domingo, 27 de setembro de 2015

As Vantagens de Ser Invisível - Stephen Chbosky (Livro + Filme)




Informações:

Título Original: The Perks of Being a Wallflower
Titulo no Brasil: As Vantagens de ser Invisível
Autor: Stephen Chbosky
Ano de Lançamento: 2007
País de Origem: EUA
Gênero: Drama, romance, mistéio
Editora: Rocco

Sinopse: Este livro reúne as cartas de Charlie, um adolescente de quem pouco se sabe - a não ser pelo que ele conta ao amigo nessas correspondências -, que vive entre a apatia e o entusiasmo, tateando territórios inexplorados, encurralado entre o desejo de viver a própria vida e ao mesmo tempo fugir dela. As dificuldades do ambiente escolar, as descobertas dos primeiros encontros amorosos, os dramas familiares, as festas alucinantes e a eterna vontade de se sentir 'infinito' ao lado dos amigos são temas que enchem de alegria e angústia a cabeça do protagonista em fase de amadurecimento.

O que eu achei: Oie, povo! Tudo bem com vocês? Antes tarde do que nunca, é o que dizem, não é? Eu realmente demorei para ler esse livro por causa da semana de provas e do trabalho de literatura. Mas finalmente terminei e devo dizer, As Vantagens de Ser Invisível tem que entrar naquela lista obrigatória de livros que todas as pessoas tem que ler um dia na vida! É uma história delicada, nos leva a uma viagem psicodélica pelos anos 90, ano em que eu nasci, inclusive, e foi legal poder conhecer um pouco mais dessa época na qual eu ainda era muito pequena e me lembro pouco, vim começar a sentir mesmo a época pelos 9. 10 anos, me identifiquei com as fitas cassete, com a máquina de escrever (eita saudade), conheci um monte de música legal e indicações de livros (pra aumentar ainda mais minha lista que não é nada pequena!). A história gira em torno de Charlie, um adolescente solitário que tem sérios problemas psicológicos, que foram agravados com a morte de sua tia Helen e de seu melhor amigo Michael, e está voltando pra escola depois de um tempo internado após uma crise. Lá, ele conhece Sam e Patrick, dois veteranos mais velhos que o introduzem no mundo colorido, o livro fala dessa transição de Charlie, de um garoto assustado com o mundo, inocente, que tenta lidar com uma realidade sombria contra a qual ele luta e tenta entender, para um garoto que conhece os prazeres da vida e que participa deles, que é autor da própria história, que é infinito. Com Charlie nós passeamos pelo mundo das descobertas e das sensações humanas, das relações conturbadas, das famílias imperfeitas que se tornam perfeitas, dos relacionamentos sérios que não são eternos, além de tratar de assuntos graves como agressão à mulher, assédio sexual infantil e aborto. O livro ainda traz um relato interessante das relações homoafetivas naquela época, através do personagem Patrick, que é divertido, interessante e não é afetado ou estereotipado, foi uma das coisas que eu mais gostei. Eu já tinha visto o filme antes do livro, e deixei de entender muita coisa, que entendi agora. 
Mesmo assim assisti ao filme de novo e relembrei as sensações gostosas que tive da primeira vez. Uma das frases que mais fica, sem dúvida é essa, porque durante todo o  livro somos levados a diferentes tipos de relacionamento, Charlie está aprendendo o que é se relacionar com as pessoas, como essa mecânica complicada funciona e a inocência dele faz com que gere aquela empatia direta com o personagem. Eu me identifiquei com muitas coisas das quais ele passou, achei muito interessante ele usar as cartas para contar pra gente o que aconteceu, a gente sente que é o destinatário dessas cartas e enquanto vamos lendo, vamos imergindo na mente de Charlie, descobrindo os sentimentos dele com ele, suas decadências e melhoras, é impossível não se apaixonar pelo jeitinho dele, pela maneira única como ele vê a vida e como tenta entender as pessoas.
Sobre o filme, como eu falei antes, mesmo que você veja o filme antes, quando lê o livro e vai assistir de novo, seu olhar muda totalmente. Eu já tinha falado aqui em outras resenhas com adaptações cinematográficas que estava entendendo melhor o conceito de adaptação, não quer dizer que o que você vai ver ali condiz, exatamente, com a realidade do que você leu (Não é, Simplesmente Acontece?), mas, assim como aconteceu com Harry Potter, eu até achei a adaptação de As Vantagens de Ser Invisível boa, não que estivesse totalmente de acordo com o livro porque eles cortaram coisa pra caramba, mas achei muito fiel na medida do possível. Desde que tinha visto o filme pela primeira vez tinha amado as atuações, o trio também não podia ser de mais peso, Erza Miller que por si só já é um espetáculo, Emma Watson que é fantástica e Logan Lerman que eu amo! Então, recomendo ambos, mas a sensação de ler sempre vai ser superior a de assistir, pelo menos foi pra mim. Peguei esse livro emprestado com uma amiga minha, devorei as páginas, é um livro que a gente lê muito fácil. Se você ainda não conhece, vale a pena! Charlie é apaixonantemente maluco, é um mundo dentro de vários mundos, duvido você não ler esse livro e depois ver essa adaptação e não se sentir infinito.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Dicas de Escrita!

こんにちわみなさん!

Então, hoje eu estou aqui para falar sobre escrita. Recentemente, eu participei de um fim de semana de palestras chamado Círculo de Leituras que veio para o SESC da minha cidade, contando com renomes da literatura local como Sidney Rocha (Fernanflor, Matriuska), Bruno Liberal (O contrário de B), Raimundo de Morais e Cícero Belmar (Umbilina). Foi um dia maravilhoso de muita conversa, poesia, contos, dicas e debates sobre literatura. E eu queria compartilhar com vocês as principais dicas desses escritores premiados que já tem livros publicados e ganharam prêmios nacionais.
Muita gente me pergunta muito como pode escrever melhor, o que fazer para publicar um livro, como continuar aquela história que está "estacionada" há tempos, como lidar com o bloqueio criativo entre outras coisas. São dicas valiosas, algumas já muito conhecidas inclusive, mas que fazem toda a diferença para quem escreve e para quem está começando agora. Então, vamos lá:

1. Leia Muito! 
Essa é unânime. Acho que todo escritor tem que ser um leitor ávido, então leia muito e de tudo. Quanto mais variedade de gênero mais enriquecimento vocabular, cultural e de ideias.

2. Bloqueio criativo NÃO EXISTE!
Pode parecer meio impactante no começo, porque se fala em bloqueio criativo muitas vezes, eu mesmo já ouvi um monte. Os escritores não acreditam nisso, acham que é uma desculpa que inventamos para desistir e/ou pausar a história. Veja as dicas:
"Bloqueio criativo não existe. Escreva. Não coloque empecilhos em suas histórias ou não se autocritique demais. Quando achar que não está a fim de escrever, pare, vá fazer outra coisa."

"Não se 'aperreie' nunca! Quando der aquele branco (característico de quando você se critica demais) desligue o computador, pegue um caderno ou um bloquinho e escreva como se estivesse  socando alguém! Desabafe, escreva rumos malucos para sua história, quando se sentir melhor e reler o que escreveu vai ver que dali saiu alguma coisa."

