O livro de Jó pode ser descrito como um grande embate de ideias em prosa poética. Antes de mais nada, é necessário compreender o pensamento da época onde infortúnios e desgraças eram considerados como punição divina por pecados cometidos. Mantendo isso em mente temos uma consciência mais clara dos grandes embates verbais que seguem o livro praticamente inteiro. O autor é desconhecido e situa a composição no século V a. C. com locais imprecisos.
Infiltrando-se entre os anjos, satanás propõe a Deus que tire tudo de Jó como forma de provar que ele é um servo fiel apenas porque o Senhor lhe provém de abundantes graças, mas tão logo as tirar, eke se voltará contra Ele e o amaldiçoará. Deus, então, concorda em permitir que satã o fira desde que lhe preserve a vida.
Ora, Jó era um homem justo, guardava os mandamentos, praticava o bem e temia a Deus. Tanto ele quanto seus filhos eram fiéis ao Senhor e por isso sem empreendimentos tiveram êxito tornando-o muito rico. Ele não esperava que, de uma só vez, todos os seus filhos morreriam, suas riquezas seriam saqueadas e sua saúde deterioraria. Sem entender que ofensa tão grave cometeu contra Deus para ser punido daquela maneira, ele rasga suas vestes e se cobre de cinzas, mas se recusa a apresentar uma palavra sequer contra o criador.
Dois amigos de Jó, ouvindo sobre seus infortúnios, viajam para visitá-lo e é quando começa uma série de diálogos poetizados que funcionam como um contraponto das ideias disseminadas na época. Esses amigos não conseguem aceitar o fato de Jó estar sendo castigado sem haver pecado e, por isso, começam a debater que tipo de culpa ele teria para atrair a ira dos céus sobre si ao passo que Jó, indignado, defende sua inocência mostrando-se triste com a injustiça recaída em sua casa quando nunca deu um passo fora dos preceitos da lei e passa a lamentar, implorando a Deus que lhe tire de tal existência amarga porque sua vida é tudo que lhe resta e ele não suporta continuar em tal abandono, coisa que os eloquentes amigos censuram.
Por fim, é o próprio Deus quem responde Jó dando uma "bronca" nele por ter duvidado de sua providência e lhe lembrando que Ele vê sempre além tudo que os olhos humanos não são capazes de ver e fazer para Ele é possível. Também se irrita com seus amigos por não terem falado corretamente. Assim, Deus restitui em dobro tudo que seu servo perdeu, dando-lhe a graça de ver até a quarta geração de sua família.
A história de Jó funciona como uma espécie de parábola para nos recordar a não desesperar nos momentos de provação, eles não acontecem por acaso, na prática eu sei quão difícil é, o sofrimento tende a nos cegar e fazer esquecer que há um Deus por nós, nos vendo. Se somos fiéis e seguimos seu caminho podermos ter a certeza que vai passar e a alegria retornará em seguida. Contudo, tendemos a dizer que Deus nos esqueceu ou abandonou e, em boa parte das vezes, nosso sofrimento é causado por nossas próprias iniquidades. Esquecemos que Deus deu seu próprio filho à morte por nossos crimes, para termos uma chance de ser salvos.
Jó nos ensina a ouvir os "nãos" de Deus e, mesmo em meio à dor, não erguer a voz contra Ele, mas aceitar, confiar que aquela dor tem um propósito maior e logo será esquecida. Deus não precisa explicar seus propósitos e não cabe a nós questioná-los, Ele é o criador de todas as coisas e conhece cada pequeno grão de poeira existente no mundo. Às vezes, por trás da sua negativa há apenas o "espere" que nos conduzirá ao caminho que estamos destinados a seguir. Por isso, quando algo não der certo, agradeça, a falha de hoje constrói o sucesso de amanhã quando confiamos naquele que escreve nossa vida.
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