie de guarda-costas para protegê-la. Mas seus dias na terra estão contados, ele precisa voltar para seu planeta ou vai acabar morrendo, qual será o destino de Steffi?

Confessar pra vocês que eu não vi a versão original desse drama, no caso a coreana, porque minha irmã assistiu e não gostou do final, então acabei tirando da minha lista. Contar para vocês que se assistir 16 episódios foi sofrível para minha irmã, ver 31 para mim foi suplicioso. Tenho de admitir que a Jennylyn Mercado é uma boa atriz, ela sabe fazer cenas dramáticas bem e apesar da parte de comédia parecer mais um pastelão vergonha alheia que algo realmente engraçado, ela encarna bem a personagem, o mesmo não pode ser dito do Gil Cuerva que, a meu ver, parecia um tanto robótico a maior parte do drama, como se estivesse desconfortável. Ele não tinha a menor química com a atriz e o roteiro não contribuiu em nada com isso. Vendo esse drama me remeti muito aos doramas que assistia no começo da minha vida dorameira, aqueles triângulos amorosos irritantes em que a protagonista sempre escolhia o cara chato ao invés de ficar com aquele que a tratava bem. Nunca consegui entender isso.

Por mais que o roteiro insista naquela ideia de que a Steffi gosta do Matteo desde que ele a salvou e que o Matteo passa a gostar da Steffi quando se inteira do mundo dela, gente, não colou comigo. Sério, ele passa a série toda sendo rude ou ambíguo com ela, o tempo todo a pessoa lá dando apoio e se mostrando verdadeiramente amigo dela é o Winston. Em determinado momento do drama, eu tava shippando ela mais com ele do que com o Mateo, de verdade. Por mais que as interações dela com o Matteo tentassem soar fofas, elas só vieram acontecer de fato perto do final do drama de maneira real e já quando ele estava com um pé na lua ou seja lá onde ele morava. Então mesmo que os roteiristas tentassem fazer a gente comprar o casal, eles não foram desenvolvidos como tal, parecia bem mais uma espécie de obsessão do que de fato amor. Uma construção notável foi a do Jackson, o antagonista, o ator encarnou tão bem o papel que ele era mesmo asqueroso, dava nojo olhar pra ele.

Gostava muito do Winston, apesar de no começo da narrativa ele ter sido um pouco chato, com o passar da trama ele evolui muito e a lealdade dele à Steffi além do sofrimento que ele passa ao descobrir as coisas horríveis que Jackson fez, me despertaram real empatia pelo personagem, tanto que por isso eu não queria mesmo que ele ficasse com a Lucy, ela não merecia ele, era uma falsa, cínica e duas caras. Por vezes, a narrativa se mostrava um pouco arrastada e dava a impressão que o drama não ia terminar nunca. Algumas atuações eram ainda piores que a do Matteo, como a mãe do Winston, sério, em alguns momentos eu chegava a rir de quão péssima a atriz era. Não sei se era a personagem ou a atriz, mas a Lucy mesmo sendo boa nas lágrimas era insípida. O campanga de Jackson, tal como o Gil, era meio robótico também. Os efeitos especiais desse drama são bem... rústicos, coloquemos assim, o que só mostra que as Filipinas não estavam prontas para um projeto desse porte.

Como falei, não posso fazer comparações com o original, descobri que há a versão tailandesa desse drama, mas não consigo suportar mais um segundo dessa história, sério. O final foi agridoce, segundo conversei com a minha irmã, foi até melhor que o original por mostrar alguns detalhes extras como um casamento. Contudo, não foi inteiramente feliz e quem viu o coreano deve saber. Num cômputo geral, eu dou um 6/10 para o drama e estou sendo gentil.