"Nunca pare sua história na pior parte. Deixe para 'escrevê-la depois' quando ela estiver bombando!"

3. Desapegue-se de você mesmo.
Para alguns autores - incluindo-me no meio - é muito difícil desligar-se de si mesmo e dos seus sentimentos para entrar em um personagem, dar uma de autor, viver, realmente, uma vida que não é sua. Uma das dicas mais valiosas dos autores foi essa, saia de si!
"Incorpore seu personagem. Você deve ser o seu personagem sem transformá-lo em você. Essa é talvez uma das coisas mais difíceis. Para ser mediador da voz e da personalidade da sua personagem você precisa saber quem ele é e expressá-lo, sem medo, desse modo."

Ou seja, se você cria um personagem homossexual ou que fala muito palavrão, você não tem que ser comedido, dê voz a ele do jeito que ele é, choque, mostre ao seu leitor que você não tem medo das palavras.

"O melhor exercício para um autor é criar uma personagem ao seu oposto. Se você é homem crie uma mulher e se você é mulher crie um homem. Dê-lhe voz, fale como ele, SEJA. E assim você vai aprender a separar seu personagem de você."

"Não tenha medo de falar. O autor precisa ser ousado, tem que dizer o que é para ser dito, aquilo que está no mais íntimo do seu pensamento, sem medo de chocar o leitor. Fale o que tem que ser dito, o que precisa ser dito do modo que deve ser dito sem medo de ousar."

4. Planeje, sempre!
Uma pergunta interessante que fizeram foi se eles planejavam as histórias e um dos autores que também é roteirista apontou a importância do planejamento.
"Cada autor tem a sua forma de trabalhar, no meu caso, acho que para um conto não é muito viável ficar planejando, eu simplesmente começo a escrever e deixo rolar. Mas para um romance, que é um gênero mais extenso, é importante fazer uma outline, um roteiro do que vai acontecer, então eu tenho em mente o que quero fazer, onde quero chegar e faço esse plano. Não é algo que vá se seguir a risca, eu deixo a história fluir ao seu próprio ritmo, mas se em algum momento eu me sentir perdido eu posso ir lá no plano que fiz e ter um norte do que quero fazer."

5. Não se esconda!
Todo autor, principalmente os iniciantes, tem medo de mostrar seu trabalho, primeiro por não saber - e temer- lidar com as críticas e segundo por nunca achar o que faz bom. Isso é super normal, mas os autores alertam para a importância de se mostrar:
"Todo escritor tem que ser meio amostrado (risos). Acho que todo autor tem que ter essa cara de pau, não tenha medo de se mostrar, e se tiver medo, se mostre assim mesmo." 

Enquanto seu livro estiver na gaveta, e você estiver na gaveta, nada acontece.

6. Quando perguntados sobre a "literatura de entretenimento" os autores foram unânimes em dizer que qualquer forma de leitura era válida. "Você não é melhor porque lê Shakeaspeare de outra pessoa que lê Harry Potter", veja:

"Escreva. Não importa o que, não importa como, mas escreva SEMPRE."

"Gênero literário é uma classificação que inventaram para catalogar as obras velhas. O autor não tem que se preocupar com isso quando está escrevendo "Ah, eu vou escrever um romance", sente e escreva, deixe a classificação para outras pessoas."

E então? Curtiram as dicas? Para mim foram como um bálsamo, foi um dos melhores fins de semana que tive até agora. Para quem quer ainda mais eu super recomendo esse curso 8 Passos para escrever seu livro do Zero! do autor e roteirista Fábio M. Barreto autor do premiado Filhos do Fim do Mundo (que eu estou aceitando de presente, tá?). O curso é gratuito, online e ele dá não apenas dicas valiosíssimas, mas ajuda online e atividades para os autores. Vou deixar o link do fim do post. Por enquanto é isso galerinha, logo volto com a resenha de As Vantagens de Ser Invisível e mais novidades sobre Sombras ao Sol.

Curso: http://www.escrevasuahistoria.com/

Beijocas!

Mata ne!

domingo, 20 de setembro de 2015

Os Sertões - Euclides da Cunha

Informações:

Título: Os Sertões
Autor: Euclides da Cunha
Ano de Publicação: 1902
Editora: Laemmert
Gênero: Crônica, Geologia, Geografia, História, Sociologia
País de Origem: Brasil

Sinopse: Trata da Guerra de Canudos (1896-1897), no interior da Bahia. Euclides da Cunha presenciou uma parte desta guerra como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo. Pertence, ao mesmo tempo, à prosa científica e à prosa artística. Pode ser entendido como um obra de Sociologia, Geografia, História ou crítica humana. Mas não é errado lê-lo como uma epopeia da vida sertaneja em sua luta diária contra a paisagem e a incompreensão das elites.

O que eu achei: Hey, pessoas! Viu como eu amo vocês, estou tirando uma folguita da minha árdua tarefa de estudar para as provas para dar um sinal de vida aqui. E eis que vos trago Os Sertões, um livro brasileiro clássico que é um retrato - literalmente - da vida sertaneja, só que em palavras. Li esta pequena bíblia para um trabalho de literatura e, confesso, não foi nada fácil! O livro traz uma linguagem ainda mais rebuscada que a de Machado e é cheio de explicações técnicas geológicas, geográficas, históricas e por aí vai porque esse autor era muita coisa. Então, a primeira parte do livro, A Terra, quase me fez dormir. Mas, o fato é que é inegável não se apegar a ele a partir da segunda parte e eu gostei muito de conhecer um pouco mais sobre o sertão, a vida difícil da seca e da guerra de canudos. O que vou colocar aqui, como ilustração para a resenha, é o trabalho que fizemos (eu e minhas amigas) para a faculdade. Então, boa leitura!

O Autor e a Obra
Euclides deixou Canudos quatro dias antes do fim da guerra, não presenciando, assim, seu final. Mas reuniu material suficiente para escrever Os Sertões, em São José do Rio Pardo, nos intervalos de seu exaustivo trabalho como líder da construção de uma ponte metálica. Nesta obra, ele rompe por completo com suas ideias anteriores e pré-concebidas, segundo as quais o movimento de Canudos seria uma tentativa de restauração da Monarquia, comandada à distância pelos monarquistas. Percebe que se trata de uma sociedade completamente diferente da litorânea. De certa forma, ele descobre o verdadeiro interior do Brasil, que mostrou ser muito diferente da representação usual que dele se tinha.
Os Sertões lhe rendeu fama internacional e vagas na Academia Brasileira de Letras e no Instituto histórico e Geográfico Brasileiro. A obra divide-se em três partes: A terra, O homem e A luta, onde o autor analisa as características geológicas da região, a vida, os costumes e a religiosidade sertaneja.
A esposa de Euclides, conhecida como Anna de Assis, veio a tornar-se amante de um jovem cadete 17 anos mais novo do que ela chamado Dilermando de Assis. Ainda casada com Euclides, teve dois filhos de Dilermando. Um deles morreu ainda bebê. O outro filho era chamado por Euclides de "a espiga de milho no meio do cafezal", por ser o único louro numa família de morenos. Aparentemente, Euclides aceitou como seu esse menino louro.
A traição de Anna desencadeou uma tragédia em 1909, ao que Euclides entrou armado na casa de Dilermando dizendo-se disposto a matar ou morrer. Dilermando reagiu e matou Euclides, mas foi absolvido pela justiça militar ao ser julgado. Entretanto, até hoje o episódio permanece em discussão. Dilermando mais tarde casou-se com Anna. O casamento durou 15 anos.
Euclides da Cunha é um autor que está associado ao movimento pré-modernista, faz uma forte crítica à realidade brasileira, sua obra pode ser associada à literatura naturalista do final do século XIX. O movimento naturalista tinha como característica principal uma íntima ligação com o cientificismo positivista de August Comte e uma forte crença segundo a qual o mundo social poderia ser explicado a partir das forças da natureza. Os Sertões (1902) surgiu de uma reportagem encomendada pelo jornal O Estado de São Paulo. Encarregado de cobrir a Guerra de Canudos (1896-1897), Euclides encontrou nos confrontos entre o Exército brasileiro e um grupo de fanáticos religiosos liderados por Antônio Conselheiro matéria para descrever a geografia e a população do sertão baiano. É considerada a primeira obra a falar da existência de dois “BRASIS”: um litorâneo e outro interiorano. A obra os sertões trata da natureza e da estrutura social do mundo sertanejo

