Título Original: うさぎドロップ Usagi Doroppu lit. gota de coelho Ano: 2011 Direção: Kanta Kamei
Episódios: 11
Sinopse: Daikichi, um homem de 30 anos, tinha uma vida relaxada de solteiro até que um dia recebe a notícia de que seu avô morreu. Durante o velório, Daikichi conhece Rin, uma garota de 6 anos que era filha escondida do avô e que agora irá para orfanato por não ser desejada pela família. Ao saber disso, Daikichi reage contra essa decisão e acaba preferindo adotar a menina. Assim, começa a nova vida do homem desorganizado com a menina bem educada.
Eu conheci esse anime por meio do filme live action que já resenhei aqui no blog. Minha irmã havia baixo pra gente assistir e me prometeu que era uma comédia fofa, mas acabei chorando horrores de tão lindo que é. Gente, quando vi que tinha o anime não podia deixar de ver e logo de cara caí de amores.
A história gira em torno de Daikichi, um homem de trinta anos, solteiro, chefe de equipe de uma empresa. Mal imaginava que sua vida ia dar uma reviravolta quando seu avô falece deixando para trás uma garotinha de seis anos. Toda a família está reunida nas cerimônias fúnebres e discutindo o futuro da menininha que, em um primeiro momento, parece retraída e triste, mas algo nela chama a atenção dele, assim como, por se parecer muito com o avô falecido, a menininha também se sente próxima do estranho de quem é tia. Apesar do anime deixar essa impressão de parentesco, enquanto assistia percebi que ficou meio ambíguo se ela realmente era filha do avô dele ou se a mãe dela engravidou de outro homem e o avô assumiu a paternidade.
Bem, a família decide deixar a menina em um orfanato uma vez que ninguém está disposto a cuidar dela, coisa que revolta Daikichi. Ele pergunta a garotinha, de nome Rin, se ela não quer ir morar com ele, ela acaba aceitando e, sem pestanejar, ele a leva para casa. No início, apesar da estranheza dos dois e das dificuldades que uma criança representa na vida de um homem que, até então, só cuidava de si mesmo, ele se afeiçoa a companhia dela e ao seu espírito educado e fofo. Conforme a fragilidade infantil de Rin vai aflorando, o carinho e o instinto protetor de Daikichi começa a crescer, tomando proporções cada vez maiores. E é isso que deixa o anime ainda mais adorável, essa relação única que eles tem.
Daikichi procura Masako, a mãe de Rin, na tentativa de descobrir o motivo para ela ter abandonado a filha. Ele descobre que ela engravidou muito jovem e, por causa do trabalho como mangaká, preferiu abandonar a criança e seguir sua carreira do que dividir-se em cuidar dela e cumprir com as obrigações que sua tarefa exigia, algo muito difícil. Ele percebe que a mulher não tem qualquer intenção de conhecer a menina ou interesse genuíno por ela, de modo que decide não apresentar as duas nem contar a Rin que a empregada do seu avô, que lhe metia medo quando criança, era na verdade sua mãe.
Logo, a presença de Rin na vida dele, mostra a Daikichi que para atender bem a uma criança, alguns sacrifícios precisam ser feitos e ele se mostra mais que disposto a aceitá-los pelo bem estar da menina, como passar tempo com ela, cuidar da sua saúde física e emocional, incentivá-la nos estudos e estar presente em todos os momentos de seu desenvolvimento. Ele muda sua vida completamente e, com a ajuda de outros pais e mães, vai descobrindo um mundo no qual nunca imaginou entrar. Acompanhar tudo isso é muito adorável e rende de nós boas risadas e grandes ataques de fofura.
Polêmica do mangá
Fiquei sabendo que havia o mangá do anime, mas envolvido em uma controvérsia quanto ao final. Li em alguns sites e vi algumas resenhas sobre isso que me desmotivaram a conhecer o material original. Diz-se que, no último volume, Daikichi e Rin desenvolvem um outro tipo de relacionamento, mais voltado para o amoroso, que destoa totalmente da construção apresentada no início da obra onde a relação dos dois estava mais para pai e filha, pelo menos no que foi adaptado, não vi qualquer sentido em se tornar um interesse romântico. Faria mais lógica se ela se interessasse por Kouki, o garotinho que estuda com ela e é filho da mulher divorciada com quem eu shippo muito o Daikichi.
Isso acabou tirando meu interesse em ler o mangá, não apenas por achar a relação sem sentido, mas porque, no meu ver, quebrou um pouquinho a magia do que é construído no início da obra. Acredito que ninguém que viu essa primeira parte conseguiu entender esse desfecho ou pescar, em algum momento, um indício de que isso poderia acontecer.
Diferenças do filme
Tem um tempinho jáque eu resenhei aqui no blog o filme desse anime, inclusive, na postagem se bem lembro, tem outro filme que vi na mesma semana. Logicamente o enredo mudou um pouco do anime para o filme, principalmente porque seria impossível colocar tudo em uma hora; pode-se dizer que o enredo foi comprimido e tirou-se apenas os principais eventos.
Houveram algumas mudanças que não acontecem no anime, como a fuga de Kouki e Rin para o cemitério. Mas no geral, essas pequenas mudanças de enredo foram positivas, pois mesmo que destoem do anime, quebram um pouco a previsibilidade e deixam a gente sem saber o que vem depois.
Gostei muito das atuações. Tanto o Daikichi (Kenichi Matsuyama) quanto a Rin (Mana Ashida) tiveram suas personalidades preservadas dentro do novo contexto, mesmo as pequenas mudanças foram muito sutis no que diz respeito ao comportamento de ambos. O filme conta ainda com Mirei Kiritani (Heroine Shikakku) e Karina Nose (Summer Nude).
Título Original: 聲の形 (lit. a forma da voz) Autor: Yoshitoki Ōima Gênero: Drama, Romance, Slice of life Ano: 2013-2014 Volumes: 07
Sinopse: A história gira em torno de Shōko Nishimiya, uma estudante do primário que sofre de surdez. Ela é transferida para uma nova escola, mas acaba sendo intimidada por seus colegas. Shouya Ishida, um dos valentões responsáveis acaba forçando-a para mudar de escola. Como resultado dos atos contra Shōko, as autoridades escolares tomam medidas sobre o assunto, Shouya é condenado ao ostracismo como punição, sem amigos para falar e não ter planos para o futuro. Anos depois, Ishida tenta reparar seus erros, para redimir-se com Nishimiya.
Oi, pessoas, como estão? Finalmente de volta com uma postagem nova. Eu demorei pra caramba em terminar esse mangá, mas por razões da doença mesmo, tem horas que a gente fica sem vontade de levantar da cama.
A primeira vez que ouvi falar de Koe no Katachi, acho que foi em meados de 2014 num desses grupos de animes que eu frequento no facebook, mas pela temática tinha medo de ser pesado e, por isso, não procurei mais a respeito. O tempo passou e deixei de lado, acabei me voltando para outras coisas e esqueci completamente dele (kimi no nawa é outro que estou cozinhando até hoje!). Quando minha irmã decidiu finalmente o tema do seu TCC essa obra me veio à mente de forma instantânea. Isso porque minha irmã falará sobre LIBRAS, o sistema brasileiro de linguagem de sinais, enquanto Koe no Katachi apresenta o 日本手話 (nihon shuwa), o sistema japonês dessa linguagem conhecido mundialmente como JSL - Japanese Sign Language.
O enredo gira em torno de Shoya Ishida, um garoto que vive com a mãe e a irmã (que parece mudar constantemente de namorado). Ele tem dois amigos, Shimada e Hirose, que vivem com ele em suas maluquices. Contudo, Ishida não consegue encontrar nada que aplaque o tédio que consome seus dias, ele não vê motivação ou sente interesse real por nada. Até Nishimiya Shouko aparecer. Há um provérbio japonês que diz: "O prego que se destaca deve ser batido", no momento que Ishida percebeu quão diferente aquela garotinha que não podia ouvir ela, percebeu que ela poderia ser o boss final do seu jogo de batalha contra o tédio.