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

[Anime] Mo Dao Zushi - Terceira Temporada

 

Original: 魔道祖师 

Ano: 2021

Episódios: 12

Sinopse: Como o grande mestre que fundou a Seita Demoníaca, Wei Wuxian percorria o mundo de maneira desumana, odiado por milhões pelo caos que ele criou. No final, ele foi golpeado por seu mais querido shidi e morto por poderosos clãs que se combinaram para dominá-lo. Ele encarna no corpo de um lunático que foi abandonado por seu clã e é, mais tarde, a contragosto, levado por um famoso cultivador entre os clãs – Lan Wangji, seu arquiinimigo. Isso marca o início de uma jornada emocionante, mas hilária, de atacar monstros, resolver mistérios e criar filhos. A partir do flerte mútuo ao longo do caminho, Wei Wuxian lentamente percebe que Lan Wangji, uma face de pôquer aparentemente arrogante e indiferente, mantém mais sentimentos por Wei Wuxian do que ele está deixando transparecer.

Finalmente saiu a terceira temporada de Mo Dao Zushi, mas acho que tal como boa parte dos fãs mais ardorosos da franquia a tão aguardada sequência do donghua foi um tanto quanto frustrante. Não sei se isso foi causado pela nova lei que proíbe a exibição de conteúdo LGBT na China - mesmo o bromance - (que eu sinceramente não consigo entender e nem quero) ou o que deu errado, mas a impressão que a gente fica é que tudo foi finalizado às pressas para terminar logo a história sem o desenvolvimento que ela merecia e que provavelmente estava planejado quando idealizaram o projeto.

Quem leu a novel consegue perceber isso melhor do que quem só assistiu o drama, uma vez que mesmo que cronologicamente seja mais fiel aos eventos dos livros, eles ainda colocaram umas "linguiças" ali no meio e mudaram algumas coisas que, em parte dá para entender e em outras não dá não. Desde o início achei que o desenvolvimento do donghua estava indo muito lento em avançar a história e rápido demais em mostrar as coisas, cortando eventos, mudando outros o que, dada a censura chinesa, alguns pontos até dava para relevar, mas se a gente for pensar que a animação é um tanto quanto mais livre que um live action dava para eles terem aproveitado melhor a criação do que a produção do drama por poder mostrar detalhes que em um live action seria difícil de reproduzir, não estou com isso dizendo que era para ter escrachado tudo no anime, mas convenhamos que eles deram uma endoidada na história.

Com a terceira temporada não foi diferente, esta que deveria cobrir o arco da Cidade Yi, não apenas o maior, mas o mais difícil arco da história que se não me engano começa no terceiro volume da série ou no final do segundo (não lembro) acabou por ser a última temporada do anime e eles tiveram de comprimir dois livros em doze episódios. Se nas duas primeiras temporadas a história parecia avançar lentamente e eles estavam cortando coisa pra caramba, agora ela voa com mudanças tão bruscas no enredo original que quase parece outra historia. Sério, se tu quer ver um resumão dos quatro livros o donghua  é a escolha certa pra isso. Eles enxugaram tanto a história que uma pessoa que não leu a novel dificilmente vai entender a história de verdade.

Tudo é doido nessa terceira temporada, o arco da cidade Yi acabou em dois episódios, eu fiquei em choque! Daí simplesmente pularam para o final do livro e depois voltaram em uma discussão que devia ter acontecido muito antes na história. De boa, foi muita maluquice, quase um choque de adrenalina aqui. Okay que alguns diálogos e aquela cena da caverna em que eles vestem os hanfus de casamento até fazem a maluquice valer a pena, mas não deixa de ser frustrante ver a compressão de um enredo que deveria levar, pelo menos, cinco temporadas. Fiquei triste e não nego.

