Bom, como eu falei semana de provas é ainda mais difícil de postar do que já está difícil ultimamente.
Então, lembram que eu disse a vocês que iria escrever um ensaio sobre a série da Alyson Noël para compensar toda a raiva que eu tive com ela? Durante a árdua leitura dos seis livros eu postava apenas os comentários dos livros aqui, eu comecei com essa prática para me manter sempre escrevendo e também para exercitar a prática da resenha. Então, eu não tinha a menor ideia de como escrever um ensaio e do que era um ensaio, perguntei a alguns professores e pessoas que estavam concluindo o curso, recebi respostas diferentes e pesquisei na internet, mas não ajudou muito. Então decidi escrever por conta própria e pedi a um dos meus professores, Doutor em Linguística, para dar uma olhada e ele me falou que eu tinha feito uma resenha e não um ensaio. Como ele gostou do texto e de fato eu tinha falado que postaria o suposto "ensaio" quando concluído, eis então para vocês a resenha sobre a série Os Imortais e os motivos para você amá-la ou odiá-la (E preparem-se porque o texto tá bem extenso!). Espero que vocês gostem, super beijo blogueiros e até a próxima!
1. INTRODUÇÃO
O mundo de Ever Bloom mudou
completamente quando ela sofreu um acidente de carro que vitimou seus pais, sua
irmã e sua cadela. Ela tem certeza de que morrera no acidente, assim como tem
certeza da lembrança das lindas órbitas escuras que a fitavam, quando abriu
seus olhos, sugada de volta à vida. Agora, Ever pode ouvir pensamentos, rever o
passado, o presente e prever o futuro de alguém com apenas um toque, ver a aura das pessoas e o espectro de sua
irmã morta.
Repudiando completamente suas novas habilidades ela se empenha em
esconder-se de todos, incluindo seus novos amigos Miles e Haven, e sua tia
Sabine que era agora sua única família. Ever não imaginava o turbilhão de
coisas que estavam prestes a acontecer em sua vida quando Damen aparece para
colorir o seu mundo em chamas, logo ela vai descobrir a verdade sobre sua morte
e sua atual condição de imortal. Mas nem tudo na vida aparentemente perfeita e
eterna é fácil, o universo conspira em separar Damen e Ever há quatrocentos
anos e, desesperada por descobrir o porquê, ela vai arriscar tudo o que tem, se
aventurar por tudo que não conhece e apostar tudo que conquistou para ter o
final feliz que merece ao lado do homem que ama.
E se a magia fosse real? E se
houvesse realmente o elixir da vida eterna? Se alguém pudesse ter ido tão longe
a ponto de criar algo que proporcionasse a uma pessoa viver para sempre
simplesmente pelo fato de não suportar perde-la? Qual o preço a se pagar por
desafiar a ordem da natureza? Em seis livros, Alisson Noël nos leva a repensar
a vida, refletir o amor e considerar a existência de coisas que podem ser
julgadas utópicas. Fantasiosas. Cabe a este ensaio analisar superficialmente a
obra da escritora americana Alisson Noël em seus aspectos básicos, incluindo os
filosóficos e míticos comparando-os com outras obras que poderiam ter elementos
dos seis livros que compõem a saga.
2. O PREÇO DA ETERNIDADE
A série Os Imortais foi escrita
entre 2009 e 2011, tendo seu primeiro livro, Para Sempre, publicado em 03 de Fevereiro de 2009 nos Estados Unidos
seguido, no mesmo ano, em Dezembro,
também teve início a série Fallen que teve seu primeiro livro
autointitulado publicado em 08 de Dezembro. A história é narrada em primeira
pessoa pela protagonista Ever Bloom, uma garota de dezoito anos que vai morar
com a tia após o acidente que vitimou toda a sua família. O livro pula a parte
em que ela passou no hospital e não especifica quanto tempo se passou desde que
ela chegou à casa de Sabine, sua tia. Ever odeia a escola, que é descrita quase
tipicamente como nos filmes americanos que costumamos ver, a hierarquia
estudantil de populares e não populares. Assim como Miles e Haven, seus únicos
amigos, ela faz parte dos exilados.