Casos de ijime (いじめ) "bullying ou intimidação" são muito comuns em países asiáticos, especialmente no Japão e Coréia do Sul, todas as pessoas que se destacam podem estar sujeitas a esse tipo de violência física e psicológica. Infelizmente, ao contrário do Brasil, não há muitas campanhas contra esse abuso e, pior, atenção por parte das instituições de educação ou dos responsáveis por crianças e adolescentes. No Brasil, apesar de todos os problemas, nós temos campanhas, conscientização do problema e medidas que são tomadas para evitar ou conter o bullying. Shouko já havia passado por várias escolas e sido transferida por causa de casos de ijime cada vez mais frequentes e violentos.
Não era de se esperar que naquela fosse diferente. Alvo de Ishida, os dias da menina foram aos poucos se tornando um novo inferno. Tudo que ela queria era fazer novos amigos e por um momento chegou a pensar que conseguiria. Mas aquele garoto que lhe chamava atenção e de quem queria se aproximar não lhe dava nada além de desprezo e violência. Mesmo assim, Shouko deu seu melhor para fazê-lo gostar dela, para diminuir a barreira que Ishida impôs entre eles, mas ele era cada dia mais abusivo. Com ele, o professor da sala e os demais alunos eram cúmplices uma vez que estavam cientes do que a menina estava passando e não faziam nada para ajudá-la. Eram expectadores silenciosos da violência que ela sofria.
Outro tópico muito importante abordado pela obra, e esse eu falo com mais propriedade porque vivenciei, é o caso da inclusão. Shouko foi colocada em uma escola "regular" onde nem o professor e nem os demais alunos estavam preparados para acolhê-la. Ela usava um caderno para se comunicar, não havia intérpretes para ela e ninguém na sala conseguia falar a língua dela. Quando fiz magistério, havia quatro alunos surdos na minha sala, eles também não tinham intérprete e uma colega de sala aprendeu LIBRAS para poder ajudá-las nas aulas, infelizmente é uma realidade ao que parece em todos os cantos do mundo. A "inclusão" não ocorre de fato, pois pensa que o incluído é que deve se adaptar aos outros, quando são os outros que precisam se inteirar do mundo dele. A mesma coisa acontece com alunos que tem autismo, são colocados em salas "regulares" e excluídos pelo professor e os demais.
Bem, voltando ao tópico, uma menina chamada Sahara foi a única na turma que se propôs a aprender o shuwa para se comunicar e ajudar Shouko nas aulas, mas só conseguiu o ódio de Ueno e suas amigas, que a acusavam de estar querendo chamar atenção dos professores, a menina acabou desistindo de ir para as aulas e Shouko ficou sozinha mais uma vez. Depois de perder oito aparelhos auditivos por causa de Ishida e Ueno, esta sequer acreditava que ela não podia ouvir - um deles, inclusive, arrancado da sua orelha com tanta força que cortou - Shouko tenta uma última vez saber qual o problema do garoto com ela, a razão pela qual ele não pode ser seu amigo. A briga, entretanto, só serviu para mostrar a ela que não importava o que fizesse nunca seria aceita como era.
Com a saída de Shouko da escola, a mãe dela reclamou sobre os aparelhos auditivos perdidos cobrando ao responsável o preço (algo em torno de cinco mil reais), o professor, temendo ser responsabilizado pela soma, acusou Ishida imediatamente, também Ueno que se defendeu acusando o outro, assim como Kawai e Shimada. Toda a sala se voltou contra ele que se tornou não apenas o único responsável, mas a principal vítima da hipocrisia de todos. Além de ser também vítima do ijime de Shimada, Ishida foi condenado ao ostracismo por todos não apenas no fundamental, mas também no colegial. Ninguém queria um bully como amigo.
Anos depois, consciente do que fez, Ishida decide morrer. Começando a tomar suas providências, ele vende todos os seus pertences para conseguir devolver à mãe o dinheiro que ela havia gasto com os aparelhos auditivos de Shouko, a última parte que faltava era entregar a ela o caderno que ela usava para se comunicar e havia sido deixado para trás com ele. O reencontro não podia ser diferente, não apenas por Ishida agora saber se comunicar com o shuwa, mas por seus sentimentos ao reencontrar Nishimiya depois de tantos anos. Naquele momento ele percebeu que havia muito a fazer para pagar pelos seus crimes, nem mesmo a morte seria uma compensação suficiente. Ao lado dela, Ishida vai reaprender o significado de amizade, aprender a ouvir a voz das pessoas e não apenas escutar, mas, sobretudo, vai aprender o que significa de verdade estar vivo.
Graças a Nishimiya ele enfrentará os velhos companheiros de sala, conhecerá novos, redescobrirá sua verdadeira natureza e começará o processo de perdoar a si mesmo enquanto tentar mostrar a Shouko que sua diferença não a tornava melhor ou pior que os outros, mas especial e única. Por incrível que pareça, não chorei em nenhum momento com a obra, apesar de ela ter me levado a refletir muito sobre o que debati na faculdade acerca da inclusão, do bullying que não apenas debati, mas fui vítima (infelizmente), e até mesmo sobre a natureza humana em si. As personagens são bem construídas, algumas delas, inclusive, me lembraram Kuzu no Honkai porque eram puro lixo mesmo, a história é muito bonita e cativa a gente, apesar de ser forte, é uma expressão real sobre autoaceitação, perdão, convivência com o diferente e amizade na sua forma mais sublime e despretensiosa. Além da linda descoberta do amor em sua maneira mais pura.
Ano: 2016
Direção: Naoko Yamada
Roteiro: Reiko Yoshida
O filme é surpreendentemente bem adaptado. Logicamente, como era de se esperar, foi muito bem enxuto para conseguir compilar sete volumes em duas horas. Muita coisa foi cortada, o que, em sua maioria, não compromete o entendimento do enredo, mas em alguns momentos fica meio vago para quem não leu o mangá. Os mais adaptados foram os volumes 1-4 os outros três foram bem enxugados para finalizar a produção e muitas cenas ou acontecimentos foram deixados de lado, mas os eventos principais foram animados o que é um prato cheio para quem leu a obra, mas que seria melhor aproveitado (principalmente no que tange ao background das personagens) se fosse um anime de pelo menos doze episódios.
Os traços ficaram bem fiéis ao mangá, o que gostei muito e o final, apesar de ser diferente da obra, ficou muito bonito também. Não tenho do que reclamar quanto a ele, houveram adaptações piores por aí hahaha.
PERSONAGENS
Não costumo fazer isso com mangás, mas acho que Koe No Katachi merece.
Ishida Shoya - Personagem principal da obra, um garotinho cuja mãe, que é cabelereira, lhe dá muita liberdade para ser e fazer o que quiser. Amante de aventuras arriscadas, vive para cima e para baixo com Hirome e Shimada, seus "melhores amigos" e é perseguido por Ueno, uma garota que acha ser muito mais do que realmente é.
Sem expectativas na vida e com uma família levemente desestruturada, Ishida é vítima de um vazio existencial, onde nada parece lhe despertar real interesse, os acontecimentos de sua rotina são repetitivos e ele passa seu tempo arriscando a própria vida e tirando sarro dos outros.
Ao refletir sobre tudo que fez na maior parte da vida, começa a buscar redenção para seus pecados tentando reparar-se como ser humano, principalmente com Nishimiya a quem mais feriu.
Nishimiya Shouko - nasceu com surdez o que fez com que o covarde do seu progenitor abandonasse a esposa grávida por não querer uma filha "defeituosa" e ainda por cima isentar-se da "culpa" dizendo ser responsabilidade da esposa. Isso acabou fazendo com que ela crescesse aos cuidados de uma mãe amargurada vivendo sob a fachada de mulher forte, uma avó carinhosa que sempre procura suprir as netas do carinho que a mãe não dá e uma irmã mais nova, Yuzuru, que também era atacada simplesmente por ter uma irmã "estranha".
Sentia-se um fardo para todos à sua volta. Por mais que tentasse e desejasse, Shouko nunca conseguia alcançar as pessoas, que sempre a ignoravam ou maltratavam pelo simples fato de ela ser diferente. Contudo, sempre engolia sua tristeza sob a fachada de um sorriso que mostrava que estava tudo bem quando ela estava destruída por dentro. A mãe também sempre fora muito rígida com ela no intuito de torná-la "mais forte".