Não estou por dentro do que anda rolando no resultado da proibição de conteúdo BL na China, mas isso certamente afetará futuras produções que estavam para estrear ainda esse ano como a segunda temporada de Tian Guan Ci Fu, então nos resta apenas chorar e é isso aí. Lamentável.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

[Livro] A Noiva de Lammermoor [Livro + Ópera]

Original: The Bride of Lammermoor, 1819, Escócia

Autor (a): Walter Scott 

Período de Publicação: 1953

Número de Páginas/Capítulos: 191 páginas/35 capítulos

Sinopse: Profecias sombrias e eventos sinistramente simbólicos cercam o romance de Edgar, Mestre de Ravenswood, e Lucy Ashton, filha do homem que deslocou a antiga família Ravenswood de seu lar ancestral. Sir William Ashton, o astuto e egoísta Lorde Guardião do Grande Selo da Escócia, usou seu poder para reivindicar a propriedade de Ravenswood, deixando Edgar meditando sobre os erros de sua família na torre solitária de Wolf's Crag. Seu desejo de vingança é desafiado e eventualmente derrotado por seu amor pela filha gentil de Sir William, mas seu novo espírito de reconciliação é frustrado por divisões políticas e a oposição determinada da mãe dominadora de Lucy.


"Haverá demônio mais funesto do que o demônio de nossas paixões quando cedemos à sua violência?"

Lucia di Lammermoor foi a primeira ópera que assisti e meu primeiro contato com o gênero. Não muito depois de ver duas ou três versões da adaptação de Donizetti descobri que a história era, na verdade, baseada em um livro de um romancista escocês. Sendo até então minha ópera favorita, naturalmente surgiu o desejo de conhecer a história original, mas infelizmente é um livro raro e por isso bastante difícil de achar. Por sorte, em uma nova tentativa este ano, consegui a versão digital de uma edição portuguesa e foi a que li.

Contextualizando um pouquinho, Sir Walter Scott foi um romancista escocês que viveu entre as últimas décadas do século XVIII até as últimas do século XIX (1771-1832) e a quem é creditada a criação do gênero romance histórico. Nasceu em Edimburgo e era filho de um advogado. Seu pai destinou-lhe a carreira de Direito, mas ele depressa a trocou pelos entusiasmos da literatura e pela adoração das antiguidades. Aos 22  já considerado o primeiro poeta nacional, famoso pela «Canção do Último Menestrel», onde se adivinhava ligeiramente o surto que o seu espírito estava conseguindo. No prefácio do livro, há duas especificações que merecem algum destaque, a primeira trata-se que o autor, no auge de à excruciante dor da tifo, doença que ceifou-lhe a vida, ele não escreveu este romance à punho, mas ditou-o aos seus secretários e por isso a linguagem é um tanto quanto direta e com narrador onisciente. A segunda, diz-se que a história foi inspirada em eventos reais.

Esta resenha pode conter alguns spoilers leves na comparação entre a obra e sua adaptação, portanto fica a critério do leitor prosseguir a leitura.

Um escritor visita um amigo pintor e demonstra curiosidade sobre um quadro, o artista então lhe conta a trágica história de amor amaldiçoado entre uma donzela e um baronete destituído que estavam destinados a se odiar. O autor, por sua vez, trata de reproduzir a história contada pelo leitor no texto que lemos.

Ambientada na nobreza rural escocesa, a história segue o velório de Lorde Allan Ravenswood, um barão de uma belicosa linhagem antiga e tradicional que perdera todos os seus bens  por crime de alta traição tendo seus bens em grande parte, incluindo o castelo da família, conquistados por Lorde Ashton cuja esposa, uma mulher ambiciosa e bem relacionada, era inimiga da família Ravenswood por questões políticas e religiosas. Sem nada mais para si, o herdeiro do falecido barão, Edgar, retorna para o velório do pai e jura diante de todos os presentes que vingará a injustiça feita à sua família.