“Vocês estão falando
sobre Damen?” Miles sussurrou, deslizando no banco e colocando os
cotovelos na mesa,
os olhos marrons passando entre nós, o rosto dele se curvando numa
careta. “Lindo! Você
viu as botas? Tão Vogue. Eu acho que vou convidar ele a ser meu próximo
namorado.”
Haven o encarou com
olhos estreitos e amarelos. ”Tarde demais, eu o reivindico.”
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Ever é descrita como estranha, vive
com jeans maiores que o seu tamanho,
o cabelo sempre preso em um rabo de cavalo e escondido no capuz de um moletom
com compartimento para fones de ouvido que estão sempre conectados à um Ipod
que ela usa no volume máximo para evitar ouvir os pensamentos das pessoas que a
cercam. Ela se culpa pela morte da sua família, não consegue aceitar que ela
esta ali e eles não, imagina que ela causara o acidente de carro que ceifara
friamente a vida dos pais, da irmã mais nova e do cachorro. Agora, Ever se vê
na mansão da tia, cercada por todos os luxos que uma adolescente pode querer,
mas completamente vazia, esconde-se por meio de seu moletom e das calças
largas, priva o mundo completamente da sua beleza e da sua vivacidade
oferecendo-lhe apenas morbidez e culpa, a agonia de respirar involuntariamente
todos os dias, mas há algo que Ever também esconde de todos: Muito mais que o
fato de ter sobrevivido ao acidente, mas o fato de ver as auras das pessoas e
de ouvir seus pensamentos, além de ver sua irmã morta. Até que Damen aparece, o
magnetismo dele é invejável e o que mais intriga Ever, além do fato de que
quando ele se aproxima o turbilhão de vozes ao seu redor se cala, é o fato de
que Damen não tem aura o que indica que ele é como ela, que está morto. Mesmo assim, a atração que ela
sente por ele é inegável e irresistível, embora sua amiga Haven tenha dito que
o viu primeiro e que ele, portanto, pertence
a ela.
O que Ever não
imagina, ou pelo menos inicialmente se recusa a imaginar, é que Damen não se
interessa por Haven ou mesmo por Stacia, sua inimiga numero um com quem ele
insiste em flertar.
O ponto alto do livro é quando ele
conta a ela que é um imortal e que a transformara em alguém igual a ele por não
suportar perde-la novamente. Ever então entra em estado de choque e afasta-se
de Damen, sentindo medo dele, até quando seus pensamentos se organizam e ela
reflete sobre o que ele disse decidindo por fim procura-lo para saber a verdade
e descobrindo que, na verdade, eles se reencontram há quatrocentos anos e
sempre algo acontece para que ela morra e ele sofra com sua perda até que ela
reencarne. Finalmente os dois decidem ficar juntos, quando Ever aceita sua nova
condição, para raiva de Haven que acreditava ter direitos sobre Damen por tê-lo
visto primeiro. A garota acaba nutrindo raiva de Ever e ficando revoltada, isso
somado aos próprios problemas particulares com a família, assim conhece Drina
que Ever descobre ser imortal como Damen e, mais tarde, descobre ser altamente
perigosa.
O clímax de Para Sempre se dá quando
Damen conta para Ever que fora casado com Drina há muito tempo, e que ela nunca
superara o fim do relacionamento que se deu no momento em que ele vira Ever
pela primeira vez. Agora que está de volta e finalmente a encontrara, Drina
pretende matar sua adversária novamente, como tem feito nos últimos
quatrocentos anos desde que ela entrara em seu caminho, fazendo com que Damen
descubra a verdade e Ever entenda o que sempre a tira do caminho de sua alma
gêmea antes que eles possam ficar realmente juntos. Assim, depois de ser salva
por Damen, Ever mata Drina condenando-a a eternidade de escuridão.
Quando pensa que a partir de agora
sua vida tomará rumos bons, eis que surge Roman, um imortal perigoso que era
apaixonado por Drina e vem vingar sua morte. Ever mais uma vez vê em seu
caminho um empecilho na sua felicidade plena com o amor de suas vidas passadas.
Damen parece mais fraco, tem dificuldades em fazer coisas que antes eram
simples, e o pior de tudo: Está tendo lapsos de memória, esquecendo-se de Ever.