Gentil, inteligente e bondosa, a única coisa que deseja é ter amigos para interagir e se sentir parte do mundo.
Sahara Miyoko - também estudava na mesma sala que Ishida e Shouko. Foi a única que se ofereceu para aprender shuwa quando toda a sua turma achava um aborrecimento precisar aprender a língua para se comunicar com Shouko uma vez que podia usar o caderno.
Ao se voluntariar para ajudar a colega, passou a ser vítima dos comentários maldosos de Ueno sobre suas roupas e o fato de estar tentando chamar atenção quando, na verdade, só queria ajudar Shouko.
A pressão e o medo de sofrer ijime acabam fazendo com que deixe a escola. Mesmo assim estuda shuwa por conta própria na esperança de se comunicar com Shouko um dia e reparar o mal que fez ao fugir.
É uma pessoa fraca de espírito que se deixa facilmente ser levada pelos outros por causa da sua baixa estima. Mas no fundo é boa.
Nishimiya Yuzuru - irmã mais nova de Shouko se passa por menino para proteger a irmã. Cresceu sem o pai com uma mãe fria que pouco ligava para o que ela pensava ou sentia em sua obsessão de tornar Shouko uma garota mais forte. Sua avó era a única que lhe dava atenção.
Era vítima de ijime das outras crianças por causa da surdez da irmã, prometeu se vingar de todas as pessoas que machucaram Shouko e a fizeram querer morrer.
Não liga para a escola e passa o tempo inteiro tirando fotos de animais mortos. Foge de casa constantemente por não se entender com a mãe a quem chama de bruxa.
Kawai Miki - Não posso descrever essa coisa com outra palavra além de parafrasear Ishida "cale a boca, Kawai, você me dá nojo do fundo do meu coração".
Mesmo que não tenha feito ijime direto contra Shouko, essa guria "me olhe que eu sou perfeita" falava mal dela e da Sahara pelas costas junto com Ueno e ainda pagava de menina boa "sou amiga de todos".
Narcisista, egocêntrica, falsa, hipócrita e mentirosa, foi uma das primeiras que tirou o corpinho fora quando Ishida foi acusado dando uma de santinha quando era tão culpada quanto ele.
Mesmo anos depois, Kawai continuou a mesma intragável de sempre, querendo chamar a atenção de Machida, um aluno da sua sala com Ishida, ela quer dar a de responsável e lindona quando por dentro é podre. Nojo mais profundo foi o que senti dela a obra inteira.
Nagatsuka Tomohiro - solitário por causa do seu peso, Nagatsuka também era vítima de preconceito por não ter amigos e por conta do seu cabelo (que presumo ser cacheado ou algo do tipo). Vale lembrar que questões de peso são levadas muito a sério no Japão, o governo, inclusive, oferece auxílio a pessoas acima do peso para que se mantenham saudáveis, uma vez que magreza lá é sinal de saúde.
Quando é salvo por Ishida de ter sua bicicleta roubada, o baixinho vira praticamente a sombra do ex-bully. Com ele, Ishida começa a sentir o que é ter companhia e como é importante ter alguém para conversar. Além disso, é graças a Nagatsuka que ele consegue furar o bloqueio de Yuzuru e encontrar Nishimiya outra vez.
Sonha ser diretor de cinema e envolve todo mundo nos seus projetos malucos, inclusive Ishida.
Ueno Naoka - assim como Kawai essa é outra difícil de engolir. Ueno sempre gostou de Ishida, mas era covarde demais para se declarar e, por achar que Nishimiya também gostava dele e estava querendo chamar a atenção do garoto, passou a odiá-la e ajudar Ishida a transformar a vida da menina um inferno.
Ao perceber que Shouko usava aparelho auditivo começou a espalhar que era mentira que ela não ouvia, inclusive, foi a primeira a dar perda no aparelho da menina. Falava mal dela pelas costas e foi a responsável por Sahara ter saído do colégio. Tudo porque queria a aprovação de Ishida que nunca reparou nela.
Anos depois, ainda odiando Shouko, ela tenta ainda chamar a atenção de Ishida, mesmo quando foi a primeira a colocar toda a culpa nele no fundamental e livrar o próprio corpo do que também tinha feito. Hipócrita, falsa, cínica e tsundere foi outra personagem que eu odiei de coração e que torci que levasse uma surra boa (o que aconteceu, para meu deleite, da mãe da Shouko! Obrigada!)
Para finalizar, gostaria de deixar aqui um videozinho que mostra algumas diferenças entre a língua de sinais brasileira e japonesa, achei muito bacana.
Sinopse: Toru é um designer que trabalha em meio período e que não tem interesse em questões sociais. Ele é chamado para ser jurado no julgamento de uma mulher chamada de "Bruxa", acusada de um assassinato por causa de uma enorme herança. Embora pareça que ela é definitivamente culpada, um a um os jurados começam a mudar seus votos para "Inocente".
Mas por trás desses acontecimentos, há uma misteriosa organização que compra os votos do júri. Ao mesmo tempo, eventos estranhos começam a acontecer em torno de Toru. Quando outro jurado está sendo ameaçado, Toru está determinado a salvá-lo. No entanto, a namorada de Toru, uma repórter de jornal, parece suspeitar de seu relacionamento. E assim, Toru começa sua luta solitária pela verdade.
Finalmente terminei esse dorama que estava no meu PC há eras e nunca tinha parado para assistir. Olha, vou dizer, a produção é até interessante e consegue manter a gente preso durante todo o drama na esperança de saber quem é o verdadeiro culpado do assassinato e, sobretudo, quem está realmente por trás do que os jurados estão passando.
A história centra-se em Toru, um designer que tenta ser reconhecido, mas não consegue se destacar. Ele se inscreve na seletiva para ser jurado por causa da compensação financeira, uma vez que está precisando de dinheiro. É o namorado de Kaori, uma jornalista jovem também em busca de reconhecimento. Ele acaba passando junto de outras sete pessoas. Dessas, duas serão parte do júri reserva para o caso de alguns dos jurados não poderem permanecer durante o processo. Para "proteger" suas identidades, eles adotam nomes de cor como apelido para as deliberações.
O julgamento é o do assassinato de um importante empresário, a acusada é sua esposa, Kashiwagi, e a motivação a soma de dinheiro exorbitante que o falecido deixou em testamento. O que Toru não sabe é que por trás do julgamento está Kurokawa e sua equipe, financiados pela "bruxa", eles começam a chantagear os jurados com algum problema para que votem na inocência da acusada. Toru contrai uma dívida de um milhão de ienes, Izumi, uma das juradas de quem ele se aproxima, é ameaçada com o bem estar de sua filha Mai, de cinco anos. Outro jurado é chantageado por um relacionamento homossexual, uma senhora por roubo e outra por seu passado trabalhando em uma casa de banhos (e ainda não entendi o problema disso, mas okay).
Conforme o julgamento se inicia e as provas e testemunhas são apresentadas, Toru tem mais certeza de que a bruxa é culpada, enquanto Kurokawa continua lhe pressionando com a dívida para que ele a declare inocente. Problemas começam a aparecer quando uma série de mal entendidos leva Kaori a desconfiar que a relação de Toru e Izumi é muito maior que amizade, os dois começam a discutir e a bruxa começa a colocar ideias na cabeça dela, uma vez que Kaori foi escolhida por seu jornal como a repórter responsável pela cobertura do julgamento.
Finalmente o jogo vira e os jurados são ameaçados para declarar a acusada de culpada. Bem no momento que Toru começa a crer que ela pode ser inocente. Decidido a não se dobrar diante das ameaças de Kurokawa, Toru busca meios de lutar com todas as forças para revelar a verdade do assassinato, a filha da acusada, o irmão do morto começam a entrelaçar-se de forma suspeita à trama, Kaori começa a enlouquecer pelo ciúmes e Toru se vê preso em uma série de armadilhas que podem levá-lo a tomar uma decisão inconsequente. Cheio de plot twists, Majo Saiban me mostrou um final que foi surpreendente e, ao mesmo tempo, irritante.
