Gente do céu, deu não. Eu estava ficando sem paciência já e decidi abandonar o livro. Sabe, desde que consegui abandonar o primeiro livro senti na pele como é uma experiência dual, triste e libertador. A gente não é obrigado a ler algo que não está causando uma sensação agradável, abandonar livro é um direito do leitor. Um direito doloroso, mas é. Eu dou chance à história até chegar num momento que eu vejo que aquilo não vai me levar a lugar nenhum além de um surto de ódio ou um gatilho emocional e leitura é prazer, se você não está gostando melhor parar mesmo porque talvez aquele livro não seja para você, acontece.
A história de Ardente Desejo segue Felícia, uma guria comum de ensino médio, super nerd que sofre bullying e, mesmo sendo filha de médicos, se veste pior que Carrie, a estranha. E Devan (que a autora parece querer chamar de Devon às vezes) o típico super popular mulherengo que nunca conheceu o amor e tals. Eles estudam na mesma escola (claro) e são de polos completamente opostos, continuariam assim até um dos amigos de Devan apostar seu carro que ele não levaria Felícia para a cama. O cara, mesmo sendo super rico e podendo comprar metade dos EUA, aceita a oferta e começa a dar em cima de Felícia.
Até aí nada do que a gente não saiba, a coisa já não estava muito boa porque esse livro é narrado em primeira pessoa e por isso, acho que a autora achou que podia escrever de qualquer jeito. Bem, não pode. Mas começa a piorar a partir daqui. A Felícia que tem toda aquela pose de "não vou ser derrubada pelos populares" cai na de Devan tão fácil que eu comecei a duvidar da capacidade nerd dela. Sério! No fim das contas, ela se deixa ser enganada, dorme com ele, fica grávida, vai para outro estado fazer faculdade, tem gêmeos e volta cinco anos depois toda triunfal como engenheira civil para trabalhar na empresa de Devan e buscar vingança.
Negócio gente é que as personagens não tem sintonia, sabe? Elas são rasas e não há uma maneira amena de dizer isso. Você nota pelos diálogos e pelo modo como elas narram a história. Uma hora dizem uma coisa e dez parágrafos depois agem de forma contraditória ao que disseram e você fica tipo "oi?". Volto a dizer que o problema desse livro foi, possivelmente, o erro de achar que o primeiro rascunho estava finalizado. Ela não releu e não reescreveu a história e apenas foi lá e publicou.
Inclusive, fiquei sentindo certo medo dos meus próprios livros. Mesmo que Sombras ao Sol tenha sido relido e reescrito à exaustão, A Bela Adormecida tenha sido revisado por outra pessoa e O Morro dos Ventos Uivantes e das Noites Sangrentas tenha passado pelo crivo do meu orientador, não tive como não ficar pensando se as pessoas sentem com as minhas histórias o que eu senti lendo esse livro... é triste. Espero que não. Sei que tenho minhas deficiências, mas eu tento o máximo estudar e dar o máximo do que posso para criar alguma coisa que faça os meus leitores se conectarem.
Tem muito autor bom na nossa casa, gente. Na boa mesmo, livros tão bons quanto os americanos ou de outros países, Pedro Bandeira, Socorro Acioli, Elias Flamel, Fabio Shiva, Marielly Santos, são exemplos de autores famosos e, esses últimos, independentes, que escrevem bem e criam personagens verossímeis. Não estou dizendo que a Raissa não tem talento, estou dizendo que ela não está lapidada. A história tem potencial, mas ele não foi de longe explorado e precisa de lapidação na sua construção como contadora de história mesmo.
Então é isso. Eu quero, sinceramente, pedir desculpas pra autora por não ter gostado do livro dela e não ter conseguido terminar de ler e por ter escrito essa "resenha" negativa sobre ele. Vocês que acompanham meu blog sabem que eu não gosto de fazer isso e não costumo fazer isso, mas como eu tinha começado a falar do livro e tinha feito dois domingos de acompanhamento não queria ter deixado vocês sem nada e só ter desistido do livro sem dar satisfações.
Vou continuar com esse projeto de livro de domingo, mês que vem vou tentar de novo e ver se dá certo. Vejo vocês na próxima resenha!
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