Título Original: The Turn of the Screw
Autor(a): Henry James
Ano da obra: 1898
Páginas: 136
Sinopse: A outra volta do parafuso conta a história da jovem filha de um pároco que, iniciando-se na carreira de professora, aceita mudar-se para a propriedade de Bly, em Essex, arredores de Londres. Seu patrão é tio e tutor de duas crianças, Flora e Miles, cujos pais morreram na Índia, e deseja que a narradora (que não é nomeada) seja a governanta da casa de Bly. Ao chegar a Essex, a jovem logo percebe que duas aparições, atribuídas a antigos criados já mortos, assombram a casa. O triunfo íntimo da protagonista, mais que desvendar o mistério de Bly, consiste em vencer o silêncio imposto pela diferença de condição social entre ela e seus pequenos alunos.
Desde que foi publicada, sucessivas gerações de leitores, críticos e artistas têm se inspirado na maestria narrativa desta novela, cuja tradução de Paulo Henriques Britto reconstitui com precisão a elegante contundência do original inglês.
Eu não sei se estou desaprendendo a ler ou se não me dou bem mesmo com a maioria dos clássicos porque, no prefácio desse livro, eu recebi a promessa de uma história de congelar a alma e, no entanto, tudo que vi foi uma narrativa cheia de ambiguidades de uma narradora não confiável. A premissa do livro é bem simples, uma mulher aceita trabalhar de preceptora para um homem com dois sobrinhos dos quais não quer saber. Suas incumbências se incluem de cuidar da educação e bem estar das crianças e nunca, sob nenhuma hipótese, incomodá-lo com notícias delas principalmente se estas forem problemas. Assim, essa mulher solteira, sem experiência e cheia de fantasias, viaja até um casarão no interior onde ficaria reclusa com as crianças, um menino e uma menina em idade entre 8 e 10 anos. O menino estava na escola, de modo que ela se incumbiu apenas da menina, Flora, por quem se encantou imediatamente de uma maneira um tanto exagerada, devo dizer. Porém, uma carta vinda da escola diz que o menino fora expulso e que em breve chegaria à casa, a mulher fica preocupada com a conduta da criança para ter sido punida com algo tão extremo, segundo a carta ele tivera uma atitude "inadequada" com um colega. Entretanto, já advirto, até o fim do livro essa incognita permanece sem solução. Algumas noites antes do menino chegar, a preceptora percebe alguém espreitando a casa, um homem sem chapéu, de beleza duvidosa e ares maliciosos que ela vem a descobrir, pela governanta da casa, se chamar Quint, um criado de quarto do patrão de ambas que morrera ha algum tempo. Como? Não diz também. Inicialmente, a preceptora acredita que ele esteja, de alguma forma, interessado nela, até perceber - com a chegada do menino, Miles - que ele está tentando influenciar as crianças. O livro inteiro basicamente gira em torno dessa suposta influência por parte do fantasma de Quint e de Jessabel, a antiga preceptora das crianças que tinha, provavelmente, uma relação amorosa com Quint e que também morreu (e não sabemos como!).
O livro é narrado pela preceptora, ela aponta aparições dos fantasmas, imagens dúbias na conduta das crianças, sempre deixando perceber que elas estão, de alguma forma, sob a influência deles, mas isso nunca fica - e nem poderia - claro, uma vez que a gente não pode confiar na narração dela. A mulher dá indícios fortes de ser dona de uma mente fértil, não ao ponto de ser desequilibrada, mas perto disso. A narrativa tenta nos fazer acreditar que Quint, enquanto vivo, tinha algum tipo de envolvimento "duvidoso" com Miles e, aparentemente, era consensual, nisso, dá a entender que o garoto foi expulso do colégio por tentar repetir essa conduta com um dos colegas. Há também indícios de envolvimento amoroso entre Miles e Flora, embora isso não fique muito claro de um modo evidente e, principalmente, indicios de envolvimento entre a preceptora e Miles! Mas, tudo isso, feito de maneira velada, de um modo ambíguo que nunca dá certezas. É o mesmo que acontece em Dom Casmurro, não há uma maneira de ser assertivo com relação ao livro uma vez que tudo que acontece na casa e a volta da protagonista pode ser, claramente, um devaneio da própria. Nos últimos capítulos ela tenta dar a certeza de que a espécie de influência - pois nunca se fala em possessão - que os fantasmas tinham em relação às crianças e que ela, em seu dever, deveria salvá-las o que dá a nós uma prova quase certa da sua instabilidade psicológica. O desfecho do livro é trágico para dizer o mínimo e não responde nenhum dos nossos questionamentos. Sem contar no principal, nem mesmo um suspense eu poderia considerá-lo. É aquele tipo de livro que realmente não prende, pelo menos comigo não funcionou.
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