Gênero: Literatura fantástica
Ano: 2016
328 páginas
Sinopse: Anos atrás, Kahlen foi salva de um naufrágio pela própria Água. Para pagar sua dívida, a garota se tornou uma sereia e, durante cem anos, precisa usar sua voz para atrair as pessoas para se afogarem no mar. Kahlen está decidida a cumprir sua sentença à risca, até que ela conhece Akinli. Lindo, carinhoso e gentil, o garoto é tudo o que Kahlen sempre sonhou. Apesar de não poderem conversar — pois a voz da sereia é fatal —, logo surge uma conexão intensa entre os dois. É contra as regras se apaixonar por um humano, e se a Água descobrir, Kahlen será obrigada a abandonar Akinli para sempre. Mas pela primeira vez em muitos anos de obediência, ela está determinada a seguir seu coração.
E aí, pessoas, como estão? Espero que bem, tenho visto que a quarentena está "enlouquecendo" muita gente. Vamos para a segunda leitura de maio que, até agora, está caminhando bem desde que eu restabeleci uma rotina para mim, sei que tem muita gente que não curte a ideia, mas para quem sofre com ansiedade rotina pode ser uma ajuda muito grande para manter a cabeça focada.
Já tem um tempinho que eu tinha pegado Sereia, acredito que foi meses depois que li A Seleção, mas fui empurrando com a barriga em especial porque os últimos livros da série me deixaram com os pezinhos bem atrás com a Kiera Cass. Mas, para a meta desse ano decidi colocar os livros que já estavam criando teia de aranha no tablet (e tem mais do que eu gostaria) e esse acabou entrando na lista.
A história vai seguir Kahlen, uma jovem de dezenove anos (e finalmente o YA fugiu da maldição do 16!) que está com os pais e os irmãos em um navio numa viagem em família. Eles eram um dos poucos que não foram afetados pela grande depressão e viviam confortavelmente. Kahlen está meio entediada enquanto a mãe se arruma até que um som chama a atenção das duas, é uma música. De repente, tanto Kahlen quanto a mãe sentem uma desesperadora vontade de ir ao mar e o fazem assim como os demais tripulantes do navio, mas a consciência do afogamento vem depressa e ela implora pela vida, uma voz fala com ela e pergunta o que ela daria para viver. Ela responde qualquer coisa.
E se arrepende duramente disso.
Oitenta anos se passam e agora Kahlen vive com duas belas jovens, Miaka e Elizabeth, ela é uma sereia e serve à Água, tendo que usar seu canto hipnótico para afundar navios e alimentá-la. Durante o período de cem anos esse será o seu dever e ela mal espera que acabe. Kahlen não gosta de matar. Cada vida que ela tira para a Água fica cravada como um espinho no seu coração, ainda assim, ela sente o conflitante amor pela Água que é como uma mãe para ela. Contudo, é uma mãe possessiva e rígida. Tudo ia bem (dentro do possível com a consciência de oitenta anos de assassinato pesando para ela) até Kahlen conhecer Akinli.
Ela visitava com frequência a biblioteca da Universidade de Miame para pesquisar sobre as vítimas dos naufrágios que ela e as irmãs provocavam para alimentar a Água (sim, gente, a água come o povo) de alguma forma, saber sobre a vida daquelas pessoas a ajuda a se sentir minimamente melhor já que esquecer é impossível. Akinli é um belo jovem que trabalha nessa biblioteca enquanto não decide um curso para fazer. O encanto entre os dois é quase imediato, mas isso é recorrente quando se tem a beleza de uma sereia, contudo, Kahlen sente que o garoto enxerga além dela, a forma como ele a trata está além do encanto com a beleza de uma sereia e isso a intriga. Especialmente pelo modo gentil como ele a trata quando ela gesticula que não pode falar.
A voz de uma sereia é mortal. Por isso, tanto Kahlen quanto as irmãs, Elizabeth e Miaka, usam língua de sinais quando estão em público ou interagem com as outras pessoas. Akinli, embora não fale a língua de sinais, está sempre com um bloquinho à mão para que Kahlen possa se comunicar com ele e demonstra muito interesse tanto na sua condição quanto na pessoa dela. Mais encontros acontecem e o coração da sereia sente que alguma coisa está mudando com relação aquele rapaz e a Água jamais permitiria isso. Suas sereias não podem amar ninguém além dela. Desse modo, ela decide ir embora de Miami sem se despedir.