A garota está convencida de que Roman, o novo garoto da escola, tem algo a ver
com isso, mas não consegue reunir provas disso. Desesperada para entender a
situação, Ever vê sua vida virar de cabeça para baixo enquanto Damen parece
estar se tornando humano, está visivelmente flertando com sua arqui-inimiga,
Stacia, e não se lembra de quem ela é e de tudo que viveram. Desnorteada, Ever
vai ao encontro de Ava na tentativa de que a vidente lhe ajude, levando-a para
Summerland e indo em busca de respostas sobre o passado de Damen e algo que
possa reverter a situação antes que ele morra. Mas Ever coloca tudo a perder
quando permite que seu ciúme a cegue, assim, tudo que lhe resta é fazer um
ritual na lua azul e escolher entre salvar Damen e a história que eles têm ou
reverter o passado e ter sua antiga vida de volta, decidida a ter sua família
de volta ela descobre que certas coisas não podem ser revertidas e que
confiança é uma coisa que não se distribui. De volta ao presente, ela é
facilmente enganada por Roman e põe a vida de Damen em risco ao dar a ele um
elixir contaminado fazendo com que ele morra se a tocar, tudo por sua
impaciência e incapacidade de acreditar nas gêmeas Romy e Rayne que conheceu na
dimensão mágica de Summerland e que foram mandadas por sua irmã, Riley, para
cuidar dela.
No terceiro livro, Terra de Sombras,
a relação de Ever e Damen é testada agora que não podem se tocar, pois ao dar o
antídoto contaminado para evitar a morte do amado, Ever condenou-o à morte caso
haja mistura com seu DNA. Nesse livro, conhecemos outro personagem
significativo na saga, Jude, que faz parte do passado de Ever e Damen de
maneira, inicialmente, propriamente como o segundo componente no triangulo
amoroso. Com a distância imposta entre Ever e seu amado e os efeitos da magia
negra que revertera-se contra ela no feitiço da lua azul, agora ela está
sentindo uma atração doentia por Roman e tenta encontrar ajuda no livro das
Sombras com Jude de quem se torna amiga. Descobre-se nesse livro o destino dos
imortais, Shadowland, um lugar desolador, completamente sombrio e onde todos os
erros do passado vem assombrar o imortal pela eternidade. Ever sente-se mal por
ter mandado Drina para tal destino, mas tem de lidar com Roman e conseguir o
antídoto que fará com que ela e Damen possam se tocar novamente. Acaba
começando a se envolver com Jude aos poucos, mas é impedida pelos seus
sentimentos por Damen e sua obsessão por Roman, que agora está usando também
Haven para conseguir atingir seu alvo. Quando precisa escolher entre deixar a
melhor amiga morrer ou transformá-la em imortal, Ever decide dar-lhe o elixir
da imortalidade, mesmo contrariando os rogos de Damen e Ava alertando-lhe do
jogo de Roman e das consequências sérias da atitude que ela estava tomando.
Em Chama Negra, continuamos
acompanhando Ever em sua trajetória conturbada para conseguir o antídoto e
lidar com a obsessão por Roman causada pelo feitiço feito na lua azul. Agora,
após transformar Haven em imortal e ter mais um problema com o qual se
preocupar, ela tenta de todos os modos desligar-se da atração selvagem que
sente por Roman graças ao feitiço que fez e
virou contra ela. Sua obsessão e suas atitudes imaturas e impensadas
acabam afastando Damen, e ela começa a depositar sua confiança em Jude ao invés
de confiar em quem realmente deveria confiar.
Julgando Jude
por imortal chega a quase mata-lo para conferir que ele é, de fato, humano.
