quinta-feira, 21 de março de 2013

Confused

Desde que comecei a cursar a faculdade nunca pensei que chegaria o dia em que eu daria graças a todos os santos por ficar em casa. Eu literalmente adoro ver as aulas, adoro estudar, mas não tenho conseguido fazer nada ultimamente, nem mesmo isso. Parece que tudo é extremamente difícil e complicado, a maior parte do tempo me concentrar parece um verdadeiro trabalho de Hércules. Eu abro os livros e nada. Não consigo criar uma única palavra.
Música, inglês, canto... Nada do que eu gosto parece me atrair mais, pelo menos ler me alivia um pouco, estou completamente imersa na saga hush hush. Minha irmã me presenteou com o último livro na tentativa de me fazer sentir melhor. Tenho de admitir que ela é meu porto seguro, nem acredito que tudo isso ta acontecendo, agora deu que uma das amigas dela parece que joga no time das saias e minha mãe desconfia que está atrás da minha mana, ela quer "separar" um pouco a amizade porque a mãe da menina parece que é meio surtada e não é pra menos, nada contra a opção de ninguém, mas respeito é bom e eu gosto e mãe nenhuma quer que o filho escolha isso. Meu avô deu uma melhorada considerável! Está até rabugento como antes - o que é um ótimo sinal! - Espero que ele venha logo pra casa. Mais uma prova que só Deus e exclusivamente Deus pode determinar quem vive e quem morre. Ele não reclamou mais de dores e está comendo devagarinho, em meio a todo o pesadelo essa notícia me deixou mais calma.
Cada dia que passa eu tenho me sentindo pior. Já sentiu como se você fosse um erro? Como se não se encaixasse em nenhum lugar? Como se nunca acertasse uma? Pois é, é mais ou menos isso que eu to sentindo, como se eu fosse a célula errado do corpo humano que um dia pode provocar um tumor malígno, tudo que eu faço parece tão errado, tão estúpido. Eu me sinto a maior das idiotas. Toda a minha vida eu sempre fiz o maior esforço para passar despercebida, para não chamar atenção, para me "misturar" e não ser vista, só que isso nunca rolou de verdade e agora parece que piorou, quanto mais eu quero ser "invisível" mais visível eu me torno!
Ontem durante a aula de leitura e produção de texto fomos incumbidos de ler, interpretar e construir um texto sobre outro com a nossa opinião, uma das meninas da sala falou em alto e bom som que "Queria ter metade da minha inteligência", eu me senti a menor pessoa do mundo, porque todo mundo acha que eu sou inteligente? Que eu tenho uma "massa cinzenta superior" quando na verdade eu só sou uma imbecil que se mete a escrever idiotices e acha que vai ser alguém na vida um dia. Como se isso fosse realmente acontecer. Fala sério. Todo mundo me define por números, eu já mencionei que odeio matemática? Meu pai me vê pela primeira colocação no vestibular, as pessoas me vêem pelas notas nos trabalhos e provas, as vezes eu me sinto um número e essa é uma sensação ainda pior que a frustração de tentar ser despercebida e não conseguir. Uma pena que eu não posso simplesmente me trancar no meu quarto e só ter meus livros como companhia, não precisar sair mais, não precisar ouvir certas coisas e nem ver pessoas, simplesmente ignorar que o mundo fora da porta e da janela existe e mergulhar na minha própria mente, me trancar de novo no mundo que eu construi trocentas vezes para me abrigar dessa realidade estúpida na qual me prenderam, eu não escolhi ficar com os olhos abertos pra ver o mundo acabando diante de mim e me sentir uma pulga no meio de gigantes. Não quero isso. Andei pesquisando casas de repouso perto de onde eu moro, achei três, duas delas só aceitam planos de saúde dos mais caros que tem, a outra é longe o bastante pra minha mãe só me internar no caso de eu começar a comer bosta, rasgar dinheiro ou me cortar. E fora a primeira estou cogitando seriamente a segunda e terceira opções.
Tem sido difícil pra mim ficar em casa, e as vezes me pergunto se sair de casa não é ainda pior, eu normalmente ando e as pessoas começam a me olhar - E antes que você pense que é "impressão minha" ou "coisa da minha cabeça" já adianto que não é. - E eu fico me esforçando mentalmente para ficar séria, antes dar a minha pior cara do que simplesmente desabar e atrair ainda mais atenção. É como se do nada surgisse uma placa de "ESTOU AQUI" em todos os idiomas e gírias existentes que brilhasse em mim e atraísse a atenção de todo mundo, ok, aceito que eu sou estranha, mas pelo amor de Deus não precisa encarar como se eu fosse uma aberração. Embora eu até seja uma. Piorou quando saí de coturno a primeira vez, parecia algo extraordinário uma garota usando coturno nessa cidade porque por onde eu passava parecia um comercial da avon, todo mundo olhava pra mim. É literalmente horrível. Mais do que eu ja sou habitualmente acostumada. Isso me faz forçar duas a cinco vezes meu auto controle para não chorar não importa o que aconteça, e vão por mim, isso não é fácil.
A sensação de torpor tem crescido tanto quanto minha vontade de viver, eu fico o tempo todo oscilando entre o calmo e o desesperado, as vezes minha cabeça enche de tal forma que eu me sinto enlouquecer e é cada vez mais difícil chorar, não consigo chorar. Mas também quando começo...  Dá pra inundar a cidade. Meu metabolismo está começando a reagir de forma nem um pouco positiva, eu fico muito cansada com facilidade, não tenho fome, durmo demais, sempre estou com dor de cabeça e na maioria das vezes pelo fato de não poder "liquidar" todo o sono acabo ficando estressada porque dormi pouco, mas não tem o que se fazer, alguém tem que ficar na bendita lan house pra minha mãe trabalhar e meu pai dormir e infelizmente esse alguém obrigatoriamente sou eu. A sensação que eu tenho todo dia é que estou me desfazendo em milhões de pedaços que se perdem no espaço sem chance de se reunir novamente. Eu me sinto tão cansada de tudo, cansada de mim. E ao mesmo tempo parece que estou sozinha, longe de qualquer ajuda possível. Eu sempre quis e desejei ardentemente ficar sozinha o meu medo agora é morrer sem ter por quem gritar.

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