segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Strange

Sabe, eu nem sempre fui assim... Antes do metal eu era incrivelmente delicada, uma perfeita "boneca", amante de rosa e branco, gostava de maquiagem clara, minha banda favorita era Linkin Park e minha cantora favorita era a Vanessa Hudgens, o primeiro rock progressivo que eu ouvi foi o Evanescence, na play tv, que eu adorava assistir até o imbecil do Hugo Chavez tirar do ar ¬¬', passava o clipe Lithium deles, de início eu achei sinistro, estranho, mas ai eu fui me acostumando ao ponto de gostar e procurar mais músicas deles... Até ai tudo bem, eu continuava amante da delicadeza da Barbie e me espelhava na Vanessa Hudgens. Foi quando eu conheci o David... Foi a primeira vez que eu me interessei por um universo tão oposto ao meu, lembro que a primeira música que ele me apresentou de metal foi Cry for the moon, do Epica... Eu me apaixonei imediatamente. Mas não foi assim de cara que eu passei a vestir preto e escutar metal... Foi com o passar do tempo, com a convivencia com o David. Ao mesmo tempo em que me mostrou e me ensinou muita coisa da vida, o David me fez descobrir no metal, no estilo, algo com o qual eu me identificava, uma parte de mim que até então eu não conhecia, um jeito de externar o meu mundo... Quando eu ouvia aquele som pesado, aquelas letras normalmente melancólicas e reflexivas, eu me encontrava, eu encontrava os meus sentimentos ali, o que eu era, o que eu tinha.
Só que o David se foi... E de lá pra cá eu me sinto pela metade. Quase vazia. Hoje, enquanto eu arrumava umas coisas no meu quarto, eu vi uma antiga foto minha no mural da minha irmã, era eu com dezoito anos:
Eu era assim... E de repente me pego de outro jeito como se eu tivesse virado, gradativamente, outra pessoa... Sinceramente, eu não sei mais qual a maneira certa ou quem eu realmente sou, eu sei as coisas que eu acredito, sei o meu caráter e a minha opinião sobre determinadas coisas, mas não posso dizer que eu me olho no espelho e me reconheço, porque não é verdade... Olha o que eu me tornei, veja a diferença:
A garota que antes escrevia frases como "There can be miracles, when you believe", agora passa a escrever "I bleed and I breathe no more"... As vezes eu me pergunto qual delas é a verdadeira... Qual delas eu sou de verdade. Quando eu entrei nesse estilo, quando eu optei por isso, era porque o metal, o preto, me davam uma segurança, uma autonomia que eu não tinha antes, era como se eu estivesse dentro do meu mundo que era sempre triste, vazio, incompleto. Quando eu comecei o tratamento contra a depressão, mesmo assim não fiz menção de mudar, era como se aquilo sempre tivesse feito parte de mim e finalmente tivesse acordado, essa paixão pelo lado obscuro das coisas, pelo esconder, passar despercebido, pelo peso. Só que olhando a primeira foto eu me perguntei se aquela menina ainda existia... Se era possível eu voltar a ser daquele jeito, longe da escuridão do preto, longe da maquiagem pesada... Longe das caveiras. De volta ao rosa, as roupas claras, ao jeito quieto e simples, todo delicado de antes... Sem essa imposição e essa pose defensiva na qual eu sempre ando... Não consegui nenhuma resposta. Não tenho me sentido bem, mudou o remédio e acho que ainda vai mudar muito, mas quando EU vou começar a mudar? Quando eu vou passar a fazer os resultados acontecerem? Quando eu vou me encontrar, e aonde? Será que vai dar tempo pra isso? O problema é que eu tenho medo de todas essas respostas tanto quanto tenho de todas as perguntas...

2 comentários:

  1. Oi Katharynny.
    Senpre que posso eu passo por aqui. Não sei se devo perguntar, mas o que houve com o David? Vc não precisa responder se não quiser. Tenha um otimo dia. Bjin!

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  2. Algumas coisa são bem dificeis...
    Acabei de escrever um texto e acho que vc vai se identificar.

    Tenha uma otima quarta!

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