Haven se torna agressiva, impulsiva e incontrolável com suas novas habilidades
voltando-se completamente para o lado de Roman e virando-se contra Ever. Após aceitar finalmente a ajuda de Ava, Ever
descobre uma forma de purificar-se da chama negra que a faz desejar Roman mais
que qualquer coisa, e assim é aceita novamente no salão do conhecimento onde
descobre uma maneira de aproximar-se de Roman e finalmente conseguir o que
deseja. Mas seu plano é falho por Jude, que coloca tudo a perder tirando de
Ever e Damen, mais uma vez, a chance de ficar juntos e desencadeando a fúria
total de Haven sobre eles, que os culpa de ter matado seu namorado imortal e
está agora mais disposta que nunca a destruí-los de uma vez por todas. Seguindo
para Estrela da Noite, Ever agora está sendo ameaçada pela ex- melhor amiga, que
a culpa pela morte de Roman. Por estar obcecada pelo imortal morto, Haven é
incapaz de enxergar que ele a havia usado para atingir Ever. Agora, Haven está
usando o passado de Damen para tentar atingir Ever e acabar com o
relacionamento de ambos. Miles é confrontado com a verdade sobre os imortais e
Jude passa a ser também ameaçado por Haven que está cada vez mais fora de
controle. Ever parece não aprender nada com os erros que comente e passa a
julgar mal as atitudes de Damen com relação a tudo, principalmente pelo fato de
ele proteger Stacia que é alvo direto do ódio da escola agora dominada por
Haven, afastando-o por completo da sua vida e “testando” seus sentimentos com
Jude fazendo uso do passado de ambos. Haven fica cada vez mais perigosa e
consegue matar Ever acertando seu ponto fraco, mas Damen consegue trazê-la de
volta a tempo de Shadowland.
Só quando encara a verdade sobre si
mesma e sobre Damen ao ver seu passado completo em Shadowland, Ever consegue
superar seu ponto fraco e resolver de vez as coisas entre Damen e Jude, mas
ainda não é o bastante uma vez que Haven está à solta. Em meio ao confronto
final, novamente Ever se vê na escolha entre salvar alguém importante para ela
ou conseguir o antídoto que dará poder a Damen para tocá-la novamente. A
escolha tem um desfecho trágico onde nenhum dos lados sai beneficiado, Haven é
condenada por Ever à eternidade de Shadowland e a camisa manchada com o
antídoto é queimada na lareira e agora a parte sombria de Summerland parece ser
o único lugar capaz de conter a resposta para o enigma que separa Ever e Damen
na eternidade de suas vidas.
No último livro da série, Infinito, depois
de perceber que havia algo errado com seu carma, uma vez que o destino sempre
se encarregava de separá-la de Damen de alguma forma, Ever acredita que
encontrará as respostas na parte sombria de Summerland, que ela acredita ter
surgido por sua causa. Lá, ela encontra com uma das órfãs transformada por
Damen seiscentos anos atrás que lhe diz que somente Ever pode liberta-la e aos
outros de seu sombrio destino. Determinada a descobrir a origem de sua
reencarnação, Ever mergulha em uma jornada de autoconhecimento que a leva a um
passado também desconhecido por Damen, a primeira vida real de ambos, descobrindo assim que Damen também reencarnou e
finalmente se deparando com a razão pela qual o universo sempre conspira em
separá-los. Assim, conseguem libertar Drina, Haven e Roman de Shadowland, assim
como vários outros imortais antes condenados a escuridão eterna, alcançando
também o perdão e a reconciliação de todos e a receita do antídoto que
permitirá que Damen a toque de novo.
Decidida a mudar o rumo das coisas,
Ever arrisca a vida e a relação com Damen para consertar os erros do passado e
uma nova encruzilhada aparece: Deixar de lado a vida imortal e possivelmente
desistir de Damen ou aceitar um destino imortal que contraria as regras e
correr o risco de ser separada dele novamente. Ela precisa encontrar a árvore
da vida, que produz um fruto capaz de reverter a imortalidade concedida a ela
pelo amado, para isso, precisa enfrentar a si mesma e aos três outros imortais
órfãos transformados por Damen no passado que querem o fruto para eles, sem
saber o que ele realmente faz. Ao conseguir o que deseja e finalmente livrar-se
de seus últimos inimigos, Ever precisa correr de volta a dimensão real e
resolver as coisas com Sabine, que não aceitava sua condição imortal, Jude que
ainda nutria esperanças de um futuro com ela e Damen a quem tinha de convencer
a seguir com ela e optar pela mortalidade para, assim, consertar os erros
causados pelo desequilíbrio desencadeado em seus carmas pelo elixir criado por
ele. De volta à realidade, ela descobre que passou seis meses fora, em sua
jornada, e precisa encarar as mudanças que surgiram como o noivado de sua tia,
a relação de Jude com Honor, uma de suas ex-inimigas e a aparente mudança de
Stacia além da resistência de Damen em abrir mão de sua imortalidade fazendo-a
considerar uma vida mortal sem ele.
