quinta-feira, 28 de junho de 2018

[Livro] A Guerra que salvou a minha vida

Título Original: The war that saved my life
Autor: Kimberly Brubaker Bradley
Ano: 2017
Páginas: 240
Gênero: Ficção histórica, guerra, drama

Sinopse: Ada tem dez anos (ao menos é o que ela acha). A menina nunca saiu de casa, para não envergonhar a mãe na frente dos outros. Da janela, vê o irmão brincar, correr, pular – coisas que qualquer criança sabe fazer. Qualquer criança que não tenha nascido com um “pé torto” como o seu. Trancada num apartamento, Ada cuida da casa e do irmão sozinha, além de ter que escapar dos maus-tratos diários que sofre da mãe. Ainda bem que há uma guerra se aproximando. Os possíveis bombardeios de Hitler são a oportunidade perfeita para Ada e o caçula Jamie deixarem Londres e partirem para o interior, em busca de uma vida melhor.

Ainda da série livros emprestados, terminei hoje  A Guerra que salvou minha vida, há um tempão tinha lido uma resenha dele em um blog literário por aí e ficara interessada em ler mesmo que fosse outro livro ambientado na segunda guerra. Esse é o quarto livro que leio com essa temática, se não estiver enganada. Não que eu goste, não gosto, mas ler a situação dessas pessoas por alguma razão faz a gente repensar e dar valor às coisas que temos e que, em geral, não paramos para nos imaginar sem ou mesmo de onde elas vêm.

Contudo, esse livro não é exatamente sobre a segunda guerra, é um livro mais sobre a construção da autoestima, da coragem de enfrentar nossos medos, sobre superar nossos limites e valorizar o que tem real importância. Em boa parte da leitura lembrei-me daqueles filmes de professor que faziam a gente assistir no magistério, com alunos complicados vencidos por um professor inspirado e carinhoso que procurava entender o contexto deles, like Escritores da Liberdade, de alguma forma, Ada é uma autora da própria liberdade e da liberdade do seu irmão mais novo.

Às vésperas da fase crítica da segunda guerra mundial, Ada vive com seu irmão Jamie e a Mãe em um apartamento fétido numa travessa de Londres. Ela tem um problema no pé que nasceu torto e não recebeu tratamento, por isso, a Mãe a despreza, deixando-a com sobras de comida e dizendo-lhe palavras cruéis todos os dias, maus tratos, sem prestar qualquer assistência à filha. Seu irmão Jamie é o único que lhe dá carinho de verdade, divide com ela a comida (apesar de Ada lhe dar sempre a maior parte) e conta tudo que ela não consegue ver da janela do apartamento, uma vez que a Mãe lhe proíbe de sair. Quando todas as crianças são evacuadas de Londres para o interior, ela não recebe permissão da Mãe para ir, esta só planejava embarcar Jamie e deixaria a menina sozinha, pois não se importava se ela morresse. Para não deixar o irmão sozinho, Ada aproveita que a mãe dorme o dia inteiro e, bem cedo, foge com o menino para a escola de onde partiriam para a estação.

Quando chegam no interior, ela recebe os olhares de desprezo das pessoas que lhes deixam sem um abrigo, uma das mulheres do exército inglês leva-os para a casa de uma jovem solteira carrancuda que, inicialmente, se recusa a aceitá-los. A verdade é que essa mulher, chamada Susan Smith, tem depressão desde a perda de sua melhor amiga, Becky, falecida anos antes, temendo negligenciar as crianças durante o período em que o luto pela melhor amiga volta. Contudo, acaba ficando com eles e, ao ver seu estado, percebe horrorizada que as crianças viviam, anteriormente, em uma guerra muito diferente das bombas, principalmente Ada que é arredia e sempre se encolhe quando ela se aproxima.

A convivência inicialmente não é nem um pouco fácil, apesar de Ada estar amando a sua nova vida, não precisa se esconder das pessoas, não precisa ficar trancada em casa e, sobretudo, pode montar Manteiga, o pônei de Becky. em contrapartida, Susan está apenas no início dos problemas para cuidar das crianças, quanto mais descobre sobre eles, mais sente que precisa dar tudo aquilo que mais precisam: amor e compreensão. Principalmente para Ada que sente nojo e vergonha de si mesma, as palavras da Mãe diariamente ecoando em sua mente, todavia, ela vai percebendo que Susan não tem vergonha dela, não a culpa por coisas que não são sua culpa, não a maltrata e só devolve suas malcriações com carinho e compreensão.

Ada aprende a ler, a escrever, aprende mais sobre o mundo e sobre si mesma, compreende que a vida é maior que o apartamento onde era trancada e que ela tem o direito de vivê-la com tudo que ela oferece. Enquanto Susan dá-se a chance de abrir-se para o novo, dia a dia vai superando a perda de Becky e percebe que a lembrança da amiga permanecerá para sempre independente de ela viver a vida ou não, abre-se para novas pessoas e sua vida isolada e triste de antes enche-se de ternura e amigos que a aquecem e se preocupam com ela. As crianças são salvas de uma vida de maus tratos e privações e Susan é salva de sua tristeza, no fim acho que é isso que resume o livro, as guerras diárias que vivemos, a guerra de Ada era sua mãe e esse é um ponto bacana do livro porque ela sempre se refere a ela como a Mãe indicando um distanciamento entre elas, claramente explicitando a ausência de afeto, com Susan inicialmente acontece a mesma coisa, porém conforme a mulher vai conquistando o afeto e o respeito da menina, aos poucos deixa de ser a senhorita Smith para ser Susan.

A guerra de Susan era sua própria mente. Ela não conseguia superar a morte da melhor amiga e, mais, a distância dos próprios pais que não aprovavam suas decisões, conforme a convivência com as crianças a fazia questionar sobre o modo como vivia ela passou a racionalizar acerca da sua vida e perceber que tinha direito à felicidade. Ada não precisava se esconder como Ane Frank por causa de sua origem e, ainda assim, vivia presa apenas por ser como era, sua mãe ao ser obrigada a lidar com uma maternidade que não queria e, logo, ver-se responsável por duas crianças que nunca pediu e um marido morto na guerra, descontava em Ada toda a sua frustração e o ódio que sentia da vida. Então, mesmo que não fosse uma judia na mira nazista, Ada era uma refugiada na mira do ódio da mãe.

As descobertas dela sobre o mundo que a cerca é o que dão esse toque sensível ao livro, percebemos o valor real das coisas, começamos a nos questionar sobre diversas verdades que construímos e desconstruímos ao longo da vida, aprendemos, sobretudo, o cerne de conceitos que ainda hoje são tão abstratos no coração das pessoas como solidariedade, amor, respeito, empatia, felicidade e liberdade. Mesmo que, ao contrário de muitas pessoas que o leram, eu não tenha chorado com ele, achei um livro maravilhoso que mostra o poder das palavras na vida de uma pessoa, principalmente uma criança, da força que o amor e paciência têm, da superação da maior guerra que enfrentamos todos os dias: a guerra contra nós mesmos. Mais que recomendado!

quarta-feira, 27 de junho de 2018

[Dorama] Thousand Years of Love

Título Original: Hangul: 천년지애; RR: Cheonnyeon Ji-ae / Hanja: 千年之爱 pinyin: Qiān nián zhī ài Lit. Amor de mil anos/ Mil anos amor
Gênero: Romance, Drama, Time travel
Direção: Lee Kwan-hee
Roteiro: Lee Sun-mi, Kim Ki-ho
Ano: 2003
País: Coréia do Sul
Episódios: 20
Elenco: Sung Yu-ri
So Ji-sub
Kim Nam-jin

Sinopse: Mais de mil anos atrás desde o presente, Puyeoju é a princesa do Imperador Baek Jae. Ao contrário de outras princesas, ela é ativa e habilitada nas artes e nos esportes. Quando o Império Baek Jae se desmorona devido a um espião, Kum-hwa, ela foge com o guarda-costas do general Guishil Ari e se apaixona por ele enquanto isso. O novo conquistador Kim Yu-suk também está apaixonado pela princesa, mas só recebe ódio em troca. Em uma tentativa desesperada de conquistá-la, ele mata Ari, mas a princesa foge e sai de um penhasco para se matar. Ao cair, ela viaja mais de mil anos para o futuro, que é o nosso momento atual de 2003. Somente ela continua a ser quem ela era, e ela encontra Ari para ser um estilista sem objetivo Kang In-chul com um coração quente e Mau humor.