Como o drama é muito antigo, apesar da brecha no final para uma possível segunda temporada, não tenho qualquer esperança que aconteça. E mesmo que a verdade do caso seja revelada, as histórias paralelas terminam sem uma conclusão real o que frustra a gente. Ainda assim, indico o drama para quem gosta de suspense e do jogo de detetive, uma vez que ele sabe fazer isso de forma muito eficaz.
Sinopse: "De todos os livros que publiquei desde que comecei neste trabalho de escritor, ali por volta de 1992, Marina é um dos meus favoritos", afirma Zafón. "É possivelmente o mais indefinível e difícil de categorizar de todos os romances que escrevi, e talvez o mais pessoal de todos eles."
Neste livro, Zafón constrói um suspense envolvente em que Barcelona é a cidade-personagem, por onde o estudante de internato Óscar Drai, de 15 anos, passa todo o seu tempo livre, andando pelas ruas e se encantando com a arquitetura de seus casarões.
É um desses antigos casarões aparentemente abandonados que chama a atenção de Óscar, que logo se aventura a entrar na casa. Lá dentro, o jovem se encanta com o som de uma belíssima voz e por um relógio de bolso quebrado e muito antigo. Mas ele se assusta com uma inesperada presença na sala de estar e foge, assustado, levando o relógio. Dias depois, ao retornar à casa para devolver o objeto roubado, conhece Marina, a jovem de olhos cinzentos que o leva a um cemitério, onde uma mulher coberta por um manto negro visita uma sepultura sem nome, sempre à mesma data, à mesma hora.
"A mesquinhez dos homens é um pavio em busca das chamas" (p. 150)
Lembro que, anos antes, quando li As Luzes de Setembro me vi encantada pela habilidade narrativa de Zafón que consegue unir o macabro/fantástico à realidade de tal modo que não separamos o que é de que. Contudo, essa impressão elevou-se a um patamar inexprimível quando me vi presa nas páginas de Marina. A história é uma verdadeira obra arquitetônica da narrativa, mesclando elementos de horror com suspense e drama na dose certa para nos manter completamente presos à história. Sem contar que, tudo isso, aliado à escrita de Zafón que salta aos olhos, melodiosa como uma composição de Vivaldi, complexa como uma peça de Beethoven e poética como um teatro de Shakeaspeare.
A trama nos apresentar Óscar Drai, um adolescente de 15 anos que vive em um internato de Barcelona uma vez que seus pais viajam constantemente. Apesar de ter alguns colegas, Óscar se sente muito sozinho e não tem quaisquer perspectiva ou mesmo encontra sentido na sua existência. Para distrair-se, nos finais de tarde após as aulas, sai às escondidas da escola e passeia pela cidade adentrando em ruas arruinadas e fantasiando sobre seus dias de glória. Numa dessas andanças, ele acaba indo parar em um bairro onde até então nunca havia entrado, era um antigo residencial com casarões antigos em sua maioria abandonados e, um desses em particular, lhe chama atenção.
Não não somente a imponência da mansão que outrora, em seu auge, deve ter sido exuberante. Mas a voz que vem de dentro dela, suave e angelical, cantando algo que Óscar não fazia a menor noção do que era, mas como um marinheiro atraído por uma sereia ele se vê movendo-se naquela direção para descobrir que a voz maravilhosa vinha de um gramofone. Curioso, o garoto entra na casa atraído por um relógio antigo que, ao pegar para inspecionar, vê-se surpreendido por um habitante e acaba fugindo assustado e levando o relógio consigo.
É assim que começa a maior aventura da sua vida. Quando vai devolver o relógio, Óscar é surpreendido por uma bela menina que diz ser a filha de Gérman, o dono do artefato roubado. Assim, quando se aproxima de Marina e do pai, ele vai adentrando no misterioso mundo que os cerca na velha mansão que parece ter parado no tempo e na voz maravilhosa do gramofone que ele descobre estar cantando Lakmé, uma peça de Lèo Delibes (que eu ainda não tinha ouvido toda, mas ouvi depois de ler!). A cantora era a mãe de Marina, Kirsten, falecida anos antes de uma cruel doença (que não é especificada, pelo menos não lembro, mas acredito que seja leucemia pela descrição dada ou algum outro tipo de câncer). Marina lhe convida para sair no domingo, pois quer lhe mostrar um mistério.
Ela o leva para um antigo cemitério onde diz acontecer, naquela mesma data e naquele mesmo horário, um fenômeno intrigante. Uma mulher toda de preto, com um véu cobrindo o rosto e movendo-se como um fantasma visitando um túmulo sem identificação. Curioso com aquela história contada por Marina, os dois decidem seguir a mulher, enveredando-se por ruas esquecidas de Barcelona e adentrando num mistério sombrio envolvendo uma antiga fábrica de próteses chamada Vello-Granel e seu presidente, Mijail Kolvenic, de quem se espalha uma série de histórias. Dispostos a chegar à verdade, Óscar e Marina vão desenterrar uma história perigosa que envolve conspiração, assassinato e loucura pondo as próprias vidas em risco para chegar à chocante revelação.
Confesso que, apesar da engenhosidade de Zafón em construir uma trama bem presa a um mistério sombrio, descobri bem antes da revelação muito do que havia acontecido, embora não tenha me chocado menos com a bomba sobre Mijail e, sobretudo, com a verdade sobre Marina. O livro acaba por ser uma mistura interessante de obras como Um Amor para Recordar e Julieta, além de evocar clássicos como O Médico e o Monstro, Frankestein e até mesmo Drácula. Momentos sombrios e aterrorizantes dignos de King e Alan Poe, a engenhosidade própria de Conan Doyle e Christie além da graciosidade de Austen. É com esses elementos que Marina torna-se um livro maravilhosamente escrito de modo a dar uma verdadeira aula de construção narrativa e de subtramas que se amarram com perfeição à trama principal. Personagens fascinantes que vão ficar presos na sua memória por muito, muito tempo! Mais que recomendado.
Alguns dos meus quotes favoritos:
"A inveja é um cego que quer arrancar os olhos do outro." (p. 86)
"A juventude é uma namorada caprichosa que a gente não entende nem valoriza até que ela vai embora com outro, para nunca mais voltar." (p.108)
"Se as pessoas pensassem um quarto do que falam o mundo seria um paraíso." (p. 83)
Sinopse: Ichigo Kurosaki é um adolescente problemático capaz de ver espíritos que acaba recebendo os poderes de um Shinigami, ou Deus da Morte, e passa a enfrentar os espíritos perturbados conhecidos como Hollow.
Quando vi o trailer do Live Action de Bleach, meses antes, confesso que fiquei meio apreensiva. Embora tenha amado a adaptação de Fullmetal Alchemist, depois da desgraça que a netflix fez com Death Note, decidi não criar muitas expectativas com a adaptação o que foi bom porque me surpreendi.
Não cheguei a terminar o anime porque descobri que o final era uma droga. Lembro-me vagamente das quatro temporadas que assisti e percebi que o live action pegou elementos das três primeiras de modo muito bem adaptado! Apesar da misturada de detalhes, o filme segue uma cronologia muito boa, com ótimas atuações e efeitos especiais maravilhosos. Um banho para os fãs da franquia. Sota Fukushi se mantém no equilíbrio entre o garoto rebelde e descrente e o guerreiro que não desiste, embora tenha achado que muito da carga cômica do anime se perdeu no live action.
Para quem não conhece, a história gira em torno de Ichigo Kurosaki, um garoto que consegue ver fantasmas desde criança. Quando sua mãe é assassinada por um hollow em sua infância, o menino não entende o que aconteceu até, mais tarde, uma shinigami aparecer no seu quarto. Envolvido por acidente em uma batalha contra um monstro gigante para salvar sua família, Ichigo acaba sendo transformado em um shinigami (os conhecidos deuses da morte na cultura japonesa, responsáveis por levar as almas para o outro mundo e findar a vida dos humanos quando chega a hora) e derrota o que descobre ser um hollow, espírito maligno que se alimenta de almas.