A história tem aspectos muito
parecidos com a série Fallen (2009) da Lauren Kate e com a série Hush Hush
(2009) da Becca Fitzpatrick, mais presentes a partir do segundo livro, embora
não se trate de anjos. O fato das reencarnações é algo que me remeteu
imediatamente à história de Kate. O clima de tensão e até mesmo suspense em
determinados pontos lembra a trama de Fitzpatrick, mas se há algo que todas
essas sagas têm em comum é o fato de terem como protagonistas garotas
adolescentes completamente tolas, fadadas a fazer exatamente tudo que não
deveriam; mesmo depois que lhes é dito para não fazer. Assim como Nora e Luce,
Ever é tão “ingênua” às vezes, que você fica furioso. Enquanto eu lia Lua Azul
eu não podia deixar de traçar uma linha comparativa com a maneira como as sagas
se desenvolvem, é muito semelhante em todas elas, e afirmo que isso não tem
nada a ver com plágio, uma vez que todas as sagas tiveram seu início no mesmo
ano e que a série de Noël fora lançada primeiro. No primeiro livro ocorre a
apresentação dos personagens e o início dos primeiros conflitos, normalmente
acaba “tudo bem”, no segundo livro algo acontece para que toda a história se
perca, é apresentado o primeiro conflito sério da trama que promete acompanhar
os livros seguintes.
Há também algumas semelhanças com a
tão falada – e criticada – Saga Crepúsculo (2005), no aspecto de que os
imortais não comem, alimentam-se exclusivamente com o elixir, e também pela aparência
física descrita por Ever e, em alguns momentos, pelos outros personagens que a
definem como absolutamente linda e aparentemente se destaca entre os demais,
assim como Damen de quem todos falam como estonteante. Em crepúsculo, os
vampiros são estonteantes, congelados no tempo assim como na trama de Noël e se
destacam entre os estudantes de Forks pela sua beleza, como pode ser percebido
na descrição física da personagem Rosalie Hale segundo a visão da protagonista,
Bella:
A
mais alta era maravilhosa. Ela tinha uma silhueta linda, do
tipo
que se vê na capa da revista Sports Illustrated, na edição de roupas de
banho, e
daquelas
que fazem as outras garotas se sentirem mal consigo mesma só por estarem na
mesma sala. O cabelo dela era dourado, gentilmente
balançando até o meio das costas.
Crepúsculo, pág. 09
|
Assim como na saga de Meyer, a
imortalidade é vista por dois âmbitos distintos, Damen transformara Ever para
não perdê-la, do mesmo modo Edward transformara Bella embora, inicialmente,
Edward fosse completamente contrário a tornar Bella uma vampira, pois tinha
conhecimento das consequências dessa escolha e da carga de responsabilidade que
viria com ela, enquanto Damen, movido unicamente pelo seu amor, tornou Ever uma
imortal para não ter de viver eternamente sem ela, não diz-se por razões egoístas, mas sem uma reflexão prévia do
que isso acarretaria, principalmente levando em consideração que a decisão fora
tomada ainda na primeira vida real de
ambos. Apenas quando ele se dá conta de seu equívoco
e do que provocou no carma é que percebe as consequências do que fez, mas
isso não causa, de fato, um arrependimento.
Outro fator em comum, agora também
referindo-se à saga de Fitzpatrick, é o fato do elixir da imortalidade criado
por Noël em sua trama. Em Finale há a menção das artes do mal uma bebida que, assim como o elixir de Damen, dá
“poderes” a quem o toma aumentando a resistência física. No caso da sequencia
de Sussurro, a bebida foi feita especialmente para nephilins, enquanto a bebida
de Damen concede imortalidade a qualquer um que a tomar, e ainda tem o aspecto
do veneno dos vampiros da saga de Meyer, pois o elixir também concede uma
beleza estonteante a quem o toma. No entanto, a semelhança que quero assinalar
aqui com mais nitidez é relacionada à saga de Kate. Como mencionado
anteriormente a questão de reencarnação é tratada de forma semelhante nos dois
livros por motivos igualmente semelhantes, enquanto Daniel e Lucinda tem de
encontrar a saída para o seu verdadeiro ser a partir de um ponto inicial em seu
passado, Ever e Damen também tem de encontrar a chave de sua liberdade na sua
primeira vida e mesmo que ambas sejam completamente opostas essa foi, em minha
opinião, a semelhança mais gritante das séries. No livro Estrela da noite há
também uma possível menção a saga de Meyer citada por Ever:
“Bem,
quando era eu tentando decifrar a estranheza de Damen, pensei logo em
vampiros.