1.1 A Terra
            Nessa primeira parte da obra, somos levados a uma viagem paisagística e histórica que começa na “civilização” urbanizada e vem de encontro à sequidão do nordeste árido, descrito de maneira deslumbrável em todos os seus aspectos biológicos, climáticos, visuais que eternizam a região. O autor faz uma análise tanto do decorrer histórico da terra nordestina, quanto do horizonte climático que acompanha essa região nos trazendo a uma reflexão atual do ambiente climático instável no qual estamos inseridos.
            Na primeira parte são estudados o relevo, o solo, a fauna, a flora e o clima da região nordestina. Euclides da Cunha revelou que nada supera a principal calamidade do sertão: a seca. Registrou, ainda, que as grandes secas do Nordeste brasileiro obedecem a um ciclo de nove a doze anos, desde o século XVIII.
            Não são retratados nesta primeira parte, de forma clara, o sertanejo ou o misticismo. Há algumas citações em que ambos os temas são apresentados, mais de maneira ilustrativa que, propriamente, com o sentido de visão do autor sobre os pontos que, talvez, sejam melhor encontrados na segunda parte da obra O Homem.
“É a paragem formosíssima dos campos gerais, expandida em chapelões ondulantes — grandes tablados onde campeia a sociedade rude dos vaqueiros... Atravessemo-la.” — Preliminares, páginas 27/28
            Nesse trecho específico, fica um pouco visível o modo como o autor apresenta o homem que vive na área “não urbanizada”, também, em outras passagens, identificados como matutos, não aparentemente no sentido pejorativo da palavra, mas, muito mais provavelmente, no sentido de expressão de um povo cujas crenças são baseadas em sua experiência no meio do qual faz parte, o que entra fortemente a questão do determinismo na obra. Euclides da Cunha descreve, nesta primeira parte da obra, as particularidades da terra árida sertaneja, de maneira poética e um pouco apaixonada, quando diz, por exemplo, “E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono.” exaltando a beleza seca muitas vezes despercebida ou ignorada pelas pessoas.
“É uma paragem impressionadora. As condições estruturais da terra lá se vinculam à violência máxima dos agentes exteriores para o desenho de relevos estupendos.” — Primeiras Impressões, página 33
            Nessa primeira parte da obra, como dito anteriormente, as questões da descrição do homem sertanejo e do misticismo são feitas de maneira ilustrativa e sutil, sem expressar, exatamente, a opinião do autor a respeito de ambos os temas. Como visto no trecho que segue o misticismo empregado na crença local da experiência do homem com a seca e com a vegetação que o cerca geram suas conclusões a respeito das previsões empíricas que, posteriormente, são justificadas pela ciência. E a visão do homem sertanejo, ainda muito pouco explorada e meramente anexa à descrição da paisagem seca do sertão, é empregada de maneira não pejorativa, mas determinista.
“As juremas, prediletas dos caboclos — o seu hachich capitoso, fornecendo-lhes, grátis, inestimável beberagem, que os revigora depois das caminhadas longas, extinguindo-lhes as fadigas em momentos, feito um filtro mágico — derramam-se em sebes, impenetráveis tranqueiras disfarçadas em folhas diminutas; refrondam os mariseiros raros — misteriosas árvores que pressagiam a volta das chuvas e das épocas aneladas do verde e o termo da magrem — quando, em pleno flagelar da seca, lhes porejam na casca ressequida dos troncos algumas gotas d’água;”
A Jurema — página 60
            Portanto, na primeira parte da terra, é tratada a entrada do sertão terra ignota, as primeiras impressões e a geologia. A vista do alto do Monte-Santo e do alto da favela, o clima, as secas e hipóteses sobre sua origem, as caatingas, uma análise de como surgem os desertos e como os mesmos se extinguem, enfim, uma análise geral e histórica da terra sertaneja.
1.2. O Homem
            O determinismo julgava que o homem é produto do meio (geografia), da raça (hereditariedade) e do momento histórico (cultura). Nesta segunda parte da obra vem como uma pesquisa cientifico-histórica da gênese do homem sertanejo e, por que não, do homem brasileiro como um todo. E um estudo da formação da etnia e da sociedade assim como de todos os elementos que contribuíram positiva ou negativamente para o desenvolvimento dessa parte do Brasil. O autor ainda faz uma crítica a exploração do meio ambiente, mais explícita na primeira parte da obra, mas também sutilmente mencionada na segunda, e a eugenia, presente principalmente neste trecho:
"Acreditamos que isso se sucede porque o escopo essencial destas investigações se tem reduzido à pesquisa de um tipo étnico único, quando há, certos, muitos.
Não temos unidade de raça.
Não a teremos, talvez, nunca. (...)
Estamos condenados à civilização.
Ou progredimos ou desaparecemos.
A afirmativa é segura." — Complexidade do problema etnológico do Brasil, página 79
Dessa forma, Euclides vai traçando as misturas raciais pelas quais o sertanejo vai passando de modo a desmitificar essa eugenia e provocar a reflexão acerca da diversidade de raças existentes. Do mesmo modo, usa essa miscigenação para ilustrar os componentes do comportamento, da crença e do modo de vida do sertanejo, fazendo uma verdadeira linha histórica do processo de colonização, exploração, luta e sobrevivência do homem sertanejo.
Sertão: Uma parte do Brasil totalmente desconhecida
Até o início da guerra, as elites do litoral desconheciam o que fosse sertão. Imaginavam ser uma terra sem dono, sem leis, onde as estruturas não favoreciam a sobrevivência humana. O sertanejo era visto como um mestiço de raça inferior favorecido ao isolamento, perdido nas caatingas, longe da cidade e isolado do resto do mundo.
O sertanejo: Um Hércules-Quasímodo
O sertanejo é caracterizado pelo autor como um “Hércules-Quasímodo”, onde faz referências a dois importantes personagens (Hércules – semideus latino, encarnação de força e valentia; e Quasímodo – o famoso “Corcunda de Notre-Dame”, pessoa disforme que cuidava do sino da Catedral de Notre-Dame, no romance Nossa Senhora de Paris, de Victor Hugo), mostrando a oposição entre a força física e a fragilidade da imagem.
"O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços do litoral. A sua aparência, entretanto, no primeiro lance de vista, revela o contrário(...). É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasimodo (...) é o homem permanentemente fatigado (...) Entretanto, toda essa aparência de cansaço ilude (...) No revés o homem transfigura-se . (...) e da figura vulgar do tabaréu canhestro reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias." (p.118)
Essa definição é conferida, não apenas a miscigenação que forma a raça sertaneja, mas está diretamente ligado ao determinismo de Comte presente na obra, para Cunha, esse paradoxo da imagem do sertanejo está intimamente ligado ao seu meio de vida, ao clima da região em que ele vive e ao seu trabalho árduo na dura sobrevivência da seca.


