quarta-feira, 30 de setembro de 2020

[Drama] Gameboys

Título Original: Gameboys

Diretor: Ivan Andrew Payawal

Gêneros: Amizade, Comédia, Romance, Juventude, Drama

País: Filipinas

Episódios: 13

Elenco: Kokoy de Santos, Elijah Canlas, Adrianna So, Kyle Velino, Miggy Jimenez

Sinopse: Uma história sobre um streamer de jogos ao vivo, Cairo, e o jogador e fã Gavreel, que se conheceram depois de competir em um jogo online no qual o jogador desconhecido Angel2000 (Gav) vence o popular jogador Cai.

Eles começam como concorrentes de jogos online, mas será que o relacionamento deles acabará se tornando amizade? ... ou talvez algo mais?

Onde achar: Lianhua Fansubs e Meow Fansub

Meu primeiro drama filipino!

Cairo é um famoso gamer com vários seguidores na internet que, até então, nunca havia sido derrotado. Até que um dia, um usuário chamado Angel2000 o derrota em uma live. Sem acreditar naquilo, Cairo ainda recebe um convite de amizade do usuário que se diz apaixonado por ele, seu nome é Graveel e é fã dele, inclusive, diz que só começou a jogar para se aproximar de Cairo. Claro que o jovem não acredita de cara no garoto apesar de se sentir, de algum modo, mexido com aquilo.

Gav não se intimida com a resistência do crush e investe com todas as armas que tem em conquistá-lo. Uma amizade se estabelece entre eles e Cairo tem a chance de conhecer um pouco mais sobre a vida de Gav que perdeu os pais e a avó, tal como conta a ele sobre a situação do seu pai que está no hospital com o covid-19.

No meio da pandemia, a relação virtual de Gav e Cai começa a evoluir para sentimentos maiores do que eles são capazes de acreditar, tal como a vontade de se ver. Mas o primeiro obstáculo aparece na figura de Terrence, o ex de Gav que está disposto a pegar o namorado de volta. Com ciúmes e sem querer admitir isso, Cai acaba magoando Gav. Com a ajuda de Pearl, melhor amiga de Gav, eles conseguem resolver suas diferenças, mas é só o começo das dificuldades que precisarão enfrentar.

Em pleno isolamento social, Gameboys nos traz não somente um retrato do mundo que o vírus está construindo, mas um vislumbre das relações interpessoais e amorosas, os desafios que, mesmo sendo diminuídos com a tecnologia, não substituem o contato humano. A necessidade de estar perto e sentir aqueles que amamos. Com muita responsabilidade, o drama independente (gravado com um iphone!) conta com um elenco muito competente que não apenas representou muito bem as dificuldades emocionais do momento tenso que vivemos, mas mesclou isso com os obstáculos enfrentados pelo movimento LGBT e de quebra nos deu um romance muito gostosinho de acompanhar.

Para quem nunca viu um drama filipino, é um idioma um pouco estranho sim, mas o drama é tão bom que você se acostuma rápido! Vale muito a pena assistir!

[Relendo&Resenhando] Paixão

 

Original: Passion

Autor: Lauren Kate

Série: Fallen #3

Sinopse: Luce morreria por Daniel. E morreu. Vez ou outra. Ao longo do tempo, Luce e Daniel se conheciam, apenas para serem dolorosamente dilacerados: Luce morta, Daniel ferido e sozinho. Mas talvez ele não precisasse ser assim… Luce está certa que algo— ou alguém —em uma vida passada pode ajudá-la em seu presente. Então ela começa a viagem mais importante desta vida… Indo eternidades de volta para testemunhar em primeira mão seus romances com Daniel… e finalmente descobrir a chave para fazer o seu amor passado. Cam e as legiões de anjos e Párias estão desesperados para pegar Luce, mas nenhum é tão frenético como Daniel. Ele persegue Luce através de seu passado compartilhado, aterrorizado com o que poderia acontecer se ela reescrevesse a história. Porque o seu romance pelas eras podem se transformar em chamas… Para sempre.


Na sequência do Tormenta, Luce embarca em uma viagem sem freios pelos anunciadores em busca da origem de sua maldição — e dessa forma conseguir quebrá-la —, mas sua falta de experiência começa a atrapalhá-la até que conhece um ser chamado Bill, ele assume a forma de uma gárgula de pedra e promete ajudar Luce a viajar pelo passado e vencer a maldição libertando a si mesma e Daniel.

Após hesitar, ela acaba aceitando e começa a aprender mais sobre a viagem em anunciadores e sobre seu passado com Daniel. Revisitando suas vidas anteriores, Luce começa a compreender mais sobre si mesma e sua relação com Daniel, ainda mais, consegue ter uma ideia do que acontece com ela quando ele a beija e as consequências devastadoras que suas mortes causam no anjo que, mesmo passando por todo o sofrimento, não desiste de encontrá-la.

Porém, analisando a situação sobre todas as óticas, Luce começa a se perguntar se seus sentimentos por Daniel são de fato verdadeiros ou submetidos pela maldição que os une. Como ela, Daniel também viaja pelo passado tentando, a partir das outras Luces, descobrir o que é diferente nela agora enquanto luta para provar que seu amor por ela é real, acreditando que sempre a encontraria não importava o que.

Quanto mais mergulha no passado e descobre sobre suas vidas anteriores, Luce, estimulada por Bill, começa a "possuir" o corpo das suas "eu" anteriores para vivenciar de modo mais real seus sentimentos e seu desejo por Daniel (além de suas mortes), contudo, ainda há uma chave escondida que ela não consegue alcançar, a sensação constante de que esqueceu algo importante.

Daniel tenta consertar no passado erros que podem mudar seu destino com Luce, mas alguém pode atrapalhar de vez e para sempre o final feliz dos dois.

Quase todo mundo diz que esse é o livro mais chato do quarteto, já ouvi comentários de que desgostaram mais desse que do Tormenta. Bem, eu discordo, não que a leitura do Paixão seja maravilhosa todo tempo, mas passear pelas vidas anteriores de Luce e conhecer mais um pouco de tempos e espaços diferentes, pelo menos para mim, foi bem legal. Em especial as passagens na China, na antiga tribo maia com seus costumes bárbaros e chocantes, ou ver seu eu detestável na Inglaterra. 

Mesmo que, por vezes, Luce seja insuportável nas suas atitudes imbecis e não tenha desconfiado em nenhum momento de Bill mesmo ele tomando atitudes bem suspeitas o tempo quase todo, ou de como Daniel parecia sempre atrasado, foi bem verossímil não apenas a escolha dela de tentar entender seu presente através do passado, ainda que por vezes isso seja feito da forma errada. Concordo que, no começo, o livro tem um ritmo bem arrastado só vindo a engatar de verdade ali pelo capítulo 10 ou 12, ainda assim, achei a leitura muito mais prazerosa que seu antecessor.

sábado, 26 de setembro de 2020

[Drama] Ugly Duckling - Don't

 

Título original: รักนะเป็ดโง่ Ugly Duckling ตอน DON'T

Diretor: Chatkaew Susiwa

Gêneros: Amizade, Comédia, Romance, Escola, Juventude, Drama

País: Tailândia

Episódios: 7

Ano: 2015

Sinopse: Maewnam (Lapassalan Jiravechsoontornkul) é uma menina que sofria de trauma quando criança, ela confessou a um menino que ela gostava, mas foi rejeitada e chamada feia. Isso iniciou uma cadeia, na qual as outras crianças também a chamavam de feia. Desde o acidente, ela sempre usava uma caixa sobre a cabeça e sempre ficava em casa sem interagir com ninguém. Ela cede a freqüentar a escola depois de muito implorar de seu pai. Na escola, ela faz amizade com Minton (Chatchawit Techarukpong), um menino doce, flirty, genuíno e um bad boy, Zero (Jirakit Thawornwong), que sempre cria problemas. Ela enfrenta novos problemas relacionados à vida social. Mas um belo dia ela é forçada a remover sua caixa e todo mundo vê que ela é bonita. Minton e Zero confessam seu amor a ela, mas quem ela escolherá?

Onde Achar: Banzai Dramas Fansub (todas as temporadas)

Esse foi meu primeiro drama tailandês, quer dizer, o primeiro que eu tentei assistir, mas na época eu não consegui lidar com a estranheza do idioma e o site pelo qual eu estava vendo não ajudava muito com players complicados de carregar. Acabei deixando de lado e, dia desses, acabei lembrando que nunca havia terminado, então peguei minha irmã e baixei ele todo para enfim finalizar.

A história tem uma premissa muito interessante (e foi isso que me chamou atenção na época), Maewnam, ao se declarar para um garoto na escola quando ainda era criança, foi cruelmente rejeitada e chamada de feia na frente de um grande grupo de garotos que começaram a chamá-la de feia também humilhando-a. O impacto daquela palavra na vida da menina foi tão forte que ela começou a esconder o rosto, primeiro em um saco de papel e depois em uma caixa de papelão. 

Por anos, Maewnam ficou presa dentro de casa, terminou o fundamental com professores particulares, recusava-se a mostrar o rosto mesmo para os próprios familiares. Até que, preocupado com o futuro dela, o pai recorre à terapeuta que atendia à menina e pede conselhos, ela o instrui a ser firme e reinserir a filha no convivío social escolar. Assim, ele a matricula no mesmo colégio que Plawan, seu irmão mais novo, e a força a estudar com outros alunos novamente. Claro que uma garota com uma caixa na cabeça é praticamente um chamado para provocação e com Maewnam não seria diferente.