Miles
também. Mas aparentemente Munoz não é tão influenciável pelo atual fenômeno da
cultura pop.”
Estrela
da Noite, página 63
|
Em
Paixão, terceiro livro da série Fallen de Lauren Kate, Luce viaja para o
passado através de anunciadores que eram “sombras” aparentemente vivas que
tomavam a forma que você modelava e
permitia avançar para qualquer momento de suas vidas passadas. Na série Os
Imortais, Damen o faz através de uma espécie de portal em forma de televisão em
que, com o auxílio de um controle remoto ele pode escolher para qual das vidas
passadas deseja ir. Outra semelhança mais clara com a série de Kate é o portal
que leva a Summerland, uma dimensão mística criada por Damen. Ever a cita em
quase todos os livros:
“Mas quando salto pra
frente, vejo este brilhante véu de luz suave dourada. Um
círculo luminoso postado do outro
lado, brilhando e atravessando-me como no meu sonho e
mesmo que Drina tenha plantado
esses sonhos, mesmo que provavelmente seja uma armadilha,
não consigo evitar mudar de
direção e caminhar para lá.
Caio em uma brilhante névoa, uma chuva de luz tão
amorosa, tão quente e intensa que acalma
meus nervos e abranda todos os meus medos. E quando
aterrizo em um campo de verdes
pastos, a grama me sustenta e amortece minha queda.”
Para Sempre, página 141.
|
Aqui
está a mesma menção de Luce sobre os anunciadores:
“Ela não queria
vislumbrar um Anunciador. Ela tinha visto o
suficiente por uma
noite. Ela nem sabia por que ela estava fazendo isso...
Até que ela
vislumbrou. Ela não estava procurando por uma visão,
ela estava
procurando uma saída. Algo distante o suficiente para se
transpassar. Tinha
passado muito tempo desde que ela tinha tido um
momento para pensar
por conta própria. O que que ela precisava era de um
tempo. De tudo.
"Hora de
ir", disse ela para si mesma.
A porta-sombra que
se apresentava à sua frente não era perfeita,
estava recortada em
torno das bordas e fedia a esgoto. Mas Luce rompeu a
superfície dele
mesmo assim.”
Tormenta, páginas
323-324
|
O fato de as sagas terem sido
lançadas no mesmo ano afasta qualquer ideia de “inspiração” de uma autora na
outra, embora a menção à Crepúsculo implícita tanto no primeiro quanto no
quinto livro da série, manifeste a certeza de que Noël leu a saga de Meyer que
é muito anterior à sua. O fato de essas semelhanças estarem presentes nelas é
uma mera coincidência segundo minha dedução, mesmo assim não pude deixar de
citá-las ou compara=las. A série Os Imortais tem suas próprias peculiaridades,
a criação de Noël causa nos leitores os mais diversos tipos de sentimento e
seus personagens imprimem os mais diferentes tipos de marca, ela não é inferior
à nenhuma das sagas aos quais foi comparada, tem igual qualidade textual e, com
exceção da saga de Kate, igual construção narrativa.
[1] A
numeração de páginas varia do PDF para o livro físico, portanto a paginação
citada nesse texto pode diferir da paginação do livro impresso, pois foi usado
o arquivo digital como referência para todos os livros.
2.1 Personagens Principais
Como dito anteriormente, os
personagens criados por Allison Noël imprimem as mais diversas marcas no
leitor, nem todas de maneira positiva. O objetivo desse tópico em si não é
expor um perfil psicológico do personagem em questão, – até porque eu seria
incapaz de fazê-lo – mas apontar os diversos tipos de sensação e impressões
causados à mim durante a leitura dos seis livros.