1.3. A Luta
A Luta, terceira parte do livro, narra a batalha entre o litoral desenvolvido e o interior atrasado. Relata as quatro expedições a canudos, mostrando o retrato real, da fome, da peste, da miséria, da violência e da insanidade da guerra que só seria possível relata por alguém que testemunhasse de perto o que se passava naquele meio. A princípio Euclides da Cunha, que compartilha as idéias do povo litorâneo, enxerga os acontecimentos no arraial de Canudos como uma revolta. No decorrer de sua narrativa, porém, essa posição se altera gradativamente até a compreensão de que os sertanejos constituíam um povo isolado e, por isso, homogêneo.
Essa homogeneidade se deve a um isolamento histórico provocado pelo esquecimento civilizatório, que os manteve distantes do desenvolvimento litorâneo. O conflito de canudos surgiu de uma desavença local, o início da luta se dá quando as autoridades de Juazeiro se recusam a mandar a madeira que Antônio Conselheiro adquirira para cobrir a igreja de Canudos; os jagunços, então, pretendiam tomar à força o que haviam comprado e pago.  Avisado das intenções dos homens de Conselheiro, o governo do Estado manda que em Juazeiro se organize uma força que elimine o foco de banditismo. O governo da Bahia também não concordava com o fato dos habitantes de Canudos não pagarem impostos e viverem sem seguir as leis estabelecidas. Afirmavam, contudo que Antônio Conselheiro defendia a volta da Monarquia. Por outro lado, Antônio Conselheiro defendia o fim da cobrança dos impostos e era contrário ao casamento civil. Ele afirma ser um enviado de Deus que deveria liderar o movimento contra as diferenças e injustiças sociais. Era também um crítico do sistema republicano.

Trecho que descreve o final dos combates:
“A luta, que viera perdendo dia a dia o caráter militar, degenerou, ao cabo, inteiramente. Foram-se os últimos traços de um formalismo inútil: deliberações de comando, movimentos combinados, distribuições de forças, os mesmos toques de cornetas, e por fim a própria hierarquia, já materialmente extinta num exército sem distintivos e sem fardas. Sabia-se de uma coisa única: os jagunços não poderiam resistir por muitas horas. Alguns soldados se haviam abeirado do último reduto e colhido de um lance a situação dos adversários. Era incrível: numa cava quadrangular, de pouco mais de metro de fundo, ao lado da igreja nova, uns vinte lutadores, esfomeados e rotos, medonhos de ver-se, predispunham-se a um suicídio formidável. Chamou-se aquilo o “hospital de sangue” dos jagunços. Era um túmulo. De feito, lá estavam, em maior número, os mortos, alguns de muitos dias já, enfileirados ao longo das quatro bordas da escavação e formando o quadrado assombroso dentro do qual uma dúzia de moribundos, vidas concentradas na última contração dos dedos nos gatilhos das espingardas, combatiam contra um exército. E lutavam com relativa vantagem ainda. Pelo menos fizeram parar os adversários. Destes os que mais se aproximaram lá ficaram, aumentando a trincheira sinistra de corpos esmigalhados e sangrentos. Viam-se, salpintando o acervo de cadáveres andrajosos dos jagunços, listras vermelhas de fardas e entre elas as divisas do sargento-ajudante do 39o, que lá entrara, baqueando logo. Outros tiveram igual destino. Tinham a ilusão do último recontro feliz e fácil: romperam pelos últimos casebres envolventes, caindo de chofre sobre os titãs combalidos, fulminando-os, esmagando-os...” 
A guerra significou a luta e resistência das populações marginalizadas, esquecidas no sertão nordestino no final do século XIX. Embora derrotados, mostraram que não aceitavam a situação de inferioridade e injustiça social que se fazia presente naquela região, onde o privilégio se concentrava no desejo das elites.

2. Conclusões
            Com uma maestria poética, Euclides da Cunha fez um trabalho historiográfico e geográfico, ao mesmo tempo em que filosófico e reflexivo sobre não apenas o povo sertanejo, mas sobre suas lutas diárias de sobrevivência em meio a dureza da vida árida, do jogo de interesses sociais envolvidos na guerra de canudos. Observamos o modo singelo como ele retrata o sertão, com a sua crueza e olhar de biólogo, geólogo e historiador. O estilo de Os sertões é conflituoso, angustiado, torturado. Dá a impressão de sofrimento e luta. O autor faz uso de muitas figuras de linguagem, às vezes omite as conjunções, outras repete-as reiteradamente. Ocorre, com frequência, a mistura de termos de alta erudição tecno-científica com regionalismos populares e neologismos do próprio autor.
            Como contribuição às ciências sociais, encontra-se nesta obra de Euclides da Cunha a separação da nação brasileira entre os povos litorâneos e os interioranos. A compreensão de cada uma dessas partes permitiria a compreensão do país como um todo, uma vez que se tinha nas cidades litorâneas polos de desenvolvimento político e econômico e no interior do país condições de atraso econômico que subjugavam suas populações à fome e à miserabilidade. No entanto, ao analisar os fatos ocorridos em Canudos, o autor refuta a noção de que no litoral se encontrariam condições de avanço civilizatório em oposição ao interior. Pelo contrário, aponta que tanto os litorâneos quanto os interioranos, cada qual em suas especificidades, se encontrariam em um estádio bárbaro de sociedade, bastava atentar para a crueldade com que se reprimiu o movimento de Antônio Conselheiro. Além do que, tanto uns quanto os outros eram dados ao fanatismo, fosse pela República de Floriano Peixoto, fosse pela religiosidade de Conselheiro.
Esta sua noção de estádios bárbaros e civilizados de sociedade estão em consonância a seu pensamento evolucionista spenceriano. Também se alinha com isso sua metodologia em compreender as singularidades de cada elemento separadamente para, enfim, compreender o todo. No caso, buscou compreender as populações litorâneas e as interioranas como elementos do Brasil como um todo.
3. BIBLIOGRAFIA
CUNHA, Euclides da. Os Sertões (Companhia de Canudos). 5ª edição. Edições de Ouro, s/data. 520 páginas.
Wikipédia:
·        Os Sertões
·        Euclides da Cunha 

sábado, 19 de setembro de 2015

CNBLUE - 2gether

Oi, povo!!!