Ainda estou aqui me perguntando o que foi esse dorama?! Eu o dividi em duas semanas para poder terminar esse mês, mas já estava tão sem paciência que comecei a ver de três a quatro episódios de uma vez só pra terminar logo. Baixei por causa do Ji Sub, verdade seja dita, mas os MVs me prometeram uma coisa totalmente diferente do que ele é de verdade, tipo aquele trailer de filme que você acha muito foda e quando vai ver o filme em si é uma droga.

A história começa no passado, durante a dinastia Baekje onde Puyeoju  é a princesa herdeira, uma jovem inteligente, versada nas artes marciais e muito segura de si. Para entender direito a história, fiz umas pesquisas por fora porque senão, apesar de entender o enredo como um todo, a gente fica meio perdido por não ser versado em história coreana. Baekje era um dos três reinos da Coréia antiga (muito antes de Joseon e Goreyo) junto com Silla e  Goguryeo. Baekje alternou entre hostilidade e aliança com Goguryeo e Silla conforme os três reinos expandiram sobre a península. No seu apogeu no Séc.IV, Baekje controlava algumas colónias na China e uma grande parte do sudeste da Península Coreana, como o distante norte de Pyongyang. Se tornou uma potencia marítima regional, com relações politicas e mercantis com a China e Japão.

Então, é nessa hostilidade com Silla que a história se passa, pelos anos 660, quando um Kim Yu Sook, um dos sobreviventes de uma invasão de Baekje a Silla, se une a dinastia Tang da China para tomar Baekje. Dessa forma, o general Ari guarda costas da princesa, começa a tomar providências para proteger o castelo, mas acaba falhando e os rebeldes invadem o castelo e começam a matar guardas e empregados, violentar mulheres e saquear riquezas. O rei Baek Je fugiu do palácio deixando todos os idosos e mulheres, incluindo a própria filha, para morrer. O irmão da princesa Puyeoju, que era casado numa família japonesa do antigo reino de Wa, participou indiretamente do ataque sem que ela soubesse.

Puyeoju é levada por Ari para um castelo de sua família chamado Sabi, onde seria seguro e teria soldados que conseguiram escapar do ataque de Silla, lá ela poderia escrever para o irmão e a tia no Japão pedindo reforços para tirar os invasores de Baekje. Contudo, Yu Sook ataca o local e leva Ari como refém para manter Puyeoju sob seu controle, mesmo ele estando apaixonado por ela, a princesa deixa bem claro que nunca vai retribuir seus sentimentos e que não sente por ele nada mais que repulsa. Ari consegue fugir e levar a princesa com ele, mas Yu Sook vai atrás dos dois e mata Ari para ficar com a princesa. Desesperada e triste, ela se atira de um penhasco para morrer com seu amado, mas acaba atravessando uma fenda do tempo que a trás para 2003 onde é achada por uma gangue e levada para um hotel.

Quando acorda, ela se depara com seu "salvador" e por ele ter o mesmo rosto do rei de Silla, acaba levando uma surra sem tamanho dela, assim como seus demais homens, Puyeoju consegue fugir e se vê perdida na cidade, acabando por quase ser atropelada por Kang Yin Chul que é a reencarnação de Ari no presente. Acreditando que acabara de reencontrar seu amado general, ela é levada por ele ao hospital e, depois de várias confusões, acaba na casa dele que acha que ela é louca. O que acontece é que, além de muito mal humorado, In Chul não passa de um designer de moda falido que ganha a vida vendendo roupas para dançarinas de boate.

Enquanto isso, no Japão, após dar problemas novamente, o herdeiro da corporação Fujiwara, Tatsuji, é enviado pela mãe à Coréia para que o pai não descubra as dores de cabeça que ele anda dando. Quando está arrumando suas coisas, ele acaba encontrando um retrato antigo que, mil anos antes, seu ancestral roubou do castelo de Baekje, era o retrato de Puyeoju, ele se apaixona por ela à primeira olhada. Na Coréia, o destino se encarrega de colocar os dois frente à frente, ainda assim, como aconteceu com seu ancestral, ela também não demonstra qualquer afeto inicial por Tatsuji, ainda que, com o tempo, passe a vê-lo como um amigo. Porém a mãe dele no Japão ao descobrir a existência dela, passa a persegui-la em busca do colar da princesa e uma forma de conseguir benefícios para sua família japonesa no passado e no presente.

A premissa do dorama até que é boa, mas o desenvolvimento não ajuda. Primeiro começa com o tratamento que In Chul dá a Puyeoju, no começo até gosto da maneira como ela se defende e tals, mas ele irrita muito até bem metade do dorama, depois vem aqueles problemas que seriam facilmente resolvidos se usassem o maldito diálogo, outra coisa que me irritava muito era que a princesa era toda foda na luta, mas quando realmente precisava que ela se mexesse ela simplesmente ficava parada vendo os outros apanharem, parece que ela só é foda nas artes marciais conforme o roteiro quer. Além disso, a submissão dela ao Tatsuji algumas vezes me irritava profundamente, em alguns casos até dava pra entender, mas em outros, meu Deus, eu teria dado na cara dele sem pensar duas vezes.

Não consegui me apegar aos personagens, na verdade tinha hora que me enchia tanto o saco o rumo das coisas que eu só torcia mesmo era para acabar logo. E olha que eu gosto pra caramba de drama histórico! Toda aquela coisa de Rooftop Prince de equilibrar o drama com a comédia não aconteceu aqui, e o final... meus amigos, eu fiquei realmente revoltada com aquele final, na boa. Quando chegou o final eu fiquei me perguntando como cargas d'água aquilo aconteceu, fala sério! Odiei! Desssa vez eu teria até preferido um final trágico, teria sido melhor.

sábado, 23 de junho de 2018

[Livro] Em Algum Lugar das Estrelas - Claire Vanderpool

Título Original: Navigating Early
País: EUA
Autora: Clare Vanderpool
Gêneros: Ficção, Ficção de aventura
Páginas: 288

Sinopse: Em Algum Lugar nas Estrelas é um romance intenso sobre a difícil arte de crescer em um mundo que nem sempre parece satisfeito com a nossa presença. Pelo menos é desse jeito que as coisas têm acontecido para Jack Baker. A Segunda Guerra Mundial estava no fim, mas ele não tinha motivos para comemorar. Sua mãe morreu e seu pai... bem, seu pai nunca demonstrou se preocupar muito com o filho. Jack é então levado para um internato no Maine (o mesmo estado onde vivem Stephen King e boa parte de seus personagens). O colégio militar, o oceano que ele nunca tinha visto, a indiferença dos outros alunos: tudo aquilo faz Jack se sentir pequeno. Até ele conhecer o enigmático Early Auden. Early, um nome que poderia ser traduzido como precoce, é uma descrição muito adequada para um prodígio como ele, que decifra casas decimais do número Pi como se lesse uma odisseia. Mas, por trás de sua genialidade, há uma enorme dificuldade de se relacionar com o mundo e de lidar com seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor. Quando chegam as festas de fim de ano, a escola fica vazia. Todos os alunos voltam para casa, para celebrar com suas famílias. Todos, menos Jack e Early. Os dois aproveitam a solidão involuntária e partem em uma jornada ao encontro do lendário Urso Apalache. Nessa grande aventura, vão encontrar piratas, seres fantásticos e até, quem sabe, uma maneira de trazer os mortos de volta – ainda que talvez do que Jack mais precise seja aprender a deixá-los em paz.

Peguei esse liro emprestado de uma amiga, fiquei curiosa a respeito dele e quando a Beatriz Paludetto o indicou fiquei ainda mais curiosa para ler, não me arrependi nem um pouco, a história é tão cativante e fofa que você se vê preso a ela até mesmo quando não está lendo. A história acompanha Jack Baker, um garoto que perdeu a mãe para um aneurisma e se viu sozinho com um pai militar que lhe era praticamente um desconhecido. Ele é levado para um colégio interno e sente como se o mundo estivesse conspirando para seu desaparecimento uma vez que insiste em mostrar que ele é um peso inútil sobre a terra, e é exatamente aí que ele conhece Early Auden.