Ela conhece, bem no primeiro dia, Minton, um belo jovem cheio de atitude, com um carisma tão contagiante quanto sua própria autoestima. Ele se aproxima de Maewnam sem invadir o espaço dela, mas ela também acaba esbarrando em Zero, o aluno mais problemático da escola, ele fica intrigado com a atitude dela e tenta forçá-la a tirar a caixa da cabeça, Meawnam acaba tendo um ataque e é ajudada por Minton que entra em uma briga com Zero. Ainda assim, no meio de uma confusão, ele acaba conseguindo tirar a caixa da cabeça dela e vê seu rosto pela primeira vez, se apaixonando por ela.

A coisa é que Zero é noivo de Viviene, a garota mais bonita da escola, um noivado arranjado pelas famílias deles que ele nunca aceitou (mas que ela nutria esperanças de fazê-lo mudar de ideia), e Minton, mesmo deixando-a sempre confortável e respeitando seus limites, esconde um segredo que pode afastá-los para sempre. Contudo, Meawnam é irrevogavelmente atraída por Zero mesmo ele sendo violento e quase sem qualquer trato social. Com os dois garotos lutando pelo seu coração, quem ela vai finalmente escolher?

Como disse, eu gosto muito do plot do drama em si, o mote de lidar com um trauma nesse nível, especialmente causado na infância onde nossa visão de mundo inicial é consolidada, foi muito legal. Também nos leva a perceber o poder das nossas palavras sobre as outras pessoas, contudo, pelo fato do drama ser muito curtinho, isso acaba se perdendo um pouco. as personagens poderiam ter sido melhor desenvolvidas, ainda assim, dentro da proposta e tempo, o trabalho ficou magnífico embora as atuações (ali de início de carreira mesmo) tenham deixado um pouco a desejar.

É aquele tipo de drama bem pipoca, sabe? Pra você que procura uma coisa rápida e bem teen pra assistir. Ele trata de assuntos como bullying e traumas, mas não se aprofunda em nenhum dos dois, o romance é bem açucar e não tem muito mistério, sendo bem franca, achei aquele episódio final bem desnecessário, ainda assim fica aqui a indicação pra quem quer passar o tempo com um drama curtinho.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

[Livro] A Abadia de Northanger (+Filme)

 

Título Original: Northanger Abbey

Autor: Jane Austen

Ano: 1817

Gêneros: Ficção gótica, Romance, Sátira, Romance de amor

Sinopse: “A Abadia de Northanger” é, sem dúvida, um dos romances mais elaborados da época – uma comédia satírica que aborda questões humanas de maneira sutil, tendo como pano de fundo a cidade de Bath. O enredo gira em torno de Catherine Morland, que deixa a tranquila e, por vezes, tediosa vida na zona rural da Inglaterra para passar uma temporada na agitada e sofisticada Bath do final do século XVIII. Catherine é uma jovem ingênua, cheia de energia e leitora voraz de romances góticos. O livro faz uma espécie de paródia a esses romances, especialmente os escritos por Ann Radcliffe. Jane Austen faz um eloquente contraste entre realidade e imaginação, entre uma vida pacata e as situações sinistras e excitantes que os personagens de um romance podem viver.

Esse era um dos livros de Jane que eu mais queria ler porque, por alguma razão, achava sua adaptação realmente fascinante. Nele conhecemos Catherine Morland, a heroína de Austen nesse romance que contrasta muito com suas demais criações de forma bastante proposital, mas ainda assim não deixa de nos causar alguma estranheza. Em primeiro lugar — e similar às suas companheiras de criação — ela é de renda modesta quando comparada ao seu interesse amoroso, mas diferente de Elizabeth Bennet ou Fanny Price, Catherine não tem qualquer inclinação intelectual, mostrando-se não apenas uma típica e tola adolescente de dezessete anos, mas com claro repúdio à instrução em si. Mesmo Emma, que se achava autossuficiente e perfeita — por vezes até mesmo depreciando a leitura — tinha alguma inteligência firmada e talentos típicos da sociedade da época.

Num primeiro momento, essa diferença já nos aproxima um pouco de Catherine e, com talvez a mesma intensidade, nos faz hesitar com relação a ela. Crescendo numa família de dez irmãos, Catherine não demonstrava interesse por atividades consideradas primordiais para as jovens da época como pintar, desenhar, cozinhar, costurar, não tinha qualquer talento notável e não gostava de estudar. Preferia jogar com os irmãos mais novos e, já no final da adolescência, não tinha nada que realmente a destacasse, fosse no quesito intelectual ou físico já que não era dotada de beleza estonteante, ainda que não se pudesse considera-la feia.

O casal Allen, vizinhos e amigos íntimos da família Morland, e de condições financeiras aceitáveis, vendo que a jovem menina estava em idade de ser apresentada socialmente, levam-na para a temporada em Bath sob sua tutela. Deslumbrada com a cidade comercial e cheia de atividades, Catherine acaba conhecendo Isabella Thorpe que vem a se tornar sua melhor amiga e a coloca no mundo sem volta dos romances góticos. Fascinada pelos Mistérios de Udolfo, Catherine se entrega aos prazeres da imaginação e se deslumbra com o ambiente sombrio dos livros enquanto desperta o interesse de John, o irmão de Isabella e se apaixona por Henry Tilney praticamente à primeira vista.

Em uma teia de mal entendidos e com sua inocência misturando realidade com ficção, Catherine Morland vai lutar pelo coração do homem que ama ao mesmo tempo em que aprenderá que a confiança é um tesouro que não deve ser distribuído sem precauções.

Desde que vi a adaptação cinematográfica da obra muitos anos atrás, tinha em mente que era uma espécie de sátira, embora no filme as críticas de Jane não sejam tão expressas de maneira tão escrachada como são no livro. E essa foi uma das coisas que mais gostei, o olhar afiado da autora que, mesmo enquanto critica os clichês e a previsibilidade do gênero que explodira na época, não desencoraja seu consumo ao afirmar, através de seu personagem Henry Tilney que “qualquer pessoa, seja homem ou mulher, que não souber apreciar um bom romance deve ser insuportavelmente estúpida” e ela reafirma essa certeza em seu personagem Jonh Thorpe, irmão de Isabella, que despreza o gênero e é desprovido não apenas de bom senso, mas de sagacidade e inteligência.

O antagonismo da obra fica por parte de Isabella Thorpe e do general Tilney, pai de Henry. A primeira é a típica personagem falsa e hipócrita muito comum nos livros de Jane como a irritante Lucy Steel em Razão e Sensibilidade, por vezes me via irritada com a cegueira de Catherine em relação a essa personagem quando ficava bem na cara que ela era uma cobra, ainda mais quando Henry tentou alertá-la disso e ela simplesmente se recusou a acreditar. Sério, era muito irritante. No caso do General Tilney, tão hipócrita quanto Isabella, seu papel de antagonista é menor, ainda que não menos incômodo, ao contrário de outros “vilões” de Jane, bem mais no calibre de Willoughby, o general se encaixa na categoria de personagens duas caras que figuram no papel de bom patriarca, mas na verdade esconde um gênio opressor.

A língua afiada de Jane é bem mais aberta nessa obra, talvez por não ter sido editada por ela — já que é um livro póstumo —, que morreu antes de conseguir revisá-lo, nos damos conta de todas as liberdades que ela tomava nas suas opiniões de forma mais “crua” na falta de uma palavra melhor, mas em nada isso diminui a beleza ou a forma como esse livro é gostosinho de ler. Além de que ela dá uma cara menos editada da sociedade da época e ressalva sem rodeios e licenças poéticas a realidade de sua personagem imperfeita o que só aumenta nosso prazer enquanto acompanhamos o crescimento pessoal de Catherine.

Em relação ao mocinho da obra, Henry Tilney não é tão doce quanto Edmund, ardente como Darcy ou tímido quanto Edward, mas não deixa a desejar sendo um adorável personagem sensato no meio de uma teia de maluquices e insensatez. Gostava muito da forma como ele era protetor com a irmã sem ser machista, do modo como ele enfrenta o pai pelo que quer e, sobretudo, da maneira bem humorada com que ele procurava agir mesmo quando ia censurar a conduta de alguém. É impossível não se apaixonar por esse personagem, equipara-se, inclusive, a Edmund um dos meus favoritos de Jane (e Henry ganha ao se salvar de agir como um babaca cego por um rabo de saia).

Mesmo que Razão e Sensibilidade continue ganhando como minha obra favorita de Jane, A Abadia de Northanger figura no meu top 3 não apenas por seu humor ácido, mas por seus personagens adoráveis ou repulsivos. E poucos autores conseguem criar tão bem personagens como Jane. Mais que recomendado.

Adaptações


Direção: Jon Jones

Ano: 2007

Elenco: 

Felicity Jones

JJ Feild

Carey Mulligan

Como era de se esperar de uma adaptação literária, o filme tem sua glória como todas as excelentes adaptações da BBC, mas apela para os cortes muito significativos na trama do livro tirando alguns momentos importantes e pontuando outros de forma diferente do material original, claro que isso é compreensível em uma produção de pouco mais de uma hora e, mesmo o livro sendo curto se comparado aos demais, achei que o filme é sim fiel ao texto de Jane e abarca os principais pontos da obra.

O destaque, contudo, fica por conta das excelentes atuações de JJ Field que dá vida ao adorável e sensato Henry Tilney e Felicity Jones que foi maravilhosa como a ingênua (e por vezes desmiolada) Catherine, além de Carey Mullingan como a detestável e falsa Isabella. Eles conseguem não apenas representar de forma fiel suas personagens como as fazem soar naturais aumentando a verossimilhança com o leitor da obra.

Uma coisa que eu acho válido destacar são os "acréscimos" que o longa oferece e não são mostrados no livro como os devaneios de Catherine, que apesar de escritos pela autora são breves e não muito aprofundados e o plano de fundo de Isabella que fica apenas subtendido nas entrelinhas e no filme se torna bem mais claro o fato da sua ruína completa.