Os shinigamis de Bleach lutam com armas que se desenvolvem a partir do seu poder espiritual, Ichigo tem um poder espiritual muito forte e, por isso, acaba sugando mais que o necessário dos poderes de Rukia, a shinigami que apareceu no seu quarto. Por isso, para que ela possa voltar à sociedade das almas, ele precisa fortalecer mais seu poder espiritual para que, ao retomar seus poderes, ele não mora. Contudo, Ichigo não está nem um pouco disposto a cumprir o papel de shinigami, pelo menos até descobrir que o que Rukia fez lhe passando os poderes é um crime punido com a morte em seu mundo, ainda mais por ter feito amizade com um mortal, outra coisa estritamente proibida.
Decidido a salvá-la, ele faz um acordo com Byakuya, irmão mais velho de Rukia, se ele derrotar o hollow conhecido como big fisher, Rukia será perdoada e poderá voltar à sociedade das almas. Mas tanto o destino quanto Byakuya escondem outros planos na manga.
Para quem curte um bom filme de ação, Bleach é um prato cheio, não somente por cenas muito bem coreografadas, mas por dosar na medida os efeitos especiais. Gostei muito da trilha sonora e da caracterização dos atores, com exceção da Rukia e aquele cabelo preso, todos ficaram muito fieis ao anime. Gostei bastante do filme e indico muito tanto para quem é fã da franquia quanto para quem está a procura de um bom filme.
Ele está online na netflix e se você não tem netflix, como eu, pode assistí-lo no Movie Asian Fansub, o link está lá em cima nas informações do filme.
Ordem: Zero no Tsukaima, Futatsuki no Kishi, Princess no Rondo e F
Nota: ****
Sinopse: "Zero no Tsukaima" acompanha as aventuras dos protagonistas Louise e seu "animal de estimação quase namorado Saito". Louise é uma estudante do segundo ano na Academia de Magia de Tristain. Neste mundo, os que podem usar magia são magos ou nobres. (Via: Banco de Séries)
Demorei mais do que o previsto para finalizar esse anime, mas consegui finalizá-lo hoje. Bem, passando para o enredo, trata-se da história de Louise, uma maga da aristocracia conhecida por não conseguir realizar nenhum feitiço além de explodir tudo à sua volta. Por essa razão ela é conhecida como Zero Louise.
No início das aulas na academia, os alunos precisam invocar seus familiares, espécie de espírito animal que serve ao mago como "arma", ao realizar o ritual, Louise acaba invocando Hiraga Saito, um garoto da época moderna. Impedida de invocar outro animal, porque o ritual é sagrado, ela se vê forçada a realizar o pacto com o garoto tornando-o assim seu familiar. A primeira temporada foca na adaptação de Saito nesse novo mundo e, principalmente, em sua guerra para lidar com o espírito tsundere de sua "mestra" enquanto a ajuda a descobrir seu verdadeiro potencial mágico, um antigo e poderoso poder há muito não visto.
Na segunda temporada, após descobrir-se maga do vácuo, Louise e Saito, agora mais próximos depois que ele desistiu de voltar para sua casa na era moderna por ela, a história continua com Louise iniciando o uso da magia proibida através do livro misterioso que ela recebeu da sua majestade Henrietta, enquanto isso surge um inimigo na cidade causando caos e muitos problemas. Derrotá-lo, ela percebe, pode custar a vida de Saito e no impasse de quem salva quem a guerra eclode á sua volta podendo ter um desfecho dramático. Além disso, Louise tem que lidar com a tara de seu familiar pelos enormes seios de Siesta, uma plebeia que trabalha na academia.
Continuando a saga na guerra com Albion na segunda temporada, Saito e Louise voltam à Tristain, onde encontram ruínas. A relação dos dois estremece quando Saito descobre que não tem mais os poderes de Gandalfr e, desse modo, não é mais familiar de Louise podendo deixá-la. Saber disso a torna mais irritadiça e frágil, principalmente quando um novo mago do vácuo aparece ameaçando a vida dela. Em uma viagem ordenada pela rainha, eles buscam por um Elfo que tem o poder de trazer pessoas mortas à vida, e pode trazer a chave para a compreensão da perda do Gandalfr de Saito. O que não se imagina é que essa elfa mestiça, Tiffania, é também uma usuária do vácuo que gerará conflitos não apenas com os magos, mas na frágil relação com os elfos também. Nesse entremeio, Tabhita é sequestrada e os segredos obscuros de Galia levam os amigos a uma nova guerra.
Na quarta temporada, Saito e Louise enfrentam ainda mais problemas em seu relacionamento quando o papa entra em cena para intervir na luta contra o tio de Tabhita, outro usuário do vácuo. Além disso, novos problemas surgem quando tanto Tabhita quanto Tiffania se apaixonam por Saito provocando ciúmes em Louise por seu familiar não resistir as investidas delas. Saito cresce cada vez mais de posto no reino, ganhando o respeito e a admiração de todos, mas sua relação com Louise parece cada vez mais complicada, principalmente quando este se torna familiar de Tiffania também após serem sequestrados pelos elfos. O novo poder adquirido por ele pode salvar o mundo de Louise, mas custará muito caro. O novo impasse de viver ou morrer colocará em prova os sentimentos dos dois e selará de uma vez seu destino.
Confesso para vocês que não gosto muito de animes harém, fico sempre torcendo por uma das meninas, normalmente a principal, mas o protagonista sempre passa o rodo no geral e isso me frustra. Apesar de, em grande parte das situações, Saito lutar para manter sua fidelidade, muitas vezes ele simplesmente ignorava seus sentimentos em função do momento e se deixava levar por Tiffania, pela rainha ou mesmo por Tabhita. Concordo que o gênio de Louise as vezes irritava, mas ela tinha razão em ter ciúmes dele o tempo quase todo, principalmente porque ele dava motivos para isso o que acabava destoando dos momento em que ele declarava o amor para ela.
Zero no Tsukaima é daqueles animes que exigem paciência do expectador, as coisas se desenrolam num ritmo bem lento principalmente entre Saito e Louise. Houve horas que quase dropei o anime, mas vale a pena continuar e ver a relação deles progredindo. Os momentos de tensão são muito bons e o equilíbrio com a comédia também, tem aquele apelo de ecchi, mas a gente já espera de todo harém. A história é um prato cheio principalmente para quem curte fantasia medieval e ainda mexe com temas interessantes como autoaceitação, preconceito de classe e distúrbios psicológicos como sociopatia, psicopatia e traumas. Num cômputo geral gostei muito do anime, o final é bem fechadinho e tudo que eu queria era uma OVA mostrando a Louise conhecendo a família do Saito e um pouco mais da vida deles juntos.
Se você tem tempo de ver um anime desse tamanho, acho que vale sim muito a pena arriscar, mesmo quem não gosta de harém tem uma boa chance de se divertir e de gostar muito desse. Indico!
Então, a razão de eu ter demorado tanto a postar essa aula é que foi difícil - e ainda está sendo - assimilá-la. Acho que de todo o conteúdo de mandarim até agora, essa foi uma das mais complicadas que vi no Hello Chinese. Principalmente porque a explicação é muito parca, quase nenhuma, então não consegui aprender direito e ainda me confundo toda na hora de responder os exercícios. Vou continuar assistindo as aulas da professora Xiao no youtube pra ver se, em algum momento, ela fala sobre isso mais pra frente (ainda tô bem no comecinho lá). Bom, sem mais delongas, vamos à aula.
"Se não entenderes, repita outra vez a leitura"
Existem alguns vícios de linguagem comuns em português como "subir para cima; descer para baixo; entrar para dentro..." chamamos de pleonasmo esse evento linguístico que repete uma ideia já explícita no discurso, fazendo com que ele fique cansativo e comprometa a qualidade da mensagem.
A gramática normativa da língua portuguesa prescreve que a redundância deve ser evitada. Por outro lado tem algumas frases em mandarim que, para nós lusófonos, soariam como redundantes, mas em chinês são admitidas sem problemas. Vejamos alguns exemplos.