Aquele menino estranho chama a atenção de Jack de uma maneira quase irresistível, Early parece viver em um mundo só seu, um mundo que não admite convidados e, mesmo assim, Jack sente-se curioso a respeito do mundo em que o menino que não assiste quase nenhuma aula vive. Enquanto tenta se acostumar com a escola e se enturmar com as outras crianças - sem muito sucesso - Jack acaba sendo colocado no caminho do peculiar Early e descobre um pouco da sua cabeça extraordinária que não aceita, sob nenhuma hipótese, a finitude do número pi. Para Early, pi é o personagem de uma história fantástica que, na jornada para conquistar seu nome, acabou se perdendo bem no momento que os números parecem tender a sumir segundo um renomado matemático que atesta a teoria de que o número é, portanto, finito.

Mesmo achando que Early está inventando aquilo tudo, Jack não consegue deixar de se fascinar pela genialidade do garoto em ler uma história nos intermináveis algarismos de pi e, sobretudo, em saber tantas coisas sobre praticamente tudo. Os dois se aproximam, mas, cegado pela sua visão nublada do mundo, Jack acaba tratando Early com certo descaso e o magoa, ainda assim é salvo pelo garoto bem a tempo de perceber que agira como um tolo. A coisa é que, assim como Pi, Jack também estava perdido e é o que torna Em Algum Lugar nas Estrelas um livro fascinante, a história lida pelo garotinho autista nos números de pi se encaixam com perfeição como uma metáfora para ele mesmo e para Jack.

Quando seu pai "fura" com ele nas férias, Jack decide acompanhar Early em uma aventura na busca por Fisher, seu irmão e é quando o garoto percebe que a história de Pi é uma metáfora para o desaparecimento do irmão do garotinho que, foi-lhe dito, morrera como heroi de guerra. Mesmo sabendo o resultado frustrante, não havia como argumentar com Early, tampouco Jack queria passar as férias inteiras sozinho na escola. Assim, a bordo do maine, os dois partem numa aventura que, aos poucos, mostra-se muito similar à história de Pi e seus intermináveis números.

Em Algum Lugar nas Estrelas é um livro sobre perda, sobre encontrar coragem em si mesmo e sobre amadurecimento. Talvez o fato de duas crianças passando por toda essa odisseia de acontecimentos torne tudo um pouco mais sensível, ainda assim é impossível não se colocar no lugar deles, seus modos de pensar e de encarar as provações impostas pela vida. O fato de Early ser autista torna tudo ainda mais fascinante, é o primeiro livro que leio com um personagem que tem essa condição e gostei muito da maneira como ele foi retratado - tirando a parte de ser chamado de estranho, mas como a própria autora explicou, na época em que a história se passa o conhecimento sobre o autismo ainda não era acessível - a maneira como ela mesclou a história de Pi contada por Early ao enredo principal, transformando a jornada do número em uma metáfora que se encaixava na perda do menino e, ao mesmo tempo, servia como uma lição para Jack, foi simplesmente magistral.

É muito difícil entender como é a mente fantástica de um autista, o fato de Early ver uma história, cores e texturas em uma cadeia de números para mim foi ainda mais incrível (principalmente porque a única reação que tenho a muitos números juntos é desespero!), as particularidades do autismo ficaram implícitas nas atitudes do garoto de uma maneira muito clara e sem precisar de nenhuma nomenclatura para distingui-lo, amei ainda mais esse toque lógico digno de Sherlock Holmes que ela aplicou em Early, capaz de fazê-lo compreender a lógica de coisas que, para pessoas como nós, pareciam completamente inexplicáveis a primeira vista. O modo como as histórias se fecham também foi maravilhoso, me peguei dando risadas, sorrindo como boba e angustiada em diversos momentos. Com certeza recomendo fortemente a leitura!


segunda-feira, 18 de junho de 2018

[Anime] Charlotte

Título Original: シャーロット (RR Shārotto)
Criador: Jun Maeda
Direção: Yoshiyuki Asai
Gênero: Comédia dramática, sobrenatural
Episódios: 13

Sinopse: Num mundo alternativo, uma pequena percentagem de crianças são capazes de manifestar seus superpoderes ao atingir a puberdade. A história é ambientada na Academia Hoshinoumi e acompanha os membros do conselho estudantil, que ajudam os outros alunos com problemas decorrentes das suas habilidades. Yuu Otosaka utiliza seu poder sem ter conhecimento deles, vivendo seu cotidiano normalmente. No entanto, depois que ele conhece uma garota misteriosa chamada Nao Tomori, o destino do usuários especiais com poderes poderá ser exposto.

Quando comecei a assistir Charlotte pensei que ia dropar o anime no primeiro episódio porque eu simplesmente não gostei. Tanto é que parei de ver e fui assistir Erased. 

A trama segue Otosaka Yu, um adolescente de quinze anos que tem o poder de possuir outras pessoas por um curto período de tempo. Ele usa seu poder para trapacear nas provas e para causar discórdia entre pessoas que praticam atos ruins, isso até ser descoberto por Nao Tomori, a presidente do conselho estudantil de uma escola especializada em adolescentes que tem habilidades especiais. Ela explica a Yu que seu poder só dura o período da sua puberdade e, então, desaparecem, e o adverte que se ele continuar utilizando-os de forma errônea será capturado por cientistas e virará rato de laboratório como aconteceu com o irmão mais velho dela.

Assim, Yu e a irmã mais nova vão para um condomínio especial que fica próximo da nova escola onde ele terá que estudar e não apenas isso, mas fazer parte do conselho estudantil e ajudar a capturar pessoas que tem habilidades e instruí-las a não usar. Contudo, conforme a história avança, pedaços do passado de Yu vão se desenrolando e ele acaba se vendo preso em lembranças de um período sombrio da sua vida. Com a morte de Yumi em um acidente envolvendo o poder dela que despertara da pior maneira possível, Yu acaba conhecendo seu irmão mais velho do qual não tem qualquer lembrança.

Esse encontro lhe dá não apenas a possibilidade de salvar sua irmã Yumi como de descobrir seu verdadeiro poder que é, na verdade, roubar o poder de outras pessoas transformando-as em humanos normais. Mais ou menos como a vampira, a diferença é que Yu se apropria do poder da pessoa e ela fica sem. Assim, uma nova história é escrita, mas a descoberta desse poder pode acarretar em um futuro ainda mais sombrio do que Yu ou qualquer um de seus amigos poderia imaginar.

O começo do anime realmente desestimula, mas conforme os capítulos vão avançando me vi presa na trama a coisa é que nos três últimos capítulos tudo começa a desandar, talvez porque o mangá não está finalizado então eles meio que improvisaram a coisa toda, mas a sensação que dá no último episódio é que eles resumiram 10 episódios a mais em um só, ficou muito desesperançado o negócio todo, e a magia que foi construída a partir do segundo episódio meio que desapareceu.

Então, minha nota pro anime acabou sendo de 5,5 de 10. Sério, magoou mesmo, pricipalmente a morte de um personagem no penúltimo episódio que eu achei muito desnecessária. Porém, se tem uma coisa que é realmente 10 nesse anime é a trilha sonora secundária da banda ZHIEND criada para a série. Meio que como aconteceu com o Egoist criado para o Guilty Crown, o ZHIEND cuja vocalista e compositora é cega, faz muito sucesso no japão e fora dele e a Nao aprendeu a gostar por causa do seu irmão. Achei o CD inteiro da banda no youtube, tem a versão em inglês e em japonês, ouvi a versão japonesa e gostei muito, recomendo!


[Mangá] Boku Dake Ga Inai Machi (Erased)

Título Original: 僕だけがいない街 lit. "A cidade onde só eu não existo"
Gênero: Fantasia, mistério, suspense
Volumes: 08
Público Alvo: Seinen

Sinopse: Satoru Fujinuma, 29 anos e aspirante a mangaká, volta no tempo sempre quando acontece uma tragédia em especial (sequestro / morte): é um fenômeno conhecido como "revival". Certo dia, sua mãe nota e suspeita a presença de um sequestrador - um assassino em série que cometeu crimes contra alguns colegas de infância de Satoru - por ela perceber e ter a mente aguçada, foi assassinada pelo meliante a facadas de forma fria. O incidente despertou o "Revival", fazendo-o regressar 18 anos no tempo. Não apenas para salvar a mãe, como também seus amigos. A história se passa em 2006 e em 1988, quando viaja 18 anos para trás.