Meses se passam e um novo naufrágio está marcado para dali alguns meses, Kahlen já se sente sufocada só de pensar nas novas pessoas que terá de matar. Uma nova irmã surge para elas, Padma, uma garota indiana que foi assassinada pelo pai apenas por ser uma garota (não sei aí quem lembra de Caminho das Índias, mas apesar da novela só mostrar o lado rico da coisa, as mulheres não são exatamente as mais felizes naquele país machista) e renasce como sereia cheia de um profundo ódio pela família. Contudo, Kahlen lhe garante que, tal como ela, Padma vai esquecer tudo sobre seu passado. Ela mesma quase não lembra de nada sobre sua família e só recorda brevemente o rosto da mãe porque parece com ela.
Só que a mágoa de Padma não desaparece. A própria Kahlen não está conseguindo superar a depressão pelo afastamento com Akinli, não importa o quanto tente ela não consegue se livrar dos sentimentos e da memória do garoto. O dia do canto chega e, pela primeira vez em oitenta anos, Kahlen falha por um momento ao descobrir que está afundando um cruzeiro com uma festa de casamento. O maior sonho dela era se casar e construir uma família e destruir o sonho de uma pessoa que conseguira realizá-lo se torna esmagador para ela.
Após receber uma bronca das irmãs e da Água, ela acaba fugindo a esmo e indo parar bem na cidadezinha do Maine onde Akinli mora. O reencontro traz com ainda mais violência todos os sentimentos que Kahlen tentou conter durante os meses que passou longe dele. Contudo, não é apenas a sua condição de sereia que a impede de viver esse sentimento, se a Água descobrir sobre ele os dois acabarão mortos, entre a cruz e a espada, Kahlen vai ter de fazer escolhas difíceis antes que a Água tire a vida daquele que ela ama.
Eu ouvi muita gente falando mal desse livro, sério. Inclusive, quando fiquei até receosa de ler depois de tanta resenha negativa que eu vi! Concordo que não é a obra prima da Kiera Cass, aliás, pensa numa mulher que sabe criar personagens chatas, meu Deus! A Kahlen não é pior que a Eadlyn (acho que, na literatura, mais chata que essa guria só a Ever de Os Imortais e a Nora de Hush Hush), mas te falar, a criatura tem horas que parece ter esquecido o cérebro em casa. Mano, ela vai fazer uma coisa errada, ela SABE QUE TÁ ERRADA e vai assim mesmo. Chega falta a paciência.
Nos primeiros, sei lá, doze capítulos eu estava começando a me perguntar se tinha desenvolvido algum problema com empatia porque eu simplesmente não conseguia me conectar com a história ou com as personagens, pelo menos — e eu dou crédito a ela por isso — os capítulos não são enormes como eram os d'A Química (gente, sério, tinha hora que faltava a paciência), aí não dá tempo da gente querer jogar o livro pela janela. Mas só vim conseguir simpatizar com as personagens, juro, pelo capítulo 19.
Logo no início tem uma notinha da autora falando que a história foi inspirada no mito grego das sereias, achei isso interessante, a mitologia que ela usa foge do convencional das caudas longas, conchas nos seios ou nudez e toda aquela lista de coisas que geralmente vem quando a gente ouve a palavra sereia, aqui, a Água é uma espécie de entidade e é quem faz a maior parte do trabalho. Mesmo achando um tanto quanto fútil ela trocar as caudas de sereia por vestidos que mais parecem assinados pelo Gianni Versace não nego que é uma quebra de protocolo bem vinda.
A questão da voz delas também foi um ponto que achei bacana. Os últimos capítulos do livro, ali a partir do 25, foram os que mais gostei. O amor da Kahlen com o Akinli tem sua carga de fofura e eu gostei mais dele do que dela, das personagens eu simpatizava de verdade era com a Miaka, acho que ela seria melhor protagonista que a Kahlen. Mas sem dúvida o que melhor foi trabalhado nesse livro foi a Água. A relação dela com as meninas era de uma dicotomia quase fascinante. Ao mesmo tempo que essa entidade tinha um afeto genuíno por suas criaturas — para não dizer servas —, sua possessividade obsessiva tornava a relação por vezes abusiva por parte dela, pois tolhia a liberdade de escolha, porém, quando a gente parava para analisar que ela era uma entidade indivisível — e portanto incapaz de ter um semelhante — parte desse comportamento se tornava compreensível ainda que não aceitável.
Sendo bem franca eu acho sim que vale a leitura, além dessa nova perspectiva para o mito da sereia, é um romancinho interessante que tem lá suas qualidades. Não acho que ele merece todo o hate que sofreu, para um NA ele cumpre o seu papel de forma eficiente e entretém bem. O final me deixou meio dividida, mas foi pertinente com a história e crível dentro do universo que ela criou. Recomendo.
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