Eu precisava vir falar desse álbum novo do CNBLUE. Eu sou suspeita pra falar da banda porque, depois do EXO, é a minha favorita de K-pop, e esse álbum novo segue a mesma linha dos anteriores, apenas aumentando em um grau assombroso o sucesso da banda. 2gether vem com tudo, abrindo logo com Cinderella que teve um mv fantástico que apresenta muito bem o álbum (bem ao contrário do cd novo do sirenia), é um álbum que tem uma energia muito boa e só pena por ser tão curtinho (cerca de 38 minutos). As faixas que eu mais curti foram Cinderella, Domino, Catch me, Hide and Seek e amei a versão coreana de Radio, embora sempre vá curtir mais a japonesa do álbum wave. O CNBLUE vem ganhando notoriedade no cenário não só asiático, mas mundial, estou simplesmente surtando pelo novo álbum japonês deles, Colors, previsto para 30 desse mês, com o último EP, White, minhas expectativas estão lá em cima! Vale muito a pena sentir essa vibração gostosa de K-pop com uma pegada leve de soul e rock desse novo álbum 2gether, amei amando!

Tracklist:

01. 신데렐라 (Cinderella)
02. 숨바꼭질 (Hide and Seek)
03. 롤러코스터 (Roller Coaster)
04. Domino
05. Hero
06. Drunken Night
07. Catch Me
08. Hold My Hand
09. Control
10. Radio
11. 발자국 (Footsteps)


Círculo de Leituras: Um dia Maravilhoso!

Oi, pessoas!

Como eu disse, estou em semana de provas, dias corridos e mal tive como falar do novo CD do CNBLUE que saiu esses dias! Preciso fazer um post sobre isso, mas meu trabalho de literatura e as provas que vem aí estão me tirando todo o tempo! Mas eu precisava fazer um break pra falar sobre esse dia fantástico que eu tive hoje com o projeto Círculo de Leituras que veio aqui para minha cidade. Conheci quatro escritores maravilhosos, ouvi dicas de escrita valiosíssimas e pude me inteirar um pouco melhor da literatura da minha terra, o nordeste, e conhecer facetas diferentes do universo dos livros, que antes eram ainda um pouco distantes da minha realidade. Depois desse dia maravilhoso eu me sinto muito mais motivada para continuar escrevendo e prometo trazer novos trabalhos com ainda mais amor e empenho pra vocês!
Sombras ao Sol vem aí! 
Conheci, além disso, uma amiga incrível, amante dos livros, da literatura e das palavras como eu! Ela é de São Paulo, mas nasceu aqui e está visitando a terra natal, uma fofa gente! Já trocamos ideias, convidei ela para o projeto de antologia que estou preparando, fiquem ligados que assim que tiver mais informações vou avisar por aqui, ela virou uma amiga, uma possível leitora e uma parceira literária e isso foi não apenas muito novo pra mim, porque vocês sabem que eu sou muito introspectiva e não falo muito, mas foi uma das sensações mais incríveis que eu já tive desde que comecei o tratamento. Estou muito feliz! 
Vou dividir com vocês as fotinhas que tirei no projeto, se ele chegar aí na sua cidade, não deixe de ir! É gratificante, inspirador e muito instrutivo!











Com os autores Sidney Rocha e Bruno Liberal




Com meu grande amigo Paulo, poeta, advogado e grande pessoa!


Com o ilustre Cícero Belmar

Com os autores Cícero Belmar e Raimundo de Morais

Meu grande professor Carlos, poeta, contista, trovador...

Com a minha fofíssima nova amiga Maristella!



quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Alguns Avisos e Novidades


Oi, meu povo!

Então, estou aqui para dar alguns avisinhos de última hora e contar umas novidades. Bem, primeiro, eu vou ficar sem atualizar o blog (provavelmente) por um tempinho, tenho um trabalho de literatura quilométrico para fazer da faculdade e minha semana de provas já é a próxima, então, preciso estudar. Peço desculpas para quem acompanha o meu cantinho por essa ausência necessária. Adeus vida "social", adeus, livros divertidos, adeus escrita...
Agora vamos às novidades!!
Primeiro, quero dizer que Sombras ao Sol está caminhando muito bem e que muito em breve vocês terão um livro incrível nas mãos! Estou quase terminando e já arrumei um revisor, então podem aguardar!!
Em Dezembro, vou comemorar o aniversário do blog e provavelmente vai ter sorteio! Estou vendo como ajeito as coisas, então fiquem ligados!
Em breve também vai sair uma antologia de contos minha e de uns amigos autores, com uma variedade de contos para todos os gostos, então fiquem atentos à novidade!!! 
Beijos e até a volta, blogueiros!

sábado, 12 de setembro de 2015

Sirenia, Xandria e Leave's Eyes - Novos álbuns

こんにちわ、 みなさん!

Então, hoje estou aqui para fazer um post que eu não faço ha um bom tempo: música. Sim, meus amigos, vamos falar de música. Recentemente (bom, talvez todos nem tanto) algumas das bandas que eu curto lançaram álbuns novos e eu como boa apaixonada por metal sinfônico que sou, não podia deixar de conferir os novos trabalhos dos meus ídolos e quero compartilhar o que eu achei aqui com vocês.

Leave's Eyes - King of Kings

Começando pelo álbum fodástico do Leave's Eyes, lançado recentemente, King of Kings vem cheio de poder viking, elementos celta, a voz gloriosa da Liv Kristine e todo o som pesado e poderoso do metal. Confesso que depois do Symphonies of The Night eu fiquei um pouco apreensiva com o próximo trabalho da banda, pois o álbum era tão absurdamente foda que eu achava muito difícil eles fazerem um álbum que superasse ou, pelo menos, ficasse no mesmo patamar musical, e eis que surge King of Kings provando que a banda pode, sim, surpreender ainda mais! É impossível eleger uma música desse cd como a melhor, porque ele é todo foda como seu antecessor. A faixa com participação da Simone Simons ficou apaixonante e viciante (replay eterno!). O Leave's Eyes ganhou de vez o meu coração desde o Symphonies of The Night e manteve seu lugar no meu celular com mais esse álbum maravilhoso e surpreendente que é o King of Kings. Desde o lançamento do vídeoclipe de Waking Eye eu já estava fervendo em expectativa por esse cd e não me decepcionei nem um pouco! Vale a pena sim!

