Autor: Yuya Kirimi
Ano: 2019
Volumes: 1
Sinopse: Reiri Yukino foi amaldiçoado por um onmyoji e chefe de um grande grupo financeiro, Toshiaki Amano, ficando aprisionado nas profundezas de uma mansão. Mesmo após a morte de Toshiaki ele continuou a ter relações com os chefes da família por gerações. Até que um dia, surge Kenji, o novo chefe da família. Mas ele parece ser diferente dos demais…
Quem me acompanha ha mais tempo sabe que eu me tornei fujoshi não tem muito, acho que uns três anos, mais ou menos e quem me colocou nisso foi Mo Dao Zushi. O primeiro BL que eu assisti foi a adaptação de uma obra da MAME, TharnType, seguido por Until We Meet Again e, de lá pra cá, se teve uma coisa que aprendi é que esse é um gênero no qual você só aproveita a viagem sem pensar muito porque, se for problematizar, sério, não dá pra ver nada. Boa parte do universo de autoras desse gênero é bem problemático, nem todo BL consegue ser Cherry Magic com as fofurinhas e a dose certa de cada coisa. Assim, eu comecei a aproveitar a vista e não deixar esses problemas afetarem minha degustação da coisa, embora algumas vezes fique bem difícil, aí a gente reclama, né? Fazer o quê?
Ganhei esse mangá tem um bom tempo e de lá pra cá já devo ter lido umas dez ou doze vezes. Se não fiz resenha até agora foi por não saber bem como se sentia em reação a ele. Lendo de novo sei lá por qual vez, notei o motivo de ter gostado tanto dele logo de cara: a ideia é muito boa. Sério, se tratada da maneira correta ela seria incrível, mas pensando bem não é o mais problemático que já li.
Falando de maneira bem resumida para não dar muito spoiler, a história gira em torno de Reiri, um jovem que sofria de problemas do coração. Durante a segunda guerra mundial, ele foi preso por um Onmiyoji em uma mansão e, de maneira bem cruel, obrigado a se tornar um ikigami, no folclore japonês seria uma divindade em forma humana. Preso na mansão por 60 anos, foi obrigado a servir aos chefes da família Amano, pertencente a esse Onmiyoji. A parte interessante dessa história é o fato de que os poderes dessa família se concentram em usar espíritos que estão dentro de livros, criados das formas mais cruéis e diferentes possível. A autora, contudo, não aborda bem esse lado da história, nem como os livros podem ser usados, nem mais sobre eles.
Bem, um dos últimos chefes aparece uma noite na mansão e leva um livro que Reiri tinha advertido ser muito perigoso pra ele. Então, no dia seguinte, um homem estranho aparece anunciando ser o filho desse homem e agora novo chefe da mansão. Reiri percebe que embora ele "use" muito ele, não parece interessado no poder dos livros. Por mais que ache aquilo estranho, não tem outra opção além de servir a ele. Seu nome é Kenji. Após tantos anos sendo tratado como um mero objeto, por que Kenji Amano parece, de algum modo, tratá-lo diferente dos outros chefes da família?
O problema desse mangá pra mim foi mais como ela escolheu construir a história do que a ideia em si. Como disse antes, a ideia é muito boa, mas fica difícil se convencer que personagem X é diferente dos outros quando ele age igual logo de cara. Há muitas perguntas sem resposta também, todavia é praticamente a mesma coisa de ler um conto, já começa perto do final então nos resta preencher as lacunas sozinhos. Ainda assim, sendo bem sincera, eu gosto muito desse mangá. Se estivesse apta a escrever BL faria uma fanfic dele porque tem muita coisa que poderia ser explorada aí.
Se a autora tivesse desenvolvido a relação do Kenji com o Reiri de forma diferente, teria ficado muito mais fácil de shipar eles. Mas isso é algo recorrente no gênero, não só certo "sadismo" por parte dos ativos, mas relacionamentos que nem sempre começam da maneira mais saudável. E, como disse antes, se a gente vai problematizar o que lê ao invés de aproveitar a viagem, esse é um gênero perdido, até hoje eu vi pouquíssimas obras sejam mangás, audiovisual ou livros que sejam realmente isentas de problemática. Algumas extrapolam? Sim. Mas mesmo as que parecem mais inocentes, se prestar atenção, vai ter algum tipo de absurdo.
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