segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Rotina

Hoje minha mãe voltou a trabalhar... E agora eu estou quase que basicamente sozinha em casa. Por um lado isso é muito bom, eu posso chorar, gritar, sem que ninguém perceba já que meu pai passa o dia lá embaixo... Eu gosto de ficar sozinha, realmente. Por outro lado isso me dá medo, porque eu começo a pensar besteiras e fico a um unico passo de cometê-las sem que ninguém possa impedir. Eu tento manter minha cabeça ocupada, mas é difícil. Ontem eu passei o dia no quarto, literalmente, e por mais mal que isso faça eu me sinto incrivelmente bem... Os sons pareciam tão distantes que era como se eu conseguisse me fechar no meu mundo com os olhos ainda abertos. Eu estou em um desânimo só... Cantar, ler, escrever, pensar tudo perdeu a graça, se eu pudesse passar o dia dormindo eu passaria, ou pelo menos quietinha deitada na cama e até que agora que eu to com o quarto só pra mim facilita um pouco as coisas...
Existem várias "eu" em um eu só. Creio que seja essa a razão de eu me odiar tanto, porque eu até hoje não consegui encontrar qual dos "eu" é o certo, o verdadeiro, o positivo. Eu odeio não poder saber o que fazer, para onde ir, o que pensar. Há uma crença japonesa - e isso eu vi em Bleach - que fala em fitas espirituais não sei se eu entendi certo, mas é como divisões múltiplas da nossa alma e é mais ou menos um exemplo do que sou: uma fragmentação de mim mesma no meio de inúmeros fragmentos iguais cuja sina que me rege é tentar, inutilmente, encontrar o tal fragmento "certo". E todas essas partes de mim são testadas, odiadas - inclusive por mim mesma - e parcialmente descartadas, como se eu representasse um papel de mim mesma todos os dias e odeio todos eles, abomino-me, rejeito-me, repudio-me.
Vontade de dormir... Tão grande, tão certa, tão intensa, quase mortal. Dormir para sempre como a Bela Adormecida, esquecer-me dentro de mim, não fugir, nem me esconder, mas parar... O tempo, a vida, a dor, o pânico... Se há algo do qual eu queria realmente fugir era das pessoas. Eu não gosto de pessoas, elas me assustam, me coagem, me machucam... As pessoas são frias, cruéis, sádicas, elas não se importam em ferir, elas sentem prazer em provocar dor. As vezes, eu queria tanto me isolar completamente, mas não sou dona do meu destino para isso. Aqueles que dizem "você é livre para fazer o que quiser" não conhecem a minha vida, porque no que tange à mim eu não sou dona e proprietária das minhas escolhas, eu sou subserviente à vontades que me regem, às vontades que me guiam, e eu ainda não decidi se quero ser dona de mim ou não e isso é muito confuso, é tanta coisa misturada que eu não sei de verdade o que machuca mais. Faz três semanas que eu to bloqueada. E a minha vida virou um inferno! é como se eu não tivesse a mínima utilidade e não posso ficar trancada no quarto o dia inteiro, porque minha mãe não deixa to odiando a faculdade cada dia mais. Odeio o triplo essa bolsa de estudos. Queria sumir um pouco... Ir pra algum lugar onde eu não visse ninguém... Tipo um hospício ou uma casa de repouso... Eu não sei o que deu em mim ultimamente, parece que o meu sistema deu pani e ferrou tudo! Toda a minha vida ta parecendo uma farsa que eu não escrevi. Um plágio. E a pior parte é que eu não posso decidir mandar tudo pro inferno e pronto. Não sou eu que dou a ultima palavra. Essa palavra é da minha mãe. Porque eu não tenho autonomia para "cuidar" de mim mesma. Eu admito. Não sou competente para tal, pelo menos emocionalmente. Não que eu não seja responsável. - O que de um todo eu realmente não sou u.u' - Mas eu não sou "equilibrada" o bastante para isso. É essa a verdade e eu não procuro esconder.

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