Assim que terminei de assistir o anime e o dorama de Erased, precisava ler o mangá porque tinha que saber como a história era no original, sabe? Aproveitei que o mangá era relativamente curto e comecei, mas por causa do período final de faculdade, começaram a surgir trabalho em cima de trabalho e a leitura acabou atrasando um pouco.

Mas bem, como já falei aqui das três adaptações do mangá, vou me limitar as principais diferenças entre elas porque a história em si vocês já conhecem se leram a resenha das adaptações. Posso dizer que até mais ou menos o quinto volume o anime e o dorama fizeram um bom trabalho, na verdade ficou quase um Kuzu No Honkai, tudo que tem no mangá foi reproduzido em tela, mas foi um quase, muitas coisas não entraram, acredito que até hoje Kuzu no Honkai é a obra mais bem adaptada que tem porque se você ler o mangá antes de ver o anime consegue prever o que vem em cada quadro sem problemas.

Porém, o anime meio que se perde um pouco a partir do final do volume cinco e a semelhança com o mangá vai diminuindo consideravelmente ainda que ambas estejam sincronizadas por assim dizer. Mas o dorama não, ele segue quase inteiramente à risca o mangá, com mudanças muito sutis a nível de adaptação mesmo, principalmente no final que acredito ser a diferença mais gritante se comparar o mangá com o anime e o filme. O dorama conseguiu adaptar o final do mangá quase que fielmente em totalidade.

Uma das coisas que mais gostei em Erased sem dúvida foi a evolução do Satoru, apesar de todo o mistério que envolve as mortes e o assassino, na minha concepção o foco da obra não é esse, mas sim sobre a importância das nossas relações interpessoais, do modo como tratamos as pessoas à nossa volta e da significância que elas podem ter na nossa vida. Satoru só se deu conta do valor verdadeiro da sua mãe quando ela morreu e ele começou a repensar toda a vida que ela lhe proporcionou o amor e dedicação que ela lhe deu. Do mesmo modo ele percebeu como fora um amigo vazio para Hiromi e os outros, uma vez que só estava na turma por estar, para não ficar sozinho, ele não se importava de verdade. Do mesmo modo aconteceu com Hinazuki Kayo. 

A primeira vez que Satoru tentou salvar Kayo ele falhou simplesmente porque não parou para pensar nela realmente, mas estava focado em impedir a morte da mãe 18 anos a frente. Apenas quando ele voltou e começou a pensar nela, em como ela se sentia e a se importar com isso ele conseguiu prever os passos do assassino e salvar Kayo e Hiromi do seu destino trágico. Do mesmo modo sua relação com Ken'ya e a mãe foi retrabalhado e ele começou a confiar nas pessoas, a dar o valor que elas mereciam e a se importar de verdade com elas e, desse modo, conseguiu salvá-las ao mesmo tempo em que salvava a si mesmo.

Na sua trajetória no passado, Satoru não salvou apenas os amigos e a mãe de morrer, mas ele percebeu e se salvou de uma vida solitária e apática, do medo que sentia de enfrentar a si mesmo por simplesmente não querer lembrar da sua covardia e negligência iniciais. A mesma covardia e negligência que o deixou sozinho no futuro, sem espaço para novas amizades e sem contato com as antigas porque elas não tinham raízes, eram simplesmente convenções sociais. E, com certeza, um ponto que para mim marcou muito foi a relação que o Satoru reconstrói com a mãe, Sachiko que não desistiu do filho quando todo mundo desistiu, um amor tão perfeito e profundo desses é inacreditável e lindo.

Valeu muito a pena ler Boku dake ga inai machi e eu recomendo muito, principalmente para quem não viu o anime ou o dorama, leia o mangá primeiro que o dorama e o anime serão experiências muito mais prazerosas. Para mim foi meio que um complemento uma vez que eu já sabia quem era o assassino. 

Os cinco primeiros volumes (até o capítulo 30) você acha em português no Union Mangás. Os três últimos volumes só em inglês por enquanto.

[Livro] Harry Potter e a Câmara Secreta (+Filme)

Título Original: Harry Potter and the Chamber of Secrets
Ano: 1998 (Inglaterra) 2000 (Brasil)
Páginas: 252 (ed. ao lado)
Série: Harry Potter #2
País de Origem: Inglaterra
Gênero: Fantasia, ficção, aventura, bildungsroman

Sinopse: O segundo ano de Harry na escola de Hogwarts está cheio de novos perigos e horrores, incluindo um professor totalmente metido chamado Gilderoy Lockhart, o espírito de uma garota chamada Murta que Geme, que assombra o banheiro das meninas, e a embaraçosa atenção da irmãzinha caçula de Rony, Gina.
Mas tudo isso parece pequeno quando um problema de verdade aparece e alguém - ou alguma coisa - começa a petrificar os alunos de Hogwarts. Será que foi Draco Malfoy, que anda mais venenoso que o normal? Será que foi Hagrid, cujo passado misterioso começa a vir à tona? Talvez tenha sido o suspeito número um de toda a escola... o próprio Harry Potter!

A câmara secreta é o filme da saga que mais gosto, quebra totalmente os paradigmas do segundo livro odiado.  Sério, todos os segundos livros de série costumam ser chatos até doer. Quando minha irmã comprou o box da Rocco contendo todos os livros, coloquei logo A Câmara Secreta na meta de leitura porque queria muito saber se, assim como o primeiro livro, o segundo filme era também tão fiel.

No segundo ano de Harry na escola de magia e bruxaria, as coisas parecem fadadas a dar muito errado para ele, não bastasse o péssimo tratamento que seus tios davam a ele, um elfo doméstico chamado Dobby parece disposto a impedi-lo de ir à escola aquele ano sob o pretexto de que algo terrível irá acontecer em Hogwarts, embora não queira sob nenhuma hipótese dizer ao garoto o que é. Após ser salvo por Rony e os gêmeos da casa do tio, nada poderia dar mais errado do que não conseguir passar pela coluna à plataforma 9 3/4 e quase ser assassinado por uma árvore ao finalmente pousar no castelo. Pelo menos era o que o menino pensava.

Um dos suplícios de Harry em seu segundo ano tinha nome e sobrenome: Gilderoy Lockhart. O metido novo professor de defesa contra as artes das trevas era um panaca que falava mais do que fazia, pode-se equiparar seu grau de insuportabilidade com o do diabo rosa em A Ordem da Fênix. Não bastasse isso, o homem parece querer usar Harry como um gancho para crescer sua fama e destacar-se entre os alunos. E não bastasse isso, uma voz estranha ronda os corredores do castelo prometendo matar alguém, mas parece que apenas Harry pode ouvi-la, e é quando alunos nascidos trouxas começam a aparecer petrificados que a fama do famoso Potter ser o herdeiro de Sonserina se espalha como uma doença, ajudada pelo poltergeist Pirraça.

Enquanto investigam os acontecimentos tentando provar a inocência do amigo, Hermione também acaba sendo atacada deixando Harry e Rony sozinhos para resolver o mistério. Sua habilidade de ofidioglota não tona a fama de Harry muito melhor e a convivência na escola aos poucos se transforma em um sufocante pesadelo. Um misterioso livro surge no banheiro das meninas ao ser jogado no fantasma da Murta que Geme, o livro - que o garoto descobre ser um diário - contém pistas do incidente que ocorrera cinquenta anos antes quando a câmara do herdeiro de Sonserina foi aberta pela primeira vez e ao que parece, fora Hagrid que a abrira.

Um novo ataque coloca o amigo guarda-caça dos garotos em uma saia justa, até mesmo Dumboldore é afastado da escola e Harry se vê sem tempo quando a irmã caçula de Rony, Gina, é levada para a câmara. Cercados por monstros, com a fraude que é Lockhart e sem a ajuda de Hermione, Rony e Harry descem à câmara em busca de Gina, contudo, é o próprio Potter que precisa encarar mais uma vez o perigo mortal que se esconde atrás da porta de serpentes e seu velho inimigo declarado de sempre.

Acho que uma das coisas que mais me atrai nesse livro é o tom sombrio que ele tem, não sei os outros livros porque não li, mas dos filmes posso falar, nenhum deles consegue chegar perto da carga de terror que esse chega. E o mais irônico é que eu não gosto de filmes de terror! O tom mais pesado da Câmara Secreta e até mesmo as inferências que a gente pode fazer sobre crítica ao preconceito racial e econômico, à escravidão (que ainda existe mesmo após a abolição), a corrupção personificada em Draco e seu pai Lúcio, tornam esse meu livro favorito da série. A carga cômica foi bem diminuída, mas ainda assim os gêmeos e, claro, Rony não podiam deixar de nos divertir nos momentos certos.

