Autor: Edgar Allan Poe
Nº de Páginas: 192
Ano: 2012
Editora: Tordesilhas
Gênero: Sobrenatural, Contos, Terror
Sinopse: Contos de Imaginação e Mistério - 1917. O exímio artista irlandês Harry Clarke se encarrega de um dos trabalhos que determinariam sua fama: a ilustração de Contos de imaginação e mistério. Preparada pela editora Harrap e publicada em Londres em 1919, a edição foi reconhecida imediatamente como uma das joias bibliográficas da época.
Desde Então, os desenhos de Clarke continuam exercendo um estranho magnetismo, fruto de uma bela e trabalhosa execução que honrou as histórias sublimes que a inspiraram.
O que eu achei: Então, pessoas, eu realmente demorei pra ler essas cento e poucas páginas, isso porque desde que entrei de férias tenho vivido uma maratona de adaptações e aproveitando o máximo que posso o tempo extra de não ir pra faculdade, então comecei a me dedicar ao Japonês, iniciei o estudo do alfabeto Coreano, comecei a praticar dança - é, eu não queria, mas entrei na dieta :'( - então, tirar tempo pra tudo isso tem sido uma batalha, sem contar o tempo pra escrever também que tem que ser espremidinho na rotina junto com os animes, os livros e o sono e.e bem, mas vamos ao livro. Estudei um pouco sobre Poe no quarto período da faculdade, bem pouco mesmo, e esse livro foi meu primeiro contato "real" com ele. Fiz minha mãe comprar esse livro pra mim na Avon, pela vontade de conhecer o trabalho do Allan, mas quando comecei a ler o livro achei que ele era a versão estrangeira do Machado de Assis. O livro é dividido em dez contos, o primeiro O Poço e o Pêndulo conta a história de um homem em plena condenação pela justiça, no entanto não sabemos o que ele fez para ser condenado. Não obstante, ele é posto em uma espécie de calabouço onde, no centro, há um poço cuja profundidade ele desconhece e, pela ausência de luz no calabouço, tampouco pode ver. Em determinado momento ele é atado a uma espécie de estrutura inclinada e um pêndulo com uma lâmina cortante desce vagarosamente em direção ao seu peito pronto para fatiá-lo, lentamente, até a morte. O clima de suspense e agonia nesse conto foi beeem tenso. No segundo conto, O Gato Preto, somos levados a uma história sobrenatural de um homem outrora apaixonado por animais que, em determinado momento adquire um gato preto que se torna seu melhor amigo, quando esse homem condena-se ao vício do álcool acaba tomando repulsa pelo gato e o tortura arrancando-lhe o olho e depois o enforca. Após o assassinato que aparentemente não lhe causa nenhum remorso, um estranho fato se assoma sobre sua vida, poderia aquele gatinho preto que nenhum mal lhe fizera vir a cobrar justiça pelo seu ato leviano e cruel? No terceiro conto, O Coração do Denunciador nós acompanhamos a trama da mente de um homem perturbado que cuida de um senhor com catarata em um dos olhos. Não sabemos o grau de parentesco entre eles (ou mesmo se são parentes) sabemos que o olho doente do pobre velhinho causava repulsa no homem, a ponto de fazê-lo tramar sua morte de forma fria e cruel. Cometido o crime, o homem acha que escapará impune da justiça, mas logo vai passar a ser perseguido pelo coração da sua própria consciência insana. Em Uma Descida no Maeltröm temos a história de um aventureiro que acabou caindo, junto aos irmãos, na garganta de um redemoinho marinho e algo assustador e sobrenatural lhe aconteceu e por um milagre ele sobreviveu para contar a história. Esse foi um dos contos que achei mais chatinho de ler. Assim como ele, em O Barril de Amontilhado vemos um caso de vingança de um homem a fria crueldade de emparedar um homem doente por tê-lo insultado. Também não achei muita graça nesse não. A Máscara da Morte Vermelha foi mais bizarro que qualquer outra coisa, uma peste acomete o reino de um príncipe que escolhe mil amigos e se tranca numa fortaleza para festejar "em segurança" do seu jeito grotesco e estranho enquanto seus súditos morrem do outro lado. Mas, durante sua festa de bizarrices e luxúria, um convidado penetra promete vingar os súditos vitimados pela indiferença de seu líder. O Encontro Marcado foi uma história de amor um pouco desconexa. Primeiro temos uma mulher cujo filho aparentemente se afogou e ela por pouco não morreu de igual modo. Após isso, o narrador faz uma visita a um estranho homem que parece sofrer de alguma "desconjuntura" mental, assim, somos levados por uma narração de amor aparentemente impossível à la Romeu e Julieta, em um encontro marcado entre dois corações e uma promessa. Já na Queda da casa de Usher nosso narrador é convidado por seu amigo a visitá-lo, pois ele está sofrendo de uma doença mental que provavelmente o matará. A casa em que mora é rondada por supertições nas quais nosso narrador não acredita embora admita a aura sinistra que ronda o lugar de aparência macabra. Quando chega à sua visita ao amigo, descobre-o de fato doente, assim como sua irmã, nisso, somos levados a imergir em uma atmosfera de insanidade e obscuridade sem muito sentido, mas com um desfecho de gelar a alma. Os Assassinatos da Rue Morgue tinham cara de Agatha Christie, tenho certeza que a rainha do romance policial aprovaria o clima de mistério e a brutalidade do conto, mas nem mesmo a grande Agatha colocaria um tal desfecho para seu assassino, confesso que fiquei, ao mesmo tempo, impressionada com a pitada de Sherlock Holmes do conto, mas estupefata com o assassino em questão. Não dá mesmo para acreditar nisso. Assim como ele, O Mistério de Marie Roget, que foi inspirado em uma história real, também tem uma pitada de mistério, mas não tem um desfecho, apenas uma reunião de suposições e deduções que, no fim, não levam a lugar nenhum. De todos os contos do livro esse foi o pior de ler, o mais massante.
De uma forma geral, o livro fala sobre a natureza humana em suas formas mais complexas e profundas, com um misto de sobrenaturalidade e bizarrice. Percebi que Poe era um observador do comportamento e seus contos tratam não apenas do psicológico humano, mas da influencia de suas ações nesse psicológico tal como suas consequências, é um livro feito não apenas para entreter, mas para analisar. Gostei mais de O Gato Preto, de todos foi o meu favorito, embora sua consistência bizarra e sinistra de terror psicológico seja de gelar a alma. De todo modo, valeu a pena ter lido. Não recomendo para pessoas que não curtem livros com palavras realmente rebuscadas, esse tem de montes. Mas vale para os amantes de clássico e os amantes de horror.
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