Chinês
Pinyin
Como soaria em português
再说一遍
Zái shuō yī biàn
Repetir outra vez o
que disse
唱一个歌
Chàng yī gè gē
Cantar uma canção
Pesquisando Caracteres
Antes dos computadores, era muito comum procurar uma palavra em um 词典 (ci2dian3) "dicionário" o que era realmente trabalhoso. Em geral estavam organizados por número de traços e por seus respectivos radicais. As pessoas poderiam demorar alguns minutos apenas para encontrar um único ideograma. Somos muito afortunados hoje em dia, para encontrar o significado de um basta digitar o pinyin ou desenhar o ideograma na tela do celular.
PALAVRAS CLASSIFICADORAS DE VERBOS
Em chinês as palavras classificadoras não são exclusivamente para classificar substantivos (choremos). Existem também alguns classificadores que podem modificar a frequência do verbo (e veja que eu disse frequência e não modo, não confunda com os advérbios, tá?). 次(Cì) 遍 (biàn) e 趟 (tàng) são classificadores comuns para verbos. A estrutura é:
SUJEITO + VERBO + NÚMERO + CLASSIFICADOR + OBJETO
他买了两次草莓。
Tā mǎile liǎng cì cǎoméi
Ele comprou morango duas vezes.
Número Ordinal
Em português, cada número ordinal é diferente de seu número natural:
um - primeiro
dois - segundo
três - terceiro...
Em mandarim, para expressar um número ordinal basta usar o prefixo 第 (dì) seguindo o seguinte padrão:
第 + NÚMERO + PALAVRA CLASSIFICADORA
第一次
Dì yī cì
primeira vez
Vocabulário:
词典 (Cídiǎn) - dicionário
袜子 (wàzi) - meia
本 (běn) - class. para encadernados (livros, cadernos, etc.)
种 (zhǒng) - class. para coisas por tipo e classe
次 (cì) - class. para enumerar eventos (vez)
趟 (tàng) - class. para viagens; vezes; idas e voltas
遍 (biàn) - class. para ações e vezes
第 (dì) - prefixo que indica números ordinais.
Ideogramas da lição:
běn - origem
liǎng - dois
zhǒng - tipo, classe
Cì - vezes
biàn - em qualquer lugar, uma vez
tàng - class. para vezes, viagens
Pratique!
1. 我用了一次现金。Wǒ yòngle yīcì xiànjīn.
2. 她开一次门。Tā kāi yīcì mén.
3. 我去了一次中国。Wǒ qùle yīcì zhōngguó.
4. 我用了三 _______ 信用卡。Wǒ yòngle sān xìnyòngkǎ.
a) 双
b) 本
c) 次
d) 条
5. Ele comprou morango quatro vezes.
6. Eu quero beber chá uma vez.
7. Eu quero assistir aquele filme uma vez.
8. Eu li este livro uma vez.
9. Ela cantou a cação duas vezes.
10. Eu vou ao supermercado uma vez hoje.
11. POr favor, venha à minha casa uma vez.
12. Eu quero ir ao escritório uma vez.
13. Ela ouviu aquela canção uma vez.
14. Ir à escola uma vez.
15. Ele falou em chinês duas vezes.
16. Eu assisti esse filme duas vezes.
17. Eu usei o computador uma vez.
18. 我第一次来中国。Wǒ dì yī cì lái zhōngguó.
19. 我第一次用信用卡。Wǒ dì yī cì yòng xìnyòngkǎ.
20. 我的第一本词典。Wǒ de dì yī běn cídiǎn.
21. 这是我的第二双袜子。Zhè shì wǒ de dì èr shuāng wàzi.
22. 我喜欢第二种草莓。Wǒ xǐhuān dì èr zhǒng cǎoméi.
23. 今天我第一次说汉语。Jīntiān wǒ dì yī cì shuō hànyǔ.
24. 我要喝第三种茶。Wǒ yào hē dì sān zhǒng chá.
25. 我觉得第三条裤子不好看。Wǒ juédé dì sān tiáo kùzi bù hǎokàn.
Se você acompanha meu blog sabe que eu detesto abandonar livros. Até então, só havia abandonado a leitura de um que foi A Última Imperatriz, se me lembro ano passado. Contudo, esse ano me tornei adepta do angustiante e libertador direito de abandonar uma leitura. No meu caso, duas. Contudo, ao contrário do que fiz com A Última Imperatriz, que pouco me lembro do que li, em ebook, no meu celular, gostaria de me justificar quanto aos dois abandonos deste ano.
Primeiramente, vale ressaltar que já comentei aqui no post Oito Passos Para Escrever Um Romance sobre Os Dez Direitos do Leitor e, um deles, era o direito de abandonar um livro. Não sei se assim como eu você nunca experimentou isso, mas é um fato que há livros que não foram escritos para nós. Sou daquelas que acredita que cada literatura tem seu leitor, mesmo aqueles mais aventureiros que gostam de passear por todos os gêneros, não conseguem conversar tão bem com eles quanto os de sua própria literatura. Contudo, é sempre válido ler de tudo, entender como os autores contam suas narrativas e como estas se costuram enquanto tecem as aventuras e desventuras de seus protagonistas.
Todavia, nem sempre essa viagem funciona muito bem, e nos vemos presos em um livro cuja leitura não está fluindo, no final vamos acabar detestando uma história que podia ser boa simplesmente porque a lemos no momento errado. Já experimentei isso algumas vezes, quando li alguns livros, em especial clássicos, pela primeira vez, não gostei muito. Contudo, anos depois, quando os revisitei me vi fascinada por eles. Um excelente exemplo disso foi Dom Casmurro que li desobrigada na escola por pura curiosidade e não gostei, achei a narrativa maçante e não consegui entender a complexidade das personagens, pudera, eu tinha 16 anos! Mal havia saído dos livros infantis e dos romances de banca. Quando o revisitei na faculdade, aos 24 anos, achei a leitura maravilhosa, me vi imersa na loucura de Bentinho e no mistério que permeia Capitu. Há um tempo para as leituras e uma maturidade exigida para compreendê-las também, pelo menos é o que penso.
Sem mais delongas, vamos aos livros:
O Preço de Uma Lição (Gutti Mendonça e Federico Devito) Vocês aqui sabem que o único preconceito que tenho com os autores nacionais é o fato de as editoras colocarem os preços tão absurdos. Já resenhei nacionais aqui, sempre que tenho oportunidade de ler, leio. Como autora nacional, sei como é horrível quando alguém mete pau no teu livro porque, ou não entendeu a história, ou leu no momento errado. Por isso odeio falar mal de livros nacionais, porque isso pesa no crescimento do preconceito que existe em torno da nossa literatura que é tão rica! Um excelente exemplo disso é Nova Jaguaruara resenhado aqui recentemente.
O negócio é que, muito provavelmente, O Preço de uma Lição me pegou no momento errado. É aquele tipo de livro claramente para adolescentes, Eu li 94 páginas e senti que não era o momento dele, então achei por bem abandonar e tentar outra coisa, desisti dele em 24 de agosto.
A história gira basicamente em torno de um casanova que teve algumas namoradas que não deram certo até, por fim, conhecer uma guria bem mais nova por quem se apaixona como um louco. A narrativa não me cativou, achei arrastada, as personagens não me chamaram atenção e nem causaram simpatia ou empatia. O narrador também não me despertou interesse de modo que percebi ser inútil insistir na leitura nesse momento. Talvez por estar habituada com outros tipos de literatura, talvez por não ter me comunicado com a história mesmo o livro não dialogou comigo e decidi que o deixaria para uma posterior revisita e, quem sabe, dessa próxima vez não consigamos nos entender.
As Boas Fadas de Nova York (Martin Millar) Essa então era a minha leitura recente, até que hoje eu vi que não ia funcionar e optei por abandonar o livro.
Martin Millar é um autor britânico que, segundo li no prefácio do Neil Gailman, decidiu brincar com Sonho de Uma Noite de Verão, do Shakespeare. Esse livro então seria como uma releitura dessa peça e, talvez por esse motivo, talvez por não ter rolado empatia mesmo, não consegui continuar lendo a história.
Na verdade, esse livro é um bocado confuso. Duas fadas escocesas que foram expulsas de seu país, junto com outras fadas de nacionalidades diferentes, fogem juntas e acabam caindo em um caminhão de bebidas. Nas discussões e bebedeiras, acabam parando em Nova Iorque, duas delas, Heather e Morag, acabam indo parar no apartamento de Dinnie, o pior violinista da cidade. Após uma dicussão, Morag vai embora e acaba encontrando Kerry, uma jovem que sofre da doença de Crohn e está montando um alfabeto celta de flores.