Tracklist:

1. Sweven
2. King of Kings
3. Halvdan the Black
4. The Waking Eye
5. Feast of the Year
6. Vengeance Venom
7. Sacred Vow
8. Edge of Steel (feat. Simone Simons / EPICA)
9. Haraldskvæði
10. Blazing Waters (feat. Lindy-Fay Hella / WARDRUNA)
11. Swords in Rock
Bonustracks:
12. Spellbound
13. Trail of Blood

Xandria - Fire and Ashes

Outro álbum que ganhou vez no meu coração foi o novo EP do Xandria Fire and Ashes. Quando a Manuella Kraller entrou na banda, eu me apaixonei completamente pela voz potente dela e pelo estilo novo adotado pela banda, que era bem mais próximo do nightwish e do Epica que eu estava acostumada a ouvir. Não deu outra, virei fã. Na substituição dela pela Dianne não-sei-como-diacho-se-escreve-esse-sobrenome, minhas expectativas ficaram meio apreensivas, mas quando o cd destruidor Sacrificium foi lançado eu não tive dúvida que o Xandria entrou no cenário para ficar! A voz da Dianne é uma voz potente e, ao mesmo tempo, angelical e esse EP não foi diferente do seu antecessor, embora ela tenha usado mais a voz popular que a lírica, o cd não deixa por menos, as inéditas, os cover's e as regravações são de uma qualidade que não tem do que se reclamar, são apenas sete músicas que te fazem apaixonar ainda mais pela voz maravilhosa da Dianne.

Traklist:

1. "Voyage of the Fallen"  
2. "Unembraced"  
3. "In Remembrance"  
4. "I'd Do Anything for Love (But I Won't Do That)" (Meat Loaf cover)
5. "Ravenheart" (originally on Ravenheart, 2004)
6. "Now & Forever" (originally on India, 2005)
7. "Don't Say a Word" (Sonata Arctica cover)



Sirenia - The Seventh Life Path

Ao contrário dos outros dois álbuns mencionados, o novo cd do Sirenia não me pegou em nada. Da mesma forma que os últimos trabalhos inéditos do Nightwish e do Within Temptation, não curti tanto o novo álbum do Sirenia que, na minha opinião, não superou seu antecessor Perils of Deep Blue, não que a voz da Aylin tenha perdido a qualidade, ao contrário, mas achei que a pegada sinfônica tão presente no álbum anterior perdeu-se um pouco nesse novo trabalho, criei expectativas demais quando vi a capa do cd, mas essas expectativas não foram superadas quando ouvi o álbum e nem quando foi lançado o primeiro vídeo oficial dele, Once My Light, achei as músicas muito "mortas", e o som realmente não me convenceu muito. Dessa forma, penso que vai ser realmente difícil de superar a façanha suprema que conseguiram com o Perils of Deep Blue, que da nova cara da banda desde a entrada de Aylin, foi o melhor trabalho já feito.

Tracklist:

1. "Seti"  
2. "Serpent"    
3. "Once My Light" 
4. "Elixir" (featuring Joakim Næss)
5. "Sons Of The North"  
6. "Earendel"  
7. "Concealed Disdain"  
8. "Insania"    
9. "Contemptuous Quietus"    
10. "The Silver Eye"  
11. "Tragedienne"  
12. "Tragica" (Bonus Track)



sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Do Outro Lado do Espelho - Vanda Phaelante

Informações:

Autor: Vanda Phaelante
Ano: 1997
Editora: Bagaço
Gênero: Mistério, romance

Sinopse: Buscando na música conforto para um momento de solidão, angústia e remorso, Maria Clara, sozinha em seu apartamento, ouve, de repente, uma gargalhada estranha, um quê de atrevida e debochada, espalhando-se pela sala. Apavorada, busca de onde partiu o riso afoito e encontra o espelho frio e indiferente às suas costas. Encarando-o, vê-se frente a frente com uma realidade inesperada, fantástica e absurda, que jamais ousou imaginar. Num clima de mistério, aventura e suspense, a autora sugere o quanto o ser humano desconhece aquilo que não faz parte da realidade palpável, e o tanto de possibilidades que podem existir além dessa realidade.

O que eu achei: Ah, os livros da escola!! Quanta saudade! Comprei do outro lado do espelho na estante virtual, foi uma verdadeira viagem no tempo, havia alugado esse livro na biblioteca da escola duas vezes, lembro-me que demorei quase uma semana para lê-lo a primeira vez e desisti na metade, pois não estava entendo a linguagem - Machadiana demais para minha leitura principiante - e a história causou-me arrepios. Da segunda vez que o loquei, lembro que li inteiro e, já um pouco mais inteirada da linguagem - pois já havia lido mais e estava mais velha - 
mas ainda assim, não entendi muito bem a história, ou não lembrava ra ela tenha ficado gravada em minha mente por muito tempo. Eu saí da escola, os livros que li lá, alguns foram roubados, outros tiveram páginas arrancadas, e aos poucos, conforme o tempo foi passando eu tentei adquirir os favoritos pela internet. Comprei Doce Refúgio, Os quatro Grandes, Iaiá Garcia e agora este. Infelizmente, os dois livros da série Bianca que eu mais queria nunca consegui achar para vender. 
Em, Do Outro lado do Espelho, acompanhamos a saga de Maria Clara, uma senhora que, em um momento de melancolia por uma culpa do passado - da qual não temos nenhum conhecimento até o meio da trama - encontra na música clássica um refúgio para sua alma, quando, de repente, é atraída pelo seu reflexo em um espelho. Um espelho que outrora não existia em sua casa. Jogada em um mundo que lhe parece saído de seus piores pesadelos, preocupada com o marido e os filhos que ficaram para trás, Maria Clara se vê refém de uma adolescente chamada Clarita, a única naquele mundo onírico que pode ver e falar com ela, e conforme os acontecimentos progridem, somos levados a uma teia de passado e presente que se mescla unindo as duas protagonistas em uma história de amor, superação e segundas chances.
Rodeada de mistério e com uma narrativa eloquente, Vanda Phaelante marcou a minha infância e adolescência com esta história maravilhosa que eu recomendo. Mais um livro da literatura brasileira que vale a pena ser conhecido!

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Anime-Se! Myself;Yourself


Informações:

Título Original: マイセルフ;ユアセルフ
Criado Por: Nakumi Nakazawa
Lançamento: 3 de Outubro de 2007
Número de Episódios: 13
País de Origem: Japão
Baseado em jogo de playstation com mesmo nome.
Nota: *****

Sinopse: Para o bem dos planos de negócio dos seus pais, Hidaka Sana mudou-se para Tóquio. Cinco anos mais tarde, ele se tornou um estudante do ensino médio, e retornou à sua cidade natal, Sakuranomori. Ele se sente inseguro, porque as ruas da sua cidade e seu velho amigo que ele encontra novamente mudou muito em cinco anos. O que mais mudou foi a sua amiga de infância, Yatsushiro Nanaka. Ela costumava sorrir gentilmente com olhos inocentes, mas agora tem recuado em seu escudo e tornou-se sombria...

