Bem, vocês viram que essa semana o blog ficou totalmente sem atualização, não é? Muito provavelmente se você acompanha o meu blog ou as minhas redes sociais deve saber que eu sou católica e, como tal, a semana santa não é de nenhuma maneira feriado como muita gente gosta de pensar e fazer.
Muita gente se pergunta e alguns chegam mesmo a dizer que nós adoramos um Deus morto uma vez que rememoramos a paixão de Cristo, mas a verdade é que essa semana é um período de reflexão para nós, um momento de relembrar tudo que Jesus sofreu por nossa causa, para que ao repensar essa atitude repensemos também o que nós estamos fazendo para merecer esse sacrifício. Gente, se você parar um segundo para pensar no sofrimento que Cristo passou antes e durante a sua paixão vai ver como é inconcebível e inacreditável não somente o que um ser humano é capaz de causar a outro, mas o quanto alguém é capaz de amar para suportar tal humilhação e sofrimento.
Paixão... normalmente associamos essa palavra ao sentimento cego e entusiasmante que nos domina quando somos altamente atraídos por alguém. É cientificamente comprovado que perdemos nossa capacidade racional quando estamos apaixonados, nossa percepção de certo e errado, nossa habilidade de tomar decisões, tudo isso é cegado pela luz da outra pessoa, em outras palavras nos tornamos idiotas. Mas é aí que a coisa muda, Jesus, durante todo o tempo, estava pleno de suas faculdades, ele sabia cada passo, cada dor, cada coisa pela qual passaria e entregou-se consciente e de livre vontade por nós, mesmo tendo ouvido sobre isso desde muito pequena não consigo imaginar o tamanho e a intensidade de um amor assim, capaz de se esvaziar completamente, de desfazer-se de si mesmo por amor a outro, pela salvação e a vida daqueles que lhe feriam.
Sabe, durante esses dias, especialmente a quinta e a sexta feira, fiquei em uma reflexão muito profunda acerca do mundo, das pessoas, do passado e do presente, da vida como um todo. Em 2015 eu fiz esse post falando um pouco sobre fatos científicos a respeito do sofrimento de Cristo na crucifixão, é algo realmente além da capacidade humana de imaginar e não é atoa que é a segunda morte mais cruel da história, perdendo apenas para o escafismo. Por isso, nesse dia em que relembramos todo esse suplício de Jesus por nós, rezamos pelas pessoas que sofrem no mundo, pelas pessoas que o negam, pelas pessoas que diariamente hoje, continuam crucificando-o. E esse silêncio nos leva a reaprender as noções de perdão, de entrega, de amor.
Contudo, a morte não é a base da nossa religião. Nós adoramos o Deus que vive, que venceu a morte para que nós, que cremos nele, também vivêssemos mesmo após nossa jornada terrena ter chegado ao fim. É na ressurreição, celebrada hoje, que encontramos o sentido de continuar vivendo apesar de todas as dificuldades que constantemente somos impostos, a compreender a dimensão do amor de um Deus que se fez homem e sofreu as piores dores e humilhações calado para nos trazer vida, nos dar a salvação. E é por isso que me entristece tanto quando vejo as pessoas tratando esse dia tão importante como um feriado qualquer como o dia do comerciário, o dia dos namorados, só um dia que não se precisa trabalhar, um dia que não tem aula, um dia para ficar em casa.
Com isso não quero dizer que as demais religiões estão erradas ou que todo mundo deveria "se dobrar" ao que eu acredito, mas pelo menos respeitar a memória desse Jesus que se sacrificou de tal modo por amor e, a nós, que cremos nele. Não é feriado. Feriado é um dia instituído pelo estado, pelo governo. É um dia santo, escolhido pela igreja em combinação com o calendário judaico, para rememorar a dimensão do amor do nosso Deus por nós. Um Deus que é capaz de amar até mesmo aqueles que o negam e escarnecem dele. Um Deus capaz de se transformar num homem como nós e suportar coisas que nenhum de nós seria capaz.
Eu vejo as barbáries que essa humanidade sem humanização está cometendo diariamente, somos escravos do medo, cativos da insegurança, não há um único lugar no mundo que possa ser julgado seguro o suficiente, que esteja livre da crueldade e da sede de poder do homem. Isso porque as pessoas estão sendo criadas numa cultura da adoração do ter e da "coisalização" do ser. Lastimável. Pessoas sendo tratadas como coisas, coisas sendo tratadas como pessoas, o mundo do "eu", do ter. Eu já li isso em algum lugar, embora eu saiba como a história termina, espero não estar aqui para testemunhar o final desse livro. Só digo uma coisa, não importa em que você acredite, cada ação sua faz toda a diferença e será levada em conta, o que se faz a outros, o que se constrói aqui. Ignorar Deus, ignorar tudo que ele fez por nós desde o início da humanidade vai ter um preço caro porque, dessa vez, a misericórdia de Jesus é a única coisa que pode nos salvar da destruição completa.
Essa semana agora, vou terminar a leitura da vez e o dorama. Não me incomodo nem um pouco de ter atrasado tudo isso, há coisas na minha vida mais importantes que livros e séries, nada disso pode ser comparado com o precioso tempo que dedico a adorar aquele que me deu a vida, que me livrou do mal e, se quer uma pequena demonstração disso, eu dou. No sábado, há a missa da vigília pascal, ela termina meia noite com o início do domingo de Páscoa que marca a ressurreição de Cristo e sua vitória contra a morte. Quando voltávamos para casa, minha mãe, irmã, eu e duas vizinhas nossas, uma moto cujo motorista provavelmente vinha meio alto, veio para cima de nós e teria nos atropelado a todas, mas bem quando ele avançou sobre nós minha mãe disse "O sangue de Cristo tem poder!" e a moto parou. Sério, ela simplesmente parou e não pegou mais. O motorista e a mulher que vinha com ele tiveram que descer e empurrar porque ela não ligou mais e nós viemos para casa em paz e sem nem um mínimo arranhão.
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