Nessa confusão toda, histórias paralelas se atrelam a esses quatro personagens e você acaba no meio de uma história que parece sem pé e nem cabeça, cheia de palavrões e conotações sexuais. Nem mesmo o prefácio do Gailman me deu gás para continuar lendo esse livro, acabei deixando de lado. Espero que tenha mais sorte com a minha próxima leitura.
E é isso, gente. Vocês abandonaram algum livro esse ano? Vou procurar alguns para substituir esses na meta desse ano. Até agora foram 29 livros lidos! (Fora mangás).
Esses dias estava pensando em voltar com essas postagens na tag música, simplesmente porque me deu vontade mesmo. Andei pensando nessa música do Rosa de Sarón, uma das que mais gosto da banda, no meio de uma crise política absurda e da alienação quase total da população, achei que seria pertinente trazê-la para cá. Claro que, obviamente, o intuito dessas postagens não é trazer qualquer "defesa política", eu apenas comento o que entendo da música, a interpreto do jeito que ela conversa comigo. Desde que comecei a fazê-lo com músicas do Evanescence, eram apenas minhas compreensões a respeito das letras e vocês sabem que arte é passível de diversas interpretações diversas. As bandas que curto não têm lançado nada novo, ouvi o último single do Monsta X, Livin' it up, gostei muito, mas não faria um post só com ela, vou esperar o álbum novo. A última lançada pelo BTS não me impressionou muito não, nem musicalmente nem visualmente, então decidi nem comentar. Bom, sem mais delongas, vamos lá.
Reis e Princesas
Composição: Guilherme de Sá
Eu não sei se eu sigo a ver navios
Ou se ponho neles os animais
E deixo pra nós o que nos cabe, porque
Se na briga entre dois elefantes
Quem se ferra é a grama
Diga-me: qual é o rato que irá apartar a nossa ira?
Antes que acabem minhas lágrimas
permita-me dizer
Eu tenho fé
Ao meu ver, essa música tem um cunho crítico político-social. Quando ele duvida a respeito de salvar a nação ou os animais está fazendo uma crítica à alienação que tomou conta das pessoas que pararam de agir como humanas para se tornar... nem sei mais o que, animais não porque até eles são mais conscientes. Então ele usa essa analogia dos elefantes para se referir aos poderes que regem a sociedade, eles têm sede pelo poder e quem se ferra no processo é a grama, que representa as massas, vítimas do descaso e derramadora de sangue nas guerras; o rato nesse caso, seria um heroi que poderia se erguer para salvar essas massas da incapacidade dos poderosos antes que todo o mundo chore até perder as forças e a vida e nisso, ele tem fé. Acredito que essa última parte também tenha a ver um pouco com a religiosidade, a crença dele de que apenas Deus é capaz de intervir no caos que se instaurou no mundo.
Me tornei cego, surdo e mudo
Se isso não te acalma, então não sei o que!
Se você não entende o meu silêncio
Como entenderia as minhas palavras?
Minhas razões?
Essa é uma das minhas passagens favoritas! Na primeira estrofe ele critica a passividade da sociedade brasileira (e até mundial, diria) diante dos absurdos que somos submetidos, se nem isso acalma o poder, que continua nos ferindo e tirando tudo que podem de nós, então ele se vê sem saber o que fazer, uma vez que já nos tornamos cegos para seus crimes, surdos às suas falsas promessas e mudos à extorsão de valores e direitos que eles fazem. E diante disso, se ninguém entende o silêncio que nos cala como poderia entender os sentimentos?
Essas três últimas estrofes podem ser interpretadas de várias maneiras, tanto dentro desse contexto sócio político, quanto num contexto mais emocional. Uma pessoa que não consegue entender nosso silêncio, os momentos que nos retiramos por nós mesmos, como seria capaz de entender nossas palavras? Ela se torna surda às nossas necessidades. Conheço muita gente assim.
Já propus nossa paz
Já tentei uma trégua
Eu fui João, fui Felipe e não deu
Troquei o bairro
Mudei de cidade
E cá estou numa nação
Que sofre de câncer e se luta por dor de cotovelo
Onde não se sabe lidar com Reis e Princesas
Aqui só damos valor aos bobos da corte
Essas três primeiras estrofes são bem religiosas mesmo. Ainda que possam guardar alguma metáfora mais social, acho que se enquadra mais na religiosa. Felipe e João foram discipulos de Jesus. João, inclusive, é um dos evangelistas. Quando ele diz que já foi um deles quer dizer que tentou apregoar a paz e o amor para as nações, mas não deu certo. Tentou ser um discípulo falante numa nação de surdos e, tal como os apóstolos, trocou de cidade, mas só encontrou alienação, vergonha e pessoas que aplaudem idiotas como se fossem sábios. É, inclusive, uma crítica social bem colocada na nossa atual sociedade.
[Refrão]
Sei que as lágrimas são o sangue da alma
Deus as entende e eu as entrego
Enquanto formos maus aos outros
Seremos piores para nós mesmos
Tudo passa, difícil é saber o que sobra
O que restou de nós
Só o tempo irá dizer
Aqui, a música finaliza mais como uma reflexão, uma mensagem mesmo. Em meio a todo o caos e as tristezas que nos cercam, só podemos esperar em Deus para nos livrar e nos dar discernimento para viver em meio aos lobos. Enquanto continuarmos nos matando e nos odiando, nunca seremos capazes de encontrar paz, só vamos nos envenenar mais e mais. E nesse entremeio, pode não sobrar nada do que fomos e da história que construímos porque até isso teremos destruído.
Gosto muito dessa música, acho ela muito pertinente para a situação que vivemos nesse momento de crise política e de caráter. Espero que tenham gostado e, se tem alguma música que queira ver por aqui, comenta aí embaixo! Grande abraço a todos vocês, até o próximo post!
Sinopse: Um antigo e curioso evento acontece todos os dias em Nova Jaguaruara, uma pequena cidade no interior do Ceará: à meia-noite, as luzes se apagam e a cidade cai na escuridão por exatamente um minuto. Vicente e sua equipe de trabalho chegam à cidade para estudar as condições para a instalação de torres de energia eólica na região e, quem sabe, resolver o estranho problema de queda de energia. O que eles não sabiam, entretanto, é que a cidade esconde uma terrível história relacionada ao desaparecimento de pessoas desde o início do século XX. A única coisa de que são alertados desde o primeiro dia é o fato de não poderem se aproximar de uma igreja abandonada na beira da estrada, um pouco afastada de Nova Jaguaruara. Infelizmente, o aviso não é o suficiente e logo Vicente e sua equipe encontram-se presos nos terríveis mistérios da cidade.
"Mas se tem uma coisa que eu aprendi é que o mal se incomoda quando tudo vai bem e dá sempre um jeito de acabar com a paz dos outros." ( Capítulo 3)
Quando vi a Beatriz Paludetto e a Tatiana Feltrin falando tanto desse livro, fiquei curiosíssima para ler, aproveitei uma promoção da Amazon e comprei no cartão de uma colega pela minha conta no site. Decidi, após um abandono e por ter finalizado antes do prazo, colocá-lo junto a mais dois livros na minha meta de leitura. Gente, posso dizer que todas as minhas expectativas foram devidamente satisfeitas. Geralmente fico com um pé atrás quando se trata de livros muito hypados pelo povo, se todo mundo fala é um sinal que há a enorme possibilidade de eu detestar como aconteceu em A Garota no Trem e Caixa de Pássaros. Felizmente isso não se repetiu com Nova Jaguaruara.
O enredo do livro é bem simples, mas não pouco complexo. Nós acompanhamos, a princípio, enredos muito distintos que podem dar a impressão, em um primeiro momento, de que o livro acompanha a vida de personagens em contextos diferentes, como vários contos que montam uma mesma linha de raciocínio, apenas mais para frente, em torno do capítulo seis ou oito, vamos entender que o tempo na história não é linear e aprendemos a separar o que é passado do que é presente.