Gostei, inclusive, do fato do roteirista ter tirado as partes com o General Tilney que era quem acompanhava Catherine a maior parte da visita à abadia, eu achava ele um personagem muito incômodo. E a relação dele com a falecida esposa também foi modificada no filme, no livro Henry chega a afirmar que ele a amava, apesar de fazê-lo do jeito dele. Uma coisa de que senti falta e, dada as licenças que o longa tomou, poderia ter sido aproveitada era o plano de fundo de Eleonor, que fica um pouco mais aberto que o livro (no qual só é explicado de fato no final), mas que poderia ter ganhado alguns minutinhos de espaço aqui.

Ainda assim, nada tira a beleza e a delicadeza desse filme maravilhoso e tão gostosinho quanto seu livro. Fica a super recomendação para quem não viu.

Há um outro filme mais antigo desse livro, de 1986, contudo, não consegui encontrar para assistir então não posso tomar notas das minhas impressões.


quarta-feira, 23 de setembro de 2020

[Drama] Love me If You Dare

Título Original: 他来了,请闭眼 [Ta Lai Le Qing Bi Yan]

País: China

Direção: Zhang Kaizhou

Gênero: Crime, suspense, romance

Ano: 2015-2016

Episódios: 24

Elenco: Wallace Huo

Sandra Ma

Zhang Luyi

Wang Kai

Yin Zheng

Sinopse: Ficar dentro da cabeça de um criminoso violento não é fácil. Mas Simon Bo (Wallace Huo), um brilhante psicólogo criminal, tem a habilidade de entrar nas mentes dos criminosos mais misteriosos e violentos. Ele era um professor na Universidade de Maryland (USA) e agora na china, ele trabalha como analista e consultor do departamento de polícia, nos casos mais violentos e difíceis. Com a ajuda da sua jovem assistente, Jenny Jian (Ma Si Chun), Simon investiga os pensamentos e intenções de mentes criminosas. Sendo filha de um investigador de polícia e com um profundo senso de justiça, pode Jenny ajudar Simon a se abrir emocionalmente? Como eles irão trabalhar juntos para solucionar os crimes?

Baseado na novel When He Comes, Close Your Eyes por Ding Mo

Onde Achar: Banzai Dramas e Subarashii Dramas

A China me trolando mais uma vez, aff! ¬¬'

Quando volta para a China, Jian Yao consegue um emprego temporário como tradutora para Bo Jin Yan, um excêntrico psicólogo criminal que tem problemas com relações interpessoais e seu único amigo — e portão com o mundo exterior — é Fu Zi Yu um brilhante desenvolvedor de sistemas e hacker. Jian Yao não demora muito para compreender o jeito de seu novo chefe e suas esqisitices, além de ter uma espécie de ligação com ele — do tipo entender e saber lidar — conforme vai traduzindo e convivendo (se é que dá pra falar assim) com Jin Yan, ela acaba se tornando sua parceira na solução de um caso de serial killer envolendo garotos da sua cidade natal.

Percebendo o talento dela para desvendar a mente criminosa e, sobretudo, sua atenção com detalhes, Bo Jin Yan decide contratá-la permanentemente como sua assistente — além do claro fato de se sentir bem ao lado dela, algo realmente difícil para alguém como ele. Só que ele não contava com a negativa de Jian Yao, ela não deseja um trabalho tão perigoso, para ela a rotina de um escritório dentro da sua área de atuação é mais que suficiente, ou pelo menos era o que ela pensava.

Com a ajuda de Zi Yu, Jin Yan recorre a estratégias para amolecer o coração da jovem. Inclusive, aceita um caso na empresa da sua irmã — onde Jian Yao está trabalhando — envolvendo tráfico de drogas e que pode ter a ver com o noivo da irmã dele. Apesar de, no começo, Jian Yao se sentir chateada pela perseguição clara dele, logo se dá conta de que a vida pacata para a qual se preparara já não lhe satisfazia, assim, ela acaba aceitando ser assistente do psicólogo e em meio à resolução de casos cada vez mais brutais, uma mente assassina é revelada como a mentora que interconecta todas as mortes sangrentas que eles desvendaram até então.

Bo Jin Yan vai precisar de toda sua inteligência e força para proteger Jian Yao e provar ao FBI que ele não é quem o assassino diz. Sempre precisando estar um passo à frente o jogo final vai decidir quem é a mente mais brilhante no jogo de vida e morte tramado pelo psicopata.

Confesso que, quando comecei esse drama, não estava dando muito nele, apesar de ter gostado muito do primeiro episódio. Logo, comecei a ver com a minha irmã e nossa empolgação ficou clara, era uma mistura de Agatha Christie com Arthur Conan Doyle, sem contar em Wallace Huo no elenco só isso já é uma baita recomendação. E a trama se desenrola bem, Jin Yan, mesmo brilhante, tem um problema sério em se relacionar com as pessoas, ele geralmente é frio, sarcástico, por vezes cruel por nunca esconder sua bruta sinceridade — ou não saber socialmente como aplicá-la — e seu entrosamento com Jian Yao lhe permite aprender as nuances das relações interpessoais.

É muito bonitinho e até divertido acompanhar esse desenvolvimento dele. Jian Yao, por sua vez, apesar de ser o típico personagem feminino meio estereotipado tem suas qualidades por se mostrar corajosa e inteligente — quando ela quer, pelo menos e considerando o gosto que a China tem por criar personagens femininas meio... né? Ela até que se safa. Contudo, em boa parte do tempo, eu achava a personagem muito chata, sério mesmo. Fu Zi Yu é de longe meu favorito nessa série, ele é engraçado, bem humorado, leal, fofinho, gente, não tem como não se apaixonar por ele.

Só que, mesmo que a trama caminhe bem boa parte do tempo, ali pelo episódio 19 ela começa a desandar. Eu nunca vi um compilado de acontecimentos desnecessários acontecendo ao mesmo tempo num único dorama, sério mesmo. Eu e minha irmã ficávamos só debatendo qual merda viria a seguir e o que foi aquele último episódio que terminou com cara de aberto e ruim? Faltou tão pouco para eu fechar ele com 10, mas desandou tão feio que acabou com um 8,5 e isso ainda foi muito gentil da minha parte. Fiquei triste, era uma história boa, com atuações decentes, mas se perdeu muito.

Quando passar a raiva ainda vou procurar ler a novel pra ver se é igual ou se — como eu acredito — é melhor. Para quem tiver interesse, as meninas do blog Doramas 24 horas traduziram ela inteira.

[Livro] Red Thread


Título Original: ด้ายแดง [Pharm X Dean]

Autor: LazySheep

Ano: 2019

Páginas: 250

Sinopse: Trinta anos atrás, Korn e Intouch eram estudantes universitários em Bangkok. Intouch entrou na vida de Korn apesar de saber que ele era filho de uma das pessoas mais influentes de Bangkok, a máfia. No começo, Korn continuou empurrando Intouch para longe, mas no final, ele não resistiu ao garoto que estava tão cheio de vida, onde ele era exatamente o oposto, e decidiu deixá-lo entrar em seu coração. No entanto, em uma época em que a homossexualidade era inaceitável e com os pais contrários ao relacionamento entre si, o amor de Korn e In estava fardado a ser condenado. No meio do caos, enquanto Intouch continuava lutando pelo futuro, Korn não conseguia lidar com todo o sofrimento que seu amante estava enfrentando e decidiu desistir. Naquele dia, dois sons de tiros soaram no ar.

A história deles terminou com tragédia, mas algo já havia se vinculado entre eles, unindo-os mesmo depois de mortos.

Anos mais tarde, Parm (19), recém-retornado à Tailândia, que é calouro na Universidade T, cresceu sempre sentindo que está esperando por alguém. Sendo crivado de sonhos tristes que sempre o deixavam acordando com o rosto molhado, medo de barulhos altos e uma marca de nascença em sua têmpora, o garoto sempre sentiu que havia alguém que estava perdendo. Dean (21), presidente do terceiro ano do clube de natação da Universidade T, também passou a vida procurando alguém cujos rostos ele não se lembra. O fio vermelho do destino que os uniu em suas vidas passadas mais uma vez puxa os dois meninos de volta um ao outro, amarrando-os um ao outro e um passado que pode não valer a pena lembrar, mas um amor que é inesquecível. Porque o fio vermelho que une os dois corações sempre levará um de volta ao outro.

Pharm é um calouro na universidade da Tailândia. Desde criança, Pharm tem inexplicáveis pesadelos com uma pessoa desconhecida, mas nunca se lembra do nome ou do rosto dessa pessoa. Em seu coração, há uma busca por alguém que ele não sabe quem é, mas sente que precisa encontrar essa pessoa. Em seu primeiro dia na faculdade, ele vê o presidente do clube de natação, Dean, e sente uma estranha atração por ele, como se aquele jovem tivesse as respostas para as perguntas que ele tinha.

Dean, por sua vez, sempre buscou alguém. Retraído, sério e de personalidade taciturna, seus olhos estavam constantemente buscando uma pessoa que ele não sabia quem era, mas sentia que precisava encontrar. Quando seus olhos encontram o rosto de Pharm pela primeira vez a resposta fica clara e o presidente chora sem ao menos perceber. Ele sabe que aquele garoto é a pessoa por quem vem buscando desde que se entende por gente.

Tal como Pharm, Dean também tem pesadelos onde um jovem casal de namorados chamados Korn e Intouch viveram um romance intenso em que seus pais eram contra por serem do mesmo sexo e isso culminou no suicídio de ambos. Dean vê o rosto de alguém e sente uma ligação com essa pessoa, convencendo-se que, em alguma parte de si, há o espírito de Korn. O destino faz com que ele se encontre com Pharm e ele fica cada vez mais certo de que sua procura acabou. Porém, o pequeno menino tem um certo medo quando está próximo de Dean e seu coração sempre dói quando o vê, atormentado por lembranças de um passado que não lhe pertence.

