Morrer Viva
Mais que respirar, sentir o ar gélido como um veneno dentro de si
percorrendo o sangue como um pesadelo
a sensação de se partir, de desesperar, desaparecer
olhos que se abrem para o nada, presos dentro de si mesmos
corpo paralisado na estranha sensação que acomete os sentidos
palavras silenciosas na escuridão dos minutos.
De um lado, o nada. Do outro o ermo
a perda dos sentidos
o amargor da verdade
os passos que não caminham, o paradoxo do tempo
a escolha em firmamento, da alegria perdida.
Nada mais a encontrar, nada mais para seguir.
Fechar os olhos e deixar-se guiar para o inóspito horizonte,
sentir a poeira da estrada arranhar-lhe a garganta,
fazer chorar os olhos sem esperança.
Descansar no eterno do seu ser
adormecer no vazio dos seus sonhos destruídos
deitar-se sobre o leito do seu mundo
continuar como um zumbi sobre o corpo apodrecido das dores
onde o sangue gela
na pior das mortes
na mais cruel das vidas
fundada sobre lembranças, perdida sob verdades
destruída por tiros de impiedade.
A morte que chega, na vida que flui
sem nada ceifar
sem alma tirar
pior que sofrer, no açoite real
é a vida ter morrendo
dentro de você sentindo se esvair o todo
fixando o vazio
que não vai mais cessar.
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