Em 2002 saiu a adaptação cinematográfica do livro contendo o mesmo elenco sob a direção de Chris Columbus e roteiro de Steve Kloves, apesar de ser sim uma boa adaptação não considero que tenha ficado tão fiel quanto o primeiro livro.

Há algumas coisas que consigo entender não terem dado para adaptar seja por questões orçamentárias ou quaisquer outras, como, por exemplo, a festa de haloween que Harry e os amigos não participam para ir ao aniversário de Nick quase sem cabeça, ou mesmo Pirraça que não aparece nos filmes, mas tiveram outras coisas que eles mudaram muito drasticamente como a enrolação na luta contra o basilisco e até mesmo o jogo de quadribol em que Harry quebra o braço.

Creio que pelo tamanho do livro, que se equipara ao primeiro, daria sim para ter feito uma adaptação mais fiel, todavia é impossível desgostar desse filme que continua sendo meu favorito da franquia ainda que muito simples em comparação ao livro. Para mim, Harry Potter só teve graça até aqui, por isso não é provável que eu vá continuar lendo a saga, vi todos os filmes e a partir do terceiro não gostei de mais nenhum. Contudo, pode ser que qualquer dia me bata a louca e eu continue lendo. Nunca se sabe.

domingo, 10 de junho de 2018

[Dorama] Scholar Who Walks in The Night

Informações:
Título Original: 밤을 걷는 선비; rr: Bameul Geotneun Seonbi
País: Coréia do Sul
Gênero: Fantasia, histórico, drama, romance
Criador: Jang Hyun-joo
Direção: Lee Sung-joon
Ano: 2015
Episódios: 20
Elenco: Lee Joon-gi
Shim Chang-min
Lee Soo-hyuk
Lee Yu-bi
Kim So-eun

Sinopse: Jo Yang-sun é a filha de um nobre cuja família perde tudo quando seu pai é acusado de traição. Para fazer face às despesas, Yang-sol começa cross-dressing como um livreiro do sexo masculino, e se encontra com o erudito belo e misterioso Kim Sung-yeol, que trabalha na Hongmungwan. Sung-Yeol é um vampiro, e ele continua a ser assombrado pela morte de longa atrás de seu primeiro amor Lee Myung-hee, especialmente quando ele conhece o doppelgänger atual de Myung-hee, Choi Hye-ryung, a filha de um nobre distante. Enquanto isso, o mal de vampiro Gwi reside no palácio real e usa seus poderes e maquinações políticas para evitar que o príncipe herdeiro de subir ao trono.

Posso dizer Ufa! Finalmente terminei esse dorama. Quando comecei a assisti-lo com a minha irmã ela desistiu dele no primeiro episódio então eu deixei ele de lado para ver outra coisa com ela e decidi assisti-lo sozinha. Olhando os comentários sobre ele vi que a galera ficou bem dividida na época em que ele foi transmitido, mas já sabia que não deveria esperar um grande final e não esperei.

A história gira em torno de, basicamente, Kim Sung Yeol o melhor amigo do príncipe herdeiro Jung Hyun, um jovem rapaz cheio de ideais e energia que esconde-se atrás do pseudônimo de Estudante Sensual para denunciar em seus livros de ficção a existência de um vampiro cruel chamado Gwi, que tem governado o país durante anos sem que ninguém soubesse. Por ter descoberto um jeito de matar o vampiro e se voltado contra ele, tanto o príncipe quanto o rei foram mortos e Sung Yeol transformado em vampiro por um outro guardião cuja missão era destruir Gwi. Porém, durante o tempo que dura sua transformação, sua família é acusada de traição e seu pai assassinado, sua irmã com quem ele ia se casar (sim, exatamente, foi por causa dessa parte do incesto que quis ver haha, gente, isso é meio inédito em dramas coreanos, já havia visto em japoneses, mas coreanos nunca!), é levada pelo vampiro para "se divertir".

Sung Yeol chega a tempo de encontrá-la viva, mas não de salvá-la e, fraco por não ter se alimentado quando acordou como vampiro, acaba sendo forçado a beber o sangue da sua irmã até a morte desta. Devastado pela dor e a culpa, ele jura viver sua nova condição em prol de encontrar o diário do príncipe Jung Hyun e executar o plano de destruir Gwi. 

Jo Yang Sun é uma mulher que se veste de homem para vender livros e ajudar a família que, após ser acusada de traição, perdeu não somente o status, mas o pai ganhou uma lesão na perna e não pode mais trabalhar ativamente. Ela é especialista em encontrar livros perdidos e proibidos e o fato de se vestir de homem permite não apenas que se encaixe em qualquer conversa, mas que entre em qualquer lugar (sabemos como a sociedade medieval de uma maneira geral é machista, né? E não só ela, a atual não é muito diferente, mas antes era pior) coisa de que ela gosta bastante. Ela é chamada por Sung Yeol para encontrar o diário do príncipe morto há 210 anos, o que não esperava era ficar absolutamente hipnotizada pela figura bela e enigmática dele. 

Nessa mesma noite ela conhece por acaso o príncipe herdeiro Lee Yoon, logicamente disfarçado de nobre comum. O pai dele foi acusado de traição e assassinado por Gwi, ele no entanto foi salvo pelo avô a quem aprendeu a desprezar conforme crescia. Imediatamente, Yoon fica encantado com Yang Sun porque ela lhe lembra Seo Jin, seu melhor amigo de infância e assim eles acabam se tornando amigos. Contudo, a caçada ao diário do príncipe herdeiro leva Gwi ao rastro de Yang Sun e, para protegê-la, Sung Yeol precisa se tornar mais e mais próximo dela o que começa a mexer com seus sentimentos, conforme se aproximam mais do diário, segredos do passado de Yang Sun a ligam ao príncipe herdeiro e ao vampiro que matou seu pai e ela pode acabar se tornando a próxima presa de Gwi assim como a chave para destruí-lo.

A minha média pra esse drama foi 6,9 no Banco de Séries não apenas porque eu achei o enredo meio arrastado, mas porque o final deixou muito a desejar. Achei as atuações realmente boas, mas tirando a Yang Sun não consegui me ligar realmente aos personagens e mesmo achando a história até legal tanto essa falta de vínculo quanto a enrolação no enredo não me permitiram apreciar o dorama completamente. O príncipe herdeiro que deseja se impor ao vampiro, mas acaba se deixando influenciar por qualquer um, o vampiro que não tem exatamente uma razão para manipular os reis uma vez que não quer governar, mas ao mesmo tempo continua enchendo o saco. O pai da Yang Sun foi outro que me tirou do sério, na boa, teve uns dois episódios que eu torci pra ele morrer mesmo, assim como o pai da Hye Ryung.

Só se safou a Yang Sun mesmo que eu achei, além de super divertida, bem diferente da maioria das personagens femininas em dramas históricos. Mas se teve algo que eu realmente amei foi a importância dada à literatura, é tão bacana ver nesses dramas históricos como eles tinham uma sociedade voltada ao conhecimento, na maioria deles só vê isso em familias abastadas, mas nesse a Yang Sun ensina crianças plebeias a ler, a maior parte da população das cortesãs aos vendedores consomem livros e debatem sobre eles, isso é muito bacana de ver. Ah, e uma das partes que mais gostei foi ver as "editoras" coreanas de antigamente, o processo de reprodução de livros antigos totalmente manual, muito muito legal.  E, novamente, a adaptação que eles fazem dos vampiros, eu gosto muito dessa concepção deles da criatura, ficou muito bacana a mitologia usada no dorama mesmo em suas particularidades mais "universais" por assim dizer.