Pharm se torna alvo de Alex, um veterano do clube de teatro e estrela famosa da Tailândia, contudo, já irrevogavelmente apaixonado por Dean, ele recusa o garoto que continua insistindo. Quanto mais convive com o presidente de natação, mais Pharm se vê envolvido e seu coração mais dominado por Dean, até que eles descobrem que seus pesadelos se completam e a vontade de estar sempre juntos vai se mesclando com o passado de Korn e Intouch ao ponto que, por vezes, Pharm começa a esquecer a realidade de quem é no presente.

Preocupado, Dean pede a um amigo antigo para pesquisar sobre o jovem casal do passado, agora que está namorando Pharm, ele não quer ter dúvidas ou temer que os dois possam ser separados outra vez como seus eu’s do passado. Não obstante, o destino se mostra mais uma vez cruel quando uma verdade obscura é revelada e o pequeno Pharm se vê tomado pelo espírito magoado e atormentado de Intouch, poderá Dean vencer os fantasmas de suas vidas passadas e enfrentar suas famílias no presente conseguindo no processo o perdão de seu eterno amado?

Quando vi o drama baseado nessa novel me vi apaixonada, não importava o quanto eu assistia, mais queria rever. Sou uma apaixonada por essas histórias de amor que transcendem o tempo, mesmo não acreditando em reencarnação e nada disso, ainda assim acho lindo demais histórias de amor desse tipo. Corri para ler a novel quando achei uma tradução e, apesar da minha leitura ter sido frustrada por uma tradução não muito boa, me apaixonei por essa novel.

No geral é muito bem adaptada, eles mudaram uns poucos detalhes no drama e, como era de se esperar, tiraram a parte erótica que na novel é até bem... “desenvolvida” podemos dizer (risos). A relação de Pharm e Dean é linda, especialmente a forma como Dean vai tentando descontruir o passado e alcançar o perdão pelo seu ato egoísta na vida anterior. O final então me fez quase gritar de tanta fofura, achei uma pena enorme não terem adaptado esse final no drama que acaba ali perto do capítulo 57/58 (a novel tem 60 capítulos). Outra coisa que me deixou um pouco desconcertada foi com relação à história de Korn e In que foi melhor desenvolvida no drama que no livro, teve muita licença poética ali o que agregou muito à história, as passagens do livro são muito rapidinhas (o que pode ser por causa da tradução também, vou tentar procurar uma em inglês pra ver). Espero encontrar uma tradução melhor para poder ler de novo, mas ainda assim agradeço muito à guria que traduziu do espanhol.


[Drama] My Dear Loser – Happy Ever After

Título Original: My Dear Loser รักไม่เอาถ่าน Happy Ever After

País: Tailândia

Ano: 2017-2018

Direção: Chatkaew Susiwa

Gêneros: Amizade, Comédia, Romance, Vida, Drama

Episódios: 12

Sinopse: Um homem e uma mulher casados tiveram um lindo amor, mas, surpreendentemente, decidiram se divorciar. Eles podem encontrar o amor novamente e obterem o seu "feliz para sempre"?

Onde Encontrar: Banzai Dramas (completo) Mahal Dramas (em breve)

Ton era apaixonado por Gorya desde que a viu pela primeira vez na universidade, mas nunca teve coragem de falar com ela. E quando finalmente encontra forças o bastante para dizer sobre seus sentimentos seu melhor amigo Win chega na frente e a chama para sair. Os dois começam a namorar e tudo que resta a Ton é se conformar com a situação e a impossibilidade de ser mais que amigo dela.

            Mas quando inesperadamente Win termina seu relacionamento com ela, é Ton que está a postos para consolá-la e, desse modo, vendo a doçura e inocência dele, Gorya acaba se apaixonando por ele. Contudo, ela é rica enquanto ele é pobre, sua mãe é fazendeira e ele não tem trabalho. Por isso, os pais dela — com preconceito disfarçado de proteção — são contra o relacionamento e proíbem Ton de ver Gorya novamente. Só que, ao contrário de Win, Ton não pretende desistir da mulher que ama e, com a ajuda de seu melhor amigo Jeng ele continua mantendo contato com a namorada.

            Quando Gorya se forma, Ton já está trabalhando como designer gráfico para uma empresa junto com Jeng, os dois decidem então morar juntos já que ela trabalha em uma empresa de publicidade com seu irmão Por — que foi expulso de casa pelo pai quando se assumiu gay. Claro que os pais dela não aceitam de jeito nenhum a decisão da filha e uma briga feia acontece quando Gorya se mostra disposta a continuar com Ton independente do que eles quisessem, assim, ela se afasta dos pais e começa a viver sua vida.

            O casal passa por altos e baixos enquanto luta para fazer sua relação dar certo. De plano de fundo temos Jeng que mantem um relacionamento com a professora de tailandês Jitra, mas que é incapaz de ser fiel a ela. Win, que ainda nutre sentimentos por Gorya, mas que precisa se contentar em ser apenas seu amigo e cuidar dela como tal porque não teve coragem como Ton de insistir no relacionamento dos dois e Por, que é carismático, engraçado e inteligente, mas por se dar tão pouco valor não consegue encontrar um relacionamento de verdade.

            Esse drama fecha a trilogia my dear loser e conta a história do crush unilateral da personagem Namking da temporada anterior, monster romance. Fui revisora desse drama, por isso consegui vê-lo até o final, do contrário acho que teria dropado no episódio dois. É aquele tipo slice of life que só vê quem curte o gênero mesmo, não é o meu caso. Contudo, o fato de eu não ter curtido não significa que ele seja ruim, ao contrário, é um drama muito bom e tem suas qualidades.

            O ponto forte sem dúvida é mostrar os relacionamentos sem maquiagem. Ele explora as dificuldades dos casais no dia a dia, a problemática dos diálogos (ou a ausência dele), da infidelidade, dos problemas no trabalho, a importância de se construir a relação dia a dia e se conquistar o parceiro constantemente. Problemas sexuais, dificuldades pela orientação sexual, amor próprio, a importância da amizade entre outros tantos assuntos.

            Apesar de Gorya pertencer a uma família rica, ela não teve vantagens ou mesmo apoio dos pais já que escolheu um parceiro fora da aprovação deles, por isso ela construiu sua carreira e conquistou suas metas ao lado do marido por conta própria, com esforço. Tal como seu irmão Por, que foi rejeitado pelo pai por sua escolha sexual. Ton, por sua vez, apesar de ser talentoso não tem confiança em si mesmo e sempre guarda tudo para si o que gera problemas no seu relacionamento com Gorya que é uma pessoa pragmática e gosta de enfrentar as dificuldades de frente.

            Inclusive, falando da personalidade do Ton, eu achei ela bem fantasiosa. Não que eu queira generalizar e dizer que todos os homens são cafajestes infiéis como Jeng, mas Ton era certinho demais, sério. Tinha momentos que ele desafiava até meus personagens que são descaradamente criados para ser “perfeitos”. E aqui entra o brilhante trabalho de atuação do Push Puttichai que não deixou esses traços do caráter do personagens soarem caricatos ou superficiais, mas de forma natural. É até bacana essa posição escolhida pelo roteiro de tornar Ton o lado retraído e passivo do casal enquanto Gorya é forte, determinada e enfrenta as situações de frente.

            Mesmo diante das dificuldades, chega a ser bonito como Ton nunca desiste dela ao ponto de não olhar para nenhuma outra mulher. Esse tipo de fidelidade é muito rara, vamos ser francos. E o percurso do relacionamento deles, com seus altos e baixos, é o que torna a narrativa fascinante para os amantes do gênero e funciona como um mecanismo de entretenimento para os que não curtem, como eu. O casal secundário, Jeng e Jitra, tratando do assunto da infidelidade não me cativou muito e tanto Win quanto Por, que não tiveram o final merecido — inclusive, cheguei até a shippar os dois — demonstram a importância de se amar e de nunca desistir daquilo que acredita.

            Mesmo que em sua grande parte o plot centre nos relacionamentos de casal, a trama amalgama no tema da amizade e sua importância. O que é outro ponto a favor da narrativa. Ela tem suas falhas como uns pequenos furinhos, algumas inconsistências e mesmo umas atuações meio pastéis na tentativa de fazer comédia. Ainda assim, para quem curte aquelas tramas mais “pé no chão” é uma boa pedida.


segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Resenhas Atrasadas

 Oi, pessoas, espero que todos estejam bem.

Eu sei que andei sumidinha do blog e estou com muitas resenhas atrasadas. Não só minhas leituras, mas até mesmo os dramas que eu tinha planejado assistir foram bem atrapalhados com os últimos acontecimentos da minha vida. O Book Of Days já foi um lugar que eu usei para desabafar, como um diário, mas tem um tempo que decidi não fazer mais isso, contudo, sinto que devo uma explicação para vocês, então sem entrar em pormenores vou contar mais ou menos o que está acontecendo.

No fim do mês passado, meus pais voltaram a ter problemas e minha mãe acabou saindo de casa por um tempo, para renovar as ideias. A coisa é que praticamente estamos enfrentando o fogo cruzado de um "divórcio", tudo está muito complicado e nessas semanas que ela ficou fora eu fiquei sozinha com a minha irmã para lidar com todos os assuntos da casa. Mesmo agora que ela voltou, o clima não está favorável aqui. Eu não tenho certeza de como vai ficar o blog no futuro, estão com conversas de vender a casa, não sei para onde iremos ou como tudo isso vai ficar e confesso para vocês que estou muito chateada e assustada com tudo isso.