O que ele não esperava, confinado na decrépita torre de Wolf's Crag que era tudo que lhe restara, era um dia salvar uma bela e delicada jovem, juntamente com seu pai, de serem mortos por um touro bravo. Ele não podia imaginar que, diante de si, estava Lucy Ashton e seu pai, Willian Ashton, o homem a quem jurara diante de todos destruir. A paixão por Lucy é imediata e avassaladora especialmente diante da situação inusitada na qual se conheceram. Vendo a inclinação entre eles e agradecido pelo salvamento do homem, Lorde Ashton incentiva os sentimentos da filha e vê naquele enlace um possível apaziguar da animosidade entre as famílias, além de uma maneira de aumentar sua importância política sendo associado a um barão de família tradicional.

Aproveitando-se da ausência da esposa, o homem faz de tudo para aproximar a filha do ex-barão e os dois encontravam-se em uma fonte chamada Fonte da Sereia que, rezava a lenda, era uma fonte amaldiçoada para os homens da família Ravenswood. Mas, decidido a não dar ouvidos a tais superstições, o casal troca ali o primeiro beijo que selaria seu compromisso. Sabendo que precisaria de mais que o amor para conseguir ter uma vida ao lado de Lucy, especialmente porque a jovem não estava disposta a aceitar um compromisso que os pais não aprovassem, Edgar entra em contato com seu parente, um importante marquês, na esperança de reaver seu título de barão e conquistar espaço na política e prestígio para seu nome, assim demovendo o coração da mãe de Lucy.

Lady Ashton, uma mulher cruel que colocava a importância da família sempre acima dos sentimentos de todos, ao saber do compromisso entre a filha e o seu inimigo, volta imediatamente à Escócia a fim de impedir que o enlace aconteça. Bem nessa ocasião, Ravenswood está visitando o castelo juntamente com seu parente marquês, mas é expulso pela gélida Lady Ashton sem qualquer consideração. Ele parte com o marquês para conseguir reaver seu título e nesse ínterim a mãe de Lucy tenta forçá-la a um casamento com um rico proprietário de terras, coisa que a menina refuta por seu compromisso com o ex-barão ainda não estar dissolvido. Todavia, Edgar passara muito tempo fora e boatos de seu casamento começaram a ser sussurrados por todas as partes e chegaram aos ouvidos de Lucy.

Sem querer aceitar aquilo, ela lhe escrevera sem obter qualquer resposta e, assim, tendo por esta atitude a confirmação de que Edgar não mais a queria, fez a vontade da mãe e aceitou o forçado casamento com Bucklaw. Porém, bem no dia da cerimônia, quando os papéis haviam sido assinados, eis que aparece Edgar Ravenswood tomado pela ira e indignação e sentindo-se traído. Exige uma audiência privada com Lucy de quem se sentia ainda compromissado, e só lhe é permitida com a presença de Lady Ashton. Apática e sem conseguir esboçar qualquer reação, Lucy ouve-o com pesar condenar-lhe a alma pela traição e, para piorar, sua mãe toma-lhe a voz dizendo impropérios para seu inimigo.

O trágico destino do casal não podia ser revertido e, condenados a triste separação, o desfecho macabro selou para sempre o fio vermelho que uniu suas almas.

Falando do livro em si, talvez por estar acostumada com prosas mais... não sei, "encorpadas", confesso que A Noiva de Lammermoor não foi bem o que eu esperava. Uma narrativa relativamente simples, quase como um relato crônico mesmo, salvo as descrições um tanto quanto poéticas, ora massivas ora ausentes, além de uma apresentação de personagens um tanto quanto caótica, alguns com enormes planos de fundo e outros apenas superficialmente contextualizados, não deu muito para me apegar ao casal e torcer por eles. O fato de ter visto a ópera mais de uma vez também tirou as surpresas do final apesar de ambos serem, até certo ponto, bem diferentes.

É meu primeiro contato com o autor, então não posso falar muito da sua produção em si, a tradução portuguesa também não ajuda muito na familiaridade, uma vez que o português brasileiro tem com ela as suas discrepâncias. Ainda assim, não achei de modo algum um livro ruim, foi interessante encarar essa prosa mais antiga e ainda mais ambientada em um país como a Escócia, já que boa parte dos romances históricos que leio sempre vem com um dedo sangrento da Inglaterra. Não é um livro grande, mas tampouco é um livro simplista aquém de sua narrativa simples. Tem sua cota de personagens medonhas, um romance que lembra bastante a produção trágica Shakespeariana além de ser uma leitura relativamente rápida.

