quinta-feira, 13 de junho de 2019

[Livro] Um Perfeito Cavalheiro

Autor: Julia Quinn
Série: Os Bridgertons #3
Gêneros: Romance de amor, Ficção, Romance histórico
Ano: 2014

Sinopse: Sophie sempre quis ir a um evento da sociedade londrina. Mas esse é um sonho impossível. Apesar de ser filha de um conde, é fruto de uma relação ilegítima e foi relegada ao papel de criada pela madrasta assim que o pai morreu. Uma noite, ela consegue entrar às escondidas no baile de máscaras de Lady Bridgerton. Lá, conhece o charmoso Benedict, filho da anfitriã, e se sente parte da realeza. No mesmo instante, uma faísca se acende entre eles. Infelizmente, o encantamento tem hora para acabar. À meia-noite, Sophie tem que sair correndo da festa e não revela sua identidade a Benedict. No dia seguinte, enquanto ele procura sua dama misteriosa por toda a cidade, Sophie é expulsa de casa pela madrasta e precisa deixar Londres.

O destino faz com que os dois só se reencontrem três anos depois, Benedict a salva das garras de um bêbado violento, mas, para decepção de Sophie, não a reconhece nos trajes de criada. No entanto, logo se apaixona por ela de novo. Como é inaceitável que um homem de sua posição se case com uma serviçal, ele lhe propõe que seja sua amante, o que para Sophie é inconcebível. Agora os dois precisarão lutar contra o que sentem um pelo outro ou reconsiderar as próprias crenças para terem a chance de viver um amor de conto de fadas. 

Segunda leitura de Junho concluída! Por sorte, foi melhor que a anterior.

Para contar a história de amor de Benedict Bridgerton, Julia Quinn decidiu reescrever Cinderella com uma boa dose de realidade crua se ela acontecesse, de fato, na Inglaterra regencial de mães desesperada para casar os filhos. Benedict e Collin são os solteiros mais cobiçados da temporada, mas nenhum dos dois parece nada animado para arrumar uma esposa em meio as garotas desinteressantes da fatigante sociedade londrina.

Sophie Becket é a heroína da vez, uma garota bastarda filha do conde Penwood que nunca a reconheceu como sua prole, ainda que tenha aceitado acolhe-la e dar-lhe educação dizendo a todos que ela era sua pupila. Sophie nunca teve a afeição do pai, quase não o via e quando recebeu a notícia de que ele se casara novamente, alimentou a ingênua esperança de que poderia enfim ter uma família e orou internamente para que a nova esposa dele lhe amasse — na verdade, estava desesperada para que qualquer pessoa a amasse —, contudo, Araminta não era nada gentil e não toleraria a filha bastarda do marido sob o mesmo teto de suas filhas. Suas meninas eram Rosamund, uma garota de gênio tão ruim ou pior que o da mãe, e Posy que não compartilha do coração gelado, mas não coragem bastante para desafiá-la ou desobedecê-la.

Assim, com a morte do conde, Araminta mente para Sophie dizendo que o pai nada lhe deixara e a obriga a ser sua escrava durante vinte anos afirmando que o homem lhe pagara para ficar com ela durante esse tempo e, depois, ela poderia demiti-la se assim quisesse. Desse modo, ela começa sua vida de servidão recebendo o ódio de Araminta e Rosamund, mesmo Posy não sendo cruel com ela, ainda a usava como empregada mesmo que de uma forma mais suave. 

Quando Lady Bridgerton oferece um baile de máscaras para a alta sociedade, tudo que Sophie mais queria era poder ir uma vez que só conhecia a sociedade londrina graças a Lady que sabe a vida de todo mundo. Com a ajuda da governanta, ela usa um vestido antigo da mãe do falecido conde e pega sapatos de Araminta para comparecer ao baile, é lá que ela conhece Benedict, que se apaixona por ela à primeira vista. A atração entre os dois é inevitável, mas a magia toda acaba à meia noite e, após ser descoberta pela madrasta, Sophie é posta na rua sem um tostão e, desse modo, ela vai embora para o campo em busca de uma vida melhor.