A cidade de Nova Jaguaruara localiza-se no estado do Ceará. Um lugarejo simples, com pessoas tementes a Deus e um estranho evento diário: à meia noite, sem qualquer aparente explicação, as luzes de toda a cidade se apagam durante um minuto. Não importava quantas vezes se procurasse defeito no fornecimento de energia, nada parecia resolver o problema. Um grupo de amigos, desafiando a sorte, decide fazer uma aposta de entrar no local mais proibido da cidade, uma velha igreja abandonada a vinte e um quilômetros de Nova Jaguaruara, próxima a estrada. O fato do local ser proibido é graças ao número de desaparecimentos inexplicáveis que ocorreram nos arredores daquele local, tido por amaldiçoado pelas pessoas da cidadezinha.
Quando dá meia noite, os meninos fazem um sorteio para entrar na igreja. Pedro, o mais novo do grupo, é sorteado, mas de tanto medo que sentia, seu irmão mais velho, João, decide entrar no seu lugar. Vitorioso, sai alguns minutos depois com um cálice que pegara no altar, seu troféu. Contudo, ao tentar ir embora com seus amigos, João descobre tarde demais que nunca voltará para casa novamente. A história, então, segue o nascimento de Bonifácio em uma família tida por amaldiçoada, todos os homens dessa família morriam e o nascimento desse menino, cuja mãe morrera no parto, veio acompanhado de um evento extraordinário que levaria aquela cidade a uma reviravolta nunca imaginada.
Somos apresentados também a um grupo de cinco amigos que chega à Nova Jaguaruara para investigar a possibilidade de serem instaladas torres de energia eólica no local. Vindos de Fortaleza, esse grupo não poderia imaginar os segredos obscuros que se escondiam naquela cidade e que, muito em breve, poria todas as suas crenças e racionalidade em teste. Do mesmo modo, conhecemos Raquel, uma professora de ensino fundamental que está observando em Bruno, seu melhor aluno, mudanças estranhas de comportamento. Enquanto, nesses primeiros capítulos, essas histórias são apresentadas de maneira aparentemente aleatória para nós, não podemos sequer imaginar que haja a possibilidade de estarem interligadas de alguma forma e Mauro soube fazer isso de maneira magistral.
Nova Jaguaruara é não apenas um livro de terror passado no Brasil cuja leitura é muito válida por trazer no seu cerne momentos históricos do nosso país e elementos que conversam com a nossa cultura e crenças, mas também por ser um livro que, enquanto faz tudo isso, ainda tem a habilidade de evocar discussões e reflexões acerca de uma realidade que nos cerca e é tão presente no dia a dia de cada pessoa no Brasil e no mundo.
A luta do bem contra o mal é trazida não apenas a um patamar religioso ou fantástico, mas elevada a um nível muito humano, em que podemos reconhecer nas próprias personagens a batalha entre certo e errado, verdade e mentira, fé e descrença. Além das inúmeras críticas sociais veladas intricadas numa narrativa que prende o leitor através do mistério e da contínua aura de suspense que ancora os capítulos. Padre Honório (que não é um padre de verdade) faz uma crítica aos escândalos da igreja católica e mostra a natureza gananciosa do homem no mais extremo patamar, mas ainda vai além, somos mostrados, aquém do fato de ele ser um homem comum passando-se por padre, de que mesmo os sacerdotes consagrados e aqui me refito a todas as religiões sem exceção, são homens comuns e pecadores como todos os outros. Mesmo ele usando a igreja católica como um claro exemplo (e não sei se por indignação própria, por mero acaso, por experiência ou crítica direta) talvez motivado pelo enfoque que se dá qualquer tipo de absurdo comportamento por parte dos membros de seu clero, as falhas humanas presentes em Honório e nos membros do seminário de Fortaleza, estendem-se a representantes religiosos de todas as crenças espalhadas pelo mundo, porque o mal está arraigado no cerne humano e não na religião em si.
Durante minha leitura percebi traços de intertextualidade bíblica na narrativa, principalmente pela presença de Bonifácio como um homem "milagroso" e justo. Além, claro, dos elementos de crença popular representados pelo bode em figura simbólica do mal, tal qual a serpente. Aliado a uma guerra entre a beatice comum na cultura sertaneja em contraste com o ateísmo de personagens que representam uma geração cada vez mais toldada no cientificismo e nas relações artificiais do mundo moderno. Além, claro, do quase total ateísmo de Bonifácio, figura da qual se esperaria, por razões óbvias, uma fé inabalável. Entra-se também nas questões de abuso de poder, violência doméstica, feminicídio, corrupção policial e, ainda que não totalmente explícito como os demais, descaso público governamental. Tudo isso intricado de maneira maravilhosa nas entrelinhas da história que vai e volta no tempo revirando nosso estômago e atingindo o âmago das nossas crenças.
Uma pessoa sem Deus é como um bicho solto à própria sorte.
Apesar de possivelmente não ter esse propósito, Mauro soube não somente retratar a religiosidade do sertão, firme e inabalada, enquanto traz junto a esta, reflexões quase filosóficas acerca do estilo de vida moderno em passagens como "O homem tem pressa e se vicia em soluções práticas para seus problemas" em que contextualiza a temática religiosa com a apostasia crescente na sociedade. Em si, o livro é uma enorme metáfora para a hipocrisia religiosa, descaso social, apatia e decadência humana ao mesmo tempo que trata essas questões de maneira pertinente numa narrativa bem amarrada, cheia de tensão e com cargas de horror ora explícitas, ora sugeridas. Há sim alguns problemas com a escrita ou a caracterização de algumas personagens, como no caso das expressões usadas pelas crianças, mas nada que comprometa de modo significativo a leitura desse livro fantástico de quem promete ser um dos mestres do terror nacional. Nova Jaguaruara evoca obras no estilo de Stephen King e H.P. Lovecraft de um jeito que é a cara do Brasil e envolve muito da nossa história e identidade cultural. Vale muitíssimo a pena ser lido. Finalizo essa resenha com três trechos dos capítulos finais do livro que exemplificam a imagem do inferno metaforizado pelo ponto de vista religioso e explícito na realidade social em que estamos inseridos.
"Ela viu fome, miséria e destruição. Sentiu como se nada na vida jamais pudesse dar certo. E foi tomada naquele instante pela sensação mais triste e desprezível que uma pessoa poderia sentir. Ela sentiu que estar vivo era um grande azar. E experimentou um sentimento amargo de descrença nas pessoas, descrença na sorte, descrença no futuro." (Capítulo 27)
Reconhecem esse quadro aí em cima? Eu sim.
"Todas as sensações de derrota, dor e doença são misturadas e injetadas em você naquele lugar. Gritaria e lamentação por toda parte. Um verdadeiro inferno." (Capítulo 28)
Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.
"E não demorou para que um bando de pessoas desesperadas e sem um líder perdessem o fino fio do equilíbrio. Saques aos mercados e às casas foram praticados. Água e comida foram roubadas e desperdiçadas em golpes fracassados. Pessoas morreram pela fome, pela doença e pela rivalidade gerada." (Capítulo 29)
Essa aí gostaria de comentar. Quando li e marquei essa passagem fiquei pensando que ela se estendia além da simples representação ficcional, assim como a citada seca de 1915 e os campos de concentração cearenses que aparecem na narrativa. Encarei essa passagem de uma maneira mais social por assim dizer, o líder, ao meu ver, estende-se mais que um líder religioso, mas aplica-se a um representante político, alguém que realmente lute pelos interesses de um povo que sofre com a violência representada nos saques, na fome causada pela latente desigualdade social acentuada pelo descaso educacional cada vez maior. Gente, estamos em um país que está emburrecendo de maneira assustadora, carregado numa onda de ódio e perseguição às minorias e as mulheres, além de um analfabetismo político e ausência de criticidade preocupantes. Basicamente, estamos comendo uns aos outros vivos ao ponto de transformar a convivência na terra o inferno que antes só existia no nosso imaginário e numa possível punição pós-morte.
Dito isso, deixo aqui minha forte recomendação para ler Nova Jaguaruara e aventurar-se nessa obra promissora de horror que cumpre a promessa de revirar seu estômago e gelar sua espinha!