segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

[Anime] Barakamon

Título Original: ばらかもん
Gênero: Comédia, Slice of life
autor: Satsuki Yoshino
Direção: Masaki Tachibana
Roteiro: Pierre Sugiura
Temporada: 1 (+ 12 extras)
Episódios: 12
Ano: 2014 (extras em 2016)

Sinopse: Handa Seishuu, um jovem e belo caligrafista, é mandado para a ilha mais a oeste do Japão, as remotas ilhas de Gotou, que ficam logo após a costa ocidental de Kyushu, depois de um certo incidente. Logo no primeiro dia de sua nova vida no campo, Sensei, como ele começou a ser chamado, conhece a simples e inocente Naru, uma criança da ilha. Acompanhe as (des)aventuras desse Sensei urbano e tsudere que cresceu na cidade grande enquanto ele lida com as excentricidades dos seus novos vizinhos, os habitantes da ilha, que dirigem tratores na via pública e não entram pela porta da frente quando vão visitar Seishu! (Via: Banco de Séries)

É realmente difícil gostar de um anime slice of life logo de cara porque eles demoram um pouco para "deslanchar", mas isso não acontece com Barakamon, logo de início ele já pega você pela sua filosofia profunda e cheia de significados. O anime não é apenas leve, mas tem uma sensibilidade que nos faz refletir sobre o que fazemos a respeito de nós mesmos no rumo que damos a nossa vida.

Conheci esse anime numa lista da Haru de animes muito bons que pouca gente conhece, nele acompanhamos Handa, um caligrafista que recebeu uma crítica muito dura e acabou perdendo as estribeiras e dando um soco na cara do crítico na frente de todo mundo. Provavelmente vocês sabem que a caligrafia é algo levado muito a sério no Japão, há concursos e todo um preparo de fundamentos para pessoas que querem seguir essa profissão. Após esse evento, Handa é orientado a passar uma temporada em uma ilha ni interior do Japão para se concentrar na escrita.

Ao chegar na ilha pacata e nada parecida com a sua cidade grande, ele conhece Naru, uma menininha orfã que é cuidada por todos da ilha, com ela e outros moradores, Handa começa a perceber o que há de errado com a sua escrita, na verdade, não com a sua escrita, mas com ele mesmo. Esse é um daqueles animes que nos ensina sobre a importância de amar o que faz sem se deixar controlar pela obsessão de ser o melhor nisso. Handa estava tão focado em ser o primeiro em caligrafia que esqueceu a principal ferramenta para realizar bem o seu trabalho: o amor, a diversão.

Não há problema em ser competitivo, mas não podemos nos deixar afundar no desejo cego de querer escalar a montanha mais alta quando nossa constituição física só nos permite chegar ao meio. Nós temos que aprender a dar o melhor de nós naquilo que fazemos sem ter a pretensão de ser o número 1, mas ter a satisfação de saber que demos o nosso melhor e fizemos tudo que estava ao nosso alcance, sem nunca deixar de dar tudo de nós para melhorar, mas, sobretudo, prevalecendo o amor e a diversão naquilo que realizamos, se nos atemos muito à técnica vazia, sem amor, presa pela obsessão de ser o melhor, nunca vamos alcançar nada na vida, porque o nosso trabalho vai externar o que colocamos nele: muita técnica, mas vazio de emoção.

Handa estava tão focado na técnica que tornava seu trabalho perfeito que esqueceu a diversão, esqueceu a emoção de segurar o pincel e simplesmente escrever porque aquilo lhe proporcionava prazer, alegria, divertimento. Lembrei muito de uma cena de Mars em que Ling avalia o trabalho do aluno de pintura mais brilhante da faculdade, mas, ao contrário do quadro de Qi Luo não havia qualquer emoção ao olhar para pintura, era apenas um monte de técnicas bem aplicadas para expressar uma beleza estética vazia, sem despertar qualquer tipo de sentimento. Enquanto que o quadro da namorada era cheio de sensibilidade, despertava uma cartase em quem o via porque era mais que um conjunto de técnicas bem aplicadas, era um trabalho conjunto com sua visão de mundo e do amor materno.

Acredito que isso se aplica em qualquer coisa que façamos na vida. Vindo para uma experiência pessoal, já li muitos livros cheios de boas técnicas, mas que não me despertavam qualquer tipo de emoção, não permitiam conexão com as personagens e isso é um exemplo que, como qualquer arte, a literatura está diretamente vinculada com os sentimentos dos seus criadores, com o modo como a paixão deles pelo que fazem transborda na construção dos seus personagens que ganham uma vida própria a partir das emoções e possíveis experiências do que o criador tem intrínseco dentro de si.

O anime é divertidíssimo e, como não acontecia há um bom tempo, me arrancou lágrimas em alguns episódios, a relação do Handa com as pessoas da ilha, principalmente com a Naru que além de travessa é adorável, nos comove, do mesmo modo que aconteceu com Usagi Drop (até eu descobrir o final do mangá '-'), Handa vai crescendo como pessoa e nos dando uma importante lição sobre aquilo que é realmente crucial na nossa vida, sobre encontrar nosso caminho. Eu ri muito e me apeguei facinho aos personagens, no início eu me identificava muito com o Handa e sua posição antissocial, carrancuda e mau humorada, ainda não alcancei a mudança que ele conseguiu, mas quem sabe um dia.

Recomendo muito Barakamon, vai fazer você rolar e chorar de tanto rir e ainda refletir sobre a vida. Minha recomendação é ver no animakai.

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