Ever:
A protagonista
da série Os Imortais é uma adolescente de 16 anos, inicialmente, quase para
completar 17. Dai nós imaginamos que ela será igualmente retratada como uma
garota imatura que normalmente as adolescentes nessa idade são. Nora (Sussurro)
e Luce (Fallen) tem essa predisposição a ser precipitada e acabar fazendo coisas que não deveriam fazer como é
normal de todos nós na adolescência. Mas Ever é um pouco pior nesse sentido. Na
possível expectativa de criar uma personagem realista, condizente com os
americanos nessa idade, a personagem principal de Os Imortais se tornou
insuportável. Ever é não apenas imatura, mas precipitada, em alguns aspectos
até estúpida (no sentido de ser burra). Ela toma atitudes impensadas que fazem
apenas piorar as coisas que ela sozinha já tornou bem ruins e isso faz com que
ela se torne cansativa, fazendo assim a história – que é narrada por ela –
ficar pouco ou nada atraente porque você acaba ficando com raiva dela. De
início há o sentimento de culpa pelo que aconteceu com a família dela, depois
passa pela obsessão de dormir com Damen e, por fim, ao seu instinto “posso
salvar o mundo”. Ela é surda a qualquer conselho para seu bem, achando que
apenas ela é capaz de encontrar a verdade e isso faz com que os seis livros da
série se tornem chatos, porque ela sempre faz alguma coisa que piora ainda mais
uma situação que já está ruim. Em contrapartida, é esforçada, pensa sempre no
bem dos outros e é leal à sua família e amigos não importando o quanto tenha de
se sacrificar por eles.
Damen:
Damen é um
personagem aparentemente complexo, mas só aparentemente. No primeiro livro você
tem algumas dúvidas sobre ele, dúvidas essas que são sanadas nos próximos
livros. Ele é um homem em corpo de garoto, - afinal ele tem 600 anos! – que
vive atormentado pela culpa de ter tornado a si e a outros imortais e quebrado
assim o equilíbrio da vida. Ele se culpa pela morte de Drina, Roman e Haven que
ocorreram após a transformação de Ever e também culpa=se por tê-la tornado uma
imortal e “imposto” a ela a imortalidade. Damen é um pouco egoísta, tem uma
devoção por Ever semelhante à de Edward por Bella (Crepúsculo), algo que muitos
consideram como doentio. Ele é fiel e compreensivo, tem um pouco de teimosia e
é dedicado. Sua personalidade também lembra o personagem de Meyer.
Miles:
O amigo
homossexual de Ever é engraçado, sensato e fiel. Sua amizade é desinteressada e
ele é altamente sábio. Miles é provavelmente a melhor construção de Noël nessa
saga, o personagem dar um certo tom de leveza e ao mesmo tempo tem alguns dos
melhores diálogos do penúltimo livro. Miles luta pelo que quer, fala o que
pensa, sempre está ao lado de Ever e Haven e é compreensivo, a autora não criou
um personagem estereotipado ou nada do gênero, mas sim uma pessoa completamente
comum, com anseios normais e uma personalidade fascinante. Achei muito positiva
a inserção do personagem na série, fez toda a diferença.
Haven:
Essa é outra
das personagens do estilo de Ever: levemente irritante. É fato que Haven tem um
complexo grande de inferioridade, que é carente de atenção e, mesmo com os problemas
que enfrenta em casa, não consegui encontrar nada que justifique suas atitudes.
Ela é intransigente, egoísta, mimada e possessiva. Nos primeiros livros nós não
conseguimos notar abertamente a inveja que ela sente de Ever, afinal a
“amizade” das duas apesar dos conflitos é sólida, mas a partir do momento em
que ela se torna uma imortal sua verdadeira personalidade se abre e nós
passamos a ter ainda mais raiva dela do que já tínhamos antes. Mais ou menos
como acontece com Ever.
Ava:
Ava é uma
personagem misteriosa e não muito ativa na série, embora seja um retalho da
colcha que é a história, significativa e importante. Inicialmente vemos uma
mulher mesquinha e com sede de poder, depois ela aparece completamente
renovada, consciente e honesta. Sob a ótica de Ever sempre temos a impressão de
que ela não passa de uma mentirosa e interesseira e, talvez por isso, somos
levados a nos irritar e desconfiar dela, mas a verdade é que ela é assim como
os outros, vitima do carma que une Damen e Ever.
