quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Emma de Jane Austen - livro e adaptações

Autor: Jane Austen
Idioma: inglês
País: Reino Unido
Gênero: romance
Linha temporal: século XIX
País: Inglaterra
Editora: John Murray
Lançamento: dezembro de 1815

Sinopse: Emma Woodhouse, uma jovem bonita, inteligente e encantadora, está decidida a jamais se casar. Ela já possui toda a fortuna e a independência de que precisa e sente-se perfeitamente satisfeita com sua situação, o que não a impede de se divertir planejando casamentos entre as pessoas que a cercam. Ao conhecer Harriet Smith, uma moça de status social mais baixo, Emma decide ajudá-la a encontrar um pretendente que seja um verdadeiro cavalheiro. Porém, a jovem descobre que interferir demasiadamente na vida dos outros pode por em risco a própria felicidade. Para garanti- la, Emma deve superar seus preconceitos e compreender melhor o que se passa em seu coração. Marcado pela inigualável ironia de Jane Austen e repleto de diálogos geniais, Emma é um retrato vívido da situação das mulheres na Inglaterra do início do século XIX.

Emma Woodhouse era rica, bela e inteligente, boa o bastante para ter a convicção de que nunca precisaria se casar, ainda assim, nada poderia impedi-la de conseguir arranjar casamentos para todos que conhecesse convencida de sua inteligência e sagacidade para decifrar os sentimentos das pessoas à sua volta através de seus comportamentos. Dera certo com a senhorita Taylor que casara-se com o senhor Weston, o homem que todos diziam acabar seus dias solteiro. Muito orgulhosa de si mesma e de seu julgamento, a única pausa da alegria e no autêntico sucesso de seu feito devia-se a não concordância de George Knightley, seu amigo mais próximo, que discordava totalmente de sua intervenção na relação da antiga governanta com o comerciante e achava que sua excelente opinião de si mesma ainda lhe causaria grandes problemas.
Entretanto, nem mesmo o sábio conselho do amigo era capaz de tirar de Emma a resolução de que o próximo alvo seria o "pobre" senhor Elton que, definitivamente, precisava de uma esposa. A eleita para ocupar o lugar na respeitada residência do vicariado é Harriet Smith, uma jovem de origem duvidosa que, na cabeça de Emma, é uma nobre e tem todo o direito - por beleza e conduta simples - a um cavalheiro como marido. Então, fica a cargo de Emma moldá-la para ocupar o lugar que determinou para a jovem e, antes de tudo salvá-la de sua "degradante" afeição por Robert Martin, um respeitável fazendeiro que demonstrou profundo amor por ela. Mesmo advertida pelo Sr. Knightley que seu plano não funcionaria e que ela não deveria ter interferido nos sentimentos da ingênua Harriet, Emma vê a previsão dele ser cumprida quando, algumas semanas depois, Sr. Elton confessa seus sentimentos a ela mesma causando-lhe profundo espanto e desapontamento.
Ao ver os sentimentos de Harriet magoados, Emma sente-se profundamente mortificada pelo que fez, ainda assim, declina completamente qualquer chance de envolvimento da amiga com Robert Martin, mesmo sabendo o que ela sente por ele e uma confusão de sentimentos se forma com a chegada de Frank Churchill e Jane Fairfax à cidade, Emma não consegue gostar de Jane por ver na garota muitas coisas que gostaria de atribuir a si mesma e, por própria negligência, não pode. Em determinado momento ela chega a acreditar que corresponde as investidas nítidas de Frank, mas acaba percebendo que realmente não é ele que a fará mudar de opinião acerca do casamento, ainda que muitos em Highbury esperem por isso. No entanto, cogita para ele Harriet e acaba, novamente causando uma grande confusão quando a amiga se apaixona por Knightley e Emma precisa, por fim, encarar o próprio coração.
Jane Austen disse que criaria Emma como uma personagem que muitos iriam detestar, pelo menos, era esse seu intuito e de todas as suas heroínas ela é a que visivelmente mais foge do padrão de moça pobre em busca do amor verdadeiro. Emma é orgulhosa, arrogante e cheia de si, mas não de um jeito exacerbado que nos faça odiá-la, ainda que em determinados momentos realmente reprovemos sua conduta, há nela uma generosidade e vontade que nos comove e nos torna empático com suas causas mesmo que ela faça mais mal que bem com seus resultados. Podemos encontrar um padrão nas personagens, George Knightley faz bem seu papel de heroi tolhido por seus temores internos tal qual Edward Ferras e seu compromisso secreto - que neste livro é passado para um outro personagem -, Sr. Fitzwilham Darcy e seu preconceito ou mesmo o doce Edmund e sua amena "covardia". Frank Churchill cumpre o papel de meio antagonista ainda que Austen nunca se empenhe em tornar seus antagonistas odiosos e dar-lhes motivos e consequencias que nos façam, até certo ponto compreendê-los, ele entra na história como, ao mesmo tempo, o estopim do final feliz de Emma e o principal problema do mistério que envolve a trama. Ele cumpriria - analogicamente - o papel de Willouby e seu péssimo caráter - ainda que ambos tenham situações de caráter relativamente distintas -, Lucy Steel e sua irritante personalidade fútil ou Wickhan e seus princípios deturpados, porém de um modo menos soberbo.
Jane Fairfax se compararia a Marianne Dashwood e sua emoção transbordante ainda que durante boa parte da trama ela se mostre consciente, mas reclusa quanto aos seus sentimentos e há nela grandes traços de Elinor e sua racionalidade. Podemos encontrar a doçura de Fanny Price e o senso de julgamento de Elizabeth Bennet. A única personagem que realmente se destaca e excetua-se por sua originalidade e singularidade é a heroina Emma. Ela é uma criação inovadora de Jane Austen que criou uma mulher forte e consciente do seu poder, que não se dobra por ser dona de si mesma e, ainda assim, possui uma fragilidade que seria típica do seu estilo narrativo. Emma não pode ser comparada a nenhuma personagem de Jane, mesmo que encontremos nela traços da tempestuosidade de Elizabeth ela é, sem sombra de dúvidas, uma criação particular da visão de Jane Austen sobre a alta sociedade e seus movimentos cheios de falso glamour. Ainda assim, deve-se abrir um parêntese para as criações odiosas da autora, como acontece, em Emma, com a Sra. Elton, uma mulher vulgar, cínica, falsa e detestável que encontramos em outros livros tal qual o Sr. Collins e a a dama de Rosing Park em Orgulho e Preconceito, a detestável tia Fanny e mãe de Edward em Razão e Sensibilidade, a tia de Fanny e sua prima em Mansfield Park. Jane é capaz de nos fazer visualizar e realmente odiar essas pessoas assim como conseguimos identificar, em nossa própria sociedade, muitas dessas réplicas odiosas.
A trama é costurada de maneira elaborada sendo, depois de Mansfield Park, uma das obras mais complexas da autora (minha opinião). Sem um conhecimento prévio do que se trata (e eu vi o filme antes de ler), é praticamente impossível encontrar pistas claras do mistério principal que envolve a trama, Jane nos engana com uma maestria que, quando viemos a perceber as sutis pistas dadas do envolvimento das personagens, vamos ser, ainda assim, pegos de surpresa no desfecho.