Então, é um drama que eu indico para quem gosta de ver ficção histórica com fantasia, mas só quer passar o tempo mesmo, sem algo realmente emocionante porque o enredo realmente demora a andar. Contudo, se você é daqueles que gosta de algo mais ligeiro como Rooftop Prince, por exemplo, ou mais "agitado" digamos como Arang and the Magistrate (que eu também não indico) esse drama pode te irritar um pouco. Ah, antes que esqueça, tem muitos beijinhos, então se você é daqueles que gosta de beijo em dorama, pense em investir tempo nesse. O final é um pouco decepcionante sim e deixou algumas coisas em aberto, deu aquela sensação que eles tentaram responder tudo em uma hora de episódio e meio que faltaram alguns elementos, nem mesmo o fato de ser um final bom (algo meio raro nos dramas de época da Ásia em peso, ao que parece) ajuda com a sensação de leve decepção que toma a gente com o desfecho. 

É isso. Não terminei de ler o mangá então vou emendar a leitura com a do livro da vez que vai ser o segundo de Harry Potter, esperem as resenhas, ando meio ocupada, por isso as coisas estão demorando mais. Vejo vocês no próximo post!

sexta-feira, 8 de junho de 2018

[Escrita] Os 5 Fundamentos da Escrita Criativa

Estava assistindo uma palestra do autor e professor criativa Tiago Novaes em que ele falava, entre outras coisas, sobre o que é, de fato, ser escritor, e ele passou esses cindo passos preciosos do processo de escrita criativa que é o que vim trazer para vocês hoje.

Mas antes gostaria de abrir um pequeno parêntese aqui, eu fui "convidada" por uma menina que conheci no meu blog a "analisar" alguns de seus textos, gente, eu não sou nenhuma professora de escrita criativa ou especialista em texto, nada disso. Eu sou uma aprendiz, eu não sei nem metade do que é necessário para escrever uma boa história, tudo que eu escrevo nessa coluna tanto no meu blog quanto no Leitor Beta são meus estudos sobre o assunto, minha experiência pessoal com o processo o que eu acredito que é relevante para quem está começando agora no processo de criar uma história.

Vejam, quando eu comecei a escrever histórias, em 1997 (sim, pra vocês verem como faz tempo), não havia nada do que há hoje, eu não tinha acesso à internet, não tinha professores de escrita, não tinha ninguém que me guiasse no processo. Meus professores de português só ensinavam gramática, eles olhavam meus contos não pelo que eles eram, mas como eles eram escritos ortograficamente. Hoje em dia, apesar de o Brasil ainda ser muito fraco nessa questão, vocês tem a faca e o queijo na mão, galera! Há muito material ótimo de escrita criativa na internet, tudo que vocês precisam fazer é se dedicar a estudar. Eu digo isso porque eu passei por todo o "perrengue" de aprender as coisas na marra, de sofrer com as críticas cruéis de gente que só me colocava para baixo sem dizer onde eu precisava melhorar, o que eu precisava fazer, em que ponto eu tinha que estudar mais. Então, se você quer mesmo ser um bom contador de histórias, um romancista, um contista, um autor no sentido mais simbólico e literal da palavra, não coloque desculpas sobre não saber o que fazer ou por onde começar, está bem? Isso é hipocrisia.

Eu já disse aqui e repito: escrever não é um processo fácil. Criar uma boa história, personagens convincentes, um enredo bem estruturado, algo que realmente consiga prender um leitor é cada dia mais complicado, leva tempo e você precisa aprender a ser paciente para enfrentar a jornada, mas, sobretudo, corajoso o suficiente para enfrentar a batalha. Se você pode investir dinheiro nisso, investe, se não pode (como eu) então procura o que está disponível e tenta fazer o que melhor que tu podes com isso. Mas pare de continuar cometendo os mesmos erros por dizer que não tem quem te oriente a fazer o certo.

Dito isso, vamos aos cinco preciosos fundamentos da escrita criativa. Sério, anotem esses passos, eles são sua estrada de ouro para conseguir vencer a jornada do escritor.

1. Revisão

O primeiro é o princípio da revisão. Digamos que esse seja 70% do que um escritor faz. Sempre que você começa a revisar, o texto fica melhor. Por isso a primeira versão de um texto NUNCA é a definitiva. Não existe um escritor que não revisa, não existe como pular essa etapa de lapidação do texto, é preciso ser paciente e revisar quantas vezes forem necessárias e quando digo revisar não estou falando apenas de sair olhando os erros ortográficos do texto, revisar é muito mais que isso, é sair procurando o que está incoerente, o que pode ser mudado, o que precisa sair, o que se deve acrescer, etc. É um processo que melhora com a prática. E, repito, é fundamental.

2. Gêneros Literários

O segundo é o fundamento do conhecimento dos gêneros literários e não confundam com os gêneros textuais! Antes que um autor tenha a pretensão de criar hibridismos ou se aventurar por correlações, é preciso que se tenha uma noção do que significam cada um dos gêneros literários, as diferenças entre eles, suas características, a mecânica de linguagem que eles usam, etc. Entender os gêneros é uma forma de situar a si mesmo e a sua escrita no nosso tempo.

3. Fluência e Rigor

Quando deixamos o nosso texto "maturando" por assim dizer, durante a revisão nós o submetemos a todos os nossos lados (e sim, nós temos mais de um), o observamos sob todas as nossas óticas subjetivas, por isso, ao revisar, evite esses dois pensamentos:

  • "Isso está um lixo" "Não presta para nada" esse pensamento não vai te levar a nada, não te serve, principalmente se for fruto da sua autocrítica sem fundamento. 
  • "Está perfeito" "Maravilhoso" "Pronto" "Intocável", do mesmo jeito que o desânimo em excesso não é saída, o ego inflado menos ainda vai ajudar você a continuar. Acredite, eu conheço muita gente escrevendo como um estudante de segunda série que acha que é o próprio Stephen King. Não importa quão bom você ache que está seu texto, sempre há o que melhorar.
O processo de escrita está além desses dois pensamentos, não pode ser "8 ou 80" ache o equilíbrio entre a euforia e a autocrítica, entre a fluência e o rigor.

4. Estrutura Frasal

Esse fundamento meio que me derrubou da cadeira (risos), gente todo autor iniciante passa por isso. É preciso entender sim a estrutura de uma oração (lembra aquelas aulas de sintaxe que você cansou de prestar atenção? Pois bem, volte a revisar), sujeito, predicado, verbo, advérbio, adjetivo... Por quê? Porque isso vai ajudar a identificar como construímos orações e como podemos torná-las fluidas. 

Quer um exemplo bem claro? Abra o seu texto no programa que você usa para escrever e procure todos os adverbios terminados em "mente" no seu texto, exatamente, completamente, totalmente, extremamente... eu fiz isso com um texto antigo meu e me surpreendi, mesmo no meu livro atual apesar de a incidência não ter sido muito assustadora, foi um pouco preocupante. Isso é muito a cara de autores iniciantes, pessoas. Pode prestar atenção nos livros que você lê, há muito poucas ocorrências desse tipo de advérbio, quase nenhuma, porque a marca de um bom texto é você saber suprimir esses advérbios que cria um certo cacoete no seu texto. 

Outro exemplo é o uso dos adjetivos que também devem ser usados com equilíbrio, apesar de esta questão estar ligada com o estilo de escrita de cada autor é bom estar atento. E como a gente vê tudo isso? Adivinhem?! Sim, na revisão.

5. Contenção do Narrador

É importante que você esteja um pouco invisível no seu próprio texto, você já é o dono dele, o senhor, o autor. Por isso, deixe um espacinho para o leitor, ofereça lacunas, perguntas (não literalmente, claro) para que ele faça parte do processo, que ele interprete e co-crie a história junto com você. Um bom escritor é aquele que deixa espaço de criação para o leitor, por isso contenha o narrador dentro de você!

E é isso! Espero que tenham gostado e que esses fundamentos guiem seu caminho como autores a partir de agora. São dicas valiosíssimas que eu gostaria muito de ter tido quando comecei a criar minhas próprias histórias.
Grande abraço a todos vocês e até a próxima!

[Chinês] Expressar uma ação em progresso com 在/正在

Vamos começar nesta aula a ver as lições do capítulo que fala sobre o tempo presente, mais especificamente como usar o gerúndio em mandarim. Para isso, vamos usar o já conhecido verbo 在 (zài) e também a estrutura 正在 (zhèngzài).

Ambas são equivalentes e podem ser usadas para expressar uma ação que está em progresso Eles só são usados quando há uma ação envolvida e não podem ser usados com verbos modais ou estativos. Estrutura: 

SUJEITO + 在/正在 + VERBO + OBJETO

Ex: 我看电视。
Eu estou assistindo televisão.


正在洗澡。
Eu estou tomando banho.

