quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Desafio 365 Dia #9 Escreva uma história em terceira pessoa


Dia #9: Escreva uma história em terceira pessoa

Não consegui postar ontem porque passei o dia quase todo fazendo faxina no meu quarto depois que o meu pai terminou de pintar as paredes mais escuras e, aí, fui fazer o trabalho da energúmena que me mandou fazer um texto de cinco laudas nas férias! Ninguém merece. Então, vou postar o de ontem e o de hoje no mesmo dia (fazer o quê?).

Solitária

Não via as horas. O tempo  parecia ter deixado de existir ou se resumido naquela existência de exatidão. O relógio deixou de ser importante, não ligava mais para o minuto seguinte. Não doía mais. O mundo se resumia em um montante de palavras que se assomavam na folha branca, a letra garranchada tentando acompanhar o pensamento. Inútil. Não existia pressão, não havia os desejos ou as expectativas de outrem, só as folhas, só as palavras, só seus inseparáveis amigos silenciosos que falavam com o íntimo do seus pensamentos.

O mundo finalmente alinhou-se aos seus sonhos, tornou-se tinta, imprimiu seu mundo, protegeu seu coração. Em um canto da mesa as cartas ainda por abrir, a foto solitária no porta-retrato de vidro e a imaginação que voava solta pelas paredes do quarto branco, simples, sem detalhes demais, tranquilo como seu espírito. Todos os seus medos abrigaram-se do lado de fora da porta de ferro, assim como as pessoas. Os estranhos ali não lhe notavam e os que o faziam não lhe apontavam dedos críticos, não exigiam suas expectativas frustradas, não lhe tratavam como um objeto defeituoso. Para eles, ela era uma pessoa; para ela, no âmago do seu ser escondida na paz da alcova alva, uma criadora.

As palavras eram suas ferramentas, a folha o alicerce de sua construção, o seu mundo, o seu eu. Eram um só, ela e as palavras, naquele mundo de loucos que precisava de abrigo, naquele lugar onde as esperanças pareciam perdidas, naquele campo branco de bonecas feridas, ela encontrara o descanso para seu espírito, a liberdade para suas palavras, a quietude para seu coração, a calma para sua doe, a segurança para os seus medos.

E na clínica de bonecas, com damas de branco e almas dolorosas, uma nova história acabava de ser criada.

2 comentários:

  1. Me lembrou Rozen Maiden, gostei. Um clima meio tenso, mas ao mesmo tempo libertador que traduz bem o que é escrever <3

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    1. Rozen Maiden? Por que? kkkk. Tipo isso, tão contraditório que dói a cabeça.

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