Lançamento: 1996
Direção e roteiro:  Douglas McGrath
Elenco: Gwyneth Paltrow, Jeremy Northam, Ewan McGregor e Toni Collette

Há várias adaptações desse livro, mas vou me reter apenas às que já assisti, pois delas posso falar com mais propriedade. O filme, como toda adaptação, é muito falho. Pelo curto tempo de duração ele perde a maior parte do enredo fugindo muito da trama que lemos. Mas é o esperado de um livro de 464 páginas adaptado em um filme de 120 min. 
Além de várias disparidades com relação ao livro, como, por exemplo, a exclusão de uma das viagens, alguns diálogos inexistentes e inconsistências com relação ao enredo, achei as atuações fracas e senti que fugiu muito da história original. Uma coisa que quero chamar atenção tanto no filme quanto na série é sobre a descrição de Emma, em ambas as adaptações ela aparece com olhos esverdeados quando, na realidade, os olhos de Emma são amendoados, no caso, castanhos. Harriet tem olhos azuis, no filme se não me falha a memória ela manteve esse padrão embora de um azul meio pálido. Sem contar que, nessa produção, colocaram uma Harriet ruiva quando no livro ela é loira.

Lançamento: 2009
Roteiro: Sandy Welch
Episódios: 4
Emisora: BBC
Elenco: Romola Garai, Jonny Lee Miller, Michael Gambon, Jodhi May e Blake Ritson

A minissérie, de 4 horas, ainda que retrate bem melhor o livro do que o filme, ainda tem muitas divergências com o livro, muitas cenas foram cortadas, porém, não se torna incongruente todavia. Achei as atuações bem mais convincentes e sou um pouco suspeita porque amo as séries da BBC. Ao contrário de Razão e Sensibilidade que pegou o livro completamente com uma fidelidade que tiro o meu chapéu, houve uns poucos cortes na produção de Emma, não grandes o bastante para irritar muito, a não ser pelo final que, no livro, torna-se um pouco mais fofinho que na série pelos diálogos mesmo. A relação de Jane e Emma na série foi retratada de modo um tanto diferente, achei mesmo a personalidade de Jane um pouco díspar no que se refere a obra. Romola Garai foi impecável como Emma, dando a personagem a arrogancia e docilidade que nos faz amar e odiá-la. O lindo Jonny Lee que interpretou divinamente meu amado Edmund na maravilhosa produção de Mansfield Park caiu como luva no papel de George Knigthley e a atriz que escolheram para Harriet foi bem mais semelhante que no filme.

Outras adaptações:
1948: Emma – série de TV
1960: Emma - série da BBC para TV
1972: Emma – série da BBC, estrelando Doran Godwin como Emma.
1996: Emma, filme estrelando Gwyneth Paltrow como Emma.
1996: Emma, série para TV, estrelando Kate Beckinsale como Emma.
2009: Emma, série para TV, estrelando Romola Garai como Emma.

2 comentários:

  1. Eu amo esse livro, e eu queria muito ver a versão da BBC!! Eu lembro que na época em que eu lia o livro eu só lembrava de patricinhas de beverly hills, eles seguiram no roteiro esse livro!Acho que foi o primeiro contato com a Jane Austen, hoje eu amo seus livros, mas prefiro as adaptação da BBC, como a de orgulho e preconceito! Me dói ainda no coração que o dramafever não disponibilize para o brasil essas séries das obras da jane austen, eu acho sensacional!

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    1. Oi, Yasmin, obrigada pela visita! Esse livro é realmente muito bom, mas meu favorito continuará sendo Razão e Sensibilidade. Jane é uma escritora atemporal, não importa quanto tempo passe suas obras sempre serão eternas e muito atuais. A série da BBC está disponível online no daylimotion, você pode ver por lá como eu.
      http://www.dailymotion.com/video/x18ziu3_emma-de-jane-austen-ep1-4-leg-pt_shortfilms
      Obrigada pelo comentário e volte sempre que quiser!

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