Dois anos se passam e o destino coloca Benedict na casa de Cavender, em uma festa muito desinteressante onde tudo que ele mais quer é ir embora. Ele não faz ideia que Sophie está trabalhando nessa casa e prestes a fugir por estar sendo assediada por Philip Cavender, o filho do casal dono da casa. Mas quando tenta ir embora é abordada por ele e mais dois amigos que estão muito bêbados e naquele momento ela tem certeza que seria violentada até ser salva pelo seu príncipe Benedict. Ela o reconhece na hora, mas ele não a reconhece e aquilo magoa Sophie que não revela sua identidade como a dama mascarada misteriosa do baile de Lady Bridgerton.

Após salvá-la, ele a leva para seu chalé comprometido a encontrar um emprego para ela na casa de sua mãe. Sophie fica hesitante, não apenas por saber que ir para Londres significa rever Araminta, mas porque trabalhar na casa da família de Benedict implicaria vê-lo e ela estava conformada em tê-lo apenas como um sonho impossível ao qual se agarrara durante aqueles dois anos para se manter viva em meio a toda a crueldade a que era submetida. Eles acabam enfrentando uma tempestade e Benedict fica doente, como os caseiros de seu chalé não estavam, Sophie cuida dele e os dois permanecem lá por algumas semanas onde se aproximam. Ele não consegue entender a atração intensa que sente por ela, mesmo sob a sensação de conhecê-la de algum lugar, todas as memórias nítidas da sua dama misteriosa enfraqueceram ao longo de dois anos.

Sophie queria desesperadamente fugir, mas não conseguia sair do lado de Benedict mesmo sabendo que deveria. Quando ele lhe propõe ser sua amante ela fica dividida entre a tentação e o ultraje, mas nunca se colocaria na mesma posição que um dia sua mãe teve para colocar no mundo outra criança que sofreria o estigma que ela sofreu. Mesmo amando Benedict com todo seu coração ela o rejeita. Ainda assim, ele consegue leva-la para Londres sob coerção na esperança de que, com o cansaço, conseguisse convencê-la a ser sua uma vez que sabe ser impossível se casar com ela  — ou quase impossível — e desse modo a única maneira de cuidar dela seria colocando-a sob seu teto como amante. Porém o plano começa a falhar e a paciência dele a diminuir. Sophie, por sua vez, continua loucamente apaixonada por ele e agora com o acréscimo de se apegar à sua família que a trata como um ser humano ao contrário de Araminta e outros patrões que já tivera.

A pressão de Benedict sobre ela começa a fazer Sophie fraquejar e enquanto seu futuro parece sem muita expectativa, Araminta está mais que disposta a garantir que ela tenha o mais amargo e cruel dos destinos. Será que o sentimento entre ela e seu príncipe é capaz de superar sua origem? E mais, poderia Benedict perdoá-la por mentir para ele sobre sua identidade de drama de prateado no baile de sua mãe?

Eu gostei muito da história, não apenas o modo como ela foi montada, mas a personalidade de Benedict que, ao contrário de Anthony, é um pouco mais forte, de tal modo que às vezes ele parecia mais um canalha que um cavalheiro (risos). Também foi interessante a maneira como a Cinderella ganhou vida nessa perspectiva, porque seria mesmo assim que procederia um relacionamento entre uma criada e um homem da nobreza, não apenas quebra um pouco da magia utópica posta sobre o conto, mas revela as miudezas sensuais veladas nas relações da sociedade de fachada da época. Apesar de ter achado Sophie irritante em boa parte da história  — e Deus sabe que eu queria muito dar na cara dela — me vi envolvida em sua história e torcendo pelo seu final feliz (que era meio óbvio considerando os livros anteriores da série). Super recomendo para quem gosta de romance histórico, é um romance leve, com uma carga cômica bem colocada e muito verossímil, deixando de lado a visão romanesca da sociedade medieval e mostrando a verdade nua e crua das relações de uma época tão almejada e pouco compreendida.



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