O que eu achei: Está aí um anime que eu não vejo ninguém falando! Descobri por acaso enquanto pesquisava animes no anitube e gostei da sinopse. Já caímos de cara na volta de Sana para a cidadezinha onde nasceu e, aos poucos, conforme ele vai reencontrando seus amigos vamos tendo revelações sobre seu passado e a realação com eles. O anime foi baseado em um jogo de PS2 então não dá pra esperar um enredo fantástico e surpreendente, embora gere aquele clima de mistério durante a trama. Primeiro, queremos saber porque Nanaka, a melhor amiga de Sana quando criança, está tão sombria e distante, depois porque ele tem tanto medo de sangue e/ou facas ensanguentadas, coisa que só descobrimos no último capítulo do anime - que é curto demais para tantas perguntas que ficam na nossa cabeça. 
A história se desenvolve de maneira basicamente focada na relação de Sana e Nanaka, a reaproximação deles é lenta e envolve muitos mal entendidos. Também acompanhamos um pouco da história dos gêmeos que aparentemente eu acredito que rolou um incesto. É um anime bem legalzinho, tem umas partes que emociona e outras que te deixa com cara de tacho, pequenininho é o tipo de anime que você assiste todo num dia só. Pra quem não conhece, eu recomendo, mas não recomendo que crie muitas expectativas com ele, o enredo não é dos mais fantásticos ou elaborados, embora eu tenha achado ótimo! Valeu cinco estrelinhas!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint - Exupéry

Informações:

Título Original: Le Petit Prince
Título no Brasil: O Pequeno Príncipe
Autor: Antoine de Saint - Exupéry
País de Origem: França
Ano de publicação: 1943
Gênero: Lit. Infanto-juvenil, novela


Sinopse: A história começa quando o personagem principal fala sobre um desenho que ele fez quando tinha 6 anos de idade e que tratava de uma jiboia que engoliu um elefante, mas todos os adultos acharam que o garoto havia desenhado um chapéu. O personagem principal renunciou ao 6 anos de idade a carreira de ser pintor, e se tornou piloto. E voando, teve uma pane no seu avião no "Deserto do Saara". Tentando consertar seu avião, adormece... E é acordado por um menino que o autor define que tem "cabelos de ouro" e que lhe pede para desenhar um carneiro.
Conforme a história passa o personagem descobre que o menino vive no asteroide B 612, e que só tem uma rosa que fala com ele, e que tem três vulcões (um deles está extinto), e que o principezinho assiste quarenta e três pôr-do-sol para se divertir ou quando está triste.
O autor conta um pouco da história dele, a história de como o principezinho havia chegado ao Deserto do Saara, fala de como são as crianças e de como são as pessoas grandes; e envolve o leitor em mais um mistério no capítulo XXVII: que fala que o carneiro que desenhou para o principezinho poderia comer a sua flor.

"O Império do homem é interior." 

O que eu achei: Você vive, sobrevive ou apenas existe? Sim, há uma grande diferença entre os três conceitos, quando começamos a ler o Pequeno Príncipe passamos a refletir sobre o sentido desses conceitos. Para começo, um piloto cai no meio do deserto e encontra um interessante menino que lhe pede para desenhar um carneiro. Enquanto começa a conversar com ele e descobrir sua trajetória até chegar à terra, o piloto passa a refletir sobre suas atitudes, seu olhar "adulto" para o mundo e percebe-se um homem tolhido dos seus sonhos infantis que, provavelmente, esqueceu a magia de ser criança.

"Adultos adoram números. Quando vocês contam que tem um novo amigo, eles não ligam para o que é importante. Nunca perguntam: "Qual a voz dele?" "De que ele gosta de brincar?" "Ele faz coleção de borboletas?" Os adultos preferem perguntar: "Que idade ele tem?" "Quantos irmãos?" "Quanto pesa" "Quanto ganha o pai dele?" (página 25)

Ao longo do livro - que infelizmente não é grande o suficiente - nós somos levados a refletir sobre a vida e sobre como olhamos para o mundo. Como nessa passagem acima, em que refletimos o modo como tudo é contável para nós, deixamos de lado a essência das pessoas, aquilo que realmente a tornam valiosas, para olhar futilidades, avaliá-las por quantitativo e não vê-las por seus qualitativos. Entendi finalmente porque esse livro é tão recomendado, já foi tão traduzido e encantou tantas pessoas ao redor do mundo, voltamos a ter aquela sensação nostálgica de quando tínhamos aquele olhar puro e infantil sobre o mundo, quando sabíamos ver a beleza real das coisas. Hoje, vejo as crianças deixando esse mundo imaginário e colorido de lado, isoladas em um universo digital que tolhe sua capacidade de experimentar coisas essenciais na vida e isso me lembrou um pouco de Ponte para Therabítia, uma personagem que vivia de livros e imaginação, que era diferente de todos na sua escola, que não via televisão, que aproveitava o melhor da vida. 

"As flores são frágeis. E ingênuas. Defendem-se como podem. Julgam-se poderosas com seus espinhos." (página 37)

Para chegar à terra, o pequeno príncipe viaja do seu planetas por outros planetas e neles conhece as facetas da humanidade. No primeiro planeta, conhece o rei, encaramos esse encontro como o início do "poder" do homem sobre o homem. O rei, em seu mundo de absolutismo, que não tem ninguém sobre quem reinar, e que quer fazer do pequeno príncipe seu súdito. O príncipe percebe que ele é um homem solitário, mas que seria impossível ser amigo de alguém tão autoritário. As pessoas esquecem que a vida é feita de cooperação, que precisamos enxergar o outro como um semelhante e não como um inferior a nós.

"Então, você será juiz de si mesmo - sugeriu o rei. - Sei que é muito difícil. É bem mais fácil julgar a si mesmo, que julgar os outros. Se conseguir julgar a si mesmo, provará que é um verdadeiro sábio." (Página 55)

Quantas vezes julgamos as pessoas pelo que parecem ser ou por algo que fazem e que, no nosso ver, é errado e esquecemos de que não somos exemplos de vida para ninguém? Já começou a contar? Quem somos nós para acharmos que sabemos o que é certo e errado quando ninguém sobre a terra pensa da mesma maneira?
No segundo planeta habitava um vaidoso. "Óbvio que para os vaidosos todas as pessoas são suas fãs." Desse, o princepezinho que buscava um amigo, também não podia oferecer seu cativante coração, pessoas vaidosas são egocêntricas demais para aceitar ou ouvir qualquer coisa que não sejam elogios a si mesmas. A vaidade é uma cela que isola as pessoas.
No terceiro planeta, morava um bêbado. Ele buscava na bebida a fuga para a vergonha que tinha de beber. E que pena causava, fazendo um dano a si mesmo na tentativa de fugir ou transformar sua realidade. "Os adultos são mesmo muito estranhos."
No quarto planeta morava um homem de negócios. Ocupado demais para dar atenção a quem quer que fosse, julgava-se dono das estrelas e do universo. Lembra as pessoas gananciosas, imersas demais em sua sede de ter e poder para se importar com quem quer que seja.

"- E para que serve possuir estrelas?
- Isso faz eu me sentir rico.
- E que adianta ser rico?
- Posso comprar mais estrelas que forem localizadas.
'Esse sujeito' - refletiu o pequeno príncipe - 'faz-me lembrar aquele bêbado.' (...)
-Possuo uma flor - explicou o pequeno príncipe -, que rego todos os dias. Tenho três vulcões nos quais faço faxina toda semana. Limpo inclusive um que está extinto. É melhor prevenir. Meus vulcões e minha flor são úteis. Porém, você não pode fazer nada de útil com as estrelas..." (página 66/67)

No quinto planeta encontrou um acendedor de lampiões. Era um homem extremamente dedicado ao seu trabalho e com zelo pelo regulamento, mas, no entanto, não se comprazia totalmente com o que fazia uma vez que não descansava nunca. No entanto, o pequeno príncipe refletiu enquanto falava com ele que de todos que havia encontrado até ali, morava naquele planeta minusculo que mal cabia seu próprio dono, o único com potencial de ser seu amigo.