Enquanto as coisas permanecerem nessa guerra suspensa, eu vou tentar colocar todas as resenhas em dia, preciso tirar um tempo só para isso, mas preciso, antes de tudo, dormir direito porque já tem um bom tempo que meu sono varia de 4 a 6 horas e eu passo o dia como um zumbi. Eu finalizei alguns livros (menos que o determinado, infelizmente) e alguns outros dramas. Farei a resenha de todos tão logo eu possa, prometo, e peço desde já desculpas por tudo.

Muito obrigada a todos que acompanham o blog e comentam por aqui. 

Kath.

domingo, 30 de agosto de 2020

[Relendo&Resenhando] Tormenta

 

Original: Torment

Autora: Lauren Kate

Páginas: 452

Ano: 2010

Gêneros: Romance, Romance de amor, Ficção juvenil, Literatura fantástica, Ficção paranormal

Sinopse: Inferno na terra. É assim que Luce se sente quando está longe de seu namorado, um anjo caído, Daniel.Demorou uma eternidade até que eles se encontrassem, mas agora ele lhe diz que precisam se separar novamente. Somente pelo tempo necessário para caçar os Párias ― anjos caídos, como ele, mas que desejam Luce morta mais do que tudo. Daniel leva sua amada mortal até a Shoreline, uma escola na rochosa costa californiana que esconde alunos com talentos únicos: os nefilim, filhos ou descendentes de relacionamentos entre anjos e mortais.Na Shoreline, Luce aprende mais sobre as sombras, e como pode utilizá-las como janelas para suas vidas passadas. Porém, quanto mais Luce descobre todas aquelas Luces anteriores a ela, mais ela suspeita que Daniel está escondendo um segredo ― um segredo mortal. E se a versão de Daniel para o passado dos dois não é exatamente verdadeira? E se Luce devesse estar com outra pessoa ― em uma vida não amaldiçoada por esse amor proibido? Será que ser amada por um anjo vale todo o sofrimento em séculos de existência?

Primeiramente, gostaria de me desculpar. Sei que essa resenha deveria ter saído no fim de Agosto e agora a primeira leitura de setembro deveria estaria sendo resenhada, mas problemas de força maior bagunçaram todo meu cronograma, a coisa é, meus amigos, que esses dias tornam meu futuro meio incerto, estou tentando viver apenas um dia de cada vez e vou seguindo conforme vai dando. Vou ler menos esse mês, mas é como é... 

Bem, na sequência de Fallen, após a biga entre anjos na Sword & Cross que colocou Cam e Daniel em lados opostos e culminou na morte de Penn pela senhorita Sophia, os dois lados - anjos e demônios - decidem por uma trégua por um mesmo objetivo: manter Luce viva e segura até que ela se lembre quem é de verdade e seu papel ao lado de Daniel. Para isso, a escola Shoreline é escolhida para escondê-la, especialmente por ser gerida por um demônio e um anjo em conjunto.

Luce não aceita a ideia muito bem, especialmente porque Daniel a deixa completamente no escuro sobre a razão pela qual não pode ficar com ela na escola ou o que está acontecendo fora do território do seu novo esconderijo. Mas, ao contrário da Sword & Cross, a Shorline é uma escola de luxo com acomodações aconchegantes, uma bela vista e alunos bem mais receptivos, ainda que sua colega de quarto, Shelby, não seja o melhor exemplo disso.

Logo que chega, Luce descobre que é muito famosa entre os alunos de sua turma, especialmente porque todos eles são parte anjo, é aí que ela descobre a existência dos nefilins. Apesar de Shelby não ser muito receptiva, Miles, Dawn e Jessica se tornam cola nela sempre tentando animá-la e fazendo-a se sentir bem vinda. Na escola ela começa a aprender um pouco mais sobre o mundo escondido que se descortinou aos seus olhos quado Daniel revelou ser um anjo. Especialmente sobre os anunciadores. Aos poucos, por mais que o receio com as sombras permaneça, Luce vai descobrindo façanhas sobre as criaturas que, até então, nunca sequer passaram pela sua mente e que, para variar, Daniel também não lhe explicou.

Quando mais os dias vão passando, mais Luce começa a se questionar a respeito de sua relação com Daniel, em especial pelo fato de ele sempre a deixar no escuro com relação a tudo. Ao descobrir que os anunciadores servem para vislumbrar o passado de quem os invoca, ela começa a mergulhar em seu passado com a ajuda de Shelby. Ao mesmo tempo, sua aproximação com Miles começa a fazê-la duvidar do poder dos seus sentimentos por Daniel e quanto mais rigidas são as regras que os anjos impoem a ela, mais Luce se vê tentada a quebrá-las.

Numa dessas infrações ela acaba encontrando Cam e um pária. É quando ela descobre que há mais perigo do que ela poderia imaginar, ainda assim, por mais que tenha recebido informações de Cam, Luce não confia totalmente nele e acaba outra vez frustrada com o silêncio de Daniel. Cada novo encontro proibido dos dois, uma nova briga sobrepuja os momentos doces. Em suas aulas na escola, ela acaba aprendendo mais sobre os nefilins e os anjos, além de aprender que consegue invocar e ver seu passado através das sombras, conforme vai descobrindo algumas de suas vidas anteriores, Luce vai desejando interagir com seu passado e uma pesada confusão a faz começar a duvidar não apenas do amor de Daniel, mas da sua conduta em relação a ela.

Conforme o clima com Daniel vai ficando pior, sua relação com Miles vai mostrando muito potencial assim como a amizade com Shelby. Os dois não só ficam ao lado dela, como ajudam-na com os anunciadores, mas a rebeldia de Luce pode não apenas acabar com os planos de Daniel, mas colocar seu amigos em sério perigo. Viajar pelo seu passado também e quando os párias formam um cerco que ameaça seus pais, Luce vai precisar de muito mais que coragem para vencer a própria teimosia e as dúvidas pelos sentimentos de Daniel.

Parece que é regra todo segundo livro de série ser chato e Tormenta não foge em nada à regra. Mesmo com a maravilhosa escrita da Lauren nada parece salvar o estado patético no qual Luce se converte nesse livro e, se por um lado procuramos tentar entender a posição da personagem, algumas atitudes infantis dela não dá mesmo para defender. Claro que Daniel não é isento de culpa, ele deveria ter deixado a situação dela mais clara ao invés de ficar distribuindo ordens que soavam como uma afronta à liberdade dela, mas desde o primeiro momento que ela se tornou consciente do perigo que lhe cercava, todas as atitudes de menininha mimada de Luce foram estupidezes que não dá mesmo para perdoar.

Ela se tornou apenas chata. É um fato. Tanto quanto Shelby era no começo e apesar da personagem ir melhorando um pouco ao longo da história a gente ainda fica meio azedo com ela. Miles é aquele típico personagem de friendzone que aqui soou meio forçado ao meu ver, sei lá, não importava o quanto a Lauren tenha tentado fazer a aproximação dele com Luce parecer natural, eu sempre achava tão fraquinho e até desnecessário esse clima deles já que era claro que ela ficaria com Daniel no fim das contas, quer dizer, realmente não precisava disso. Mesma coisa para aquele passado de Daniel e Shelby, mesmo que esse ainda soasse mais crível que o pseudo romance de Luce e Miles.

Ainda assim, continuo gostando muito da saga e a história tem sim seus pontos positivos. Além de ser muito bem escrita (embora a revisão pecou feio nessa minha edição) ele tem um clima legal, boas descrições e gostei muito do contraste de Francesca e Steven, especialmente pelo modo como Francesca, sendo um anjo, soava por vezes falsa e autoritária. Ainda ganha do Crescendo (hush hush 2) porque mesmo que Luce tenha agido de forma bem infantil nesse livro, não pode se comparar a estupidez de Nora.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

[Drama] The Sand Princess

Original:  เจ้าหญิงเม็ดทราย

Gêneros: Amizade, Comédia, Romance, Drama

País: Tailândia

Episódios: 14

Ano: 2019

Elenco: Pimchanok Luevisadpaibul (Baifern) 

Worrawech Danuwong (Dan) 

Chutavuth Pattarakampol (March)

Sinopse: Kodnipa, uma menina órfã que cresceu com a avó, foi estudar na cidade. Durante esse tempo, ela conheceu Jirapat, o herdeiro rico dessa cidade. Ambos se tornaram amigos. Mas chamar de amigos não é tão bom assim. Ela é mais como uma freelancer de Jirapat porque ele a ordena que ela o sirva com frequência. Mas pelo dinheiro, ela sempre faz suas vontades. 

Jirapat tem um irmão mais velho chamado Kirakorn, que tem uma noiva chamada Apisada. Jirapat disputa rouba a noiva de seu irmão. Kirakorn sofre muito com esse assunto, mas não pode fazer nada. Além disso, esta é uma decisão de Apisada, então ele não tem o direito de impedir esse amor.  

As coisas ficam mais complicadas quando Jirapat tem um relacionamento secreto com uma jovem e a engravida. Jirapat acaba pedindo a Kod para ser a mãe de Mochi com um salários de dois milhões de baht, Kodnipa cria Mochi em um condomínio que é um condomínio de um dos projetos de Kira. Ela começa a amar Mochi como sua verdadeira filha. Um dia, Kodnipa precisava ir a Chiang Mai, então teve que levar a criança com ela. E desta vez em Chiang Mai, ela conhece Kirakorn sem saber que Kirakorn é o irmão mais velho de Jirapat. E parece que Kirakorn está se apaixonando por Kodnipa. E assim começa a história caótica de Kodnipa, Jirapat e Kirakorn.

Baseado na novel เจ้าหญิงเม็ดทราย por Ancharee.

Onde Achar: Wei Fansub. Mahal Fansub e LuannaSou

Eu tentei os links do Mahal e do LuannaSou, mas estavam quebrados. Os do Wei estão funcionando.

