segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Finalmente descobri!

Eu só vim aqui uma vez desde que você se foi... É tão estranho saber que você não vem... Que não vai me ligar com uma desculpa esfarrapada por ter me deixado esperando, que a sua silhueta esguia e cara de pau não vão aparecer na esquina e fazer meu coração acelerar. Pensei que ia ser mais fácil depois de tanto tempo... Mas não é, David...  Nunca é. Cada parte dessa praça parece contar uma história, você está em cada cena descrita e sentada aqui, agora, é quase como se eu soubesse que você está comigo, que esteve esse tempo todo, como o vento que me toca, como as lágrimas que caem, como a saudade que fica. 

Hoje, após vinte e três anos no "escuro" eu finalmente descobri porque eu choro - e não, não é porque eu tenho olhos! ¬¬'.
Quando saí de casa hoje a tarde, passei na antiga praça onde David e eu costumávamos nos encontrar. Eu só havia ido lá uma vez depois que ele partira, não havia mais razão para ir até lá, muito menos motivo para voltar a sair. Para onde eu iria? Fazer o que? Nada mais parecia ter graça ou mesmo sentido, e até agora, nada parece. Mesmo assim, depois de tanto tempo, ainda doeu como se ele tivesse acabado de partir e parece impressionante, mas eu não senti a presença dele de maneira tão forte como sinto quando estou com medo.
Quando saí de lá e ia caminhando para o ponto de ônibus, e também no caminho para faculdade, eu me pus a refletir sobre a razão pela qual eu choro, pela qual eu chorei a vida toda sem razão aparente, o motivo da dor anônima dentro de mim que transborda pelos olhos, que agora é tão bem mascarada pelo "Tô bem" que eu repito tão mecanicamente. Descobri, por fim, que eu choro pela pessoa que eu sou, pela pessoa que eu deveria ser e pela pessoa que eu nunca vou ser. Choro pelas coisas que faço, pelas que deveria fazer, pelas que não fiz e pelas que não vou ter a chance de fazer nunca. Choro pelo que perdi, pelo que ganhei, o que não consegui e o que nunca vou conquistar. Choro pela minha vida, pela minha morte, por aquilo que é proibido pra mim. Eu choro por quem me cerca, por quem me afasta, por quem me ama e por quem me odeia. Eu choro pelo paradoxo antagônico que é a minha mente. Eu choro porque eu sou eu.

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