Vocabulário:

等 (Děng)- esperar, aguardar
找 (zhǎo)- procurar, buscar
洗澡 (xǐzǎo) - banhar-se, tomar banho
在 (zài) - indica uma ação em progresso
正在 (zhèngzài) - estrutura que expressa uma ação contínua

Ideogramas


zhǎo

zǎo - banho

zhéng - justo, positivo

Pratique!


1. 我在等你。Wǒ zài děng nǐ.
2. 我在找我的钱包。Wǒ zài zhǎo wǒ de qiánbāo
3. Eu estou estudando chinês agora.
4. 现在他在洗澡。Xiànzài tā zài xǐzǎo.
5. 我们正在找你。Wǒmen zhèngzài zhǎo nǐ.
6. Eu estou tomando banho.
7. Posicione 正在 no local correto na frase abaixo:
_____ 他们____看电影 _____。 _____Tāmen _____ kàn diànyǐng ____.

8. 现在外边______下雨。 xiànzài wàibian ____ xià yǔ

a) 可以 
b) 能 
c) 正在
d) 想

9. Eu estou procurando meu amigo.
10. Eu estou usando meu celular agora.
11. Eu estou procurando meu gato.
12. Nós estamos conversando agora.

terça-feira, 5 de junho de 2018

[Escrita] Planejamento de Enredo II - Representação Simbólica de Relações

Olá, pessoal!

Hoje a gente vai dar continuidade ao post anterior (que ficou bem grande, por sinal) e, seguindo a lógica de representação simbólica, vamos aprender como representar as relações do personagem principal com outros personagens e o uso de personagem transversal, uma ferramenta bem útil na implementação de plot twist que é a reviravolta da história.

No post passado nós vimos que a história de base é toda a linha cronológica de fatos que antecedem o início do livro e que são utilizados como forma de embasamento e construção do enredo presente na obra. É uma ferramenta importante da construção, pois é essa história de base que vai dar solidez ao enredo e densidade ao personagem. Vimos também os dados divisórios que são inícios ou fins de uma etapa/momento histórico na vida do personagem. Não ignorem esses passos gente, aquela representação simbólica faz toda a diferença na construção do seu livro, digo isso por própria experiência. Quando você cria uma história prévia para esse personagem, você evita que ele seja volúvel pelo seu humor ou inspiração na hora de escrever, conhecendo-o bem você será capaz de dar-lhe uma identidade fixa ao longo de toda a história mesmo com suas evoluções.

Outro elemento principal é a relação desse personagem com outros e com o mundo em que ele habita. Por isso, um elemento fundamental na história de base são os contextos. Eles mostram por onde esse personagem andou ao longo da vida e o que ele observou desse contexto, como ele se relacionou com esse contexto e se tornou aquilo que ele é no início do livro. Para representar as relações históricas do personagem com outros naquela mesma linha do tempo nós vamos montar meio que uma espécie de organograma, eu sugiro que façam isso numa folha de A4 que dá para ter um panorama maior e melhor.


Então, usando o mesmo personagem X do exemplo anterior, nós representamos aí a relação dele com a mãe, como ela morreu no parto, então a gente inicia a linha dela antes da linha do personagem X, marcando onde ela nasce, e finalizamos onde a vida do personagem se inicia, sinalizando a morte dela. Mas, essa mãe vai aparecer como assunto, ela vai ser citada, ao longo do livro em dois momentos, o primeiro aos 38 anos do personagem e o segundo aos 81 pouco antes de sua morte. Esse assunto pode ser em forma de lembrança, em um diálogo com outro personagem, através de um documento, etc.

Da mesma forma a gente vai representar a relação dele com o pai, do momento em que ela se inicia até o momento da sua morte no início do livro. E os aparecimentos dele como assunto ao longo da história narrada caso ele apareça. Assim como o início do aparecimento do amor do protagonista, iniciando-se quando eles se conhecem, e quando se inicia a relação até o final do livro ou até a etapa em que os dois ficam juntos. Veja que, apenas com essa representação você já tem um pequeno mapinha do seu enredo, alie a isso a história de base do personagem principal (ou dos personagens caso seja mais de um) e você vai ter ferramentas para construir uma história sólida, com causalidade, e personagens verossímeis.

Apesar de não ser de uso obrigatório, é muito interessante em uma narrativa (principalmente para um plot twist) o uso de um personagem transversal, são personagens não recorrentes (como um NPC em um jogo de RPG) que tem uma passagem rápida, mas significativa na vida do personagem principal. Eis como o representamos na linha do tempo:

A primeira aparição desse personagem ao personagem principal acontece aos 18 anos onde ele deixa um ensinamento ou  algo do tipo, ele volta então aos 42 anos desse personagem X e faz alguma espécie de revelação que pode mudar todo o enredo ou resolver o mistério (questão principal) da obra.

Antes de encerrar esse post, gostaria de indicar alguns sites que servem de guia para autores iniciantes como nós, são excelentes ferramentas de estudo da narrativa e da composição literária e oferecem cursos (pagos) de escrita criativa, mas também disponibilizam excelente conteúdo gratuito.

O Ficção em Tópicos é o maior site de storytelling e escrita criativa do Brasil. Nele você encontra ferramentas que vão desde a concepção de ideias até o passo a passo da escrita do livro. Eu já o citei aqui no post que falava sobre vozes do personagem, mas você encontra muitas outras coisas lá como:
  • Como iniciar o livro?
  • Como criar personagens?
  • Como escrever diálogos?

E muitas outras coisas! É escrito por um cara que tem uma bagagem muito grande em escrita criativa com cursos e mestrado por boa parte do mundo. O site ainda oferece cursos pagos de escrita criativa. Eu indico fortemente principalmente para quem está no comecinho, o conteúdo disponível grátis é muito rico, vale a pena dar uma estudada nos posts. As guias do site trazem as postagens por ordem de assunto e sequência de trabalho.

O Carreira Literária foi idealizado pela Flávia Iriarte, dona da Editora Oito e Meio, você encontra dicas de leitura, escrita criativa, publicação entre muitas outras coisas. Eu recomendo assinar a newsletter deles, sempre tem indicações de vídeos sobre escrita, concursos literários, sem contar que, dependendo do seu gênero, você ainda tem a oportunidade de mandar seu original para avaliação (contudo se está começando agora não recomendo).

Mais para frente vou conversar um pouco com vocês sobre publicação e autopublicação e contar como foi minha experiência com as editoras, além de dar uns toques de editores sobre o envio de originais. Contudo, vale a pena se inscrever no CL e se ligar nas dicas.

Outro canal muito bacana além do Ficçomos que já indiquei em outro post é o Exercícios de Criação Literária, conheci esse canal por acaso, mas gostei muito do conteúdo que vai além de dicas de escrita, mas fornece exercícios práticos e um pouco desafiadores até, de escrita criativa com a chance de enviar para Sabina Anzuategui, criadora do canal, ter seu exercício avaliado e comentado num vídeo. Lá você encontra temas como personagem, enredo, composição de texto, métodos de trabalho, carreira de escritor, mercado editorial. Vale a pena se inscrever e conferir.

Vejo vocês no próximo post, bons estudos e sigam escrevendo!

sexta-feira, 1 de junho de 2018

[Anime] ERASED (+ Live Action + Série)


Título original: 僕だけがいない街 RR Boku Dake ga Inai Machi 
lit. A cidade onde só eu não existo
Gênero: Fantasia, mistério, suspense
Episódios: 12
Ano: 2016
Direção: Tomohiko Itō
Roteiro: Taku Kishimoto
Música Yuki Kajiura *U*

Sinopse: Satoru Fujinuma, 29 anos e aspirante a mangaká, volta no tempo sempre quando acontece uma tragédia em especial, é um fenômeno conhecido como "revival". Certo dia, sua mãe nota e suspeita a presença de um sequestrador - um assassino em série que cometeu crimes contra alguns colegas de infância de Satoru - por ela perceber e ter a mente aguçada, foi assassinada pelo meliante a facadas de forma fria. O incidente despertou o "Revival", fazendo-o regressar 18 anos no tempo. Não apenas para salvar a mãe, como também seus amigos. A história se passa em 2006 e em 1988, quando viaja 18 anos para trás.