Quando a galera do Mahal anunciou esse drama ano passado eu fiquei maluca para assistir, era justamente o tipo de história pela qual eu me apaixono com facilidade e os  trailers faziam meus olhos brilharem! Acabei colocando esse ano porque não estava conseguindo ficar presa em nenhum outro drama e lembrei que ainda não tinha visto ele, sem contar que era pequeno então eu conseguiria terminar antes do fim de agosto. Esse mês foi meio complicado, estou com problemas em casa então acabou afetando tudo, a leitura do projeto de releitura, os dramas, os trabalhos, enfim...

A história do drama gira em torno de Kot, uma jovem que foi abandonada pela mãe quando criança e, por isso, começou a trabalhar desde cedo para conseguir ajudar a avó que era quem lhe criava. Com muita dificuldade e sofrendo preconceito por ser órfã, Kot cresceu e começou a trabalhar como garçonete em um bar/café que foi onde conheceu Ji. De início, a beleza de Ji encantou Kot como se fosse um conto de fadas, mas logo ela descobriu que sua história estava bem longe de ser bonita e Ji nem perto de ser um príncipe.

Em um piscar de olhos, Kot se vê como a escrava de Ji realizando qualquer trabalho por dinheiro, como os trabalhos da faculdade, comprado lanches ou cozinhando para ele! Porém, é graças a esses trabalhos que ela consegue pagar a mensalidade e se formar com louvor. Quando Ji vai estudar no exterior, Kot pensou que teria finalmente uma folga para viver sua vida e, finalmente, focar no sonho de ter seu próprio restaurante. Contudo, uma das ficantes de Ji aparece grávida. A melhor amiga de Kot, Meaw, liga para ela anunciando que a garota planeja fazer um aborto, então Kot corre para tentar impedir.

Quando a neném nasce, a mãe a coloca numa caixa de papelão e manda entregar na residência de Kot na faculdade dizendo que o nome da menininha é Moji. Tanto Kot quato Ji ficam chocados ao descobrir que a garota foi embora para os EUA e não planeja cuidar da neném. Ji, então, diz a Kot que vai pagar a ela para ser a mãe de Moji e a garota imediatamente discorda, mas quando ele ameaça deixar a neném em um orfanato, sabendo na pele o que é crescer sem pais, Kot imediatamente aceita e se torna a mãe de Moji.

Tudo ia bem até que a professora de Kot adoece quando Moji tem dois aninhos, até então as duas estavam vivendo uma vida tranquila e Kot, mesmo com a vida dura, se tornara realmente mãe da menininha por quem nutria um amor sincero. Quando Ji não concorda em cuidar da filha para que Kot possa viajar, um pequeno incidente acontece e coloca Ki em seu caminho. Eles moram no mesmo condomínio e ela pinta um quadro pouco lisonjeiro de Ji para ele. O que ela não sabe é que Ki é irmão mais velho de Ji que está noivo da Aff, a ex namorada de Ki.

Uma baita confusão se forma quando Ki pensa que Kot é a mãe de Moji e foi abandonada pelo irmão. Ainda mais, como noivo de Aff, Ji não pode romper o compromisso porque o pai dela é o principal investidor da empresa dos pais deles que já faleceram e deixaram Ki no comando da companhia. Sem saída, para que o homem não descubra a verdade, Ki propõe a Kot um contrato de casamento e pede para afirmar que Moji é filha dele, mas o que acontece quando a farsa começa a se tornar muito real? E pior, quando Ji começa a se dar conta que não quer que Kot se apaixone por Ki?

Apesar da vontade, eu não tinha realmente muitas expectativas sobre o que esperar desse drama, mas logo que vi o primeiro episódio já me apaixonei por ele. Não apenas por causa da Moji que é a coisinha mais mordível dessa vida, mas pela forma como a Kot demonstra um amor genuíno por ela. É duro e cansativo, ela não tinha a menor experiência com maternidade, mas o modo como ela se doa pela Moji é muito comovente (e também, quem não ia derreter por aquele pedacinho de gente fofinho??)

Quem me fez muita raiva foi o Ji, no começo ele é bem irresponsável e só coloca a Kot em problemas. Também chega a ser chocante como a Rin descarta a Moji quando ela nasce, como se fosse a coisa mais normal do mundo se desfazer de uma criança. O Ki não era lá meu personagem favorito e demorou um pouquinho pra eu começar a shippar ele com a Kot, mas o legal é exatamente esse, a gente consegue ver o progresso da relação deles e dá altas risadas com as doideras da Kot, ela é hilária.

A atriz que fez a Moji com dois aninhos era a coisinha mais mordível dessa vida, quando ela aparecia em cena eu tinha altos surtos de fofura! Gente, que fofurinha! Talvez por ela ainda ser muito pequenininha eles não conseguiram trabalhar bem o papel dela, acho que deve ter sido um avanço e tato fazer ela chamar os dois atores de mamãe e papai hahaha, de todo modo, ela fazia parte da maior graça do drama. Nem tenho do que reclamar das atuações também, maravilhosas. Vou procurar, inclusive, outros lakorns da Baifern porque essa mulher é uma atriz e tanto! Fui do riso às lágrimas em poucos capítulos.

Tem algumas coisinhas no drama que são bem previsíveis, mas nada que tire o encanto do enredo. A coisa é que eu achei que ele foi curtinho demais, algumas coisas poderiam ter sido melhor desenvolvidas e deixaram a sensação de que ficou algo faltando, alguns eventos, inclusive, se resolveram depressa demais sem permitir que a gente aproveitasse de fato o momento. Se tivesse ali em torno de, pelo menos, 16 episódios talvez tivesse sido mais consistente. Ainda assim eu gostei muito e recomendo demais para quem procura um drama fofinho, curtinho e leve para assistir.

Personagens Centrais

Kot - nossa heroína cresceu com a avó e aprendeu desde cedo o que é lutar pela sobrevivência. Sempre nutriu uma paixão secreta por Ji e em parte era por isso que aceitava as vontades mais malucas dele apesar de dizer que era por dinheiro. Aceitar ser mãe da Moji ajudou Kot não apenas a amadurecer ainda mais como a mudou sua vida para melhor em muitos aspectos.

Me irritava às vezes como ela não era sincera com seus sentimentos e não dizia a verdade para as pessoas, mas não se podia duvidar do seu coração, mesmo ela fazendo todo mundo acreditar que só estava interessada em dinheiro, era mais que visível sua devoção e amor pela Moji e como uma menina rejeitada pela mãe, a vontade que ela tinha da menininha crescer se sentindo amada. Tanto é que a Moji não conseguia ficar muito tempo longe dela.

Uma personagem super engraçada e fácil de causar empatia na gente, Baifern fez um trabalho excelente no papel de Moji e ganhou minha admiração como atriz. 

Ji - Bonitão, playboy e irresponsável, Ji no fundo tem um bom coração e só queria ajudar Kot, muitas das vezes pedia que ela fizesse coisas desnecessárias apenas para poder lhe dar dinheiro.

Filho mais jovem de uma família muito rica, nunca se preocupou em ser responsável e não mantinha uma relação muito boa com o irmão mais velho. Ama Moji do seu jeito e se preocupa com ela, apesar de não pensar de verdade em assumi-la.

Foi um pouco difícil gostar desse personagem, só fui simpatizar de verdade com ele bem no meio do drama, ainda assim além de oferecer um certo tom cômico para a produção, Ji faz ali as vezes de um triângulo amoroso que fica bem difícil de comprar no começo, mas que logo vai fazendo sentido embora eu não tenha torcido muito por ele haha.

Também não tenho do que reclamar no quesito atuação. Conseguiu me convencer bem.

Ki - o irmão mais velho de Ji é um homem certinho, meticuloso e obcecado com trabalho. Desde a morte dos pais, Ki leva sobre os ombros o peso da responsabilidade de não deixar a empresa, que o pai construiu do zero, desabar.

Ki tinha mania de arrumação, era muito sério e paternalista razão pela qual Aff decidiu dar em cima de Ji que, por não ter responsabilidades, era mais divertido. Por ter pouca experiência com relacionamentos, Ki fica meio perdido quando se vê casado com Kot e tendo que se aproximar de Moji.

Contudo, eu tenho que aplaudi-lo por se adaptar tão bem à situação. Embora ele demonstre mais afeto por Kot, é de fato notável que ele se importa com a neném e dá seu melhor pelo bem estar dela, além de se empenhar em aproximar-se e ganhar a confiança dela. Gostei mais da atuação dele que do Ji, ele foi mais convincente. Apesar de ter a mesma péssima mania da Kot de nunca dizer a verdade sobre o que sente.


terça-feira, 25 de agosto de 2020

[Livro] three lives three worlds ten miles of peach blossoms

 

Original: 三生三世十里桃花 

Série: To The Sky Kingdom #1

Autora: Tang Qi

Gêneros: Ficção, Romance de amor

Ano: 2009

Sinopse: Três vidas e três mundos entrelaçados por segredos

Quando a imortal Bai Qian finalmente encontra seu pretendente a marido, o herdeiro do Trono Celestial, se considera sortuda – até que um antigo inimigo volta para ameaçar tudo que ela ama…

Quando uma mulher mortal entra no mundo imortal para ficar com seu verdadeiro amor, ela desperta ciúmes e tudo acaba em tragédia…

E quando um deus da guerra esgota sua energia espiritual, seu devotado discípulo sustenta o corpo dele com sangue de seu próprio coração até que a alma dispersa do deus se reagrupe…

Abrangendo mil anos de vidas emaranhadas, To The Sky Kingdom é uma história de batalhas épicas, paixão, maldade e magia. Em sua jornada através de mundos e tempo, o livro adentra forças poderosas que conduzem tanto mortais como deuses pela vingança, lealdade – e amor.