A Ópera

Compositor: Gaetano Donizetti
Libretista: Salvatore Cammarano
Tipo do enredo: Trágico
Número de atos: 3
Número de cenas: 7
Ano de estreia: 1835

Você pode até nunca ter ouvido falar desse livro, mas certamente já ouviu a famosíssima ária "Il Dolce Suono" pertencente a esta adaptação da obra feita por Gaetano Donizetti, compositor que também assina as famosas óperas Anna Bolena, L'Elisir d'Amore e Don Pasquale. A chamada "ária de loucura" foi popularizada pelo filme O Quinto Elemento de 1997 dirigido por Luc Benson que traz uma roupagem mixada com música eletrônica. Além disso, também ganhou sua versão pop na voz do contratenor russo Vitas.

Contudo, apesar de se basear no livro de Scott, a adaptação italiana traz algumas divergências da sua obra de origem. A primeira delas, transferindo o papel de antagonista da mãe de Lucy (na ópera, Lucia) para seu irmão e tutor, Enrico. A animosidade entre as famílias permanece e outras personagens, não presentes no livro, como a serviçal de Lucia, são peças fundamentais na produção.

Lucia e Edgardo se encontram próximos a uma fonte em Lammermoor onde a jovem afirma para sua criada que havia avistado ali um fantasma de uma jovem assassinada por um dos ancestrais de Ravenswood, a criada, temendo, diz à jovem que aquilo pode ser um presságio e a aconselha a desistir do romance, algo ao qual Lucia não lhe dá ouvidos. Edgardo aparece e lhe conta que vai à França a fim de obter poder político e, assim, demover o coração de Enrico para que este permita seu casamento com Lucia. Os dois trocam alianças para firmar o compromisso e se separam.

Ao descobrir o romance de sua irmã mais nova com o inimigo de sua família, Enrico forja uma carta de Edgardo na qual afirma que ele já se esqueceu dela e está prestes a casar-se com outra e, assim, persuade a irmã a aceitar um compromisso com Arturo Bucklaw. Magoada e contrariada, a jovem obedece ao irmão, mas Edgardo aparece na cerimônia ameaçando a todos e, quando Enrico lhe mostra o acordo nupcial assinado, ele força Lucia a tirar a aliança quebrando o compromisso com ela.

Enrico e Edgardo marcam um duelo para o dia seguinte. Lucia, ensandecida pela tristeza, mata Arturo a punhaladas na noite de núpcias e desce até os convidados que festejavam o casamento, completamente ensanguentada e delirante, imaginando seu casamento com Edgardo. Na manhã seguinte, Enrico e Edgardo se encontram para o duelo quando o cortejo fúnebre aparece lamentando a morte de Lucia, Edgardo, sem suportar a ideia da perda da amada, se suicida com uma punhalada no peito.

As discrepâcias entre as obras se pontuam especialmente de modo mais latente no final. No livro, o Coronel Ashton, irmão de Lucia, aparece bem no final e desafia Edgar para um duelo quando este aparece no funeral de Lucia, mas o duelo nunca acontece porque no caminho Edgar se deixa engolir pela areia movediça. Outro ponto diferente é que no livro, Bucklaw não morre, apesar de Lucy o esfaquear na noite de núpcias, ele consegue sobreviver e termina a história partindo para outro lugar e se casando novamente.