A principal razão de eu ter demorado tanto a ver esse anime é pura e simplesmente porque eu estava com medo, admito. A temática do anime não era para qualquer momento, precisava encontrar o ponto certo onde eu estivesse equilibrada o bastante para ver, contudo, acabei me surpreendendo por ele ser bem leve graficamente apesar de se tratar de temas bem pesados como abuso, assassinato e sequestro de crianças. 

Com trilha sonora da maravilhosa Yuki Kajiura (gente, eu amo o trabalho dessa mulher!) e uma ending cantada pela Sayuri, a mesma que fez a abertura fantástica de Kuzu no Honkai, Erased ou Boku Dake ga Inai Machi conta a história de Satoru, um mangaká que não consegue engatar na carreira pelo simples fato de não conseguir passar sua "alma" na sua obra e, por isso, o editor não aceita seus trabalhos por acreditarem que não são vendáveis. Ele trabalha em uma pizzaria como entregador junto de Airi, sua colega de trabalho que sempre o provoca com a mesma 'piada' quando ele sai para uma entrega.

Contudo, Satoru não é uma pessoa normal, ele passa por um fenômeno chamado revival, sempre que alguma coisa trágica está para acontecer, ele tem a capacidade de voltar no tempo para impedir, e é em um desses momentos que ele acaba sofrendo um grave acidente e é internado no hospital. Assim, sua mãe viaja do interior para passar um tempo com ele enquanto se recupera completamente para ficar sozinho de novo. Um dia, enquanto fazem compras, a mãe dele presencia uma tentativa de sequestro de criança e reconhece o sequestrador como uma pessoa de anos atrás, por causa disso ela é assassinada e Satoru, ao achá-la, acaba sendo culpado por sua morte.

Ele então volta em um revival dezoito anos atrás para tentar resolver o caso que mataria sua mãe anos mais tarde, o ano em que Kayo Hinazuki foi assassinada. Satoru precisa encontrar e prender o assassino e evitar que tanto Kayo quanto as outras duas crianças sejam pegas e mortas, mas qual o preço a pagar por mudar o passado?

Vou confessar que esse anime me surpreendeu um pouco, mas não de um jeito totalmente bom. Os temas dos quais ele trata são realmente muito fortes e na minha opinião mereciam ter tido uma abordagem um pouco mais densa, a impressão que dá é que tentaram aliviar um pouco as coisas para não ficar um clima demasiado pesado apesar do tema pedir isso. A violência gráfica, por outro lado, eu gostei muito, é bem higiênica então para as pessoas como eu que se impressionam com facilidade dá para ver tranquilo. O clima de tensão é muito bem construído deixando a gente tenso em cada final de episódio e se um obra visual pode ensinar alguém a fazer ganchos, essa é com certeza uma!

Porém, a coisa perde um pouco o foco quando parte para os personagens, Satoru deixa passar muitas pistas e coisas realmente importantes na sua busca, ele fica tão focado em livrar Kayo e os outros do assassino que esquece de procurar o assassino e salvar sua mãe no futuro. A coisa do revival não ser explicado não me incomodou muito apesar de comprometer um pouco a lógica da narrativa, achei um detalhe que deu para passar. Contudo, as escolhas dos personagens e sua inteligência não me convenceram muito, mesmo que justifiquem-se que Satoru é uma criança de onze anos, ele tem um revival com uma mente de 29, não justifica sua dispersão de raciocínio.

O final do anime, entretanto, carrega um pouco de tensão sim, mas confesso que dá pra desconfiar do assassino bem de cara, e muitas coisas no final ficaram um pouco previsíveis, eliminando um pouco o elemento surpresa. Contudo alguns fatos foram um pouco surpreendentes para mim, como o andamento do Satoru depois dos eventos do episódio 11. Gostei muito disso, por sinal, além do fato de ele ter um final fechadinho. Por isso, elenquei ele como o mangá que lerei após O Livro dos Espelhos. Quero ver a fidelidade com o anime e as demais produções. Inclusive, esse mangá só tem 8 volumes dos quais 5 estão traduzidos em português, os outros vou ter que me virar em inglês mesmo.

Direção: Yūichirō Hirakawa
Roteiro: Noriko Gotō
Ano: 2016
Elenco: Tatsuya Fujiwara (28/29 anos), Tsubasa Nakagawa (10/11 anos) como Satoru Fujinuma 
Kasumi Arimura como Airi Katagiri 
Rio Suzuki como Kayo Hinazuki 
Yuriko Ishida como Sachiko Fujinuma 
Seiji Fukushi como Kenya Kobayashi 
Kento Hayashi como Jun Shiratori
Onde achar: Mahal Dramas Fansub

No mesmo ano do anime (e parece um pouco com Kuzu no Honkai que lançaram tudo de uma vez!) lançaram um filme live action protagonizado por Tatsuya Fujiwara (Death Note) e Kasumi Arimura (Strobe Edge) nos papéis principais (quer dizer, ela quase, né?). Confesso pra vocês que achei o Tatsuya um pouco velhinho pra fazer um cara de 29, ele não pareceu sei lá, convincente, mas okay.

Quando eu terminei de ver esse filme agora eu fiquei tipo WTF? Logicamente como a maioria das adaptações em filme eu esperava sim algumas mudanças e, em boa parte do longa, eles foram levemente fiéis ao anime, enxugando para exibir apenas as partes que eram realmente importantes (ou nem tanto), mas o final foi muito nada a ver, e é por isso que eu não recomendo esse filme, em um ponto da história ele simplesmente se perde e começa a seguir um rumo próprio que não leva a lugar nenhum, não sei se porque na época o mangá ainda não tivesse terminado ou se porque o autor se recusou a dizer o final. Contudo, é crível que o final do anime é mais aceitável aquém de todas as circunstâncias.

Senti que o longa focou bem mais na Kayo e na relação do Satoru com a Airi, que no fim das contas não resultou em nada. SPOILER: Sério, gente, o que foi aquela conversa no telhado? E aquela facada no pescoço depois daquela briga ridícula? FIM DO SPOILER. As atuações também não me convenceram muito, Yuriko Ishida (Maijo Saiban) é a que se sustenta melhor ao lado das crianças que para mim foram muito bem, tirando um pouco a Kayo que algumas vezes parecia meio forçada. Não é por nada, mas estou começando a ficar com receio de todo e qualquer filme que o Fujiwara faça, parece que ele tem o dedo ruim para aceitar papéis em roteiros que vão "fracassar". Dá para entender a quase nenhuma repercussão do longa (eu mesma não ouvi falar na época).

Direção: Ten Shimoyama
Roteiro: Kei Sambe
Ano: 2017
Episódios: 12
Elenco: Yuki Furukawa
Tomoka Kurotani
Reo Uchikaw
Brenda Joan
Onde Achar: Life Fansubs

Então, provavelmente motivados pelo fiasco que foi o filme, a netflix decidiu investir numa série live action de 12 episódios que abarcaria a obra e teria o final original do mangá. Yuki Furukawa (Itazura na Kiss) foi uma escolha mais que acertada da direção para o papel de Satoru Fujinuma, além de ser um excelente ator ele parece muito com o personagem retratado no anime! (Sério, parece mesmo!).

Assim como no anime o desenvolvimento de personagens foi muito melhor que no filme, inicialmente o garoto que interpretou o Satoru, Reo Uchikaw, não me convenceu muito (inclusive, ele me lembra um primo meu quando criança), mas aos poucos fui me acostumando com ele. Os demais personagens estão em atuações incríveis, li que o dorama foi mais fiel ao mangá, vou atestar isso quando terminar de ler, contudo gostei enormemente do desenrolar das coisas e até mesmo das divergências entre o dorama e o anime nos episódios finais, achei que deu uma veracidade muito maior à história.

Uma das coisas que eu mais gostei é que apesar de se tratar de temas pesados, o dorama não apela para cenas grotescas, mas consegue ser um pouco mais sério que o anime uma vez que este dá bem mais pistas a respeito do assassino, acho que quem só assistir o dorama vai ser pego de surpresa. Ouvi muita gente dizendo que o dorama superou o anime, eu não digo isso, para mim os dois se complementam, o dorama perdeu muito do alívio cômico do anime e senti falta disso, mas o desenrolar das coisas faz mais sentido com a realidade e esse é um ponto forte. Eu recomendo fortemente essa adaptação, achei não apenas incrivelmente bem feita, mas de uma fidelidade que é uma delícia de assistir. Vale muito a pena!