Hoje, no meu quarto, parei por um momento me lembrando de uma mensagem que o meu namorado me mandou ontem...
'' elevo meus olhos para o monte de onde virá o meu socorro. O meu socorro vem do senhor, que fez os céus e a terra''
Nós somos de religiões diferentes, e entre outras coisas ele me falou que sentiu durante o culto de sua igreja que tinha que me dizer isso... Interessante que, eu estava chorando mais ou menos duas horas até ele entrar... E lembrando desta mensagem hoje, começei a conversar com Deus, eu nunca fui boa com orações... Mas decidi falar com ele ao meu modo, eu sou católica e na minha religião aprendemos que Deus nos escuta independente da maneira como nos dirigimos a ele, apenas gosta de escutar nossa voz... E em meio as lágrimas da minha conversa, me lembrei de um fato muito interessante, que aconteceu comigo quando eu tinha mais ou menos cinco ou seis anos... Eu não me lembro muito bem.
A minha família tem umas crenças normais de famílias que cresceram em sítio, lendas que criam lá... E minha avó costumava dizer que ficar em baixo de escadas, abrir sombrinhas dentro de casa ou ficar embaixo de mesas e escadas impedia a criança de crescer... Eu adorava essa crença, uma vez que meu maior desejo era ser criança para sempre, antes que você pense que isso foi influencia do Peter Pan, eu asseguro que nunca tinha nem ouvido falar desse desenho.
Bom, eu passava horas brincando embaixo da escada ou mesmo da mesa da cozinha, e em uma dessas brincadeiras a minha mãe estava fazendo o almoço, mais especificamente mexendo uma panela que, se não me falha a memória, era de arroz. Eu olhei para ela fixamente e falei "Mamãe, eu não quero crescer". Naturalmente ela me perguntou porque, e eu respondi que era porque os adultos eram maus... Lembro que ela sorriu enquanto mexia a panela e me explicou que nem todos os adultos eram maus, e que ser adulto tinha vantagens também... Dai me lembro que mais tarde, no meu quarto, eu chorei muito repetindo para mim mesma que não queria crescer... Mas o problema nesse sonho era que ele era impossível de se realizar...
Sabem porque eu não queria crescer? Não era apenas pelo fato de os adultos em sua grande maioria serem "maus", era porque eu queria manter aquela pureza, aquela inocência e aquela vontade de viver que apenas as crianças tem... Percebeu que quando você é criança os dias parecem eternos? Parece que a vida é uma extensão sem final, a sua única preocupação é fazer com que cada dia seja uma aventura nova... Eu via o mundo com olhos inocentes, que viam beleza e cor em tudo, que não entendiam a maldade, a malícia...
Quando a gente cresce todo o tempo parece curto, cada minuto parece o último e a sua vida cada dia parece menor... Quando dizem que, "Crescer dói" essa não é simplesmente uma metáfora que se aplica na biologia humana, é uma verdade. E eu posso dizer que para mim, ainda dói, mesmo que biologicamente eu tenha 21 anos de idade, prestes a completar 22, acho que por dentro, no meu interior eu nunca cresci totalmente...
Eu odeio encarar o fato que eu não sou mais uma criança, que eu consigo ver a maldade nas ações e nas palavras das pessoas, que eu consigo descobrir a malícia sob as palavras, que eu consigo ver que aquele mundo colorido que os meus olhos de quatro ou cinco anos viam é na verdade preto e branco. E se vocês pudessem imaginar o quanto isso ainda me machuca...
Não tenho certeza, mas julgo esse como um dos motivos que desencadearam minha depressão aos 11 anos, hoje eu pedi a Deus que falasse comigo, que me permitisse ouvir a voz dele, que me deixasse ouví-lo assim como ele queria me ouvir... Em uma musica que passou na rádio hoje, dizia que quando a gente chora e sofre, Deus carrega a gente nos braços, e eu perguntei pra ele, se ele estava me levando naquele momento... Então comecei a orar para minha mãe, Maria... Como disse antes sou católica, e além disso devota de Nossa Senhora... E no meio da minha conversa com ela, cantei entre soluços uma musica que eu tinha aprendido ha vários anos...
"Oh minha alma, retorna a tua paz, como criança bem tranquila no regaço acolhedor de sua mãe... Minha mãe é a Virgem Maria é ela, que agora vai me acolher, me acalmar, me consolar, me compreender... Me acalmar, me ensinar a rezar... Me confortar... Me amar..." Depois disso eu consegui ficar mais calma e lavar o rosto pra aparecer pra minha mãe... Mas por dentro ainda está doendo... Muito.
Eu não comemoro o meu aniversário, peço para minha família esquecer essa data ha alguns anos, eu não tenho orgulho de estar me tornando uma adulta, de estar perdendo a imaginação, a fantasia, a pureza da criança que outrora brincada embaixo de mesas que para ela, eram seus castelos...
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