Sabine:
A tia de Ever é
tida como perfeccionista. E não consigo imaginar palavra melhor para
descrevê-la. Ela age exatamente como um adulto em sua posição agiria, mas de
uma maneira, em minha opinião, muitas vezes exagerada. Ela é completamente
rígida, conservadora, prática e racional. E no momento em que seu mundo
“perfeito” é quebrado pela sobrinha eclode uma crise que acaba afastando-a da
realidade na qual ela insiste em se prender. Sabine é o representativo de
pessoas bem sucedidas em meio a situações fora da sua zona de conforto que não
tem ideia de como agir, mas mesmo assim procuram dar o melhor de si para
enfrentar a situação.
Jude:
O amigo de
longa data de Ever é um rapaz cheio de “espiritualidade” e calma interior, ao
mesmo tempo em que lida com o conflito interno de não ser correspondido por
Ever. Jude é tranquilo, inteligente, sensato e um pouco impulsivo também. Nós
só temos noção da dimensão de seu papel na vida de Ever no último livro da
série antes disso, o triangulo amoroso que se forma entre eles é também
semelhante à saga Crepúsculo.
Roman:
O rival de
Damen, apaixonado por Drina, é um jovem cheio de ódio e anseio por vingança.
Roman, como é mostrado no penúltimo livro da série, teve uma vida complicada
que, talvez e só talvez, justifique a sua personalidade sádica, egoísta,
inexorável, mesquinha e arrogante. Ele se compraz com o desespero de Ever e faz
de tudo para separá-la de Damen apenas pelo prazer de se vingar do rival por
nunca ter tido o coração de Drina, primeira “esposa” de Damen. Roman foi outro personagem
que eu achei bem composto, por pior que ele seja e aja nós não conseguimos nos
irritar com ele, eu ainda não tenho certeza se pela raiva que nutrimos por Ever
e, assim, também nos comprazemos com o fracasso de seus planos em dissuadir
Roman, ou se pelo simples fato de ele ser um personagem interessante apesar de
sua maldade.
3. Conclusão
A saga de Noël
apostou em uma temática já abordada anteriormente na literatura vampírica, mas
de uma forma pessoal e inovadora (de certa forma). Eu achei a história bem desenvolvida,
mas um pouco maçante; acredito que pelo fato de a personagem principal ser
irritante em certo ponto, e conversando com outros leitores a respeito da saga
eu tive a confirmação de que não sou a única a achar isso. Acredito que ela
poderia ter sido resumida muito bem em três, no máximo quatro livros, mas
respeito o desenvolvimento da autora ao estender o enredo em seis livros de
maneira detalhada e muito bem interligada. Há no texto algumas referências à
magia propriamente dita, não sei se de relação com a wicca, mas pelas
referências à Salém acredito que seja algo do tipo. Os personagens da história
são bem construídos e o enredo é costurado de maneira inteligente.
As referências encontradas em outras
sagas podem ser encaradas, como dito anteriormente, de maneira eventual, já que
com exceção à saga de Meyer, os dois outros livros usados de referência foram
lançados no mesmo ano com curtos prazos de diferença. Noël construiu uma obra
reflexiva que nos leva a repensar o nosso papel enquanto humanos, enquanto
pessoas e a indagar a nossa real missão na terra. Somos levados a nos
questionar se a tão almejada vida eterna (do ponto de vista material e não
religioso) é realmente aquilo que nós queremos e se beleza, poder e juventude realmente
são capazes de fazer uma pessoa feliz. Com os erros e aprendizados de Ever nós
passamos a refletir sobre as coisas que realmente valem a pena em um mundo onde
máquinas e pessoas são quase como iguais, em que o ter supera o ser. Apesar
de todos os contras, considero uma leitura válida para os amantes de ficção
fantástica.
[1] A
numeração de páginas varia do PDF para o livro físico, portanto a paginação
citada nesse texto pode diferir da paginação do livro impresso, pois foi usado
o arquivo digital como referência para todos os livros.
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