O ponto maior em questão se dá pelo desfecho da infeliz personagem. Enquanto na ópera não fica claro como Lucia morre, variando a causa de acordo com a vontade do diretor do espetáculo, no livro ela padece de uma febre intensa que lhe causa várias convulsões até que finalmente a mata. Ou seja, praticamente ela morre de tristeza. Já nas óperas, e vi três versões dela, alguns diretores optam por suicídio, outros por um aborto espontâneo (!!!) que a faz sangrar até a morte. Talvez para causar um maior impacto na produção ou algo do tipo, mas em ambos os casos acho meio deslocado.

Todavia, continua sendo uma das minhas óperas favoritas e, quando bem interpretada, consegue realmente nos prender e tocar. Minha versão favorita é a de Natalie Dessay no Metropolitan Ópera em 2011, tal como em Hamlet, ela está sublime nesse papel aquém de todos os problemas que teve e das cirurgias as quais precisou submeter-se. Recomendo muito. Ainda há uma versão legendada em português com Diana Damrau no papel de Lucia, apesar de gostar muito da Diana e achá-la uma soprano fabulosa, não gosto muito dessa produção, não apenas pela leve descaracterização que eles deram aos personagens (algumas licensas poéticas bem... complicadas) como pelo tom inglês do figurino para uma peça que se passa na Escócia. Mesmo que tal erro se repita na produção de Natalie, ela consegue nos conquistar com sua interpretação ao ponto de relevarmos o detalhe. A soprano russa Anna Netrebko também assumiu, em 2009, o papel de Lucia no Metropolitan, apesar de considerá-la uma excelente atriz e uma boa soprano, não gostei muito da performance dela nessa ópera, a voz mais metálica e potente dela destoa um pouco da delicadeza e fluidez de notas que a personagem pede de um soprano leggero.

Também vi a produção do Teatro Real Madrid (creio que realizada em 2019 ou 2020, não tenho certeza) com Lisete Oropesa no papel principal. O figurino dessa produção respeita a nacionalidade de Edgardo colocando-o com tradicionais roupas escocesas, mas ignora os demais personagens e traz um figurino um tanto quanto infantil para Lucia, algo que não me agradou muito. Todavia, a interpretação de Lisete é realmente irretocável, sendo a melhor Lucia desde a fabulosa Natalie, aposentada da ópera em meados de 2011. O que não gosto muito nessa última produção também é o tom meio artístico modernista que eles quiseram dar não somente ao cenário, mas ao final onde as personagens "mortas" aparecem sentadas em cadeiras e representadas em quadros numa coisa meio metafórica que não combinou muito com o enredo. Ainda assim, vale a pena pela interpretação magnífica da Lisete.

Todas as produções citadas podem ser encontradas no Youtube, vou deixar os links abaixo caso alguém se interesse em assistir. É uma peça, a meu ver, até pequena se comparada a outras óperas, tendo a duração média de duas horas e meia. Se você nunca viu uma ópera antes, mais que recomendo que comece com esta ou, se procura algo mais voltado para comédia veja Il Barbieri di Sevilla e, caso seja um amante da fantasia, The Magic Flute outra ópera com uma das árias mais famosas do mundo.

Por enquanto é só gente linda, eu tenho tido algumas complicações e esse ano tá meio louco. Tem muita resenha que eu preciso fazer, mas confesso que ando meio sem vontade haha. Vou ver como faço. Dramas ainda não terminei nenhum e provavelmente a próxima resenha será de um donghua. Se cuidem e até a próxima!


Links para assistir a peça:

Natalie Dessay (Metropolitan Opera, 2011)  esse é um vídeo não listado, então, por favor, não espalhem muito para que não seja denunciado.

Diana Damrau (RTP 2018) Legedada em Português

Lisete Oropesa (Teatro Real Madrid, 2019 ou 2020?) 

Anna Netrebko (Metropolitan Opera, 2009)

Joan Sutterland (bem antiga) também legendada em português, essa eu não assisti, mas Joan é uma das sopranos mais consagradas de sua época. Contudo, minha Lucia sempre será a Natalie. Ainda assim, deixo aqui mais essa opção.