Já se sentiu impotente? É exatamente dessa maneira que estou me sentindo agora, que me sinto desde que o meu avô adoeceu. Quando eu penso que não tenho mais lágrimas, basta vê-lo dessa forma e meu corpo prova o contrário... Eu que estava acostumada a vê-lo sentado no sofá da sala xingando algum programa de televisão, me tirando do sério por bagunçar toda a cozinha quando ia tomar café, andando pela casa com pisadas tão fortes que pareciam pequenos terremotos... Agora me deparo com ele amuadinho, sobre uma cama, magro, fraquinho, tão vulnerável vivendo de casa para o hospital e só então eu sinto na pele o quanto aqueles hábitos me fazem falta... Hoje eu levei uma vitamina para ele, já que ele se recusa a comer e a gente tem que fazer o maior esforço para que ele engula alguma coisa sem forçar, meu coração que já não anda muito bem partiu-se em mais milhões de pedaços e meu mundo começou a ruir de novo quando eu mal havia começado a reconstruir. Sabe blogueiros e leitores, quando o David partiu eu não estava lá, quando minha segunda mãe partiu eu não vi... Quando a minha tia se foi eu só a vi uma semana antes (e me lembro até hoje), mas com o meu avô é diferente, ele sempre esteve aqui pertinho de mim e agora
a sensação que eu tenho é de que ele esta indo embora aos pouquinhos e eu não consigo fazer nada porque não é algo que eu possa evitar e isso torna tudo mais cruel. Sabe aquela história de que "Quem canta seus males espanta"? Acreditem, nem mesmo a música pode aliviar as coisas em certas ocasiões. Eu perdi recentemente pessoas das quais nunca imaginei minha vida sem, e não importa o quanto você se prepare para isso, nunca está forte para encarar a sua vida sem aquela pessoa e não tenho vergonha de dizer que estou morrendo de medo de perder o meu avô... Porque eu sei que nada na minha vida vai ser a mesma coisa sem ele, porque eu sei que assim como muita coisa em mim já está despedaçada essa perda é algo que me destruiria por dentro, e se eu pudesse evitar que isso acontecesse, ficaria no lugar dele sem pensar nenhuma vez.
O curso de Inglês me ajudou a distrair por um momento, é algo que eu gosto tanto e me faz tão bem que consegue manter minha cabeça longe de pensamentos ruins, mas nem mesmo isso me ajudou a aguentar as lágrimas quando cheguei em casa e a situação não melhorou em nada quando meu pai disse que o meu avô está igual a minha avó em seus últimos momentos... Agora a noite ele perguntou por mim e fui até o quartinho dele pedir a benção... A vida é tão frágil e as vezes tão injusta... Cada vez que eu o vejo desse jeito me sinto ainda mais inútil... Quero acreditar que ele vai ficar bem e que logo logo estará sujando tudo de caldo de feijão de novo e derramando café na geladeira... Quero acreditar que ele vai voltar a me pedir para ligar a televisão na hora que está tocando minha música favorita a toda altura... Quero acreditar que vou poder abraçá-lo no meu aniversário e que vou ouvir a risada dele durante o almoço enquanto eu e a minha irmã fazemos alguma travessura com a mamãe... Quero acreditar que o meu avozinho não vai embora... Não quando eu não suportaria perder mais alguém tão importante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar seja sempre respeitoso à opinião do outro. Nem todo mundo pensa como você e a diversidade existe para isso. Exponha suas ideias sem ofender a crença ou a opinião de ninguém. Comentários com insultos ou discriminação de qualquer natureza serão excluídos.