Finalmente li esse livro. Originalmente ele não estava na minha meta de leitura, mas na lista reserva. Quando eu desisto de um livro, essa lista reserva é usada para repor o livro abandonado. Vi o drama desse livro e fiquei apaixonada pela história de Bai Qian e Ye Hua, quando surgiu a oportunidade de finalmente ler o livro que deu origem a uma das minhas séries chinesas favoritas, não podia perder a chance.

O livro segue a deusa maior Bai Qian, rainha de Qinqiu, que acorda depois de um sono de duzentos anos e descobre-se com um problema nos olhos. Seus pais e irmão explicam que ela ficou desacordada para repor suas energias após selar o rei demônio no sino. Setenta mil anos antes, Bai Qian se tornou discípula do deus da guerra Mo Yuan por quem tinha enorme devoção, mas ele acabou se sacrificando para selar o rei demônio e, desde então, ela preservava seu corpo na espera que a alma dele se juntasse outra vez.

Durante seu tempo com Mo Yuan na montanha Kunlun, ela se apaixonou por Li Jing o segundo filho do rei demônio que a havia sequestrado junto de outro discípulo. Contudo, ele a traiu com sua prima Xuan Nu e, desde então, a relação entre os dois acabara. Quando acorda, Bai Qian descobre muitas coisas diferentes desde a última vez que esteve em Qinqiu e no mundo mortal. Em um evento no reino do mar do oeste, ela é confundida com a mãe de um pequeno menininho a quem chama de Bolinho de Arroz, apenas para descobrir que ele é filho de Ye Hua, o príncipe herdeiro dos nove céus.

Ye Hua também a confunde com alguém chamado Su Su, e mesmo que haja um casamento arranjado entre eles, Bai Qian não tem intenção de levar o compromisso adiante. Mas o príncipe insiste em se manter por perto e a convivência estreita os laços entre os dois, mas Su Jin, a sufei de Ye Hua, está mais que disposta a dificultar o romance dos dois e promete trazer à tona o passado do príncipe. Bai Qian seria capaz de perdoar uma história que ela mesma escolheu esquecer?

O drama é bem fiel ao livro. Alguns detalhes, claro, foram mudados como o fato do rei demônio ser homossexual do mesmo modo com a confusão de Bai Qian, que se passava por homem durante a guerra contra as sereias, ter se envolvido em um boato de que Ye Hua era homossexual. Nada disso é mostrado no drama. Os nomes de alguns personagens foram mudados como o do segundo príncipe do céu, e outras coisas ficaram muito melhores no drama como o castigo de Su Jin.

A personalidade das personagens ficou boa, embora alguns no livro, como Bai Zhen, sejam um pouco diferentes. Tal como a relação de Bai Qian com Zhe Yan. Iclusive, algo que me surpreendeu muito foi a forma como o livro foi escrito, ele é narrado quase inteiramente por Bai Qian com alguns capítulos em terceira pessoa. E o último sob a perspectiva de Ye Hua. A cronologia da história ficou meio bagunçada no livro, passagens como o arco da Montanha Kunlun tem bem menos desenvolvimento que no drama o que deixa de fora personagens como Die Feng, por exemplo.

Nunca me conformei com a forma que Bai Qian ficou irracional e egoísta quando descobriu a verdade. Entendo o ponto dela, de fato tinha direito de ficar com raiva, mas ela foi irascível e ignorou completamente toda a devoção e sacrifício que Ye Hua fez por ela durante todo aquele tempo, inclusive, chegou a duvidar dos sentimentos dele. O final, como no drama, também é bem corrido, o que foi uma pena, pensei que no livro eu encontraria mais detalhes. Mas fiquei surpresa em como foi bem adaptado, acho que por causa de Ice Fantasy em que o drama ficou praticamente outra história se comparado ao livro.  

Download aqui

domingo, 16 de agosto de 2020

[Livro] Fahrenheit 451 (+ Adaptações)

 

Original: Fahrenheit 451

Ano: 1953

Autor: Ray Bradbury

Páginas: 215

Gênero: Distopia, soft science fiction

Sinopse: Escrito após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1953, Fahrenheit 451, de Ray Bradubury, revolucionou a literatura com um texto que condena não só a opressão anti-intelectual nazista, mas principalmente o cenário dos anos 1950, revelando sua apreensão numa sociedade opressiva e comandada pelo autoritarismo do mundo pós-guerra. Agora, o título de Bradbury, que morreu, em 6 de junho de 2012, ganhou nova edição pela Biblioteca Azul, selo de alta literatura e clássicos da Globo Livros, e atualização para a nova ortografia.

A singularidade da obra de Bradbury, se comparada a outras distopias, como Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, ou 1984, de George Orwell, é perceber uma forma muito mais sutil de totalitarismo, uma que não se liga somente aos regimes que tomaram conta da Europa em meados do século passado. Trata-se da “indústria cultural, a sociedade de consumo e seu corolário ético – a moral do senso comum”, segundo as palavras do jornalista Manuel da Costa Pinto, que assina o prefácio da obra. Graças a esta percepção, Fahrenheit 451 continua uma narrativa atual, alvo de estudos e reflexões constantes.

O livro descreve um governo totalitário, num futuro incerto, mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. A leitura deixou de ser meio para aquisição de conhecimento crítico e tornou-se tão instrumental quanto a vida dos cidadãos, suficiente apenas para que saibam ler manuais e operar aparelhos.

O Livro

"A escolaridade é abreviada, a disciplina relaxada, as filosofias, as histórias e as línguas são abolidas, gramática e ortografia pouco a pouco negligenciadas e, por fim, quase totalmente ignoradas. A vida é imediata, o emprego é que conta, o prazer está por toda parte depois do trabalho. Por que aprender alguma coisa além de apertar botões, acionar interruptores, ajustar parafusos e porcas?"

Se essa citação acima não te causou incômodo, te assustou pelas recentes ameaças políticas do cenário brasileiro e não te fez torcer o nariz, então tem algo bastante errado com você. Cogite pegar um livro de história. Ler Fahrenheit 451 é como levar um tapa na cara e um soco no estômago, especialmente diante da real ameaça ao livro e ao conhecimento que enfrentamos nesse momento. 

Seguimos um mundo ali pelos anos 90, em algum lugar não especificado nos EUA, onde os bombeiros são as "armas da felicidade", eles queimam livros e mantem a sociedade nas garras daquilo que o governo deseja delas: alienação. Um mundo onde ninguém se preocupa com nada, vivem para assistir televisão sem absorver nada útil, sem pensar, entorpecidos por remédios e existindo sem qualquer razão, de forma robótica. Porque pensar, questionar, opinar, causa desconforto, gera infelicidade.

O protagonista e narrador é Montag, um bombeiro que como a maioria dos colegas de ofício vive nessa mesma bolha, mas esconde um segredo no duto de ventilação da sua casa: livros. Claro que ele não começou a furtá-los de uma hora para outra, isso se deu de um encontro que ele teve com um velho professor de inglês que perdeu seu espaço para a doutrinação televisiva. Mesmo sem tê-los lido, Montag sente certa atração por eles.

Um dia, porém, ao voltar do trabalho, um encontro muda toda a sua vida: uma adolescente chamada Clarisse entra em seu caminho e puxa assunto com ele. Como bombeiro, muitas pessoas sentem-se intimidadas perto dele, mas aquela garota estranha não parece incomodar-se na sua presença. Logo de cara, Montag percebe que Clarisse é diferente, ela não vê o mundo pela limitação dos ecrãs nas paredes como sua esposa Mildred, ela observa o céu, prova a chuva, passeia ao ar livre, questiona o porquê das coisas, algo por si só já perigoso demais em um mundo que aceita tudo que lhe é dado sem fazer perguntas.

Essa adolescente faz a Montag três perguntas cruciais: 1. Por que ele faz o que faz. 2. Um dia, bombeiros apagaram incêndios ao invés de provocá-los? 3. Você é feliz? Ao longo da narrativa, nós vamos sendo, junto com Montag, apresentados à importância dessas indagações. A primeira pergunta levou o bombeiro a questionar a bolha que lhe cercava. A segunda, fez-lhe questionar a sua verdade enfiada goela a baixo e a terceira fez-lhe questionar sua própria existência naquele mundo. Pura filosofia. E é essa uma das coisas que esse livro nos mostra: a importância do pensar, logo, da filosofia.

451 ºF equivale a 232,778 °C e diz-se ser a temperatura em que o papel do livro pega fogo e queima, mas a ideia por trás dessa afirmação vai muito além, a ideia aqui é justamente queimar aquilo que desperta a criticidade, queimar o que faz as pessoas questionarem o mundo no qual habitam, queimar as ideologias que as fazem lembrar que tem direitos. Queimar livros é queimar o direito à expressão, ao conhecimento, ao pensamento e isso implica tirar das pessoas o direito de escolha ou subverter esse direito em uma manipulação que as faça crer que elas têm controle sobre o que fazem.

É o que nós vemos conforme Montag chega em casa com a cabeça cheia de pensamentos conturbados se fazendo acreditar que é feliz, mas sem conseguir se convencer disso. Olhando sua esposa apática, viciada em remédios e controlada por uma "família" virtual inexistente e sem afeto, ele se pergunta se aquilo que faz é mesmo para garantir felicidade às pessoas, sequer consegue lembrar o dia que conheceu a esposa, ainda mais: começa a se questionar se aquela é mesmo sua esposa e não uma estranha que fizeram-no acreditar que era sua esposa. E o choque só aumenta quando Montag vê a mulher caída no chão, inconsciente, após tomar mais comprimidos do que deveria.