"Esse homem também é maluco. Porém, menos maluco que o rei, o vaidoso, o homem de negócios e o bêbado. Ao menos seu trabalho tem sentido. Quando acende o lampião é como se fizesse nascer mais uma estrela ou uma flor. Quando o apaga, faz adormecer a estrela ou a flor. É um belo trabalho. Um trabalho útil, além de belo." (página 69)

Mesmo assim, aquele homem tão ocupado que nunca tinha tempo para descanso, também não podia ser seu amigo. Avançando ao próximo planeta, ele conheceu o geógrafo. Um homem com um trabalho aparentemente interessantíssimo, mas que nunca havia explorado nada do que catalogava com tanto esmero, usava apenas o trabalho de outros que haviam visto as maravilhas que ele escrevia em seu livro. O pequeno príncipe julgou um trabalho vago, pois em seu planeta, sequer tinha a beleza que ele escrevia. Avançou então para  o planeta terra.

"Chegou então ao sétimo planeta: a terra. A terra não é um lugar qualquer. Ela abriga 111 reis (claro, sem esquecer os reis negros), 7 mil geógrafos, 900 mil homens de negócio, 7 milhões e meio de beberrões, 311 milhões de vaidosos - enfim, cerca de 7 bilhões de adultos." (página 90)

Na terra ele passeou por diversos lugares, conheceu diversas coisas e descobriu outras - como o fato de sua flor não ser "exclusiva", mas não encontrou nenhum amigo. Até conhecer uma raposa que ensinou aquele príncipe muito mais que o sentido da amizade, mas o sentido das coisas que acontecem em nossa vida, das pessoas que nela estão e que para ela trazemos.

"- Só se conhece o que se cativa - observou a raposa. - As pessoas já não tem tempo de conhecer nada. Preferem comprar tudo pronto nas lojas. Como não existem lojas que vendem amigos, as pessoas não tem mais amigos."

E que passagem mais reveladora sobre os nossos dias, não? É o que faz o pequeno príncipe uma obra ainda mais atual! Essa é uma verdade ainda mais pungente nos dias de hoje, as pessoas, cada vez mais presas no individualismo tecnológico, não tem mais o gosto pelo conhecer, pelo explorar, preferem isolar-se, ir pelo caminho mais fácil, comprar pronto e acabado. Para que conhecer pessoas? Elas são tão complexas! Eu me encaixei nessa passagem, sou uma individualista acredito que como milhões de pessoas no mundo, mesmo com meus motivos é minha "zona de conforto", mas ainda assim, dentro de mim arde esse desejo pelo conhecer, pelo explorar, pelo sentir. Como estamos vendo o mundo hoje? O que estamos fazendo para que ele seja melhor? Como contribuímos para o nosso próprio bem? Eram essas as perguntas que eu me fazia enquanto lia o livro. O pequeno príncipe nos leva a ver as coisas pequenas da vida, as que tem real importância e que deveriam ser diariamente apreciadas, mas que nós deixamos passar pela nossa pressa do amanhã, pelo nosso imediatismo, pela correria de uma vida que tornamos tão curta e muitas vezes tão sem sentido.

"Conheço um planeta onde vive um sujeito vermelho. Ele nunca sentiu o perfume de uma flor. Jamais contemplou uma estrela. Nunca amou ninguém. A única coisa que ele fez na vida foi contas. E todo dia ele repetia como você: 'Sou um homem sério! Sou um homem sério!'  e isso o enchia de orgulho. Ora, isso não é um homem, é um cogumelo!" (página 38)

Na viagem pelos planetas, o pequeno príncipe reflete sobre o isolamento das pessoas, cada qual presa no seu "planeta" de individualismo, no seu próprio mundo, incapazes de interagir ou conviver com outras pessoas, seja porque estão ocupadas demais ou porque são intolerantes demais, e enquanto conhece cada uma dessas pessoas, ele descobre a complexidade humana e descobre o que o torna diferente delas, ele é um ávido por conhecer, por explorar, por se permitir abrir-se para outros mundos sem esquecer do seu, sem esquecer de quem é. Essa é a maior mensagem que ele tem para nos passar, a vida é tão curta, passa tão rápido, somos como um sopro no horizonte desértico do Saara, a areia que corre livre nos vendavais desse deserto e, em um segundo, deixa de existir no ar. Não é preciso muito para encontrar o que se procura, a resposta está enterrada dentro de nós, como o poço que acharam no deserto, o segredo para ser feliz é invisível aos olhos, precisamos aprender a olhar com o coração, aprender a enxergar as pequenas coisas da vida que é o que realmente dão sentido ao fato de existirmos.
Então eu volto à pergunta inicial: você vive, sobrevive ou apenas existe? Se você vive, parabéns! Poucas pessoas no mundo (principalmente hoje) podem dar essa resposta, pois estão ocupadas demais com seu próprio mundo para se abrirem a outros planetas, como fez o pequeno príncipe. Se você sobrevive aos dias, esperando um momento oportuno ao invés de criar o seu próprio momento e ser o ator principal da sua vida, ou mesmo se você só existe, vendo a vida passar, com olhos inertes, sem fazer diferença de quanto tempo ainda tem, deveria de verdade ler esse livro.

Outros Quotes:

Há coisas que não posso compreender! Acho que deveria tê-la julgado por seus atos e não por suas palavras. Ela era perfumada e me alegrava. Nunca deveria tê-la abandonado. Deveria ter captado sua ternura por trás de seu jeito rude. Como as flores são complicadas! Mas eu era ainda muito jovem para saber amá-la.” (Página 45)
“Vocês são belas, mas sem conteúdo  disse a elas. Ninguém está disposto a morrer por vocês. Com certeza alguém que passe por aqui pode achar vocês e minha rosa se parecerem.  Mas ela é especial, é para mim mais importante que vocês, pois tratei de regá-la, de protegê-la na redoma de vidro, de abrigá-la com o biombo. Por ela matei as larvas (exceto dias ou três por causa das borboletas).  Eu a vi se queixar e se alegrar, ou mesmo se calar às vezes. Porque é a minha rosa. (Página 100/101)
Adeus!   retrucou a raposa. Eis meu  segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. (...) É o cuidado que você dedicou a sua rosa que a faz tão especial. (...) As pessoas esquecem essa verdade frisou a raposa. Mas você não deve esquecê-la. Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa. (Página 101)
Eles se preocupam em conduzir rápido os passageiros? Indagou o pequeno príncipe.
Não se preocupam com coisa alguma. Lá dentro, os passageiros bocejam ou dormem. Apenas as crianças espremem o nariz no vidro das janelas.
Só as crianças sabem o que querem. Afirmou o pequeno príncipe. São capazes de perder tempo cuidando de uma boneca de trapos, e isso é tão importante para elas que, se alguém tira delas a boneca, elas choram...
Elas é que são felizes. admitiu.
Estou de acordo   disse o pequeno príncipe. Seja a casa, as estrelas ou o deserto, o que imprime a beleza é invisível! Fico feliz em saber que você concorda com minha raposa.