quarta-feira, 17 de julho de 2013

Você já se sentiu assim?

Eu ainda não consegui decidir o que está me deixando mais tensa e irritada, o fim das férias ou a chegada do meu aniversário. Ele cai numa quarta feira e provavelmente nesse dia eu não vou publicar nada aqui, vou passar o dia vendo filme trancada no meu quarto e me entupindo de coisas que engordam para não cair na tentação de me entregar às lágrimas como tem sido meu costume ultimamente.Ontem eu li até dar sono e deitei por volta das dez horas, estava cansada, muito cansada mesmo e sem cabeça para nada. Poucas vezes na minha vida fiquei tão desanimada daquele jeito, mas não consegui dormir, e acabei chorando pra caramba de novo. Pois é, eu odeio admitir isso, mas acho mesmo que a depressão está dando as caras de novo. Eu lido com essa maldita doença desde os três anos, nunca entendi o motivo porque eu tenho saúde, uma família estável, uma vida abençoada e mesmo que a maior parte dos meus amigos seja virtual, eu tenho bons amigos. Segundo o psiquiatra que eu consultei por alguns meses, isso foi gerado pela depressão que a minha mãe teve na gestação. Ai os choros sem motivo, a dor e a sensação de vazio no peito, o medo das pessoas, das situações, a baixa estima, tudo pareceu finalmente ter uma razão. E por mais que isso tudo esteja voltando, eu estou lidando com isso de uma maneira diferente, não sei se pelo fato do tempo de tratamento que eu tive, ou se porque, infelizmente, eu realmente amadureci. Eu daria a minha vida para ter a inocência de infância de novo, aqueles olhos que viam o mundo do seu próprio jeito e que tudo sempre parecia bom, só o fato de eu completar agora 23 anos, já é pra mim suficientemente deprimente. Eu deixei de comemorar o meu aniversário depois que a minha segunda mãe faleceu um ano após o meu aniversário de quinze anos, um mês após o meu aniversário. Daí pra cá, sempre que essa data chega eu fico esperando uma tragédia nova. Esse ano meu avô faleceu, Ano passado meu melhor amigo foi assassinado, meu noivo amputou as duas pernas e me largou achando que não era bom o bastante pra mim, tenho medo do que mais pode acontecer de ruim, nem sei se eu aguento uma rasteira nova.
Eu tenho pensado muito nele, não posso negar que sinto falta dele, porque eu sinto e muita. Falta da maneira como ele me abraçava sempre que eu sentia medo, da forma como ele me chamava de "minha menina", do sorriso largo e perfeito que ele tinha... É o mesmo que acontece com o David... A diferença é que o Julio está vivo, o David não. E cada dia que passa fica maior o buraco deixado por essas duas perdas. Eu fico ainda pior quando eu penso que não consigo mais me trancar no meu próprio mundo, quando penso como era fácil antes simplesmente ignorar a realidade, ficar presa na minha própria mente, criar universos para me refugiar, mas depois daqueles antidepressivos eu perdi completamente essa habilidade, eu não consigo mais me privar da realidade, não consigo mais me esconder e por mais que me digam que isso é bom, que me esconder não ajuda, que eu estava a um passo de ficar louca as vezes eu me pergunto se talvez louca eu não fosse melhor, perdida dentro da minha própria mente como nas histórias que eu crio, sinceramente não creio que eu me importaria em ficar trancada em uma cela branca com um monte de livros e mais um monte de cadernos completamente alheia ao mundo do lado de fora da porta. Eu não me importaria. Porque esse mundo é insano, talvez até mais do que eu.
Assim como o magistério eu vou me arrepender o resto da vida por ter cursado Letras, não sei se vou ficar realmente revoltada com a minha burrice ou com o fato de eu não ter sabido o que fazer com ela. Mas fora consequência minha, e eu realmente não imaginava passar no bendito vestibular! Era pra ser um teste! Uma experiência. E o que me causa ainda mais frustração é essa expectativa esdruxula que os meus pais colocam em mim, as vezes parece que a minha mãe acha que eu sou superdotada, ou que meu cérebro é um processador dual core ou tri core de última geração. Mas mesmo pensando assim ela me trata na maioria das vezes como uma completa imbecil - de fato eu não a culpo, eu sou mesmo imbecil! - meu pai pensa que eu serei o próximo Machado de Assis - fala sério, eu não vou chegar nem na esquina da casa dele! - e que tenho dicionário de sete idiomas na minha mente e um google portátil nos meus neurônios! Eu queria que parassem de fazer isso comigo, me deixa ainda pior! Porque eu não atendo a essas expectativas, porque eu sou incrivelmente FALHA, porque eu nunca vou ser como eles me vêem. Eu sou a estranha que não gosta de festas, que não fala com pessoas quando está em um lugar cheio de gente e que passa a maior parte do tempo agarrada com um livro ou escrevendo alguma coisa,- e por falar nisso ela agora está começando a reclamar dos meus livros, dizendo que eu tenho"livros demais" e que daqui a pouco vou acabar com uma biblioteca- mas a intenção é essa P**** - e é assim que eu quero ser aceita, sendo essa bosta que eu sou! Sem precisar dar sorrisos quando eu quero chorar, sem precisar explicar os motivos de uma nota baixa, sem precisar tentar ser outra pessoa - o que eu não tento mesmo! - quero que parem de me ver brilhando em cima de um pódium, e me vejam na porra da lama na qual eu vivo. E isso não é só pros meus pais, é na faculdade também! Lá tem gente que me odeia só por saber o meu nome. Outras falam de mim até quando eu entrego a prova primeiro! São sarcásticas, ficam soltando indiretas e nem percebem que essa atitude me magoa. Pensam o que? Que eu sou de gelo ou que tem óleo correndo nas minhas veias ao invés de sangue? Porque todo mundo não pode simplesmente me deixar em paz? Já não é bastante eu saber que não tenho nenhuma chance em lugar nenhum? Que a minha irmã é melhor e superior a mim em tudo? Eu não preciso que ninguém me coloque mais embaixo do que eu já estou! Eu só quero que me deixem em paz, que façam o que eu quero que façam: FINJAM QUE SOU INVISÍVEL!

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