Desesperado, ele telefona para a emergência enquanto as perguntas de Clarice pairam em sua mente tão quentes quanto o fogo que consumiu os livros que ele queimara antes. Então temos outro choque: os homens que chegam para socorrer a esposa de Montag não demonstram qualquer sensibilidade, tratam-na apenas como mais uma a apagar por causa dos remédios e mais: dizem com a maior naturalidade que ela não será a primeira e nem a última. Isso só reforça o cenário assustador do livro: uma sociedade que não se importa, que não tem nada a perder e por isso a vida é tratada de forma vã, sem valor.

Assim, o bombeiro começa a saga para descobrir o que há por trás das palavras dos livros que queima, por que pessoas perdem a vida para mantê-los e para continuar seu legado, por que ainda existem aqueles como Clarisse, que se rebelam contra os ecrãs e escolhem pensar, sentir o desespero das ideias e dos questionamentos, ser parte da magia que é ler um livro. E quanto mais Montag descobre as verdades que lhe foram tiradas e imerge no mundo das palavras, mais seu mundo vai sendo desconstruído e ele passa a enxergar as verdades que sua bolha lhe impedia de ver, mas sua corporação não está disposta a deixá-lo sair numa boa e sua esposa  — um fantoche bem treinado desse mundo — é a primeira a se virar contra ele.

Gente, é perturbador a forma como esse livro é atual. Enquanto ainda estava lendo fiquei sabendo da proposta de tarifar os livros e meu coração pulou batidas diante do horror dessa distopia podendo se tornar real. Analisem bem: primeiro tiram filosofia e sociologia das escolas, minimizam o estudo de história — que em vários aspectos já é subvertido com algumas desinformações dos livros — depois privatizam o livro, isso não soa assustador pra você? Se não, sugiro que pegue urgentemente um livro de história. É exatamente assim que começa um sistema de manipulação opressiva das massas: tirando completamente o acesso ao conhecimento e à capacidade crítica da população. Não é necessário queimar os livros, torne-os inacessíveis e o resultado será o mesmo.

O Brasil já é um país que culturalmente lê muito pouco, infelizmente, mas houve sim um crescimento no meio literário e temos que festejar isso, contudo, a ameaça ainda é real, o número de não pensantes ainda supera o de pensantes e isso é desesperador. Livros como Fahrenheit 451 devia ser levado para debates em aulas de literatura e história dentro das escolas, dentro das faculdades, o pesamento urge, o despertar da criticidade e da fome de conhecimento precisa ser inflamada nessa população manipulada e alienada que regurgita atrocidades como a volta da ditadura ou o apoio completo a discursos facistas.  E quando a gente lê um livro desse só percebe como essa realidade imaginada em 1953 continua sendo uma ameaça real que se concretiza nas sombras de uma nação que não tem educação como prioridade, na qual as pessoas escolhem a ilusão do ecrã e se submetem a aceitar o que lhes é oferecido sem questionar.

Conversar, discutir, trocar ideias — ter ideias! — se posicionar sobre as coisas, contemplar a natureza — enquanto ela ainda existe! — pensar e repensar o mundo, isso é literatura. Há vida nos livros. Mesmo aqueles que contam histórias impossíveis e cheias de fantasia escondem sua verdade nas entrelinhas. É urgente que nos desvinculemos mais do nosso lado máquina e comecemos a olhar para o nosso lado humano, aquele que ajuda uma pessoa acidentada ligando para a emergência ao invés de gravar para pôr nas redes sociais, aquele que empatiza com o sofrimento dos outros, aquele que tem sede de descobrir a razão do azul ser azul ou da política ser o que é hoje. Aquele que olha o céu de verdade e não na proteção de tela do computador. Livros como Fahrenheit 451 seriam proibidos em países ditadores porque levantam ideias, questionamentos, fazem a gente enxergar a sociedade como ela se torna. Coloca aquela pulguinha atrás da nossa orelha e nos faz olhar em volta se perguntando "será que isso é manipulação?" "Será que já está acontecendo aqui?"

Imagine um país como a Coreia do Norte, por exemplo, onde tudo é proibido. O povo só tem acesso ao que o ditador quer, vive na miséria enquanto ele festeja banquetes e a pior parte é que a lavagem cerebral é feita de tal forma que eles acreditam que só existe aquele modo de vida, que eles são abençoados, felizes. Não conseguiu imaginar? Então vamos trazer a ilustração para cá, pro sul da América: imagine que você acorda um dia e o mundo é quase como o universo de Wall-e. As pessoas estão uma ao lado da outra, mas se comunicam por mensagem de vídeo (!!!!), pior, dizem que D. Pedro I foi o pioneiro no combate aos livros quando você é a única pessoa que sabe que D. Pedro era um aficcionado por conhecimento. Imagine que você detém o conhecimento da verdade que foi subvertida para todas as pessoas que começam a tomar você por louco por ser a única voz com um discurso diferente e, de repente, você se torna uma ameaça que precisa ser aniquilada. E agora, conseguiu sentir melhor?

É esse o mundo que estamos construindo. Aos poucos, as pessoas se tornam mais celular e menos humanos. Aos poucos o conhecimento vai sendo manipulado e subvertido para aquilo que os "manda chuva" querem e nós precisamos que essas pessoas que pensam e são consideradas loucas continuem escrevendo para nos mostrar a realidade. Precisamos que esses malucos continuem gritando no meio da multidão para nos alertar que estamos sendo manipulados. Precisamos acordar para enxergar o mundo como ele é e arregaçar as mangas para transformá-lo o que ele deveria ser. 

Como eu queria que cada pessoa descobrisse a magia que é se apaixonar por um livro. Ler uma história e fazer parte dela, ao mesmo tempo em que permite que ela faça parte de você, então os dois mundo co-habitam num mesmo, novo, melhorado. Que pelo menos uma vez eles tivessem a oportunidade de ler uma passagem e apenas olhar para o céu, sentir a brisa batendo no seu rosto e deixando as palavras ecoarem no seu coração, pesando seu impacto, refletindo suas verdades. Fahrenheit 451 é um alerta, um grito de advertência para aquilo que estão fazendo conosco e o que estamos perdendo. E o que mais me assusta é que, provavelmente, quando as pessoas se derem conta e acordarem para essa verdade — e temo mais ainda que isso não aconteça — será tarde demais.

Mais que recomendado!

Os Filmes

Direção: François Truffaut
Roteiro: François Truffaut, Ray Bradbury, Jean-Louis Richard, David Rudkin, Helen Scott
Ano: 1966
País: Reino Unido

Sinopse: Adaptação do livro de Ray Bradbury sobre uma sociedade do futuro que baniu todos os materiais de leitura e o trabalho dos bombeiros de manter as fogueiras a 451 graus: a temperatura que o papel queima. Um bombeiro começa a repensar sua função ao conhecer uma jovem encantadora que adora livros.

Por incrível que pareça não foi tão complicado quanto achei que seria achar esse filme na net, por ser uma produção antiga relevei algumas coisas como os efeitos especiais e alguns cortes de imagem. A narrativa em si é parcialmente fiel ao livro, embora eles tenham omitido alguns personagens e transformado Clarisse de uma adolescente para uma professora e algumas outras mudanças que incomodaram um pouco, mas deu para relevar.

A Julie Christie, que interpreta tanto a Clarisse quanto a Mildred (que aqui trocaram o nome para Linda) não convenceu muito, enquanto a atuação dela como Linda soava insossa, embora isso estivesse de acordo com a personagem e o contexto dela, parecia forçado. Na verdade, boa parte do elenco parecia bem forçado, mas ela era a pior. Contudo, para uma adaptação, fora as elipses de algumas coisas foi boa. 

Direção e roteiro: Ramin Bahrani
Produção: David Coatsworth
Ano: 2018

Sinopse: Em uma sociedade do futuro na qual livros são proibidos e queimados, um bombeiro começa a ler em segredo e descobre uma organização rebelde subterrânea engajada em proteger a literatura.

Esse aqui foi difícil de achar pra ver e ainda não consegui assistir todo porque a internet não deixou. Eu não chamaria, inclusive, de adaptação, acho que o termo certo para esse filme seria releitura. Por que é o que ele faz, pega a ideia do livro e recria em algo diferente.

Apesar de ter ganhado alguns prêmios, a maioria da galera não gostou muito da produção do longa e, particularmente, como uma adaptação literária eu sou obrigada a concordar que não é satisfatório, ele não só elipsa personagens como a Mildred que se tonou um robô literalmente, como cria coisas que não existem no livro, mas como material em si, apesar de só ter conseguido ver a metade, não acho que a obra seja de um todo ruim.

Esse filme tem o claro propósito de explicitar a alienação e a mecanização cada vez maior causada pelas redes sociais e a internet em si. A doutrinação e a lavagem cerebral, além de dar uma leve alfinetada na pirataria literária embora ela tenha sido contextualizada de acordo. Enquanto no livro e na produção de 66 se queimam livros, aqui se queimam HD's e computadores. Inclusive, esse filme vai um pouco além mostrando um futuro onde livros físicos são uma raridade tendo sido destruídos não somente pelos bombeiros tendo em vista a manipulação do governo — e aqui é bem mais explícito a ditadura e a subversão da verdade por parte dos governantes —, mas também pelo espaço virtual em si que, aos poucos, vai ganhando mais espaço.

Como sou da velha guarda, não dispenso meus bons exemplares físicos que posso abraçar, cheirar e folhear. 

Até onde vi, Clarisse é também uma jovem e não adolescente, aqui é uma pária que trabalha para os dois lados, os rebeldes e os bombeiros. E, bem, esse filme não tem quase nada do livro. A proposta de trazer o universo para atualidade funciona como uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo que as discussões e a explicitude de alguns "pontos delicados" seja uma excelente ideia, o afastamento da narrativa como um todo e o roteiro não muito forte podem tornar a produção um pouco cansativas para alguns. Pelo pouco que vi, como adaptação literária eu detestei, mas como material original é uma proposta que vale a pena ser analisada mais a fundo e pode gerar discussões interessantes.